quinta-feira, 21 de abril de 2016

Câmara aprovou o impeachment. E agora?

Por João Pedro Stedile, no jornal Brasil de Fato:

Usando a metáfora do futebol, estamos no início de um longo campeonato no qual acontece a disputa entre duas equipes: uma que defende os interesses da burguesia e outra que está ao lado da classe trabalhadora. Cada um dos times tem vários jogadores atuando. Às vezes, eles batem cabeça, enfrentam contradições internas e até fazem gol contra. A classe trabalhadora pode ganhar, empatar ou perder –e o inverso é verdadeiro para o time da burguesia. No entanto, o mais importante é entender que, neste longo campeonato para sair da crise econômica, política, social e ambiental em que estamos inseridos, enfrentaremos muitas partidas.

A operação salva-Cunha está em marcha

Por Rodrigo Martins, na revista CartaCapital:

Nos dias que precederam a votação do impeachment, tornou-se cristalina uma trama de venda casada. Enquanto trabalhava pela abertura do processo contra Dilma Rousseff, uma expressiva bancada de parlamentares articulava uma “anistia” ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Nem mesmo a delação de Ricardo Pernambuco Júnior, da Carioca Engenharia, constrangeu a turma. O empresário entregou aos investigadores da Lava Jato uma tabela que aponta 22 depósitos, no valor total de 4,6 milhões de dólares, em propinas repassadas ao peemedebista entre 10 de agosto de 2011 e 19 de setembro de 2014. A planilha foi divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo na sexta-feira 15, dois dias antes da derrota do governo no plenário.

“Vou às últimas consequência contra golpe”

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Houve um erro de cálculo no golpe levado a cabo por Michel Temer, Eduardo Cunha et caterva: Dilma e sua resiliência foram subestimadas.

Isso fica claro a cada dia, quando seu discurso, amparado em fatos, força gente como Aloysio Nunes e Romero Jucá, por exemplo, a explicar o inexplicável e partir para a desqualificação.

Na entrevista que concedeu a blogueiros na quarta à tarde no Palácio do Planalto, à qual estive presente, ela reforçou a narrativa que se mostrou vencedora e que tem nela, afinal, a força motriz: é golpe. Ponto.

Barão renova diretoria e aprova ação

Do site do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé:

Aconteceu, na quarta-feira (20), a assembleia anual do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. A atividade reuniu diretores, integrantes dos núcleos regionais e do Conselho Consultivo para aprovar a renovação da diretoria da entidade e definir o planejamento para o próximo período, que promete ser agitado devido ao golpe à democracia perpetrado pelo processo ilegal de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

"A mídia foi o principal agente articulador do golpe", opinou Altamiro Borges. Para o presidente do Barão de Itararé, os grandes meios de comunicação foram responsáveis por 'chocar o ovo da serpente', do ódio e da intolerância na sociedade brasileira. "Pagamos pelo governo não ter enfrentado a batalha da democratização da mídia. Essa bandeira, que já estava 'mofada', tende a ser enterrada", avalia. "Será difícil pedir a Michel Temer para que regule o setor?".

Temer e a antevisão do desastre

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

De um lado, 367 deputados “por Deus e pela minha família, não nesta ordem”- e mais os chefes regionais do MDB – a exigirem a paga pelo serviço sujo.

De outro, a crise econômica que nunca os governos de natureza conservadora – e na era Levy do segundo Governo Dilma – imaginaram outra forma de combater senão produzindo arrocho sobre o trabalhador ativo ou aposentado – e sobre todo o povão, pela via dos cortes nas despesas com educação, saúde e assistência social.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Dilma: mídia assumiu atitude golpista

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

Tranquila e bem humorada, apesar das circunstâncias dramáticas que a cercam. Assim posso descrever a presidenta Dilma Rousseff, durante a entrevista concedida a nove blogueiros.

E, no entanto, profundamente lúcida sobre a violência de que não somente ela é vítima, mas o próprio sistema democrático.

A presidenta foi muito dura com os que ela chamou de conspiradores, especialmente com seu vice, Michel Temer. Nunca se viu, disse a presidenta, no mundo ocidental, um caso tão torpe de traição de um vice contra um presidente da república de sua mesma chapa eleitoral, tentando usurpar o poder ao qual não tem direito, porque não teve votos.

Dilma: “Lutem contra o golpe”

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

“Vou lutar em cada trincheira contra o golpe”, disse Dilma ao responder a excelente questão formulada pela jornalista Laura Capriglione (do grupo Jornalistas Livres) durante entrevista que a presidente da República concedeu nesta quarta-feira (20) a 9 blogueiros (eu entre eles) no 3º andar do Palácio do Planalto.

Laura disse a Dilma que a união das esquerdas contra o golpe alenta porque permite prever que, se esse atentado à democracia se consumar, a resistência já tem seu exército. E perguntou se a presidente estará presente aos protestos que eclodirão após sua eventual deposição.

Dilma: "Vou lutar em todas as trincheiras"

Por Bruno Trezena

Dilma Rousseff estava sentada à mesa do gabinete presidencial no Palácio do Planalto na tarde de quarta-feira (20) olhando alguns papeis. Ela e uma assessora especial conversavam quando eu e mais oito blogueiros irrompemos delicadamente pela porta do espaço. A presidenta levantou-se com agilidade e veio nos abraçar afavelmente, perguntando o nome dos veículos de mídia independente presentes ali e sorrindo ao reconhece-los. Ali era Dilma Rousseff, uma mulher de 68 anos disposta a conversar sobre tudo. Iniciava-se, assim, mais uma coletiva de blogueiros com a Presidência da República.


Gim Argello vai dedurar o demo Agripino?

Por Altamiro Borges

Com a chegada do criminoso processo de impeachment contra Dilma no Senado Federal, o presidente do DEM, Agripino Maia, parece ser um dos mais excitados. O demo quer pressa na votação - dane-se o regimento e o rito democrático. Segundo a revista Época, "o líder da oposição José Agripino Maia vai propor ao presidente do Senado, Renan Calheiros, que a Casa trabalhe no feriado e no final de semana para que o impeachment de Dilma Rousseff seja consumado o quanto antes". A pressa talvez se justifique por motivos pessoais. É forte o boato de que está em curso uma operação para abafar as denúncias de corrupção contra líderes da oposição demotucana. Na semana passada, o demo "ético" levou um baita susto com a prisão do ex-senador Gim Argello (PTB), que conhece bem seus podres.

As “merdas” de Luciano Huck

Por Altamiro Borges

O apresentador Luciano Huck, da Globo, nunca escondeu suas relações carnais com Aécio Neves. Na apuração do segundo turno das eleições presidenciais, em outubro de 2014, ele apareceu com cara de nádega ao lado do cambaleante tucano. A imagem bombou na internet. Talvez temendo nova chacota, na deprimente votação do impeachment de Dilma no domingo (17), o "menino" da famiglia Marinho preferiu se preservar. Em sua página no Facebook, ele justificou a sua omissão: "Tenho opinião. Mas não vou compartilhá-la hoje aqui, porque não é o dia". Mesmo assim, ele não conteve o seu veneno: "Que este domingo nos leve para águas mais calmas, tranquilas e prósperas sejam elas quais forem. Porque, do jeito que está, está uma merda".

A prioridade é derrotar o golpe

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A derrota sofrida pela democracia brasileira neste domingo foi seguida de um debate que merece mais do que um minuto de reflexão. Estou falando da proposta de apoiar um projeto de emenda constitucional que propõe a antecipação de eleições presidenciais para outubro de 2016. Sou contra.

Num país onde o voto direto encontra-se historicamente ligado a luta contra a ditadura militar, não há dúvida de que essa ideia até parece uma resposta oportuna quando se recorda que a soberania popular foi o principal alvo atingido pela votação de domingo. Considerando que Dilma Rousseff foi vítima de um golpe de Estado, por que não questionar o governo provisório de Michel Temer, seu beneficiário direto?, pode-se perguntar. Por que não abrir as urnas presidenciais para que o povo dê seu veredito final?

Nova etapa da batalha contra o golpe

Por Valter Pomar, em seu blog:

Acabou há pouco a votação, na Câmara dos Deputados, da primeira etapa do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Roussef.

Perdemos uma batalha. Mas não perdemos a guerra. A luta contra o golpe continua. E a luta contra o golpismo é parte da luta mais geral que travamos pela transformação do Brasil.

O processo de impeachment segue agora para análise do Senado.

Caso os prazos legais sejam respeitados, por volta de 11 de maio o Senado decidirá se instala ou não o processo contra a presidenta Dilma. Para isto bastará maioria simples dos senadores. Mas para condenar será necessário o voto de 2/3 do Senado, onde em tese a correlação de forças é melhor do que na Câmara.

As duas faces da resistência ao golpe

Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

Lá dentro, havia terminado, poucos antes, o espetáculo deprimente oferecido pelos homens brancos, cínicos e toscos. Diante do Congresso Nacional, Guilherme Boulos empulhou o microfone e se dirigiu às milhares de pessoas que – tanto em Brasília, quanto em dezenas de cidades – acreditaram que poderiam, com seus corpos, frear o golpe urdido pela TV Globo, pelos maiores empresários e pela mídia.

Não foi possível, por enquanto. Mas Boulos acredita que ainda estão rolando os dados. “O Brasil todo sabe: o que acabamos de assistir foi uma farsa golpista, conduzida por um sindicato de ladrões”, frisou ele. E tirou as consequências: “Os golpistas não têm condições de governar este país. Nós não reconhecemos sua legitimidade. Este recado tem que ecoar país afora. Perdemos a batalha do carpete, mas vamos ganhar a batalha do asfalto. Não tem um minuto de trégua. Vai ter ocupação. Vai ter luta. Tomaremos este país, incendiaremos as ruas até derrotar os golpistas.”

Por Deus, pela família, por Cunha

Por Leonardo Sakamoto, em seu blog:

Você pode ser a favor ou contra o impeachment de Dilma Rousseff, não importa.

Mas se tem, pelo menos, dois neurônios funcionais irá concordar que grande parte da Câmara dos Deputados é composta de semoventes incapazes de demonstrar empatia, quiçá exercerem aquela que deveria ser a mais nobre das atividades, que é a política. Pelo contrário, consideram-se a si mesmos o centro do universo e seus interesses como os interesses do Estado. Se multiplicassem o seu bom senso pelo número de conchinhas do mar e elevasse o resultado ao número de estrelinhas do céu, eles ainda não veriam problema algum em agradecer ao seu poodle querido no microfone de votação.

EUA agem nas sombras pelo golpe

Por Jeferson Miola

É intrigante a política silenciosa e leniente do Barack Obama em relação à tentativa de golpe de Estado no Brasil. Os Estados Unidos jamais são indiferentes à realidade interna da mais minúscula nação do mundo; menos indiferentes ainda seriam em relação ao Brasil.

Ao contrário desta aparente indiferença, os EUA são mega-interessados no Brasil: uma grande potência agrícola, natural, industrial, energética, mineral; grande potência petroleira, financeira e, além disso, uma potencial potência bélica do planeta que exerce importante influência geopolítica em toda a região.

Quando a informação está lá fora

Por Laurindo Lalo Leal Filho, na Revista do Brasil:

Quem diria que um dia ainda voltaríamos a recorrer à mídia internacional para saber o que acontece no Brasil. Era assim, durante a última ditadura, especialmente depois da promulgação do AI-5, em 1968. Diante da censura do Estado sobre os meios de comunicação só restavam aos brasileiros, para se informar, os veículos produzidos no exterior: jornais, revistas e principalmente o rádio em ondas curtas. Faziam sucesso a BBC de Londres, a Voz da América e a Rádio Central de Moscou.

Os isentões e o verniz democrático do golpe

Por Renato Rovai, em seu blog:

Um golpe não é. Ele vai sendo. Exatamente por isso que a disputa deste momento é tão ou mais importante do que a corrida pelos votos da semana passada cujo ápice foi a noite de domingo. O que está em jogo agora é a narrativa dos acontecimentos, o que vai ficar para a história.

Uma parte do jornalismo está escandalizada com o fato de Dilma Rousseff ter denunciado que o Brasil vive um golpe de Estado. E que a atitude de seu vice foi de conspiração e traição.

Mídia internacional denuncia o golpe

Por Dandara Lima, no site da UJS:

Enquanto nossa mídia hegemônica local vibrava com a votação da admissibilidade do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a mídia internacional acompanhava estarrecida nossos parlamentares “orientados por Deus”, homenageando torturadores, dedicando seus votos às suas famílias (modelo tradicional, claro), deixando de lado em suas justificativas a questão central, as pedaladas fiscais. Só faltou o clássico “e um beijo para a Xuxa”.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Câmara em dia inglório e a luta no Senado

http://pataxocartoons.blogspot.com.br/
Por Haroldo Lima, no blog de Renato Rabelo:

Foi um espetáculo grotesco o da sessão da Câmara dos Deputados do dia 17 de abril passado. Durante horas, deputados votaram pela continuidade do processo de impeachment da presidenta Dilma no Congresso Nacional. A cena revelou aspectos inusitados.

Ficou claro que muitos votantes pareciam desconhecer, ou desconsideravam inteiramente , o tema em questão, declarando seus votos por razões que não estão em questão. Uma legião de deputados alteou sua voz para homenagear mãe, pai, filhos e netos, às vezes nominado-os individualmente. Houve um que foi ao microfone com seu filho de 18 anos a tiracolo e queria que o rapaz votasse em seu lugar. Outro, depois de votar, voltou correndo para dizer que se esquecera de anunciar à Nação o nome de um seu parente, que precisava ser homenageado. Uma mulher fez o elogio de seu marido, prefeito de Montes Claros, cujos méritos eram tais que demonstravam que o “Brasil tinha jeito”, sem imaginar que o dito marido seria preso no dia seguinte pela manhã.

O 'golpe à paraguaia' chega ao Brasil

Por Juan Manuel Karg, no site Vermelho:

A presidenta Dilma Rousseff alertou, em outubro de 2015, sobre uma tentativa de “golpe à paraguaia” que começava a ser planejado no Brasil. A advertência foi feita apenas um ano depois de seu triunfo eleitoral, quando 54 milhões de brasileiros optaram pelo PT, derrotando uma vez mais o PSDB.

À época, a direita começou a falar em “terceiro turno” eleitoral nas ruas, pedindo a renúncia da presidenta durante os meses seguintes à eleição. Tudo estava pavimentado pelo tripé midiático (concentrado na Globo, Folha de SP e Estadão), que centralizava todas as atenções na Operação Lava Jato, investigação onde paradoxalmente Dilma não aparece.