terça-feira, 16 de setembro de 2025

Terrorista do aeroporto de Brasília vai delatar?

Charge: Brum
Por Altamiro Borges


Na semana passada, a Polícia Federal finalmente prendeu na cidade satélite do Guará, no Distrito Federal, o empresário-terrorista George Washington de Oliveira Sousa. Ele foi detido por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Com sua prisão, que agora deve ser mais prolongada, há quem especule que o criminoso poderá firmar acordo de delação premiada e apontar quem mais esteve envolvido no plano de explosão de uma bomba nas proximidades do Aeroporto Internacional de Brasília, na véspera do Natal de 2022.

Segundo as investigações, George Washington montou o artefato explosivo e entregou para Alan Diego dos Santos Rodrigues. A bomba foi repassada então para Wellington Macedo de Souza, que colocou o item no eixo traseiro de um caminhão-tanque que estava estacionado do lado de fora do terminal do aeroporto. O caminhão tinha capacidade para 60 mil litros e estava carregado de querosene de aviação. O artefato chegou a ser acionado, mas falhou. O motorista do caminhão percebeu o perigo e acionou a polícia.

"Pronto para matar ou morrer"

Quando foi preso pela primeira vez, na noite de 24 de dezembro, George Washington possuía em seu apartamento um arsenal de armas e explosivos. Em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal, ele confessou que tinha planejado o atentado para evitar a posse do presidente Lula. Afirmou ainda que estava “preparado para a guerra, pronto para matar ou morrer”. Apoiador declarado do fascista Jair Bolsonaro, ele declarou que seu objetivo era “aguardar o acionamento das Forças Armadas para pegar em armas e derrubar o comunismo”. O empresário tinha viajado de Xinguara, no Pará, até Brasília em novembro de 2022, e frequentava o acampamento golpista em frente ao Quartel-General do Exército.

O terrorista foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) a nove anos e oito meses de prisão, mas – estranhamente – passou a cumprir a pena em regime aberto em fevereiro de 2025. Em junho último, atendendo a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que acusou o criminoso de tentar desencadear “terror social e generalizado”, Alexandre de Moraes determinou a sua prisão preventiva. “Há fortes e graves indícios do risco concreto da reiteração delitiva e à aplicação de lei penal, em razão do descumprimento das medidas cautelares impostas e da fuga após a prática dos crimes”, justificou.

Gastos de R$ 194 mil em armas e munições

Segundo relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas, George Washington gastou ao menos R$ 194,5 mil em armas e munições no período de cerca de um ano. O empresário do Pará adquiriu 13 armas de fogo entre 18 de outubro de 2021 e 31 de agosto de 2022, totalizando um gasto de R$ 141.133,00. Ele também comprou 4.615 munições entre 28 de fevereiro e 23 de dezembro de 2022, somando um custo de R$ 53.433,20. No momento da sua detenção, porém, ele possuía mais munições do que as adquiridas em seu nome.

“A CPI concluiu que parte desse arsenal foi fornecido por terceiros, possivelmente por indivíduos associados ao acampamento golpista do QG do Exército”, descreveu na ocasião matéria do site Brasil-247. As investigações realizadas na época não conseguiram detectar quais as conexões de George Washington e a origem do material bélico adquirido. Talvez agora, com sua prisão, novos elementos surjam sobre a rede de apoio ao plano macabro da explosão no Aeroporto de Brasília na véspera do Natal. Será que o empresário-terrorista vai abrir o bico? Será que mais gente envolvida na organização e no financiamento da tentativa frustrada vai ser presa?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente: