Charge: Geuvar |
Não será fácil a vida dos extremistas moderados ou de centro ou apenas cordiais. Precisam manter a base bolsonarista, mas sem saber direito como calibrar seus extremismos. É um exorcismo de alto risco.
O exemplar mais vistoso e atormentando do momento, assim vendido pela grande imprensa, é Tarcísio de Freitas. Um burocrata que não passou pelos estágios iniciais da política e sentou-se logo na janelinha do Estado mais poderoso do país.
Para vislumbrar alguma coisa maior mais adiante, terá de lidar com as emergências. O bolsonarismo cobra fidelidade, mas pode devorá-lo. E as falas e práticas bolsonaristas que o identificam podem, pelo excesso, inviabilizá-lo como nome para 2026.
Na entrevista em que comentou essa semana a violência policial, Tarcísio admitiu que havia errado ao sabotar o uso das câmeras corporais pelos policiais. Era um homem assustado. Parecia sem repertório para explicar o recuo e ser convincente.
A violência da PM em São Paulo o coloca diante de um dilema que, por arrogância, a extrema direita no poder acha que nunca enfrentaria.
Terá que dizer aos seus comandados que não dá mais para sair matando. Mesmo que tenha enviado sinais de que poderiam matar negros na Baixada Santista com o argumento de que eliminavam bandidos. Mas os matadores se passaram.
Mataram o filho de dois médicos. Mataram e espancaram em sequência gente sem relação nenhuma com a criminalidade. Um rapaz com histórico de pequenos furtos foi assassinado pelas costas. Uma idosa foi espancada e chutada. E faziam escolta de delatores do PCC.
A polícia de Tarcísio e Guilherme Derrite havia sido autorizada a matar. E esse é o primeiro problema. Desautorizar os que batiam e assassinavam em nome da ordem e da limpeza determinadas pelo governador e seu secretário.
Tarcísio precisará explicar à base fascista que vai recalibrar falas e ações. Mas que continuará, como disse no trio elétrico na Paulista, em fevereiro, sendo grato a Bolsonaro, porque sem ele não seria nada.
Terá que calcular a partir de agora, baseando-se inclusive em pesquisas, o que ganha e o que perde ao recuar da incitação à violência. Será obrigado a parecer mais sensato, sem perder a base extremista e sem correr o risco de ser atacado e comido pelos parceiros.
Raposões da política enfrentaram dilemas semelhantes e muitos se quebraram. Tarcísio é um ex-tenente sem o histórico de atleta de Bolsonaro, sem a mesma base popular nacional e sem saber direito como lidar com seus vacilos.
O governador não sabe se Bolsonaro o considera seu herdeiro, muito menos depois de Dudu ter se lançado para 2026. Não sabe se pode ser menos bolsonarista e caminhar em direção a uma direita que existe e tem funcionalidade para os esquemas de Kassab, mas talvez não exista para ele.
Tarcísio tentou mimetizar alguns cacoetes de Bolsonaro, até no jeitão de quem já vestiu farda militar, e se esforçou para manter o lastro bolsonarista como alma do seu governo. Tem que admitir que é uma criatura incompleta e muito mal-acabada.
Não estava nem aí, mas agora terá que se cuidar e buscar nova frequência num extremismo moderado que não o desfigure como esperança de continuidade do bolsonarismo. Terá o controle de uma PM que pode ter crescido como poder paralelo, com a licença que recebeu para matar?
Pelo desastre na gestão da polícia, o governador entra num purgatório que não estava em seu roteiro. Não consegue deixar claro o que é hoje, porque nem ele sabe direito o que deseja ser.
E sabe que as patrulhas do bolsonarismo estão atentas a essa indecisão. Tarcísio já percebeu que a extrema direita pode jogá-lo de cima da ponte.
O exemplar mais vistoso e atormentando do momento, assim vendido pela grande imprensa, é Tarcísio de Freitas. Um burocrata que não passou pelos estágios iniciais da política e sentou-se logo na janelinha do Estado mais poderoso do país.
Para vislumbrar alguma coisa maior mais adiante, terá de lidar com as emergências. O bolsonarismo cobra fidelidade, mas pode devorá-lo. E as falas e práticas bolsonaristas que o identificam podem, pelo excesso, inviabilizá-lo como nome para 2026.
Na entrevista em que comentou essa semana a violência policial, Tarcísio admitiu que havia errado ao sabotar o uso das câmeras corporais pelos policiais. Era um homem assustado. Parecia sem repertório para explicar o recuo e ser convincente.
A violência da PM em São Paulo o coloca diante de um dilema que, por arrogância, a extrema direita no poder acha que nunca enfrentaria.
Terá que dizer aos seus comandados que não dá mais para sair matando. Mesmo que tenha enviado sinais de que poderiam matar negros na Baixada Santista com o argumento de que eliminavam bandidos. Mas os matadores se passaram.
Mataram o filho de dois médicos. Mataram e espancaram em sequência gente sem relação nenhuma com a criminalidade. Um rapaz com histórico de pequenos furtos foi assassinado pelas costas. Uma idosa foi espancada e chutada. E faziam escolta de delatores do PCC.
A polícia de Tarcísio e Guilherme Derrite havia sido autorizada a matar. E esse é o primeiro problema. Desautorizar os que batiam e assassinavam em nome da ordem e da limpeza determinadas pelo governador e seu secretário.
Tarcísio precisará explicar à base fascista que vai recalibrar falas e ações. Mas que continuará, como disse no trio elétrico na Paulista, em fevereiro, sendo grato a Bolsonaro, porque sem ele não seria nada.
Terá que calcular a partir de agora, baseando-se inclusive em pesquisas, o que ganha e o que perde ao recuar da incitação à violência. Será obrigado a parecer mais sensato, sem perder a base extremista e sem correr o risco de ser atacado e comido pelos parceiros.
Raposões da política enfrentaram dilemas semelhantes e muitos se quebraram. Tarcísio é um ex-tenente sem o histórico de atleta de Bolsonaro, sem a mesma base popular nacional e sem saber direito como lidar com seus vacilos.
O governador não sabe se Bolsonaro o considera seu herdeiro, muito menos depois de Dudu ter se lançado para 2026. Não sabe se pode ser menos bolsonarista e caminhar em direção a uma direita que existe e tem funcionalidade para os esquemas de Kassab, mas talvez não exista para ele.
Tarcísio tentou mimetizar alguns cacoetes de Bolsonaro, até no jeitão de quem já vestiu farda militar, e se esforçou para manter o lastro bolsonarista como alma do seu governo. Tem que admitir que é uma criatura incompleta e muito mal-acabada.
Não estava nem aí, mas agora terá que se cuidar e buscar nova frequência num extremismo moderado que não o desfigure como esperança de continuidade do bolsonarismo. Terá o controle de uma PM que pode ter crescido como poder paralelo, com a licença que recebeu para matar?
Pelo desastre na gestão da polícia, o governador entra num purgatório que não estava em seu roteiro. Não consegue deixar claro o que é hoje, porque nem ele sabe direito o que deseja ser.
E sabe que as patrulhas do bolsonarismo estão atentas a essa indecisão. Tarcísio já percebeu que a extrema direita pode jogá-lo de cima da ponte.
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