Foto: Federico López Claro/Clarín |
Tratado pela mídia burguesa brasileira com total condescendência, o ditador Javier Milei tem intensificado a repressão aos protestos populares na vizinha Argentina. Nesta quarta-feira (11), a polícia reprimiu com bombas e cassetetes milhares de aposentados que protestavam nas ruas de Buenos Aires de forma pacífica. A manifestação visava pressionar o parlamento argentino, que aprovou o veto do governo ultraneoliberal ao reajuste de 8,1% nas aposentadorias e pensões.
“Milei, lixo, você é ditadura”, gritaram os manifestantes diante do forte aparato policial. Segundo reportagem do site UOL, “alguns manifestantes, entre eles idosos, precisaram ser atendidos por resgatistas voluntários. Não há um número oficial de feridos ou detidos. Este foi o terceiro protesto de aposentados nos últimos quinze dias. Na semana passada, a manifestação também terminou em conflito com a polícia. Duas pessoas foram detidas e mais de 30 ficaram feridas”.
A Argentina tem 6,5 milhões de aposentados. Seis de cada dez recebem a aposentadoria mínima, fixada em agosto em 225 mil pesos – cerca de R$ 1.000. Por imposição do ditador Javier Milei, os protestos em locais públicos, como praças e ruas, estão terminantemente proibidos. Já os salários da ativa e as aposentadorias estão sofrendo brutal arrocho em função da política criminosa de austeridade fiscal. Diante desse quadro, as lutas se intensificam. Como afirma o pensionista Oscar De Pauli, de 70 anos, que foi ao protesto de bengala, “na minha idade, não temos mais medo”.
A crescente onda de protestos na Argentina
O jornalista Bruno Falci, correspondente do site O Cafezinho, tem acompanhado a crescente onda de protestos na Argentina. Em seus relatos quase diários, ele observa que o clima se radicaliza na nação vizinha. Os protestos dessa semana reforçaram essa tendência. “A repressão tem sido o modelo seguido pelo governo para aprovar pacotes de venda do Estado e destruição dos direitos sociais desde que assumiu o poder na Argentina... A mídia hegemônica ignora a violência e o estado de exceção criado por Milei, enquanto a Venezuela está sempre questionada”.
“Diante das dramáticas manifestações de idosos, muitos caminhando apoiados em bengalas e agredidos por forte aparato policial, o governo predador de Milei sempre deixou claro que está disposto a tudo para impor seu veto ao modesto aumento para as aposentadorias. Sempre expôs que atende os grandes empresários, para os quais reduziu o imposto sobre os seus bens. Com a fome dos aposentados, ele subsidia os mais ricos do país, ao mesmo tempo que garante que ‘no hay plata’ (não há dinheiro)”. Como aponta Bruno Falci, a Argentina está à beira do precipício.
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