Além da vitória da direita e da extrema direita, o segundo turno das eleições municipais deste domingo (27) trouxe um outro elemento perturbador: a alta abstenção dos eleitores. Essa parece ser mais uma evidência da crescente frustação da sociedade com a chamada democracia liberal-representativa, o que tem servido de caldo de cultura para o avanço das forças neofascistas.
Balanço do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontou que nos 51 municípios em que houve disputa para as prefeituras a abstenção bateu em 29,26% - o que significa que 9,9 milhões de brasileiros não foram às urnas e terão de justificar o voto. Em 2020, em pleno pico da pandemia da Covid-19, o índice foi de 29,53% – um total de 11,1 milhões de ausentes. Já em 2016, com a crise política, mas sem pandemia, a abstenção foi menor, de 21,55% – 7,1 milhões de pessoas.
O caso emblemático de São Paulo
No caso da encarniçada briga na capital paulista, o resultado foi ainda mais emblemático. O total de eleitores que não escolheu nenhum dos candidatos no segundo turno – 3,6 milhões – foi maior do que a votação do prefeito reeleito Ricardo Nunes (3,4 milhões votos) e de Guilherme Boulos (2,3 milhões). “Sim, a maior força política que venceu na capital paulista não foi o nome do MDB, nem do PSOL, mas o Desprezo (sem partido)”, ironiza o jornalista Leonardo Sakamoto no UOL.
Esse total é a soma da abstenção de 2.940.360 eleitores – a maior taxa da história em um segundo turno na capital paulista –, com votos nulos (430.756) e brancos (234.317). “Ah, mas isso acontece em toda eleição, podem bradar alguns. Não, não acontece. No segundo turno da presidencial de 2022, a soma de abstenção, brancos e nulos foi 37,9 milhões. Lula teve 60,3 milhões e Bolsonaro, 58,2 milhões. Ou seja, o desprezo pelas opções ficou em terceiro lugar”, agrega o colunista.
Para Leonardo Sakamoto, há vários fatores que explicam o recorde de abstenção. Ele, porém, destaca um deles. “Hoje, há uma massa que se sente ressentida por trabalhar muito, mas ter baixo poder de compra e, ainda por cima, contar com serviços públicos insuficientes em uma cidade extremamente desigual, com baixa qualidade de vida e que está sendo castigada por não se preparar para a mudança climática. Como trazer esse pessoal para a arena política, quebrando a ideia individualista do cada um por si e Deus acima de todos?”.
Esse total é a soma da abstenção de 2.940.360 eleitores – a maior taxa da história em um segundo turno na capital paulista –, com votos nulos (430.756) e brancos (234.317). “Ah, mas isso acontece em toda eleição, podem bradar alguns. Não, não acontece. No segundo turno da presidencial de 2022, a soma de abstenção, brancos e nulos foi 37,9 milhões. Lula teve 60,3 milhões e Bolsonaro, 58,2 milhões. Ou seja, o desprezo pelas opções ficou em terceiro lugar”, agrega o colunista.
Para Leonardo Sakamoto, há vários fatores que explicam o recorde de abstenção. Ele, porém, destaca um deles. “Hoje, há uma massa que se sente ressentida por trabalhar muito, mas ter baixo poder de compra e, ainda por cima, contar com serviços públicos insuficientes em uma cidade extremamente desigual, com baixa qualidade de vida e que está sendo castigada por não se preparar para a mudança climática. Como trazer esse pessoal para a arena política, quebrando a ideia individualista do cada um por si e Deus acima de todos?”.
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