terça-feira, 1 de outubro de 2024

Fantástico da Globo incrimina Gusttavo Lima

Charge: Duke
Por Altamiro Borges


O programa Fantástico da TV Globo deixou desnorteado e magoado o cantor sertanejo Gusttavo Lima. Em vídeo gravado nesta segunda-feira (30), direto do seu refúgio nos Estados Unidos, o famoso músico choramingou – “isso é assassinato de reputação” – e prometeu comprovar sua inocência. Mas a situação da celebridade bolsonarista se complica a cada dia que passa. Indiciado por lavagem de dinheiro e por organização criminosa, conforme denunciou a revista dominical, ele deve muitas explicações à Justiça.

O Fantástico teve acesso à investigação completa da Polícia Civil de Pernambuco, que deflagrou a “Operação Integration” contra 53 alvos em seis estados da federação. Entre eles, estão bicheiros, empresários das sinistras bets – apostas onlines – e algumas celebridades, como a influenciadora digital Deolane Bezerra e o músico sertanejo. O indiciamento desses envolvidos aconteceu em 15 de setembro e agora cabe ao Ministério Público decidir se denuncia ou não os suspeitos.

Fortes indícios de lavagem de dinheiro

Conforme a reportagem do domingo, “a polícia apreendeu R$ 150 mil na sede da Balada Eventos e Produções, empresa de shows de Gusttavo Lima em Goiânia (GO). Também encontrou 18 notas fiscais sequenciais, emitidas no mesmo dia e em valores fracionados por outra empresa do cantor, a GSA Empreendimentos, para a PIX365 Soluções (Vai de Bet, de acordo com a polícia), também investigada no esquema. São mais de R$ 8 milhões pelo uso de imagem e voz do cantor”.

O dinheiro vivo apreendido e as notas fiscais são, segundo a polícia, fortes indícios de lavagem de dinheiro. Entrevistado, o advogado criminalista Rodrigo Andrade Martini explicou que “a lavagem ocorre quando a pessoa, a partir de um crime, recebe dinheiro, bens, valores ilícitos. Essa pessoa necessariamente precisa inserir na sua contabilidade”. O processo para dar aparência legal a esse dinheiro criminoso envolve “a compra fictícia de bens móveis ou imóveis, a prestação de serviços de uma maneira maquiada ou a compra sequencial de imóveis e emissão de notas fictícias”.

As vendas suspeitas de jatinhos e helicóptero

O Fantástico acrescentou também que “o cantor ainda é suspeito da negociação irregular de duas aeronaves para empresários ligados a jogos ilegais. Novos detalhes da investigação revelam que uma delas, um avião da Balada Eventos, foi vendida duas vezes (em um ano) para investigados na operação. A primeira venda aconteceu em 2023. Por US$ 6 milhões, o avião foi vendido para a Sports Entretenimento, que pertence a Darwin Henrique da Silva Filho, que, segundo a polícia, é de uma família de bicheiros do Recife”.

“Em fevereiro de 2024, aconteceu a segunda venda: a Balada Eventos, de Gusttavo Lima, vendeu esse mesmo avião – dessa vez, para a empresa J.M.J Participações, do empresário José André da Rocha Neto, que também é alvo da operação... A transação de R$ 33 milhões envolveu ainda um helicóptero que também era da empresa do cantor e já tinha sido comprado por outra empresa de José André da Rocha Neto. A investigação aponta que as empresas que compraram as aeronaves usaram tanto dinheiro legal quanto dinheiro ilegal, vindo do crime”.

De acordo com o inquérito da Polícia Civil de Pernambuco, o esquema criminoso funcionava da seguinte forma: “O dinheiro do jogo do bicho, de jogos de azar e de bets legalizadas ia para um mesmo caixa; lá, os valores lícitos eram misturados aos do crime; para dar aparência legal e voltar ao mercado limpo, o dinheiro contaminado foi usado na negociação das aeronaves. ‘É uma forma de lavagem, transitar o dinheiro através de várias pessoas físicas ou jurídicas, buscando não facilitar o rastreamento deles”, diz Renato Rocha, delegado geral da polícia”.

Empresários de bets no iate do sertanejo

José André da Rocha Neto e sua esposa, Aissla, são empresários da Paraíba e são bem íntimos de Gusttavo Lima. Foram um dos poucos convidados para sua festança de aniversário em um luxuoso iate na Grécia – juntamente com o governador Ronaldo Caiado, de Goiás, e o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com a reportagem do Fantástico, “os dois têm uma incompatibilidade entre o rendimento declarado à Receita Federal e a quantia que eles movimentaram nos últimos anos”.

“Conforme a polícia, em três anos, Aislla chegou a gastar R$ 2,4 milhões em dinheiro vivo – só em duas lojas de grife. Um dos acessórios que ela exibe nas redes sociais é uma minibolsa, que custou R$ 116 mil. O casal José e Aissla tem muitas empresas – e três são investigadas por lavagem de dinheiro. Elas são: J.M.J Participações, a mesma que comprou o avião da empresa de Gusttavo Lima; Supreme Marketing e Publicidade, que comprou o helicóptero do cantor; PIX365 Soluções, empresa que, segundo a polícia, é a Vai de Bet, e tem o sertanejo como garoto-propaganda”.

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