Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:
Conversei ontem com o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas Francisco Fonseca. O assunto: o segundo turno e o fator Marina Silva. Gravei com ele uma entrevista para o “Jornal da Record”. Mas, na TV, ainda mais em matérias rápidas feitas para o mesmo dia, aproveitamos sempre trechos muito pequenos de entrevistas que, muitas vezes, são riquíssimas. Então, descrevo aqui a análise de Francisco sobre a eleição.
1) A votação de Marina não foi assim tão “surpreendente”; segundo ele, só surpreendeu porque jornalistas e analistas, no Brasil, tem o hábito de transformar pesquisa em oráculo; pesquisas, segundo ele, erram muito porque não apreendem movimentos menos aparentes, e não captam a cristalização dos votos que, no Brasil, se dá (em amplos setores) somente 24 horas antes da eleiçãoi.
2) O professor lembra que em países como a França existem restrições à divulgação das pesquisas nos últimos dias da campanha (no Brasil, e aí sou eu que digo, as restrições vem só de candidatos como Richinha, agora eleito, e que barrou várias pesquisas no Paraná).
3) Francisco Fonseca acha que a imprensa está sobrevalorizando o papel de Marina Silva no segundo turno. O eleitorado de Marina é muito heterogêneo: ela teve apoio de jovens ambientalistas, de gente mais à esquerda descepcionada com o PT, e na reta final ganhou também muitos votos conservadores - de quem se deixou levar por esse tema do aborto. Por isso, diz o professor, “os votos de Marina devem se dispersar em três segmentos: uma parte vai para brancos e nulos (é o povo da terceira via, mais jovem, que realmente não quer PT nem PSDB), outra parte vai para o Serra e outra ainda para a Dilma”.
4) “Ainda que esses votos sigam numa proporção maior para Serra, não seriam suficientes para que o candidato tucano virasse a eleição”.
5) Perguntei ao professor se Serra não poderia tirar votos da própria Dilma, ou seja: se a petista não poderia continuar “sangrando”. Ele disse que, historicamente, é muito dificl reduzir os votos de um candidato entre o primeiro e o segundo turno. “O que aconteceu com Alckmin em 2006 foi uma anomalia, e ainda assim ele teve uma redução muito pequena. Serra precisaria ganhar muitos leitores de Dilma, e ainda conquistar três quartos do eleitorado de Marina, acho muito dificil que isso aconteça”.
Bem, essa é a análise do professor Francisco.
Agora, os números.
Dilma ficou a 3,1% da vitoria em primeiro turno. Teve 46,9%. Em números de votos: 47,6 milhões de votos, num total de 101 milhões de votos válidos.
Ela precisa conter a sangria vinda dos boatos religiosos. Se essa contenção for bem sucedida, bastaria a Dilma conquistar mais 3 milhões de votos para vencer.
Pesquisas mostram que o eleitorado de Marina estaria dividido sobre o segundo turno: cerca de 50% preferem Serra (principalmente em São Paulo e no Rio), 20% votariam branco ou nulo porque não topam PT nem PSDB. E 30% preferem Dilma aos tucanos (é o eleitorado mais progressista, que já votou no PT no passado, decepcionou-se, mas não quer a volta dos tucanos).
Ou seja: dos 20 milhões de votos que foram para Marina no primeiro turno, Dilma poderia ter cerca de 6 milhões de votos. Há que se levar em conta ainda 1 milhão de votos dados para a esquerda (Plinio e outros). Esse colchão de 7 milhões de votos levaria Dilma para perto de 54 milhões de votos.
Serra, que teve 33 milhões de votos no primeiro turno, poderia chegar a 43 milhões se consquistasse mesmo metade do eleitorado de Marina. A dúvida é: Serra será capaz de convencer também os marinistas que não querem saber de tucanos e petistas (cerca de 4 milhões, ou 20% do eleitorado de Marina no primeiro turno)? Se conseguir trazer esse votos, ele se aproximaria mais de Dilma, ainda que a candidata do PT siga como favorita.
Na melhor das hipóteses para Serra, o jogo do segundo turno começaria assim:
- Dilma – 54 milhões de votos (cerca de 54% dos validos)
- Serra – 46 milhões de votos (cerca de 46% dos válidos).
As primeiras pesquisas devem mostrar mais ou menos esse quadro, talvez com Serra mais perto dos 40%.
Qual a estratégia possível para Serra? Conquistar 0 máximo que puder dos eleitores de Marina, e ainda sangrar Dilma (especialmente nos setores populares e na classe C – mais suscetível, ao que parece, à boataria religiosa). Como faria isso? Aprofundando o terrorismo religioso, aumentando as dúvidas sobre Dilma.
O problema para Serra é que, se fizer isso, ele pode perder eleitores da classe média urbana – que votou em Marina mas que não apóia o fundamentalismo religioso. Se caminhar muito pra direita, Serra perde o voto de “centro” que votou em Marina, e que poderia virar voto nulo.
A saída para Serra: terceirizar o terrorismo e posar de bonzinho nos debates. Deve ser esse o caminho dele. Pode dar certo? No limite, até pode. Mas é muito difícil.
E Dilma?
Dilma só não pode errar muito. Errar é demorar para captar os boatos e as imagens que se disseminam pela internet e pelas ruas (o comando da campanha não deu atenção devida a esse fator no primeiro turno). Errar é começar o segundo turno cercada de políticos pesos pesados do Brasil inteiro, mas na hora de falar para o público ter à mão um microfone que não funciona. Ninguém entendia o que Dilma falava! Errar, por fim, é dar entrevista para o “JN” mal maquiada, mal ajambrada e cansada – como Dilma fez ontem.
O resumo da ópera é o seguinte: Dilma segue como franca favorita. O bombardeio midiático tirou um pouco de votos, mas isso não foi o importante. O grave foi que a campanha terrorista (e menosprezada pelo comando lulista, apesar do que dizíamos aqui nos blogs) religiosa conseguiu levantar dúvidas sobre o perfil pessoal da candidata. Isso é um fato.
Serra obteve do eleitorado o benefício da dúvida - ainda que usando métodos horríveis, e contando com a ajuda de Marina e com a falta de reação do PT.
Apesar disso tudo, Dilma tem Lula. Lula é a vitória. Lula precisa aparecer mais. A comparação de Lula com FHC é fatal para Serra. E foi pouco usada no primeiro turno. Lula só não pode ser professoral, e dizer ”eu sei o que é melhor pra vocês, votem na Dilma”. Não pode dizer que partido da oposição “precisa ser extirpado”. Não. Ninguém quer oposição extirpada. Dilma e Lula podem (e devem, na opinião desse humilde blogueiro) derrotar a oposição. Mas não extirpá-la.
Lula precisa convencer, com humildade, o eleitorado que tem enorme simpatia por ele. Brasileiro gosta de humildade associada à firmeza; Lula sabe muito bem como fazer isso.
O PT só não pode achar que já ganhou, nem menosprezar adversário – como digo aqui há 3 meses. Isso deu no “Maracanazo” em 1950. Derrota de Dilma nessa eleição só ocorre se houver um Maracanazo” – uma pane geral na campanha.
Tudo conspira a favor de Dilma, apesar dos erros cometidos na reta final do primeiro turno. E não vejo do lado tucano um Giggia avançando pela ponta direita pra marcar 2 a 1.
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terça-feira, 5 de outubro de 2010
Aborto é armadilha da direita
Por Altamiro Borges
Nas manchetes dos jornalões e nos monólogos da televisão, a direita tenta forçar a candidatura Dilma Rousseff a discutir unicamente o tema do aborto. A mídia evita tratar dos grandes temas nacionais, das diferenças abissais de projetos entre os dois concorrentes no segundo turno, e se esforça para impor uma pauta carregada de ignorância, preconceitos e dogmas religiosos.
A armadilha é visível. Na campanha, Dilma tratou o tema como uma questão de saúde pública, evitando visões simplistas. Já o demotucano Serra até poderia ser mais facilmente prejudicado pelos preconceitos. Como ministro da Saúde de FHC, ele liberou o uso da “pílula do dia seguinte”. Em 1998, ele também foi demonizado pela cúpula da Igreja Católica por normatizar a realização do aborto nos casos previstos em lei. Agora, ele simplesmente foi poupado pela direita e sua mídia.
A demonização de Dilma
Entre as baixarias da campanha da direita, muitos avaliam que este tema foi um dos responsáveis pelas surpresas nos últimos dias do primeiro turno – queda de Dilma Rousseff, identificada com as lutas feministas, e crescimento de Marina Silva, evangélica e conservadora. Serra, blindado pela mídia, acabou se beneficiando da polêmica travada entre as duas candidatas mulheres.
O jogo sujo foi pesado. A Regional Sul da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que contempla São Paulo, divulgou documentonas missas em que “recomenda encarecidamente” que não se vote em Dilma por ser “contra a vida”. Pela internet, um culto da Igreja Batista de Curitiba, visto por quase 3 milhões de pessoas, mostra cenas fortes de fetos mortos e despedaçados e o pastor pedindo que não se vote na petista, que “defende o aborto e o casamento gay”.
Campanha fascista de boataria
O impacto desta boataria foi corrosivo. Marcelo Déda, reeleito em Sergipe, garante que “a queda de Dilma e o crescimento de Marina no final se deveu ao recrudescimento do fundamentalismo religioso. É o efeito do púlpito nas igrejas”. No mesmo rumo, Eduardo Campos, reeleito em Pernambuco, afirma que “nos últimos 15 dias, especialmente, houve uma campanha fascista de boataria”. O senador Marcelo Crivella, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, lembra que “o pastor pode ter dificuldade para conseguir votos dos fiéis. Para tirar voto, o efeito é inverso”.
Apesar de vários alertas – o blogueiro Rodrigo Vianna foi um dos primeiros a advertir sobre os estragos nas bases católicas e evangélicas –, a comando de campanha de Dilma, sempre muito hermético, não percebeu o efeito nefasto da onda de boatos. Agora, finalmente ele reconhece que subestimou o tema. “Foi uma campanha perversa, com inverdades sobre o que penso, o que digo. Vamos fazer um movimento no sentido de esclarecer com muita tranqüilidade nossas posições... A gente percebeu tarde, mas percebeu”, explica a candidata.
Da cegueira ao exagero
O comando de campanha afirma agora que a reconquista destes votos passou a ser prioridade no segundo turno. Ou seja, de um extremo ao outro – da cegueira ao exagero. De fato, é necessário esclarecer a sociedade, principalmente os setores religiosos mais conservadoras. Mas este não é o principal tema da campanha, nem sequer para os movimentos feministas mais lúcidos. Deve-se evitar a armadilha imposta pela direita. O que está em debate na sucessão é o futuro do Brasil.
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Nas manchetes dos jornalões e nos monólogos da televisão, a direita tenta forçar a candidatura Dilma Rousseff a discutir unicamente o tema do aborto. A mídia evita tratar dos grandes temas nacionais, das diferenças abissais de projetos entre os dois concorrentes no segundo turno, e se esforça para impor uma pauta carregada de ignorância, preconceitos e dogmas religiosos.
A armadilha é visível. Na campanha, Dilma tratou o tema como uma questão de saúde pública, evitando visões simplistas. Já o demotucano Serra até poderia ser mais facilmente prejudicado pelos preconceitos. Como ministro da Saúde de FHC, ele liberou o uso da “pílula do dia seguinte”. Em 1998, ele também foi demonizado pela cúpula da Igreja Católica por normatizar a realização do aborto nos casos previstos em lei. Agora, ele simplesmente foi poupado pela direita e sua mídia.
A demonização de Dilma
Entre as baixarias da campanha da direita, muitos avaliam que este tema foi um dos responsáveis pelas surpresas nos últimos dias do primeiro turno – queda de Dilma Rousseff, identificada com as lutas feministas, e crescimento de Marina Silva, evangélica e conservadora. Serra, blindado pela mídia, acabou se beneficiando da polêmica travada entre as duas candidatas mulheres.
O jogo sujo foi pesado. A Regional Sul da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que contempla São Paulo, divulgou documentonas missas em que “recomenda encarecidamente” que não se vote em Dilma por ser “contra a vida”. Pela internet, um culto da Igreja Batista de Curitiba, visto por quase 3 milhões de pessoas, mostra cenas fortes de fetos mortos e despedaçados e o pastor pedindo que não se vote na petista, que “defende o aborto e o casamento gay”.
Campanha fascista de boataria
O impacto desta boataria foi corrosivo. Marcelo Déda, reeleito em Sergipe, garante que “a queda de Dilma e o crescimento de Marina no final se deveu ao recrudescimento do fundamentalismo religioso. É o efeito do púlpito nas igrejas”. No mesmo rumo, Eduardo Campos, reeleito em Pernambuco, afirma que “nos últimos 15 dias, especialmente, houve uma campanha fascista de boataria”. O senador Marcelo Crivella, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, lembra que “o pastor pode ter dificuldade para conseguir votos dos fiéis. Para tirar voto, o efeito é inverso”.
Apesar de vários alertas – o blogueiro Rodrigo Vianna foi um dos primeiros a advertir sobre os estragos nas bases católicas e evangélicas –, a comando de campanha de Dilma, sempre muito hermético, não percebeu o efeito nefasto da onda de boatos. Agora, finalmente ele reconhece que subestimou o tema. “Foi uma campanha perversa, com inverdades sobre o que penso, o que digo. Vamos fazer um movimento no sentido de esclarecer com muita tranqüilidade nossas posições... A gente percebeu tarde, mas percebeu”, explica a candidata.
Da cegueira ao exagero
O comando de campanha afirma agora que a reconquista destes votos passou a ser prioridade no segundo turno. Ou seja, de um extremo ao outro – da cegueira ao exagero. De fato, é necessário esclarecer a sociedade, principalmente os setores religiosos mais conservadoras. Mas este não é o principal tema da campanha, nem sequer para os movimentos feministas mais lúcidos. Deve-se evitar a armadilha imposta pela direita. O que está em debate na sucessão é o futuro do Brasil.
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E agora, Marina?
Reproduzo artigo de Mair Pena Neto, publicado no sítio Direto da Redação:
Nas primeiras eleições presidenciais pós-ditadura, em 1989, quando perdeu para Lula o direito de disputar o segundo turno contra Collor, Brizola, apesar do enfrentamento direto que teve com o petista na primeira fase do processo, não hesitou sobre que lado tomar. Foi quando cunhou a frase de que seria fascinante fazer a elite engolir o “sapo barbudo” e apoiou Lula, transferindo alguns dos milhões de votos que teve no primeiro turno.
Em um momento crucial para o país, que elegia seu primeiro presidente após 25 anos de ditadura, não havia meio termo. Ou se estava ao lado da candidatura das forças populares, naquele segundo turno, representadas por Lula, ou se estava com as elites e o “filhote da ditadura”, como Brizola, em mais uma de suas históricas tiradas, classificou Fernando Collor. Em toda a sua trajetória política, Brizola jamais teve dúvidas ideológicas. Principalmente, no momento das grandes decisões para a vida do país.
Agora, o Brasil volta a viver uma situação de encruzilhada. O segundo turno das eleições presidenciais terá o caráter plebiscitário que Lula quis apresentar desde o início. O que estará em jogo são dois projetos antagônicos. Um, representado por Dilma Rousseff, baseado no fortalecimento do Estado e na sua capacidade de promover o crescimento com redução das desigualdades. O outro, personificado por José Serra, pró-mercado, privatista, que entende o Estado apenas como gerente e não vê sentido em programas sociais de grande alcance, como o Bolsa Família.
Novamente, não há meio termo ou terceira via. Ou é um ou é outro. É nesta hora que se pergunta se Marina Silva, responsável por levar a eleição ao segundo turno, terá a grandeza de Brizola, se irá se aproximar da direita, ou, pior ainda, se amiudará politicamente e tomará a posição conveniente e covarde da neutralidade.
Marina também está numa encruzilhada. Sua votação acima do esperado e não captada em sua verdadeira dimensão por nenhum instituto de pesquisa a alçou a um novo patamar político. E nesta nova condição, ela precisa tomar partido na completa acepção do termo.
A partir de sua decisão tomaremos conhecimento de quem é a Marina que sai dessas eleições. Se a seringueira forjada pela luta de Chico Mendes, a ex-militante histórica do PT e ex-ministra do governo Lula, que sempre participou das lutas populares ao lado das forças da esquerda, ou uma evangélica conservadora, apoiada num confuso discurso ambientalista, com mais aceitação no empresariado do que na população.
Marina, não há dúvidas, foi a maior beneficiária da sucessão de “escândalos” midiáticos e da exploração eleitoral nas últimas semanas de campanha da fé das pessoas, através da disseminação em púlpitos e pela internet de temores envolvendo aborto e união de homossexuais, onda que aproveitou sem maiores questionamentos.
Com o segundo turno, tem a oportunidade de mostrar que é bem mais do que isso e se posicionar no espectro político que sempre defendeu, comprometido com um Brasil socialmente mais justo. A neutralidade nesse momento é uma não tomada de posição e será entendida como preocupação exclusiva com um projeto político pessoal, em detrimento do que é melhor para o povo brasileiro.
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Nas primeiras eleições presidenciais pós-ditadura, em 1989, quando perdeu para Lula o direito de disputar o segundo turno contra Collor, Brizola, apesar do enfrentamento direto que teve com o petista na primeira fase do processo, não hesitou sobre que lado tomar. Foi quando cunhou a frase de que seria fascinante fazer a elite engolir o “sapo barbudo” e apoiou Lula, transferindo alguns dos milhões de votos que teve no primeiro turno.
Em um momento crucial para o país, que elegia seu primeiro presidente após 25 anos de ditadura, não havia meio termo. Ou se estava ao lado da candidatura das forças populares, naquele segundo turno, representadas por Lula, ou se estava com as elites e o “filhote da ditadura”, como Brizola, em mais uma de suas históricas tiradas, classificou Fernando Collor. Em toda a sua trajetória política, Brizola jamais teve dúvidas ideológicas. Principalmente, no momento das grandes decisões para a vida do país.
Agora, o Brasil volta a viver uma situação de encruzilhada. O segundo turno das eleições presidenciais terá o caráter plebiscitário que Lula quis apresentar desde o início. O que estará em jogo são dois projetos antagônicos. Um, representado por Dilma Rousseff, baseado no fortalecimento do Estado e na sua capacidade de promover o crescimento com redução das desigualdades. O outro, personificado por José Serra, pró-mercado, privatista, que entende o Estado apenas como gerente e não vê sentido em programas sociais de grande alcance, como o Bolsa Família.
Novamente, não há meio termo ou terceira via. Ou é um ou é outro. É nesta hora que se pergunta se Marina Silva, responsável por levar a eleição ao segundo turno, terá a grandeza de Brizola, se irá se aproximar da direita, ou, pior ainda, se amiudará politicamente e tomará a posição conveniente e covarde da neutralidade.
Marina também está numa encruzilhada. Sua votação acima do esperado e não captada em sua verdadeira dimensão por nenhum instituto de pesquisa a alçou a um novo patamar político. E nesta nova condição, ela precisa tomar partido na completa acepção do termo.
A partir de sua decisão tomaremos conhecimento de quem é a Marina que sai dessas eleições. Se a seringueira forjada pela luta de Chico Mendes, a ex-militante histórica do PT e ex-ministra do governo Lula, que sempre participou das lutas populares ao lado das forças da esquerda, ou uma evangélica conservadora, apoiada num confuso discurso ambientalista, com mais aceitação no empresariado do que na população.
Marina, não há dúvidas, foi a maior beneficiária da sucessão de “escândalos” midiáticos e da exploração eleitoral nas últimas semanas de campanha da fé das pessoas, através da disseminação em púlpitos e pela internet de temores envolvendo aborto e união de homossexuais, onda que aproveitou sem maiores questionamentos.
Com o segundo turno, tem a oportunidade de mostrar que é bem mais do que isso e se posicionar no espectro político que sempre defendeu, comprometido com um Brasil socialmente mais justo. A neutralidade nesse momento é uma não tomada de posição e será entendida como preocupação exclusiva com um projeto político pessoal, em detrimento do que é melhor para o povo brasileiro.
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Aborto, casamento gay e outras baixarias
Reproduzo artigo de Renato Rovai, publicado em seu blog no sítio da Revista Fórum:
Hoje pela manhã Nice, a pessoa que duas vezes por semana organiza a casa deste jornalista-blogueiro, me disse que muita gente do bairro dela havia mudado o voto porque nos bares, nas igrejas, em vários lugares públicos havia sido pregado um cartaz dizendo que Dilma defendia o aborto, o casamento gay e a maconha e outras coisas.
Disse que sabia que isso tinha acontecido e fui embora tocar a vida na redação da Fórum. Na verdade não sabia que isso havia acontecido. Vejam o cartaz abaixo e depois continuem a ler este post.
Agora há pouco o Alê Porto, que tem um blogue bem legal e está sempre atento nos dados das pesquisas, deu uma tuitada com essa imagem aí de cima. Segundo ele, este panfleto foi colocado em caixas de correio e distribuido de porta em porta em alguns bairros.
O Rodrigo Vianna foi o primeiro blogueiro a alertar para essa campanha que vinha se disseminando pela internet. Aliás, há quem ache que foi isso que o tal indiano esquisito que deu consultoria pro Serra veio fazer aqui. Ele organizou um bom banco de dados pra disseminar boatos virais. Faz todo sentido. Acho que a consultoria que ele veio dar começa a ser entendida.
O site do tucano virou apenas um lugar onde as pessoas se cadastravam. Depois disso iniciaram-se os ataques morais. E a coisa foi ganhando volume até que a campanha ganhasse panfletos como este de cima.
Enquanto isso, a campanha de Dilma na internet ficava tentando organizar onda vermelha no tuiter e postando informações do que acontecia nos comícios. Não quero transformar a campanha de Dilma na net em responsável por essa ida ao segundo turno, mas é importante ressaltar que ela desprezou completamente a blogosfera progressista. Não conheço ninguém que tenha sido procurado para conversar sobre qualquer coisa relativa à campanha da petista. E havia muita gente que poderia colaborar.
Se tivessem, por exemplo, conversado com o Rodrigo Viaana, pudessem ter pensado em algo para segurar essa onda viral que depois chegou nos grotões a partir do boca-a-boca e de panfletos como o daí de cima.
Neste segundo turno o jogo talvez seja ainda mais baixo. Por isso é importante se organizar, mas ao tempo tentar ouvir e envolver o maior número de pessoas para buscar as melhores estratégias em todas as áreas da campanha.
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Hoje pela manhã Nice, a pessoa que duas vezes por semana organiza a casa deste jornalista-blogueiro, me disse que muita gente do bairro dela havia mudado o voto porque nos bares, nas igrejas, em vários lugares públicos havia sido pregado um cartaz dizendo que Dilma defendia o aborto, o casamento gay e a maconha e outras coisas.
Disse que sabia que isso tinha acontecido e fui embora tocar a vida na redação da Fórum. Na verdade não sabia que isso havia acontecido. Vejam o cartaz abaixo e depois continuem a ler este post.
Agora há pouco o Alê Porto, que tem um blogue bem legal e está sempre atento nos dados das pesquisas, deu uma tuitada com essa imagem aí de cima. Segundo ele, este panfleto foi colocado em caixas de correio e distribuido de porta em porta em alguns bairros.
O Rodrigo Vianna foi o primeiro blogueiro a alertar para essa campanha que vinha se disseminando pela internet. Aliás, há quem ache que foi isso que o tal indiano esquisito que deu consultoria pro Serra veio fazer aqui. Ele organizou um bom banco de dados pra disseminar boatos virais. Faz todo sentido. Acho que a consultoria que ele veio dar começa a ser entendida.
O site do tucano virou apenas um lugar onde as pessoas se cadastravam. Depois disso iniciaram-se os ataques morais. E a coisa foi ganhando volume até que a campanha ganhasse panfletos como este de cima.
Enquanto isso, a campanha de Dilma na internet ficava tentando organizar onda vermelha no tuiter e postando informações do que acontecia nos comícios. Não quero transformar a campanha de Dilma na net em responsável por essa ida ao segundo turno, mas é importante ressaltar que ela desprezou completamente a blogosfera progressista. Não conheço ninguém que tenha sido procurado para conversar sobre qualquer coisa relativa à campanha da petista. E havia muita gente que poderia colaborar.
Se tivessem, por exemplo, conversado com o Rodrigo Viaana, pudessem ter pensado em algo para segurar essa onda viral que depois chegou nos grotões a partir do boca-a-boca e de panfletos como o daí de cima.
Neste segundo turno o jogo talvez seja ainda mais baixo. Por isso é importante se organizar, mas ao tempo tentar ouvir e envolver o maior número de pessoas para buscar as melhores estratégias em todas as áreas da campanha.
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No mundo em rede, o PT é jurássico
Reproduzo artigo de Luiz Carlos Azenha, publicado no blog Viomundo:
Escrevi, muito antes da eleição brasileira, um artigo em que descrevia a campanha eleitoral dos Estados Unidos em 2008 — eu morava em Washington, então.
Lá, a máquina de moer carne republicana fatiou Barack Obama com o objetivo de atender a preconceitos latentes nos eleitores estadunidenses:
1. Barack Obama, o muçulmano (cujo vice era satanista);
2. Barack Obama, que não nasceu nos Estados Unidos (“o búlgaro”);
3. Barack Obama, associado a um pastor “radical” (lutou contra o regime militar);
4. Barack Obama, o terrorista (recebeu em casa, uma vez, Bill Ayers, que havia integrado um grupo que jogou bombas no Pentágono e no Congresso);
5. Barack Hussein Obama, cujo sobrenome denotava submissão a bin Laden.
6. Barack Obama, que estudou em uma madrassa (a escola religiosa islâmica).
Pouco importava, então, se isso tinha ou não relação com a realidade.
O objetivo, como escrevi, era ter um boato, uma ilação, uma suposição para se encaixar em cada um dos preconceitos já existentes no eleitorado.
Não disseram que Obama era gay, mas disseram que ele apoiava o casamento gay.
Como a campanha de Obama enfrentou a onda de boatos, mentiras, ilações e suposições?
Montou um site na internet exclusivamente dedicado a combater os boatos. Quando o internauta desse um Google atrás da informação, tinha um contraponto à máquina republicana de moer carne.
Além disso, Obama montou uma força-tarefa de militantes virtuais e advogados exclusivamente dedicada a combater os boatos, tentar identificar a origem deles e ingressar na Justiça com as medidas cabíveis.
Por que?
Porque vivemos no mundo da informação instantânea. Porque vivemos no mundo em que aqueles que tem acesso às tecnologias da informação se transformaram em produtores e disseminadores de conteúdo, para o bem e para o mal.
Uma mentira disseminada na internet tem o potencial de se replicar N vezes antes que você seja capaz de articular uma resposta.
No dia do primeiro turno, assisti a um debate inócuo e cheio de lugares-comuns na Globonews. O objetivo do debate era óbvio: dizer que a TV era a grande formadora de opinião e que o papel da internet era ínfimo.
Bobagem. A disseminação de boatos a respeito de Dilma Rousseff pode ter tido um papel central no período que precedeu o primeiro turno.
E o PT com isso? E a campanha de Dilma Rousseff com isso?
Nada.
O PT e a campanha de Dilma são jurássicos, quando se trata do uso da rede para combater a boataria.
O PT ainda é refém do ciclo de notícias dos jornais diários.
Aliás, o partido é fiador da mídia que investiu na destruição de seus candidatos.
Na campanha atual, de Dilma Rousseff, concedeu privilégios em três oportunidades a um repórter da TV Globo, que fez o perfil que estrelou o Jornal Nacional da véspera da eleição. O acesso a Dilma deu legitimidade ao perfil de Marina Silva, uma superprodução hollywodiana que estrelou o JN de sábado passado, com objetivos óbvios.
Aliás, no comício de encerramento da campanha de Dilma em Porto Alegre, um repórter da revista Veja teve acesso privilegiado ao palco.
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Escrevi, muito antes da eleição brasileira, um artigo em que descrevia a campanha eleitoral dos Estados Unidos em 2008 — eu morava em Washington, então.
Lá, a máquina de moer carne republicana fatiou Barack Obama com o objetivo de atender a preconceitos latentes nos eleitores estadunidenses:
1. Barack Obama, o muçulmano (cujo vice era satanista);
2. Barack Obama, que não nasceu nos Estados Unidos (“o búlgaro”);
3. Barack Obama, associado a um pastor “radical” (lutou contra o regime militar);
4. Barack Obama, o terrorista (recebeu em casa, uma vez, Bill Ayers, que havia integrado um grupo que jogou bombas no Pentágono e no Congresso);
5. Barack Hussein Obama, cujo sobrenome denotava submissão a bin Laden.
6. Barack Obama, que estudou em uma madrassa (a escola religiosa islâmica).
Pouco importava, então, se isso tinha ou não relação com a realidade.
O objetivo, como escrevi, era ter um boato, uma ilação, uma suposição para se encaixar em cada um dos preconceitos já existentes no eleitorado.
Não disseram que Obama era gay, mas disseram que ele apoiava o casamento gay.
Como a campanha de Obama enfrentou a onda de boatos, mentiras, ilações e suposições?
Montou um site na internet exclusivamente dedicado a combater os boatos. Quando o internauta desse um Google atrás da informação, tinha um contraponto à máquina republicana de moer carne.
Além disso, Obama montou uma força-tarefa de militantes virtuais e advogados exclusivamente dedicada a combater os boatos, tentar identificar a origem deles e ingressar na Justiça com as medidas cabíveis.
Por que?
Porque vivemos no mundo da informação instantânea. Porque vivemos no mundo em que aqueles que tem acesso às tecnologias da informação se transformaram em produtores e disseminadores de conteúdo, para o bem e para o mal.
Uma mentira disseminada na internet tem o potencial de se replicar N vezes antes que você seja capaz de articular uma resposta.
No dia do primeiro turno, assisti a um debate inócuo e cheio de lugares-comuns na Globonews. O objetivo do debate era óbvio: dizer que a TV era a grande formadora de opinião e que o papel da internet era ínfimo.
Bobagem. A disseminação de boatos a respeito de Dilma Rousseff pode ter tido um papel central no período que precedeu o primeiro turno.
E o PT com isso? E a campanha de Dilma Rousseff com isso?
Nada.
O PT e a campanha de Dilma são jurássicos, quando se trata do uso da rede para combater a boataria.
O PT ainda é refém do ciclo de notícias dos jornais diários.
Aliás, o partido é fiador da mídia que investiu na destruição de seus candidatos.
Na campanha atual, de Dilma Rousseff, concedeu privilégios em três oportunidades a um repórter da TV Globo, que fez o perfil que estrelou o Jornal Nacional da véspera da eleição. O acesso a Dilma deu legitimidade ao perfil de Marina Silva, uma superprodução hollywodiana que estrelou o JN de sábado passado, com objetivos óbvios.
Aliás, no comício de encerramento da campanha de Dilma em Porto Alegre, um repórter da revista Veja teve acesso privilegiado ao palco.
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Uma luta de sentido histórico
Reproduzo editoral do sítio Vermelho:
A eleição presidencial será decidida no segundo turno no dia 31 de outubro. Com alto índice de participação popular, foram computados mais de 111 milhões de votos válidos. Dilma Rousseff, da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, obteve 46,91% , José Serra, do PSDB, 32,61% e Marina Silva, do PV, 19,33%. Outros candidatos somados pontuaram pouco mais de 1%.
O resultado não surpreende, porquanto nos últimos dias da campanha foram detectados sinais de leve erosão nas intenções de voto em Dilma e de crescimento de Serra e Marina, sobretudo desta última. E não foge ao padrão das duas eleições anteriores, em que Lula teve que passar pela prova do segundo turno para eleger-se (2002) e reeleger-se (2006).
Obviamente, o resultado contraria as expectativas das forças democráticas e populares, cuja palavra de ordem era vencer já no primeiro turno.
A superioridade de Dilma Rousseff, de mais de 14 pontos percentuais sobre seu adversário, corresponde à ampla base de apoio popular de sua candidatura e é uma clara expressão da existência de uma maioria em favor da continuidade das mudanças iniciadas no Brasil a partir de 2003. Tem plenas condições de no segundo se transformar em maioria absoluta e conferir ao novo governo o necessário apoio à realização de seu programa democrático e patriótico.
As forças progressistas e do movimento popular engajadas na campanha de Dilma vão enfrentar o segundo turno, como disse a candidata, com garra e energia.
Nas próximas semanas será necessário intensificar o debate político e a mobilização popular. Não se ganha eleição antecipadamente, apenas através do monitoramento das pesquisas e do bom manejo das técnicas de “marketing político”. Uma batalha política da envergadura de uma eleição presidencial só pode ser vitoriosa com uma postura política ofensiva. A vitória nas urnas tem que partir das ruas, do corpo a corpo com o eleitor, da discussão franca, simples, direta e profunda com o povo, tocando fundo sua mente e seu coração.
Mais do que nunca é preciso ter a consciência aguda do que está em disputa. Dois projetos diametralmente opostos estão em jogo e é em torno destes que se decidirá o futuro do país. De um lado, está a possibilidade de o Brasil continuar trilhando o caminho do fortalecimento da democracia, da soberania nacional e da afirmação dos direitos do povo. Esta bandeira está nas mãos de Dilma Rousseff e das forças que a apoiam, que podem e devem alargar-se ainda mais no segundo turno. Do outro está a submissão do país ao imperialismo, a restrição da democracia, o ataque aos direitos do povo, a criminalização dos movimentos populares e a degradação das condições de vida de milhões de brasileiros.
É um embate político em campo aberto, uma luta de sentido histórico a que a imensa legião de militantes das forças progressistas e de esquerda não se irá furtar.
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A eleição presidencial será decidida no segundo turno no dia 31 de outubro. Com alto índice de participação popular, foram computados mais de 111 milhões de votos válidos. Dilma Rousseff, da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, obteve 46,91% , José Serra, do PSDB, 32,61% e Marina Silva, do PV, 19,33%. Outros candidatos somados pontuaram pouco mais de 1%.
O resultado não surpreende, porquanto nos últimos dias da campanha foram detectados sinais de leve erosão nas intenções de voto em Dilma e de crescimento de Serra e Marina, sobretudo desta última. E não foge ao padrão das duas eleições anteriores, em que Lula teve que passar pela prova do segundo turno para eleger-se (2002) e reeleger-se (2006).
Obviamente, o resultado contraria as expectativas das forças democráticas e populares, cuja palavra de ordem era vencer já no primeiro turno.
A superioridade de Dilma Rousseff, de mais de 14 pontos percentuais sobre seu adversário, corresponde à ampla base de apoio popular de sua candidatura e é uma clara expressão da existência de uma maioria em favor da continuidade das mudanças iniciadas no Brasil a partir de 2003. Tem plenas condições de no segundo se transformar em maioria absoluta e conferir ao novo governo o necessário apoio à realização de seu programa democrático e patriótico.
As forças progressistas e do movimento popular engajadas na campanha de Dilma vão enfrentar o segundo turno, como disse a candidata, com garra e energia.
Nas próximas semanas será necessário intensificar o debate político e a mobilização popular. Não se ganha eleição antecipadamente, apenas através do monitoramento das pesquisas e do bom manejo das técnicas de “marketing político”. Uma batalha política da envergadura de uma eleição presidencial só pode ser vitoriosa com uma postura política ofensiva. A vitória nas urnas tem que partir das ruas, do corpo a corpo com o eleitor, da discussão franca, simples, direta e profunda com o povo, tocando fundo sua mente e seu coração.
Mais do que nunca é preciso ter a consciência aguda do que está em disputa. Dois projetos diametralmente opostos estão em jogo e é em torno destes que se decidirá o futuro do país. De um lado, está a possibilidade de o Brasil continuar trilhando o caminho do fortalecimento da democracia, da soberania nacional e da afirmação dos direitos do povo. Esta bandeira está nas mãos de Dilma Rousseff e das forças que a apoiam, que podem e devem alargar-se ainda mais no segundo turno. Do outro está a submissão do país ao imperialismo, a restrição da democracia, o ataque aos direitos do povo, a criminalização dos movimentos populares e a degradação das condições de vida de milhões de brasileiros.
É um embate político em campo aberto, uma luta de sentido histórico a que a imensa legião de militantes das forças progressistas e de esquerda não se irá furtar.
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segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Lula vai se licenciar no segundo turno?
Por Altamiro Borges
Bem no início do processo eleitoral deste ano houve um forte boato de que Lula se licenciaria da Presidência da República para se engajar integralmente na campanha de Dilma Rousseff. O vice José Alencar teria sido, inclusive, aconselhado a não disputar qualquer cargo em Minas Gerais, aonde até aparecia como favorito para unificar a oposição e vencer a disputa para o governo. Sua permanência em Brasília visaria dar maior segurança para uma saída transitória de Lula.
Naquele período, o demotucano José Serra aparecia com folga nas pesquisas devido ao chamado “recall” – a forte exposição de seu nome em outros pleitos. Já a ex-ministra, que nunca disputará uma eleição, era pouco conhecida. Antes mesmo da propaganda na TV e rádio, porém, Dilma já ultrapassou o adversário, evidenciando o prestígio de Lula e a sua capacidade de transferência de voto. A sua licença da presidência não se fez necessária.
Risco do retorno dos neoliberais
Agora a situação é outra, o que justificaria o envolvimento completo, de corpo e alma, de Lula na campanha. A direita ganhou novo fôlego, beneficiada pela “onda verde” de Marina Silva – que já foi ministra do atual governo –, e apostará tudo no segundo turno. Os cofres demotucanos devem engordar, com a contribuição generosa do grande capital que teme a continuidade do ciclo aberto por Lula; os governos estaduais sob comando da direita entrarão pesado na campanha.
Corre-se o risco do retorno do bloco neoliberal-conservador ao governo central. Da regressão na política externa altiva e soberana, com a retomada do “alinhamento automático” aos EUA. Da volta à criminalização dos movimentos sociais, com o rompimento do diálogo democrático. Do retrocesso nas políticas sociais, que tiraram da miséria milhões de brasileiros. Do fortalecimento da ortodoxia neoliberal, com seu desmonte do estado, da nação e do trabalho. Ou seja: o que foi construído nestes oito anos pode ser destruído, virando um simples parêntesis na história do país.
A força da militância nas ruas
Para evitar este desastre será preciso amplitude política e, principalmente, maior politização da sociedade. Lula, com seu carisma e sua popularidade, poderá dar ainda maior contribuição nesta hora decisiva. Liberado das suas funções da presidência, ele poderá percorrer o país alertando as camadas populares sobre o significado da batalha em curso. Com ele e Dilma Rousseff, será possível agendar mais comícios, passeatas e visitas, mobilizando milhares de ativistas.
A presença diária de Lula na campanha, com a sua pedagogia própria e a força do seu carisma, pode ser a principal arma da campanha neste segundo turno. Contra o arsenal da direita e da sua mídia, a força do povo, da militância politizada nas ruas. Os demotucanos e seus porta-vozes na imprensa vão chiar. Vão tremer. Mas não há como impedir o presidente de lutar, com todas suas energias, para dar continuidade a sua obra – que está apenas começando e não pode ser abortada.
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Bem no início do processo eleitoral deste ano houve um forte boato de que Lula se licenciaria da Presidência da República para se engajar integralmente na campanha de Dilma Rousseff. O vice José Alencar teria sido, inclusive, aconselhado a não disputar qualquer cargo em Minas Gerais, aonde até aparecia como favorito para unificar a oposição e vencer a disputa para o governo. Sua permanência em Brasília visaria dar maior segurança para uma saída transitória de Lula.
Naquele período, o demotucano José Serra aparecia com folga nas pesquisas devido ao chamado “recall” – a forte exposição de seu nome em outros pleitos. Já a ex-ministra, que nunca disputará uma eleição, era pouco conhecida. Antes mesmo da propaganda na TV e rádio, porém, Dilma já ultrapassou o adversário, evidenciando o prestígio de Lula e a sua capacidade de transferência de voto. A sua licença da presidência não se fez necessária.
Risco do retorno dos neoliberais
Agora a situação é outra, o que justificaria o envolvimento completo, de corpo e alma, de Lula na campanha. A direita ganhou novo fôlego, beneficiada pela “onda verde” de Marina Silva – que já foi ministra do atual governo –, e apostará tudo no segundo turno. Os cofres demotucanos devem engordar, com a contribuição generosa do grande capital que teme a continuidade do ciclo aberto por Lula; os governos estaduais sob comando da direita entrarão pesado na campanha.
Corre-se o risco do retorno do bloco neoliberal-conservador ao governo central. Da regressão na política externa altiva e soberana, com a retomada do “alinhamento automático” aos EUA. Da volta à criminalização dos movimentos sociais, com o rompimento do diálogo democrático. Do retrocesso nas políticas sociais, que tiraram da miséria milhões de brasileiros. Do fortalecimento da ortodoxia neoliberal, com seu desmonte do estado, da nação e do trabalho. Ou seja: o que foi construído nestes oito anos pode ser destruído, virando um simples parêntesis na história do país.
A força da militância nas ruas
Para evitar este desastre será preciso amplitude política e, principalmente, maior politização da sociedade. Lula, com seu carisma e sua popularidade, poderá dar ainda maior contribuição nesta hora decisiva. Liberado das suas funções da presidência, ele poderá percorrer o país alertando as camadas populares sobre o significado da batalha em curso. Com ele e Dilma Rousseff, será possível agendar mais comícios, passeatas e visitas, mobilizando milhares de ativistas.
A presença diária de Lula na campanha, com a sua pedagogia própria e a força do seu carisma, pode ser a principal arma da campanha neste segundo turno. Contra o arsenal da direita e da sua mídia, a força do povo, da militância politizada nas ruas. Os demotucanos e seus porta-vozes na imprensa vão chiar. Vão tremer. Mas não há como impedir o presidente de lutar, com todas suas energias, para dar continuidade a sua obra – que está apenas começando e não pode ser abortada.
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Favoritismo não garante vitória de Dilma
Por Altamiro Borges
O favoritismo de Dilma Rousseff no segundo turno é algo inquestionável. A diferença entre ela e o demotucano José Serra, de 14,5 milhões votos, é a maior prova. Mas só o favoritismo não garante a vitória da primeira mulher na Presidência. Prefiro seguir a cautela do revolucionário italiano Antonio Gramsci, que dizia que é “preciso ser pessimista no diagnóstico e otimista na ação”.
Uma batalha de vida ou morte
Após se mostrar abatida com decadente campanha do demotucano, a direita volta se ouriçar. Nos comentários de seus colunistas na mídia, a excitação é despudorada. Ela festeja a ida ao segundo turno como se fosse uma grande vitória. A “onda verde”, inventada pela própria mídia, salvou os tucanos, num ecologismo às avessas. Agora, a direita jogará todas as fichas na disputa decisiva.
Se o jogo já foi sujo e rasteiro no primeiro turno, pior ainda será neste segundo. Para a direita, é uma guerra de vida ou morte. Não tem meio-termo ou respeito à democracia. Derrotada, ela calcula que demorará a retornar ao núcleo central do poder. Neste esforço derradeiro, as forças conservadoras contarão com algumas peças importantes, que não podem ser subestimadas:
O violento arsenal da direita
- A grande burguesia, mesmo não tendo do que reclamar do governo Lula – nunca ganhou tanto dinheiro na vida –, desconfia de um futuro governo Dilma. Teme que ela aprofunde as mudanças no país. O intragável José Serra, do bloco neoliberal-conservador, é mais confiável, mais seguro, e terá agora bem mais apoio;
- A mídia golpista se reanimou com o êxito obtido no primeiro turno. Seus petardos fustigaram a candidata governista e a invenção da “onda verde” garantiu o segundo turno. Ela comemora seu êxito. Mostrou que não está morta, como alguns imaginavam. Para ela, não há possibilidade de qualquer recuo. Se a direita for derrotada, ela perderá o pouco que ainda tem de credibilidade. Ela será, sem dúvida, a mais feroz e venenosa inimiga de Dilma Rousseff neste segundo turno.
- As forças do atraso – os generais do pijama do Clube Militar e os fundamentalistas religiosos, entre outros setores conservadores – agora radicalizarão seu discurso fascistóide. Eles ainda não conseguem repetir as marchas “com Deus, pela liberdade”, que prepararam o clima para o golpe militar de 1964, mas continuam bem ativos no submundo da política. Seu veneno ainda amedronta muita gente, inclusive do povo.
- A chamada “classe média”, que come mortadela e arrota caviar, também será acionada para o segundo turno. No seu egoísmo suicida, ela será uma importante reserva das forças de direita. Principalmente nos centros urbanos do Sul e Sudeste, ela tentará seduzir os trabalhadores que lhe prestam serviços, os “agregados sociais”. A “classe mérdia” sempre se atiça nas horas decisivas.
Habilidade e firmeza na ação
Diante deste arsenal da direita, as forças que apostam na “continuidade com avanços” precisarão de muita habilidade política e muita firmeza na ação. Habilidade para reconquistar o eleitor seduzido pela “onda verde”; para agregar todas as forças, do centro à esquerda, do PMDB ao PSOL, que estiveram metidas nas suas próprias campanhas; para engajar o conjunto das forças progressistas do país.
E firmeza para politizar o debate, principalmente na TV, escancarando a disputa de projetos. Não dá mais para continuar apanhando, ouvindo mentiras, sem dar resposta, sem partir para o contra-ataque. Os demotucanos representam o que há de pior na política brasileira, o que há de mais regressivo e destrutivo. Eles precisam ser desmascarados com argumentos e coragem, sem vacilações. Esta firmeza política é que poderá contagiar e ativar a militância na guerrilha cotidiana até 31 de outubro.
Do contrário, o favoritismo de Dilma Rousseff pode virar frustração, como enormes prejuízos para a acumulação de forças no Brasil e na América Latina.
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O favoritismo de Dilma Rousseff no segundo turno é algo inquestionável. A diferença entre ela e o demotucano José Serra, de 14,5 milhões votos, é a maior prova. Mas só o favoritismo não garante a vitória da primeira mulher na Presidência. Prefiro seguir a cautela do revolucionário italiano Antonio Gramsci, que dizia que é “preciso ser pessimista no diagnóstico e otimista na ação”.
Uma batalha de vida ou morte
Após se mostrar abatida com decadente campanha do demotucano, a direita volta se ouriçar. Nos comentários de seus colunistas na mídia, a excitação é despudorada. Ela festeja a ida ao segundo turno como se fosse uma grande vitória. A “onda verde”, inventada pela própria mídia, salvou os tucanos, num ecologismo às avessas. Agora, a direita jogará todas as fichas na disputa decisiva.
Se o jogo já foi sujo e rasteiro no primeiro turno, pior ainda será neste segundo. Para a direita, é uma guerra de vida ou morte. Não tem meio-termo ou respeito à democracia. Derrotada, ela calcula que demorará a retornar ao núcleo central do poder. Neste esforço derradeiro, as forças conservadoras contarão com algumas peças importantes, que não podem ser subestimadas:
O violento arsenal da direita
- A grande burguesia, mesmo não tendo do que reclamar do governo Lula – nunca ganhou tanto dinheiro na vida –, desconfia de um futuro governo Dilma. Teme que ela aprofunde as mudanças no país. O intragável José Serra, do bloco neoliberal-conservador, é mais confiável, mais seguro, e terá agora bem mais apoio;
- A mídia golpista se reanimou com o êxito obtido no primeiro turno. Seus petardos fustigaram a candidata governista e a invenção da “onda verde” garantiu o segundo turno. Ela comemora seu êxito. Mostrou que não está morta, como alguns imaginavam. Para ela, não há possibilidade de qualquer recuo. Se a direita for derrotada, ela perderá o pouco que ainda tem de credibilidade. Ela será, sem dúvida, a mais feroz e venenosa inimiga de Dilma Rousseff neste segundo turno.
- As forças do atraso – os generais do pijama do Clube Militar e os fundamentalistas religiosos, entre outros setores conservadores – agora radicalizarão seu discurso fascistóide. Eles ainda não conseguem repetir as marchas “com Deus, pela liberdade”, que prepararam o clima para o golpe militar de 1964, mas continuam bem ativos no submundo da política. Seu veneno ainda amedronta muita gente, inclusive do povo.
- A chamada “classe média”, que come mortadela e arrota caviar, também será acionada para o segundo turno. No seu egoísmo suicida, ela será uma importante reserva das forças de direita. Principalmente nos centros urbanos do Sul e Sudeste, ela tentará seduzir os trabalhadores que lhe prestam serviços, os “agregados sociais”. A “classe mérdia” sempre se atiça nas horas decisivas.
Habilidade e firmeza na ação
Diante deste arsenal da direita, as forças que apostam na “continuidade com avanços” precisarão de muita habilidade política e muita firmeza na ação. Habilidade para reconquistar o eleitor seduzido pela “onda verde”; para agregar todas as forças, do centro à esquerda, do PMDB ao PSOL, que estiveram metidas nas suas próprias campanhas; para engajar o conjunto das forças progressistas do país.
E firmeza para politizar o debate, principalmente na TV, escancarando a disputa de projetos. Não dá mais para continuar apanhando, ouvindo mentiras, sem dar resposta, sem partir para o contra-ataque. Os demotucanos representam o que há de pior na política brasileira, o que há de mais regressivo e destrutivo. Eles precisam ser desmascarados com argumentos e coragem, sem vacilações. Esta firmeza política é que poderá contagiar e ativar a militância na guerrilha cotidiana até 31 de outubro.
Do contrário, o favoritismo de Dilma Rousseff pode virar frustração, como enormes prejuízos para a acumulação de forças no Brasil e na América Latina.
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Mídia tenta ofuscar favoritismo de Dilma
Por Altamiro Borges
Âncoras e colunistas da mídia demotucana atingiram o orgasmo múltiplo nas últimas horas. Na televisão, por exemplo, é visível a alegria de Boris Casoy, Carlos Nascimento, Willian Bonner, Merval Pereira e Cristiana Lôbo, entre outros, com a realização do segundo turno das eleições presidenciais. Os espaços concedidos a José Serra, que obteve 32,61% dos votos (33.132.174), e a Marina Silva, que colheu 19,33% (19.636.337), são bem maiores e vistosos do que os cedidos a Dilma Rousseff, que quase venceu o pleito no primeiro turno – 46,91% dos votos (47.651.280).
As edições dos telejornais apresentam os derrotados como vitoriosos – festa dos tucanos em São Paulo e imagens angelicais da candidata verde – e mostram a candidata vitoriosa abatida, como se fosse a grande derrotada. O objetivo desta manipulação grotesca é animar a oposição de direita e desarmar os setores que apostam na continuidade da mudança. O esforço unificado da mídia é para tentar ofuscar o favoritismo de Dilma Rousseff no segundo turno. Ela tenta vender a idéia que será uma nova eleição, como se a realizada neste domingo não tivesse qualquer importância.
Moto-Serra e os votos verdes
De concreto, a oposição demotucana foi derrotada nas urnas. No início da campanha eleitoral, José Serra aparecia como franco favorito – com quase o dobro da intenção de voto da ex-ministra do governo Lula. Antes mesmo do horário eleitoral, ele perdeu milhões de votos e passou para a segundo colocação. A possibilidade de vitória no primeiro turno de Dilma Rousseff, que nunca disputou um pleito e era pouco conhecida da sociedade, era real. Ela só se inviabilizou na reta final graças ao fenômeno da chamada “onda verde”, em boa parte criada pela própria mídia.
Numa análise fria, sem a partidarização apaixonada da mídia demotucana, Dilma Rousseff é a franca favorita para vencer as eleições em 31 de outubro. Ela conseguiu colocar mais de 14,5 milhões de votos a frente de Serra. Dos 19,6 milhões de votos dados pelo eleitor seduzido pela verde Marina, ela precisa colher cerca de 4 milhões para ser eleita a primeira mulher presidente do Brasil. Nem o maior torcedor do tucanato, convertido recentemente ao eco-capitalismo, avalia que Serra conseguirá abocanhar aproximadamente 15 milhões de votos da candidata verde.
Derrota do bloco liberal-conservador
Os colunistas da mídia demotucana destacam apenas os fatores favoráveis a Serra. Dizem que agora Aécio Neves, que manteve com folga o governo de Minas Gerais, estará livre para fazer campanha. Mas ele nunca esteve preso. Se não abraçou na campanha do concorrente paulista foi por outros motivos. Afirmam ainda que Geraldo Alckmin, novamente eleito ao governo paulista, será um importante reforço para sua campanha – mas é bom não esquecer a traição que o mesmo sofreu na eleição para a prefeitura da capital paulista. A vingança pode ser maligna!
Já no caso de Dilma Rousseff, os colunistas da mídia direitista preferem ocultar seu favoritismo. Na primeira eleição em que disputou, ela teve o mesmo percentual de votos de Lula no primeiro turno de 2002 – após três tentativas castradas de chegar à presidência e uma sólida projeção nas lutas sindicais. Além disso, ela contará agora com vários governadores, senadores e deputados eleitos – a vitória do seu campo político nos pleitos estaduais foi acachapante. A correlação de forças se alterou nesta eleição, com a derrota do bloco neoliberal-conservador.
Em síntese, o favoritismo de Dilma Rousseff para o segundo turno é visível – só mesmo a mídia demotucana tenta ofuscá-lo com seus padrões de manipulação. Mas o favoritismo, por si só, não garante a vitória. O segundo turno exigirá muita energia. Será uma guerra sangrenta!
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Âncoras e colunistas da mídia demotucana atingiram o orgasmo múltiplo nas últimas horas. Na televisão, por exemplo, é visível a alegria de Boris Casoy, Carlos Nascimento, Willian Bonner, Merval Pereira e Cristiana Lôbo, entre outros, com a realização do segundo turno das eleições presidenciais. Os espaços concedidos a José Serra, que obteve 32,61% dos votos (33.132.174), e a Marina Silva, que colheu 19,33% (19.636.337), são bem maiores e vistosos do que os cedidos a Dilma Rousseff, que quase venceu o pleito no primeiro turno – 46,91% dos votos (47.651.280).
As edições dos telejornais apresentam os derrotados como vitoriosos – festa dos tucanos em São Paulo e imagens angelicais da candidata verde – e mostram a candidata vitoriosa abatida, como se fosse a grande derrotada. O objetivo desta manipulação grotesca é animar a oposição de direita e desarmar os setores que apostam na continuidade da mudança. O esforço unificado da mídia é para tentar ofuscar o favoritismo de Dilma Rousseff no segundo turno. Ela tenta vender a idéia que será uma nova eleição, como se a realizada neste domingo não tivesse qualquer importância.
Moto-Serra e os votos verdes
De concreto, a oposição demotucana foi derrotada nas urnas. No início da campanha eleitoral, José Serra aparecia como franco favorito – com quase o dobro da intenção de voto da ex-ministra do governo Lula. Antes mesmo do horário eleitoral, ele perdeu milhões de votos e passou para a segundo colocação. A possibilidade de vitória no primeiro turno de Dilma Rousseff, que nunca disputou um pleito e era pouco conhecida da sociedade, era real. Ela só se inviabilizou na reta final graças ao fenômeno da chamada “onda verde”, em boa parte criada pela própria mídia.
Numa análise fria, sem a partidarização apaixonada da mídia demotucana, Dilma Rousseff é a franca favorita para vencer as eleições em 31 de outubro. Ela conseguiu colocar mais de 14,5 milhões de votos a frente de Serra. Dos 19,6 milhões de votos dados pelo eleitor seduzido pela verde Marina, ela precisa colher cerca de 4 milhões para ser eleita a primeira mulher presidente do Brasil. Nem o maior torcedor do tucanato, convertido recentemente ao eco-capitalismo, avalia que Serra conseguirá abocanhar aproximadamente 15 milhões de votos da candidata verde.
Derrota do bloco liberal-conservador
Os colunistas da mídia demotucana destacam apenas os fatores favoráveis a Serra. Dizem que agora Aécio Neves, que manteve com folga o governo de Minas Gerais, estará livre para fazer campanha. Mas ele nunca esteve preso. Se não abraçou na campanha do concorrente paulista foi por outros motivos. Afirmam ainda que Geraldo Alckmin, novamente eleito ao governo paulista, será um importante reforço para sua campanha – mas é bom não esquecer a traição que o mesmo sofreu na eleição para a prefeitura da capital paulista. A vingança pode ser maligna!
Já no caso de Dilma Rousseff, os colunistas da mídia direitista preferem ocultar seu favoritismo. Na primeira eleição em que disputou, ela teve o mesmo percentual de votos de Lula no primeiro turno de 2002 – após três tentativas castradas de chegar à presidência e uma sólida projeção nas lutas sindicais. Além disso, ela contará agora com vários governadores, senadores e deputados eleitos – a vitória do seu campo político nos pleitos estaduais foi acachapante. A correlação de forças se alterou nesta eleição, com a derrota do bloco neoliberal-conservador.
Em síntese, o favoritismo de Dilma Rousseff para o segundo turno é visível – só mesmo a mídia demotucana tenta ofuscá-lo com seus padrões de manipulação. Mas o favoritismo, por si só, não garante a vitória. O segundo turno exigirá muita energia. Será uma guerra sangrenta!
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Um balanço inicial do primeiro turno
Reproduzo artigo de Emir Sader, publicado em seu blog no sítio Carta Maior:
A esquerda teve o melhor resultado eleitoral de sua história: Dilma em primeiro lugar, governadores no Rio Grande do Sul, na Bahia, em Pernambuco, no Ceará, no Espírito Santo, Sergipe, Acre, boas possibilidades no Distrito Federal, possibilidades ainda no Pará, limpa impressionante e renovação com grande bancada no Senado, maiores aumentos nas bancadas parlamentares na Câmara.
A frustração veio da expectativa criada pelas pesquisas de uma eventual vitória no primeiro turno para presidente. Uma análise mais precisa é necessária, a começar pelo altíssimo numero de abstenções e também dos votos nulos e brancos que, somados, superam um quarto do eleitorado. Mas também dos efeitos das campanhas de difamação – sobre o aborto, luta contra a ditadura, etc., assim como o efeito que o caso da Erenice efetivamente teve para diminuir o resultado final da Dilma.
A votação da Marina certamente influenciou. A leitura desse eleitorado é complexa, nem de longe se trata de onda ecológica no Brasil – as outras votações dos verdes foram inexpressivas. Juntaram-se varias coisas, desde votos verdes, esquerda light, até votos anti-Dilma, votos desencantados com o Serra, entre outros. Mas o montante alto requer uma análise mais precisa.
Para o segundo turno contam esses votos: mais da metade concentrados em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além do DF, onde ela ficou em primeiro lugar. Qualquer que seja a decisão de apoio no segundo turno – a convocação de assembléias para definir deve confirmar a tendência a abstenção, tornando mais difícil a operação política da direção de apoiar Serra -, esse eleitorado se orientará, em grande medida, não pela decisão partidária, ficando disponível para os outros candidatos. Em 2006, nem o PSol conseguiu que seus votos deixassem de ir para outros candidatos, desobedecendo a orientação do voto em branco.
É uma ilusão considerar que o segundo turno é outra eleição. É a continuação do primeiro, em novas condições – de bipolarização. A campanha deve ser dirigida diretamente por Lula, deve ser centrada na comparação dos governos do FHC e do Lula, deve ter uma estratégia específica para o eleitorado da Marina e deve multiplicar os comícios e outros atos de massa – um diferencial importante entre as duas candidaturas.
Em 2006 o segundo turno foi muito importante para dar um caráter mais definido à polarização com os tucanos, o mesmo deve se dar agora. Que ele multiplique a votação e a mobilização, para tornar mais forte ainda a vitória da Dilma. Ela é favorita, mas devemos precaver-nos das manobras dos adversários, do uso da imprensa, das campanhas difamatórias.
Pode ser um segundo turno de polarização mais clara também, porque os debates diluíam os temas, na medida em que havia um coro de 3 candidatos colocando ênfase nas denúncias. Não soubemos colocar como agenda central o fato de que o Brasil se tornou menos injusto, menos desigual, com Lula, e que esse é o caminho central a seguir.
Outros temas do primeiro turno abordaremos em outros artigos. Este é para abrir a discussão com todos.
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A esquerda teve o melhor resultado eleitoral de sua história: Dilma em primeiro lugar, governadores no Rio Grande do Sul, na Bahia, em Pernambuco, no Ceará, no Espírito Santo, Sergipe, Acre, boas possibilidades no Distrito Federal, possibilidades ainda no Pará, limpa impressionante e renovação com grande bancada no Senado, maiores aumentos nas bancadas parlamentares na Câmara.
A frustração veio da expectativa criada pelas pesquisas de uma eventual vitória no primeiro turno para presidente. Uma análise mais precisa é necessária, a começar pelo altíssimo numero de abstenções e também dos votos nulos e brancos que, somados, superam um quarto do eleitorado. Mas também dos efeitos das campanhas de difamação – sobre o aborto, luta contra a ditadura, etc., assim como o efeito que o caso da Erenice efetivamente teve para diminuir o resultado final da Dilma.
A votação da Marina certamente influenciou. A leitura desse eleitorado é complexa, nem de longe se trata de onda ecológica no Brasil – as outras votações dos verdes foram inexpressivas. Juntaram-se varias coisas, desde votos verdes, esquerda light, até votos anti-Dilma, votos desencantados com o Serra, entre outros. Mas o montante alto requer uma análise mais precisa.
Para o segundo turno contam esses votos: mais da metade concentrados em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além do DF, onde ela ficou em primeiro lugar. Qualquer que seja a decisão de apoio no segundo turno – a convocação de assembléias para definir deve confirmar a tendência a abstenção, tornando mais difícil a operação política da direção de apoiar Serra -, esse eleitorado se orientará, em grande medida, não pela decisão partidária, ficando disponível para os outros candidatos. Em 2006, nem o PSol conseguiu que seus votos deixassem de ir para outros candidatos, desobedecendo a orientação do voto em branco.
É uma ilusão considerar que o segundo turno é outra eleição. É a continuação do primeiro, em novas condições – de bipolarização. A campanha deve ser dirigida diretamente por Lula, deve ser centrada na comparação dos governos do FHC e do Lula, deve ter uma estratégia específica para o eleitorado da Marina e deve multiplicar os comícios e outros atos de massa – um diferencial importante entre as duas candidaturas.
Em 2006 o segundo turno foi muito importante para dar um caráter mais definido à polarização com os tucanos, o mesmo deve se dar agora. Que ele multiplique a votação e a mobilização, para tornar mais forte ainda a vitória da Dilma. Ela é favorita, mas devemos precaver-nos das manobras dos adversários, do uso da imprensa, das campanhas difamatórias.
Pode ser um segundo turno de polarização mais clara também, porque os debates diluíam os temas, na medida em que havia um coro de 3 candidatos colocando ênfase nas denúncias. Não soubemos colocar como agenda central o fato de que o Brasil se tornou menos injusto, menos desigual, com Lula, e que esse é o caminho central a seguir.
Outros temas do primeiro turno abordaremos em outros artigos. Este é para abrir a discussão com todos.
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Reconquistar o eleitor seduzido por Marina
Reproduzo artigo de Cláudio Gonzalez, publicado no sítio Vermelho:
Uma análise rápida dos resultados eleitorais para a eleição presidencial nos permite opinar que a candidata Dilma Rousseff (PT) só deixou de ganhar a eleição no primeiro turno pois uma parte de seus eleitores, na última hora, migrou para a candidata do Pv, Marina Silva. E este eleitorado está conecntrado principalmente na classe média urbana e na juventude. São eles que Dilma deve reconquistar para garantir uma vitória respeitável no segundo turno.
Com 99,9% dos votos apurados, a candidata Dilma Roussef tinha 46,9% dos votos, José Serra (PSDB) vinha a seguir com 32,6% e Marina Silva em terceiro lugar com 19,3%. Os demais candidatos não alcançaram 1% dos votos. Quem chegou mais perto disso foi Plínio, do PSOL, que obteve 0,9%. Eymael (PSDC), Zé Maria (PSTU) e Levy Fidelix tiveram cada um 0,1%. Ivan Pinheiro (PCB) e Rui Costa Pimenta (PCO) tiveram tão poucos votos que com o arredondamento pontuam 0%.
Sete dias antes do primeiro turno, Marina Silva alcançava, na média das pesquisas, 15% dos votos válidos, enquanto Dilma tinha em média 53% e Serra 30%. Fica evidente que o crescimento da candidata verde na reta final deu-se subtraindo votos de Dilma. Isso aconteceu particularmente nas grandes cidades do Sudeste e entre o eleitorado mais jovem. Nos quatro estados do Sudeste Marina obteve mais de 20% dos votos. Dilma perdeu votos para Marina também entre eleitores evangélicos, submetidos nos últimos dias da campanha a uma avalanche de baixarias com viés moralista e religioso espalhadas pela internet por apoiadores do candidato tucano José Serra.
A perseguição implacável da grande imprensa contra a candidata de Lula também ajudou a subtrair apoios que a petista tinha entre o eleitorado de classe média, mais suscetível ao denuncismo da mídia.
Pesou também contra Dilma, creio eu, uma certa dosagem exagerada da presença de Lula nas atividades de campanha e na TV, o que acabou ofuscando a candidata. Ainda que tomar para si o legado deste governo seja o grande trunfo de Dilma, é preciso cuidar para que a campanha dê à ela mais autonomia e identidade, mostrando que Dilma será uma boa presidente por seus próprios méritos e não apenas porque Lula assim desejou. A ex-ministra tem qualidades de sobra para isso.
Classe média
O forte apoio de Lula fez o eleitorado do Nordeste e da maior parte do Norte, além do Rio Grande do Sul e quase todo o Sudeste (com exceção de São Paulo), continuar apoiando majoritariamente a candidata do PT. Mas Dilma viu sua liderança ser superada por Serra em SC, PR, SP e em quase todo o Centro-Oeste (com exceção de GO), além de três estados do Norte (RR, RO e AC). Nestes estados, a diferença entre Dilma e Serra foi pequena, mas sufiente para impedir a vitória no primeiro turno. A preferência por Dilma balança justamente naqueles setores e localidades que não conhecem bem ou não mantém vínculo direto com os projetos sociais e as realizações do atual governo.
Ainda que a internet agregue a opinião de um universo bastante reduzido de brasileiros, pode-se perceber pelas redes sociais que a chamada #ondaverde que levou Marina a uma votação próxima dos 20% cativou boa parte da juventude não-partidária, porém com tendências progressistas. Parte destes eleitores nunca pretenderam votar em Serra, mas precisarão ser cativados pela campanha de Dilma no segundo turno para que possam migrar da #ondaverde para uma #ondavermelha.
A oposição de direita, que dava como certa a derrota no domingo, sai psicologicamente fortalecida do primeiro turno, apesar de não ter conseguido ampliar seu eleitorado a ponto de ameaçar o favoritismo da candidata do governo. A candidatura de Serra não conseguiu empolgar novos setores do eleitorado, ainda está baseada, no geral, no eleitorado mais rico e conservador e naqueles que mesmo sendo das classes C, D e E ainda alimentam algum tipo de preconceito contra o PT.
Apoios para o segundo turno
Ao discursar neste domingo após a confirmação do segundo turno, Marina Silva anunciou que defenderá a realização de uma plenária de seu partido, o PV, com segmentos sociais que a apoiaram, para decidir quem o partido vai apoiar. "O partido vai ter que fazer uma discussão nas suas instâncias e, por respeito aos que fizeram aliança conosco, vai ter de também convidá-los para debater as nossas posições", disse.
Marina mandou recados para a direção do PV, próxima do PSDB e inclinada a manifestar apoio imediato a José Serra. O PV participava da gestão tucana no governo de São Paulo e estava coligado com os tucanos no Rio de Janeiro.
"A nossa decisão será uma decisão que não tem nada a ver com a velha política que se apressa em manifestar uma posição só para vislumbrar pontos lá na frente", cutucou.
Por sua trajetória e seu perfil, a tendência pessoal de Marina é apoiar a candidatura do PT. Sem dúvida, seria uma grande ajuda para Dilma se Marina viesse a público manifestar seu apoio. Mas como essa é uma possibilidade incerta, resta à campanha de Dilma não perder tempo e já começar a construir discursos, propostas e iniciativas para buscar a adesão do eleitorado que votou em Marina no primeiro turno.
Precisa, também, capitalizar as importantes vitórias conquistadas pelos partidos da base de apoio do governo Lula nas disputas para governos estaduais, Senado e Câmara Federal. Revigorados pela vitória e desobrigados da tarefa de buscar a própria sobrevivência nas urnas, estes governadores, senadores e deputados eleitos devem ser chamados a dar uma contribuição ainda mais incisiva à vitória de Dilma no segundo turno do que deram no primeiro turno.
Em 2006, a campanha de Lula pela reeleição conseguiu, no segundo turno contra Geraldo Alckmin (PSDB), não só atrair os eleitores que deram votos a outros candidatos no primeiro turno, como também arrancou uma parcela considerável dos votos do próprio tucano. Fez isso desmascarando a candidatura da direita e mostrando aos eleitores os perigos que a volta ao passado neoliberal representa.
Agora em 2010, quando o encadeamento dos fatos mostram um quadro muito semelhante ao de 2006, não há motivos para que Lula, Dilma e seus aliados não lancem mão desta estratégia. Afinal, Serra, mais do que Alckmin, carrega consigo as marcas de um passado desastroso que o Brasil não quer de volta.
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Uma análise rápida dos resultados eleitorais para a eleição presidencial nos permite opinar que a candidata Dilma Rousseff (PT) só deixou de ganhar a eleição no primeiro turno pois uma parte de seus eleitores, na última hora, migrou para a candidata do Pv, Marina Silva. E este eleitorado está conecntrado principalmente na classe média urbana e na juventude. São eles que Dilma deve reconquistar para garantir uma vitória respeitável no segundo turno.
Com 99,9% dos votos apurados, a candidata Dilma Roussef tinha 46,9% dos votos, José Serra (PSDB) vinha a seguir com 32,6% e Marina Silva em terceiro lugar com 19,3%. Os demais candidatos não alcançaram 1% dos votos. Quem chegou mais perto disso foi Plínio, do PSOL, que obteve 0,9%. Eymael (PSDC), Zé Maria (PSTU) e Levy Fidelix tiveram cada um 0,1%. Ivan Pinheiro (PCB) e Rui Costa Pimenta (PCO) tiveram tão poucos votos que com o arredondamento pontuam 0%.
Sete dias antes do primeiro turno, Marina Silva alcançava, na média das pesquisas, 15% dos votos válidos, enquanto Dilma tinha em média 53% e Serra 30%. Fica evidente que o crescimento da candidata verde na reta final deu-se subtraindo votos de Dilma. Isso aconteceu particularmente nas grandes cidades do Sudeste e entre o eleitorado mais jovem. Nos quatro estados do Sudeste Marina obteve mais de 20% dos votos. Dilma perdeu votos para Marina também entre eleitores evangélicos, submetidos nos últimos dias da campanha a uma avalanche de baixarias com viés moralista e religioso espalhadas pela internet por apoiadores do candidato tucano José Serra.
A perseguição implacável da grande imprensa contra a candidata de Lula também ajudou a subtrair apoios que a petista tinha entre o eleitorado de classe média, mais suscetível ao denuncismo da mídia.
Pesou também contra Dilma, creio eu, uma certa dosagem exagerada da presença de Lula nas atividades de campanha e na TV, o que acabou ofuscando a candidata. Ainda que tomar para si o legado deste governo seja o grande trunfo de Dilma, é preciso cuidar para que a campanha dê à ela mais autonomia e identidade, mostrando que Dilma será uma boa presidente por seus próprios méritos e não apenas porque Lula assim desejou. A ex-ministra tem qualidades de sobra para isso.
Classe média
O forte apoio de Lula fez o eleitorado do Nordeste e da maior parte do Norte, além do Rio Grande do Sul e quase todo o Sudeste (com exceção de São Paulo), continuar apoiando majoritariamente a candidata do PT. Mas Dilma viu sua liderança ser superada por Serra em SC, PR, SP e em quase todo o Centro-Oeste (com exceção de GO), além de três estados do Norte (RR, RO e AC). Nestes estados, a diferença entre Dilma e Serra foi pequena, mas sufiente para impedir a vitória no primeiro turno. A preferência por Dilma balança justamente naqueles setores e localidades que não conhecem bem ou não mantém vínculo direto com os projetos sociais e as realizações do atual governo.
Ainda que a internet agregue a opinião de um universo bastante reduzido de brasileiros, pode-se perceber pelas redes sociais que a chamada #ondaverde que levou Marina a uma votação próxima dos 20% cativou boa parte da juventude não-partidária, porém com tendências progressistas. Parte destes eleitores nunca pretenderam votar em Serra, mas precisarão ser cativados pela campanha de Dilma no segundo turno para que possam migrar da #ondaverde para uma #ondavermelha.
A oposição de direita, que dava como certa a derrota no domingo, sai psicologicamente fortalecida do primeiro turno, apesar de não ter conseguido ampliar seu eleitorado a ponto de ameaçar o favoritismo da candidata do governo. A candidatura de Serra não conseguiu empolgar novos setores do eleitorado, ainda está baseada, no geral, no eleitorado mais rico e conservador e naqueles que mesmo sendo das classes C, D e E ainda alimentam algum tipo de preconceito contra o PT.
Apoios para o segundo turno
Ao discursar neste domingo após a confirmação do segundo turno, Marina Silva anunciou que defenderá a realização de uma plenária de seu partido, o PV, com segmentos sociais que a apoiaram, para decidir quem o partido vai apoiar. "O partido vai ter que fazer uma discussão nas suas instâncias e, por respeito aos que fizeram aliança conosco, vai ter de também convidá-los para debater as nossas posições", disse.
Marina mandou recados para a direção do PV, próxima do PSDB e inclinada a manifestar apoio imediato a José Serra. O PV participava da gestão tucana no governo de São Paulo e estava coligado com os tucanos no Rio de Janeiro.
"A nossa decisão será uma decisão que não tem nada a ver com a velha política que se apressa em manifestar uma posição só para vislumbrar pontos lá na frente", cutucou.
Por sua trajetória e seu perfil, a tendência pessoal de Marina é apoiar a candidatura do PT. Sem dúvida, seria uma grande ajuda para Dilma se Marina viesse a público manifestar seu apoio. Mas como essa é uma possibilidade incerta, resta à campanha de Dilma não perder tempo e já começar a construir discursos, propostas e iniciativas para buscar a adesão do eleitorado que votou em Marina no primeiro turno.
Precisa, também, capitalizar as importantes vitórias conquistadas pelos partidos da base de apoio do governo Lula nas disputas para governos estaduais, Senado e Câmara Federal. Revigorados pela vitória e desobrigados da tarefa de buscar a própria sobrevivência nas urnas, estes governadores, senadores e deputados eleitos devem ser chamados a dar uma contribuição ainda mais incisiva à vitória de Dilma no segundo turno do que deram no primeiro turno.
Em 2006, a campanha de Lula pela reeleição conseguiu, no segundo turno contra Geraldo Alckmin (PSDB), não só atrair os eleitores que deram votos a outros candidatos no primeiro turno, como também arrancou uma parcela considerável dos votos do próprio tucano. Fez isso desmascarando a candidatura da direita e mostrando aos eleitores os perigos que a volta ao passado neoliberal representa.
Agora em 2010, quando o encadeamento dos fatos mostram um quadro muito semelhante ao de 2006, não há motivos para que Lula, Dilma e seus aliados não lancem mão desta estratégia. Afinal, Serra, mais do que Alckmin, carrega consigo as marcas de um passado desastroso que o Brasil não quer de volta.
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A turma que ia dar surra no Lula perdeu
Reproduzo artigo de Paulo Henrique Amorim, pubicado no blog Conversa Afiada:
No Amazonas, Vanessa do PC do B derrotou Arthur Virgilio Cardoso, aquele que derrubou a CPMF, mandou o Senado cobrir o Visa dele em Paris e disse que ia dar uma surra no Lula.
Na Bahia, Walter Pinheiro e Lidice da Mata derrotaram Cesar Borges e Aleluia, carlistas e Golpistas.
No Ceará, o excelente deputado petista Pimentel derrotou o Tasso “tenho jatinho porque posso” Jereissati na segunda vaga para o Senado.
Em Mato Grosso, Antero Paes e Barros, funcionário do Serra e Golpista de primeira hora, ficou em quarto.
Na Paraíba, Ephraim Moraes, outro Golpista do DEMO, foi derrotado.
Em Pernambuco assistiu-se a um espetáculo deslumbrante: Armando Monteiro e Humberto Costa derrotaram Marco Maciel (12%) e Raul Jungmann (8%).
Dois Golpistas abatidos numa eleição só.
No Piauí, também.
Mão Santa e Heráclito, ambos com 14%, foram solenemente derrotados.
Agora, finalmente, se saberá quem paga os advogados para Heráclito processar este ordinário blogueiro.
No Paraná, outro herói do Golpe na CPI dos Correios, Gustavo Fruet, foi devidamente derrotado para o Senado.
No Rio, César Maia, que ofereceu o Índio ao Serra e pretendia ocupar a extrema direita no Senado, perdeu para Lindberg e Crivella.
No Rio Grande do Sul, Rigotto, que persegue o jornalista Elmar Bones, ficou atrás de Paim e Ana Amélia.
Da bancada Golpista original, autêntica, 24 quilates, sobraram o Demóstenes (o do grampo sem áudio) e o Agripino, no Rio Grande do Norte.
Vão ter que trabalhar com o Aloysio Nunes Ferreira de São Paulo.
Porque em São Paulo, ficou zero a zero.
Marta entrou no lugar de Mercadante e o Aloysio no de Tuma.
Dilma vai controlar o Senado.
Em tempo: cabe registrar que dois candidatos a Governador in pectore do Serra, escolhidos pessoalmente pelo “dedazo” do Serra, foram devidamente trucidados, Jarbas, em Pernambuco e Gabeira, no Rio.
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No Amazonas, Vanessa do PC do B derrotou Arthur Virgilio Cardoso, aquele que derrubou a CPMF, mandou o Senado cobrir o Visa dele em Paris e disse que ia dar uma surra no Lula.
Na Bahia, Walter Pinheiro e Lidice da Mata derrotaram Cesar Borges e Aleluia, carlistas e Golpistas.
No Ceará, o excelente deputado petista Pimentel derrotou o Tasso “tenho jatinho porque posso” Jereissati na segunda vaga para o Senado.
Em Mato Grosso, Antero Paes e Barros, funcionário do Serra e Golpista de primeira hora, ficou em quarto.
Na Paraíba, Ephraim Moraes, outro Golpista do DEMO, foi derrotado.
Em Pernambuco assistiu-se a um espetáculo deslumbrante: Armando Monteiro e Humberto Costa derrotaram Marco Maciel (12%) e Raul Jungmann (8%).
Dois Golpistas abatidos numa eleição só.
No Piauí, também.
Mão Santa e Heráclito, ambos com 14%, foram solenemente derrotados.
Agora, finalmente, se saberá quem paga os advogados para Heráclito processar este ordinário blogueiro.
No Paraná, outro herói do Golpe na CPI dos Correios, Gustavo Fruet, foi devidamente derrotado para o Senado.
No Rio, César Maia, que ofereceu o Índio ao Serra e pretendia ocupar a extrema direita no Senado, perdeu para Lindberg e Crivella.
No Rio Grande do Sul, Rigotto, que persegue o jornalista Elmar Bones, ficou atrás de Paim e Ana Amélia.
Da bancada Golpista original, autêntica, 24 quilates, sobraram o Demóstenes (o do grampo sem áudio) e o Agripino, no Rio Grande do Norte.
Vão ter que trabalhar com o Aloysio Nunes Ferreira de São Paulo.
Porque em São Paulo, ficou zero a zero.
Marta entrou no lugar de Mercadante e o Aloysio no de Tuma.
Dilma vai controlar o Senado.
Em tempo: cabe registrar que dois candidatos a Governador in pectore do Serra, escolhidos pessoalmente pelo “dedazo” do Serra, foram devidamente trucidados, Jarbas, em Pernambuco e Gabeira, no Rio.
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Tentando entender a "onda verde"
Reproduzo artigo de Luiz Carlos Azenha, publicado no blog Viomundo:
Houve onda verde, sim. E a onda verde, que pegou de surpresa a todos os institutos de pesquisa, é que está levando a eleição presidencial para o segundo turno.
Dito isso, é preciso tentar entender o que alimentou essa onda verde.
Sinceramente, não acredito que isso se deva apenas à sórdida campanha movida por religiosos católicos e evangélicos contra a candidata governista.
Isso jamais renderia a Marina Silva mais de 18 milhões de votos!
Por dados anedóticos, colhidos aqui e ali, é possível notar que Marina respondeu a uma aspiração dos jovens, que se mostraram fartos com a polarização PT/PSDB.
Se assim for, a proposta do presidente Lula de promover a campanha em seus termos, ou seja, num confronto bipolar, fracassou nas urnas neste domingo.
Os eleitores de Marina querem saber mais. Querem mais que as produções de alta qualidade do marqueteiro João Santana.
Quem é leitor do blog sabe que já tratei mais de uma vez da falta de politização da campanha no primeiro turno.
Foi uma opção do PT, que parecia acreditar que bastava propagandear os feitos econômicos do governo — o que foi feito com competência na campanha televisiva — para garantir a vitória em primeiro turno.
Marina Silva se projetou, em minha modesta opinião, justamente nesse buraco negro da falta de politização.
Outra observação necessária: um presidente com 80% de aprovação nas pesquisas conseguiu transferir pouco mais da metade disso para a sua candidata.
Reflexo, em minha opinião, da falta de politização que acompanhou a ascensão social de milhões de brasileiros para a classe média. Vários comentaristas já trataram disso. Seria o “fator Berlusconi”. Ou seja, uma ascensão social que promove um eleitorado conservador, cuja lealdade não reflete compromisso político com um projeto e muito suscetível às questões morais — o boato de que o vice de Dilma é satanista, por exemplo. O “melhorismo” de Lula, na definição de Plínio de Arruda Sampaio, se assenta sobre bases mais frágeis do que se imaginava?
O segundo turno, em minha opinião, é resultado de um conjunto de fatores.
Sem qualquer sombra de dúvida, a mídia desempenhou um papel relevante, disparando balas de prata que reduziram sensivelmente a vantagem da candidata petista nas últimas semanas de campanha.
Acima de tudo, a mídia cumpriu a tarefa a que se propôs, de desviar o foco da eleição das questões econômicas para os escândalos.
Serra não recolheu os escombros, que cairam no colo de Marina Silva.
Acima de tudo, no entanto, é preciso colocar todos os pingos nos is dos erros na campanha da candidata governista:
1. Como todos sabíamos antecipadamente do papel que a mídia iria desempenhar em 2010, ninguém detectou o potencial explosivo dos negócios em torno de Erenice Guerra?
2. Por que a campanha de Dilma Rousseff não se antecipou aos boatos de forma didática, como Barack Obama fez nos Estados Unidos, criando um site específico para combatê-los?
3. Por que a campanha de Dilma não rebateu as promessas de José Serra e não politizou a campanha?
De qualquer forma, a votação expressiva de Marina Silva indica uma mudança significativa no quadro político brasileiro e, portanto, nos próximos 30 dias de campanha.
Acredito que a campanha de José Serra vai dar alguns passos em busca do centro político, representado agora pela “terceira via” de Marina. Ficará muito mais difícil, nestas circunstâncias, fazer agora a polarização politizada que o PT poderia ter feito durante a campanha do primeiro turno.
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Houve onda verde, sim. E a onda verde, que pegou de surpresa a todos os institutos de pesquisa, é que está levando a eleição presidencial para o segundo turno.
Dito isso, é preciso tentar entender o que alimentou essa onda verde.
Sinceramente, não acredito que isso se deva apenas à sórdida campanha movida por religiosos católicos e evangélicos contra a candidata governista.
Isso jamais renderia a Marina Silva mais de 18 milhões de votos!
Por dados anedóticos, colhidos aqui e ali, é possível notar que Marina respondeu a uma aspiração dos jovens, que se mostraram fartos com a polarização PT/PSDB.
Se assim for, a proposta do presidente Lula de promover a campanha em seus termos, ou seja, num confronto bipolar, fracassou nas urnas neste domingo.
Os eleitores de Marina querem saber mais. Querem mais que as produções de alta qualidade do marqueteiro João Santana.
Quem é leitor do blog sabe que já tratei mais de uma vez da falta de politização da campanha no primeiro turno.
Foi uma opção do PT, que parecia acreditar que bastava propagandear os feitos econômicos do governo — o que foi feito com competência na campanha televisiva — para garantir a vitória em primeiro turno.
Marina Silva se projetou, em minha modesta opinião, justamente nesse buraco negro da falta de politização.
Outra observação necessária: um presidente com 80% de aprovação nas pesquisas conseguiu transferir pouco mais da metade disso para a sua candidata.
Reflexo, em minha opinião, da falta de politização que acompanhou a ascensão social de milhões de brasileiros para a classe média. Vários comentaristas já trataram disso. Seria o “fator Berlusconi”. Ou seja, uma ascensão social que promove um eleitorado conservador, cuja lealdade não reflete compromisso político com um projeto e muito suscetível às questões morais — o boato de que o vice de Dilma é satanista, por exemplo. O “melhorismo” de Lula, na definição de Plínio de Arruda Sampaio, se assenta sobre bases mais frágeis do que se imaginava?
O segundo turno, em minha opinião, é resultado de um conjunto de fatores.
Sem qualquer sombra de dúvida, a mídia desempenhou um papel relevante, disparando balas de prata que reduziram sensivelmente a vantagem da candidata petista nas últimas semanas de campanha.
Acima de tudo, a mídia cumpriu a tarefa a que se propôs, de desviar o foco da eleição das questões econômicas para os escândalos.
Serra não recolheu os escombros, que cairam no colo de Marina Silva.
Acima de tudo, no entanto, é preciso colocar todos os pingos nos is dos erros na campanha da candidata governista:
1. Como todos sabíamos antecipadamente do papel que a mídia iria desempenhar em 2010, ninguém detectou o potencial explosivo dos negócios em torno de Erenice Guerra?
2. Por que a campanha de Dilma Rousseff não se antecipou aos boatos de forma didática, como Barack Obama fez nos Estados Unidos, criando um site específico para combatê-los?
3. Por que a campanha de Dilma não rebateu as promessas de José Serra e não politizou a campanha?
De qualquer forma, a votação expressiva de Marina Silva indica uma mudança significativa no quadro político brasileiro e, portanto, nos próximos 30 dias de campanha.
Acredito que a campanha de José Serra vai dar alguns passos em busca do centro político, representado agora pela “terceira via” de Marina. Ficará muito mais difícil, nestas circunstâncias, fazer agora a polarização politizada que o PT poderia ter feito durante a campanha do primeiro turno.
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Só a esperança não vencerá o medo
Reproduzo artigo de Eduardo Guimarães, publicado no Blog da Cidadania:
Começo a escrever bem antes do fim da apuração dos votos. Neste momento, desenha-se um 2º turno. Ou seja: o bombardeio midiático teve maior êxito do que o previsto, como em 2002 e em 2006, e não foi possível vencer com a facilidade imaginada.
Ainda assim, vamos contextualizar as coisas: Dilma Rousseff era a única candidata que não tinha a perspectiva de ver tudo terminar no 1º turno e vence com larga vantagem o 1º, apesar da frustração de quem esperava ver o fim da disputa em 3 de outubro.
Nesta segunda etapa da eleição, pois, haverá que corrigir a rota da primeira no que diz respeito não só à campanha governista, mas à militância.
A campanha de Dilma optou por apanhar calada, sem se defender e, sobretudo, sem atacar. A mídia pôde tomar partido à vontade e a denúncia do partidarismo se resumiu a um discurso exaltado e destemperado do presidente Lula.
Já a militância, nos dias que antecederam a eleição registrava no Twitter e até em comentários nos blogs que estava com “medo” do 2º turno.
Convenhamos: ninguém vence uma luta em que entra com medo ou na qual se deixa espancar sem reagir. É luta, não campeonato de fleuma, do lado da campanha governista, ou uma terapia psicológica, no que se refere à militância.
Dito isso, vejamos qual é a situação de Dilma e de Serra na segunda rodada.
Dilma termina o 1º turno com quase metade dos votos válidos e Serra, com cerca de um terço. Os votos de Marina se dividirão entre os dois. Em que medida, ninguém sabe. Mas ninguém imagina que o tucano herdará todos os votos daquela que serviu para lhe gerar uma chance adicional na eleição.
Marina teve cerca de 1/5 dos votos válidos. Ora, Dilma só precisa de pouco mais de 1/4 desses votos para vencer a eleição em 2º turno. Não se imagina que ela tenha muito menos de 1/3 desses votos. E há os votos dos nanicos, ainda. O quase 1% de Plínio já está com Dilma.
Dilma continua a franca favorita para vencer a eleição, portanto. Mas se a sua campanha continuar deixando a mídia fazer o mesmo jogo do 1º turno, está demonstrado que a capacidade da população de compreender o jogo não é tão grande, sendo necessário, desta vez, enfrentar as acusações que virão pela mídia.
Este blogueiro já dizia que, de alguma maneira, estava dividido entre o desejo de ver a eleição terminar no 1º turno e o de ela ir para o segundo para que finalmente fosse denunciado o trabalho sujo que a imprensa golpista vem fazendo nesses anos todos.
Diferentemente de 2002 e de 2006, e sem o mito Lula na disputa, para enfrentar a máquina da direita midiática não será possível contar só com a esperança para vencer o medo. Quem terá que ajudar a vencê-lo, desta vez, será a coragem.
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Começo a escrever bem antes do fim da apuração dos votos. Neste momento, desenha-se um 2º turno. Ou seja: o bombardeio midiático teve maior êxito do que o previsto, como em 2002 e em 2006, e não foi possível vencer com a facilidade imaginada.
Ainda assim, vamos contextualizar as coisas: Dilma Rousseff era a única candidata que não tinha a perspectiva de ver tudo terminar no 1º turno e vence com larga vantagem o 1º, apesar da frustração de quem esperava ver o fim da disputa em 3 de outubro.
Nesta segunda etapa da eleição, pois, haverá que corrigir a rota da primeira no que diz respeito não só à campanha governista, mas à militância.
A campanha de Dilma optou por apanhar calada, sem se defender e, sobretudo, sem atacar. A mídia pôde tomar partido à vontade e a denúncia do partidarismo se resumiu a um discurso exaltado e destemperado do presidente Lula.
Já a militância, nos dias que antecederam a eleição registrava no Twitter e até em comentários nos blogs que estava com “medo” do 2º turno.
Convenhamos: ninguém vence uma luta em que entra com medo ou na qual se deixa espancar sem reagir. É luta, não campeonato de fleuma, do lado da campanha governista, ou uma terapia psicológica, no que se refere à militância.
Dito isso, vejamos qual é a situação de Dilma e de Serra na segunda rodada.
Dilma termina o 1º turno com quase metade dos votos válidos e Serra, com cerca de um terço. Os votos de Marina se dividirão entre os dois. Em que medida, ninguém sabe. Mas ninguém imagina que o tucano herdará todos os votos daquela que serviu para lhe gerar uma chance adicional na eleição.
Marina teve cerca de 1/5 dos votos válidos. Ora, Dilma só precisa de pouco mais de 1/4 desses votos para vencer a eleição em 2º turno. Não se imagina que ela tenha muito menos de 1/3 desses votos. E há os votos dos nanicos, ainda. O quase 1% de Plínio já está com Dilma.
Dilma continua a franca favorita para vencer a eleição, portanto. Mas se a sua campanha continuar deixando a mídia fazer o mesmo jogo do 1º turno, está demonstrado que a capacidade da população de compreender o jogo não é tão grande, sendo necessário, desta vez, enfrentar as acusações que virão pela mídia.
Este blogueiro já dizia que, de alguma maneira, estava dividido entre o desejo de ver a eleição terminar no 1º turno e o de ela ir para o segundo para que finalmente fosse denunciado o trabalho sujo que a imprensa golpista vem fazendo nesses anos todos.
Diferentemente de 2002 e de 2006, e sem o mito Lula na disputa, para enfrentar a máquina da direita midiática não será possível contar só com a esperança para vencer o medo. Quem terá que ajudar a vencê-lo, desta vez, será a coragem.
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domingo, 3 de outubro de 2010
Cheiro de segundo turno em SP, diz Noblat
O blogueiro Ricardo Noblat, da Globo, sempre bem entrosado no ninho tucano, acaba de noticiar que "não deve ser descartada a possibilidade da eleição para governador de São Paulo ser decidida no segundo turno entre Geraldo Alckmin (PSDB) e Aloizio Mercadante (PT). O cheiro de segundo turno por lá ainda está forte".
Andando pelas escolas centrais da capital paulista e conversando com muita gente, foi possível constatar uma torcida popular pelo segundo turno. A turma anda descontente com os 16 anos de reinado tucano no estado. Há uma visível "fadiga de material". Se a mídia demotucana não promovesse a forte blindagem aos governos do PSDB, escondendo todos os seus retrocessos e podridões, e a campanha da oposição tivesse sido mais incisia, o segundo turno seria inevitável.
Agora é aguardar a apuração.
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Andando pelas escolas centrais da capital paulista e conversando com muita gente, foi possível constatar uma torcida popular pelo segundo turno. A turma anda descontente com os 16 anos de reinado tucano no estado. Há uma visível "fadiga de material". Se a mídia demotucana não promovesse a forte blindagem aos governos do PSDB, escondendo todos os seus retrocessos e podridões, e a campanha da oposição tivesse sido mais incisia, o segundo turno seria inevitável.
Agora é aguardar a apuração.
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Votar em Marina é votar em Serra
Reproduzo lúcido e corajoso artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:
Nesse domingo decisivo para o Brasil, devo acompanhar o presidente Lula durante todo dia, na cobertura das eleições pela TV Record.
Isso talvez me impeça de atualizar o blog, o que só deve ser feito no começo da noite; pelo twitter, tentarei dar informações sobre o clima em São Bernardo do Campo, e sobre os bastidores da votação.
Mas antes de dormir algumas horas, pra depois seguir para um longo dia de trabalho, deixo aqui uma reflexão sobre o significado dessa eleição; e sobre o papel decisivo de uma parcela do eleitorado progressista – que hoje está disposta a votar em Marina Silva.
A candidatura de Marina subiu de maneira surpreendente nas últimas semanas. De início, avançou apenas nos setores médios: parece ter sido Marina a principal beneficiária pelo bombardeio promovido pela mídia e pelos tucanos contra Dilma – com denúncias de todo tipo, incluindo os “escândalos” e o tal ”risco para a democracia” de mais uma vitória petista.
No momento seguinte, Marina avançou também nos setores populares. Novamente, parece ter sido ela a principal beneficiária do terrorismo religioso sobre o qual – há 3 semanas – venho falando aqui no blog.
Marina, hoje, agrega eleitores de 3 grandes grupos:
- o eleitorado original, mais concentrado na juventude urbana, que vota no PV pelo apelo das causas ambientais (e é inegável que Marina tem uma trajetória respeitável nessa área);
- setores populares e de classe média, que um dia já votaram no PT, mas que se desiludiram com o partido por razões éticas; seriam eleitores que, grosso modo, poderíamos chamar de progressistas;
- um terceiro grupo é formado por evangélicos que se identificam com a candidata – já que Marina, nessa campanha, fez questão de ressaltar sua identidade religiosa, o que é absolutamente legítimo.
Foi esse último setor que garantiu o avanço de Marina nas derradeiras semanas de campanha. Ou seja, Marina acabou sendo a beneficiária da sórdida campanha conservadora que procura vincular Dilma a “aborto”, “comunismo”, “ateísmo”. Parte do eleitorado popular – apavorado com a campanha movida por certos pastores (e também por padres católicos) – viu em Marina (mulher de aspecto angelical, recatada e conservadora em questões morais) um porto seguro para descarregar o voto, diante das incertezas criadas em torno da figura de Dilma.
Será que aquele segundo núcleo de eleitores – que apóia Marina Silva por considerar necessário construir uma alternativa progressista, avançada e ética à polarização PT/PSDB – tem noção concreta do que significa o voto em Marina a essa altura?
Não é possível ter ilusões: votar em Marina no primeiro turno é votar em Serra. É servir aos interesses dos setores mais conservadores desse país. É dar a Serra a chance de estar num segundo turno.
Não é à toa que ontem, véspera da eleição, o presidente do PV já anunciava que num segundo turno o partido estaria com Serra. As urnas nem foram abertas e o aceno já foi dado. Ninguém tem dúvidas que o caminho seria esse mesmo.
Ah, mas num eventual segundo turno é possível votar em Dilma e impedir a volta do tucanato – devem pensar os eleitores mais progressistas de Marina. Claro, isso é possível.
Acontece que, num eventual segundo turno, a máquina de escândalos e calúnias consevadora vai voltar a operar com toda força, e com todo apoio do aparato midiático.
Teremos um mês de conflagração. O que há de mais atrasado nesse país fará o impensável para voltar ao poder.
A decisão sobre a vitória de Dilma no primeiro turno (que significa a vitória de um projeto de centro-esquerda, com todos seu acertos e erros ao longo dos últimos anos) vai se dar por estreita margem – como venho prevendo há algumas semanas.
O Brasil tem a chance concreta de liquidar a fatura nesse domingo. E esse eleitorado progressista de Marina pode fazer toda a diferença.
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Nesse domingo decisivo para o Brasil, devo acompanhar o presidente Lula durante todo dia, na cobertura das eleições pela TV Record.
Isso talvez me impeça de atualizar o blog, o que só deve ser feito no começo da noite; pelo twitter, tentarei dar informações sobre o clima em São Bernardo do Campo, e sobre os bastidores da votação.
Mas antes de dormir algumas horas, pra depois seguir para um longo dia de trabalho, deixo aqui uma reflexão sobre o significado dessa eleição; e sobre o papel decisivo de uma parcela do eleitorado progressista – que hoje está disposta a votar em Marina Silva.
A candidatura de Marina subiu de maneira surpreendente nas últimas semanas. De início, avançou apenas nos setores médios: parece ter sido Marina a principal beneficiária pelo bombardeio promovido pela mídia e pelos tucanos contra Dilma – com denúncias de todo tipo, incluindo os “escândalos” e o tal ”risco para a democracia” de mais uma vitória petista.
No momento seguinte, Marina avançou também nos setores populares. Novamente, parece ter sido ela a principal beneficiária do terrorismo religioso sobre o qual – há 3 semanas – venho falando aqui no blog.
Marina, hoje, agrega eleitores de 3 grandes grupos:
- o eleitorado original, mais concentrado na juventude urbana, que vota no PV pelo apelo das causas ambientais (e é inegável que Marina tem uma trajetória respeitável nessa área);
- setores populares e de classe média, que um dia já votaram no PT, mas que se desiludiram com o partido por razões éticas; seriam eleitores que, grosso modo, poderíamos chamar de progressistas;
- um terceiro grupo é formado por evangélicos que se identificam com a candidata – já que Marina, nessa campanha, fez questão de ressaltar sua identidade religiosa, o que é absolutamente legítimo.
Foi esse último setor que garantiu o avanço de Marina nas derradeiras semanas de campanha. Ou seja, Marina acabou sendo a beneficiária da sórdida campanha conservadora que procura vincular Dilma a “aborto”, “comunismo”, “ateísmo”. Parte do eleitorado popular – apavorado com a campanha movida por certos pastores (e também por padres católicos) – viu em Marina (mulher de aspecto angelical, recatada e conservadora em questões morais) um porto seguro para descarregar o voto, diante das incertezas criadas em torno da figura de Dilma.
Será que aquele segundo núcleo de eleitores – que apóia Marina Silva por considerar necessário construir uma alternativa progressista, avançada e ética à polarização PT/PSDB – tem noção concreta do que significa o voto em Marina a essa altura?
Não é possível ter ilusões: votar em Marina no primeiro turno é votar em Serra. É servir aos interesses dos setores mais conservadores desse país. É dar a Serra a chance de estar num segundo turno.
Não é à toa que ontem, véspera da eleição, o presidente do PV já anunciava que num segundo turno o partido estaria com Serra. As urnas nem foram abertas e o aceno já foi dado. Ninguém tem dúvidas que o caminho seria esse mesmo.
Ah, mas num eventual segundo turno é possível votar em Dilma e impedir a volta do tucanato – devem pensar os eleitores mais progressistas de Marina. Claro, isso é possível.
Acontece que, num eventual segundo turno, a máquina de escândalos e calúnias consevadora vai voltar a operar com toda força, e com todo apoio do aparato midiático.
Teremos um mês de conflagração. O que há de mais atrasado nesse país fará o impensável para voltar ao poder.
A decisão sobre a vitória de Dilma no primeiro turno (que significa a vitória de um projeto de centro-esquerda, com todos seu acertos e erros ao longo dos últimos anos) vai se dar por estreita margem – como venho prevendo há algumas semanas.
O Brasil tem a chance concreta de liquidar a fatura nesse domingo. E esse eleitorado progressista de Marina pode fazer toda a diferença.
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Qual será o futuro do PV e de Marina?
Reproduzo artigo do jornalista Carlos S. Bandeira, publicado no blog Viomundo:
Se o PV declarar apoio a Serra num pouco provável 2º turno, como declarou José Luiz de França Penna, presidente nacional do partido, é sinal de que o grupo de Marina foi derrotado nas disputas internas. O grupo de Marina Silva saiu do PT com a promessa de levar o partido para a esquerda, tirando da influência do PSDB.
Um dirigente político próximo a Marina contou que, dentro do acordo para a entrada dela no PV, estava a progressiva renovação de toda a sua direção, que estaria encerrada no começo da campanha. Nessa renovação, a maior parte da direção seria formada por aliados de Marina, em sua maioria aguerridos petistas, diminuindo o peso da velha direção, próxima do PSDB.
Não se pode subestimar o peso político desse grupo, que é de esquerda. Tanto que fizeram uma grande discussão sobre a possibilidade de Marina entrar no PSOL. Não entraram no partido porque avaliaram que teriam menos alianças, apoios e votos em um partido de extrema esquerda e, principalmente, pelas condições que foram oferecidas pelo PV.
De duas, uma: ou Marina se divorciou do grupo que a acompanhou no seu mandato no Senado ou também será traída pela velha burocracia do PV, que teria mantido o controle partidário. Nesse quadro, o PV deve entrar em crise depois das eleições. Caso não se confirme a vitória de Dilma Rousseff no 1º turno, a crise deve estourar em outubro, em torno do posicionamento do partido na disputa da petista com José Serra.
Na campanha, o discurso de Marina coloca no mesmo nível os governos de FHC e Lula. Ou seja, parece que essa disputa está empatada. Na linha tênue da disputa interna entre os verdes tucanos e petistas, a campanha de Marina ficou amarrada, perdendo a perspectiva de discutir com profundidade os pontos fracos do modelo de desenvolvimento em curso no nosso país.
Por exemplo, os impactos ambientais e sociais do avanço do agronegócio (incluindo os transgênicos e os agrotóxicos), do desmatamento da Amazônia (inclusive a regularização da grilagem e a anistia aos desmatadores, com a MPs 422/458), as mudanças no Código Florestal, das grandes obras de infraestrutura (como a hidrelétrica de Belo Monte)
Além disso, a candidatura verde poderia ter manifestado a defesa da pequena agricultura e da Reforma Agrária (foi Marina que apresentou no Senado o projeto que fez do 17 de abril o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária), como alternativas para um novo modelo de desenvolvimento para a agricultura.
A partir do que projetavam as forças que estão ao lado da candidata desde os tempos do PT, a campanha de Marina ficou aquém das expectativas. E se o partido anunciar apoio a Serra em um eventual 2ª turno, a permanência desse grupo no PV ficará inviável.
A dúvida está no postura que adotará Marina. Se ela ficar neutra, a tendência é que a disputa dentro do partido cresça. Com a confirmação do apoio do partido a Serra, os setores mais à esquerda devem abandonar o PV. E, possivelmente, abandonar Marina. Difícil imaginar qual será o seu destino, porque voltar ao PT não parece viável e, entrar no PSOL é pouco provável, pela crise que esse partido entrará a partir do dia 4.
Outra possibilidade é Marina manifestar apoio a Dilma, se contrapondo à velha burocracia do PV. Dessa forma, aplacaria a insatisfação do seu grupo político, deixando aberta a guerra interna no partido, mas com a legitimidade de uma grande votação. Mesmo assim, ficará estranho o partido aderir a um candidato no 2º turno, enquanto o seu maior expoente declara apoio a outra.
Nesse quadro, o melhor (ou menos ruim) para o PV é que a eleição se resolva logo no 1º turno. A guerra interna não estará resolvida, mas pontualmente adiada. Mesmo assim, o clima no partido continuará ruim. E as perspectivas de transformá-lo em um partido verde necessário, que discuta como desenvolver o país de forma sustentável, como projetava o grupo de Marina, estarão praticamente perdidas.
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Se o PV declarar apoio a Serra num pouco provável 2º turno, como declarou José Luiz de França Penna, presidente nacional do partido, é sinal de que o grupo de Marina foi derrotado nas disputas internas. O grupo de Marina Silva saiu do PT com a promessa de levar o partido para a esquerda, tirando da influência do PSDB.
Um dirigente político próximo a Marina contou que, dentro do acordo para a entrada dela no PV, estava a progressiva renovação de toda a sua direção, que estaria encerrada no começo da campanha. Nessa renovação, a maior parte da direção seria formada por aliados de Marina, em sua maioria aguerridos petistas, diminuindo o peso da velha direção, próxima do PSDB.
Não se pode subestimar o peso político desse grupo, que é de esquerda. Tanto que fizeram uma grande discussão sobre a possibilidade de Marina entrar no PSOL. Não entraram no partido porque avaliaram que teriam menos alianças, apoios e votos em um partido de extrema esquerda e, principalmente, pelas condições que foram oferecidas pelo PV.
De duas, uma: ou Marina se divorciou do grupo que a acompanhou no seu mandato no Senado ou também será traída pela velha burocracia do PV, que teria mantido o controle partidário. Nesse quadro, o PV deve entrar em crise depois das eleições. Caso não se confirme a vitória de Dilma Rousseff no 1º turno, a crise deve estourar em outubro, em torno do posicionamento do partido na disputa da petista com José Serra.
Na campanha, o discurso de Marina coloca no mesmo nível os governos de FHC e Lula. Ou seja, parece que essa disputa está empatada. Na linha tênue da disputa interna entre os verdes tucanos e petistas, a campanha de Marina ficou amarrada, perdendo a perspectiva de discutir com profundidade os pontos fracos do modelo de desenvolvimento em curso no nosso país.
Por exemplo, os impactos ambientais e sociais do avanço do agronegócio (incluindo os transgênicos e os agrotóxicos), do desmatamento da Amazônia (inclusive a regularização da grilagem e a anistia aos desmatadores, com a MPs 422/458), as mudanças no Código Florestal, das grandes obras de infraestrutura (como a hidrelétrica de Belo Monte)
Além disso, a candidatura verde poderia ter manifestado a defesa da pequena agricultura e da Reforma Agrária (foi Marina que apresentou no Senado o projeto que fez do 17 de abril o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária), como alternativas para um novo modelo de desenvolvimento para a agricultura.
A partir do que projetavam as forças que estão ao lado da candidata desde os tempos do PT, a campanha de Marina ficou aquém das expectativas. E se o partido anunciar apoio a Serra em um eventual 2ª turno, a permanência desse grupo no PV ficará inviável.
A dúvida está no postura que adotará Marina. Se ela ficar neutra, a tendência é que a disputa dentro do partido cresça. Com a confirmação do apoio do partido a Serra, os setores mais à esquerda devem abandonar o PV. E, possivelmente, abandonar Marina. Difícil imaginar qual será o seu destino, porque voltar ao PT não parece viável e, entrar no PSOL é pouco provável, pela crise que esse partido entrará a partir do dia 4.
Outra possibilidade é Marina manifestar apoio a Dilma, se contrapondo à velha burocracia do PV. Dessa forma, aplacaria a insatisfação do seu grupo político, deixando aberta a guerra interna no partido, mas com a legitimidade de uma grande votação. Mesmo assim, ficará estranho o partido aderir a um candidato no 2º turno, enquanto o seu maior expoente declara apoio a outra.
Nesse quadro, o melhor (ou menos ruim) para o PV é que a eleição se resolva logo no 1º turno. A guerra interna não estará resolvida, mas pontualmente adiada. Mesmo assim, o clima no partido continuará ruim. E as perspectivas de transformá-lo em um partido verde necessário, que discuta como desenvolver o país de forma sustentável, como projetava o grupo de Marina, estarão praticamente perdidas.
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Por que a Globo medrou na última hora?
Reproduzo artigo de Paulo Henrique Amorim, publicado no blog Conversa Afiada:
A Globo medrou porque a Classe C aumentou e, com dinheiro no bolso, mais pessoas se libertaram da escravidão da Globo.
A Globo mudou porque menos gente assiste à televisão – e menos gente das classes A e B, vidradas na Globo.
A televisão se instalou na Classe C e a Globo não percebeu.
Como Serra e o FHC, a Globo pensa que a “Classe C” fica entre a Business e a Primeira.
A Globo medrou por causa da Ongoing, uma empresa de origem portuguesa, que começou a comprar jornais que fazem concorrência aos jornais da Globo.
E vai comprar mais.
A Globo medrou por causa da internet – e menos gente depende do jornal nacional.
A Globo medrou porque as pessoas vão ver o que bem entenderem da TV na telinha do celular.
A Globo medrou porque o Governo Lula não subsidiou a Globo.
No Governo do Fernando Henrique, com 50% da audiência, a Globo ficava com 90% da verba do Governo Federal.
Era subsídio na veia.
Com Lula, e Franklin Martins, os 45% de audiência de hoje rendem 48% da verba federal.
A Globo medrou porque o Edir Macedo apoiou a Dilma.
A Globo medrou porque, segundo a Veja, a última flor do Fascio, a Record vai comprar o Brasileirão e a Copa do Mundo.
A Globo medrou porque a Dilma vai fazer a Ley de Medios.
A Globo medrou porque a Globo tem que salvar a pele.
O Golpismo da Globo foi longe demais.
A Globo agora tem que se preocupar é com a sobrevivência dela e, não, com a do Serra, que caput.
A Globo já era.
E ela sabe disso.
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A Globo medrou porque a Classe C aumentou e, com dinheiro no bolso, mais pessoas se libertaram da escravidão da Globo.
A Globo mudou porque menos gente assiste à televisão – e menos gente das classes A e B, vidradas na Globo.
A televisão se instalou na Classe C e a Globo não percebeu.
Como Serra e o FHC, a Globo pensa que a “Classe C” fica entre a Business e a Primeira.
A Globo medrou por causa da Ongoing, uma empresa de origem portuguesa, que começou a comprar jornais que fazem concorrência aos jornais da Globo.
E vai comprar mais.
A Globo medrou por causa da internet – e menos gente depende do jornal nacional.
A Globo medrou porque as pessoas vão ver o que bem entenderem da TV na telinha do celular.
A Globo medrou porque o Governo Lula não subsidiou a Globo.
No Governo do Fernando Henrique, com 50% da audiência, a Globo ficava com 90% da verba do Governo Federal.
Era subsídio na veia.
Com Lula, e Franklin Martins, os 45% de audiência de hoje rendem 48% da verba federal.
A Globo medrou porque o Edir Macedo apoiou a Dilma.
A Globo medrou porque, segundo a Veja, a última flor do Fascio, a Record vai comprar o Brasileirão e a Copa do Mundo.
A Globo medrou porque a Dilma vai fazer a Ley de Medios.
A Globo medrou porque a Globo tem que salvar a pele.
O Golpismo da Globo foi longe demais.
A Globo agora tem que se preocupar é com a sobrevivência dela e, não, com a do Serra, que caput.
A Globo já era.
E ela sabe disso.
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Presidente do PV confessa voto em Serra
Por Altamiro Borges
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o presidente nacional do Partido Verde, José Luiz de França Penna, confessou o que muitos eleitores verdes mais honestos já desconfiavam, mas evitavam tratar. Ele afirmou com todas as letras que dará total apoio ao tucano José Serra, caso haja um segundo turno nas eleicões presidenciais.
Sua declaração bombástica gerou desconforto no comando de campanha de Marina Silva, que teme que esta revelação quebre o "encanto" dos verdes. No final da tarde de ontem, João Paulo Capobianco, coordenador da campanha presidencial, enviou um e-mail à imprensa desautorizando “qualquer manifestação individual de membros do PV”.
A confissão de voto de França Penna não surpreende quem acompanha a trajetória do Partido Verde, a legenda emprestada de última hora à candidata Marina Silva. O próprio presidente do PV fez parte até poucos meses atrás das gestões de José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM) na prefeitura da capital paulista. Em vários outros estados, como no Rio de Janeiro, os verdes são fiéis aliados dos demos e tucanos.
Na lógica destes políticos oportunistas, que não têm nada de verdes, a candidatura presidencial do PV visava apenas cacifar o partido, em especial sua ala fisiológica. O PV é frágil politicamente; não tem estrutura e militância nos estados; conta com pouco tempo de TV. A chamada "terceira via" era encarada como uma forma de forçar o segundo turno, servindo como alavanca do demotucano. Marina Silva - mulher, de origem humilde e ex-ministra de Lula - caiu como uma luva nesta tática diversionista.
A precipitada declaração de França, num lapso de sinceridade, escancara esta tática diversionista e aumenta as tensões no comando de campanha de Marina Silva. Restará ao honesto eleitor verde, preocupado de fato com a estratégica questão ambiental, fazer uma análise consciente se o seu voto não está servindo a um moto-Serra.
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Em entrevista à Folha de S.Paulo, o presidente nacional do Partido Verde, José Luiz de França Penna, confessou o que muitos eleitores verdes mais honestos já desconfiavam, mas evitavam tratar. Ele afirmou com todas as letras que dará total apoio ao tucano José Serra, caso haja um segundo turno nas eleicões presidenciais.
Sua declaração bombástica gerou desconforto no comando de campanha de Marina Silva, que teme que esta revelação quebre o "encanto" dos verdes. No final da tarde de ontem, João Paulo Capobianco, coordenador da campanha presidencial, enviou um e-mail à imprensa desautorizando “qualquer manifestação individual de membros do PV”.
A confissão de voto de França Penna não surpreende quem acompanha a trajetória do Partido Verde, a legenda emprestada de última hora à candidata Marina Silva. O próprio presidente do PV fez parte até poucos meses atrás das gestões de José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM) na prefeitura da capital paulista. Em vários outros estados, como no Rio de Janeiro, os verdes são fiéis aliados dos demos e tucanos.
Na lógica destes políticos oportunistas, que não têm nada de verdes, a candidatura presidencial do PV visava apenas cacifar o partido, em especial sua ala fisiológica. O PV é frágil politicamente; não tem estrutura e militância nos estados; conta com pouco tempo de TV. A chamada "terceira via" era encarada como uma forma de forçar o segundo turno, servindo como alavanca do demotucano. Marina Silva - mulher, de origem humilde e ex-ministra de Lula - caiu como uma luva nesta tática diversionista.
A precipitada declaração de França, num lapso de sinceridade, escancara esta tática diversionista e aumenta as tensões no comando de campanha de Marina Silva. Restará ao honesto eleitor verde, preocupado de fato com a estratégica questão ambiental, fazer uma análise consciente se o seu voto não está servindo a um moto-Serra.
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Dilma agradece à militância da internet
Reproduzo mensagem da coordenação de campanha de Dilma Rousseff:
Car@ militante,
Após intensa campanha, finalmente chegou a hora de elegermos Dilma Rousseff a primeira presidenta do Brasil. Nas últimas semanas, muita coisa boa aconteceu, mas gostaríamos de destacar duas: a capacidade de nossa candidata de representar o projeto político que mudou e vai seguir mudando o país e a mobilização aguerrida da militância.
As conquistas do governo do presidente Lula e os claros compromissos de Dilma reacenderam a vontade de todos de ir às ruas em defesa de mais avanços. Mas não apenas isso: milhões de pessoas se conectaram às redes sociais para opinar e compartilhar informações.
Sobretudo pela efetiva participação dos internautas, tivemos, talvez pela primeira vez na história, uma cobertura eleitoral democrática e plural. Por isso, queremos agradecer a cada um e a cada uma que dedicou seu tempo para agitar a internet e escrever esta vitória!
Mas a luta continua. Neste domingo, vamos fazer ainda melhor! Fotografe seu bairro, seu local de votação, sua família, seus amigos e amigas, e publique a foto e comente nas redes sociais. Seja nosso repórter por mais um dia e não esqueça de usar as hashtags #DiaD e #Dilma13.
Siga os Twitters @dilmanaweb, @dilmanarede, @galera_dilma, @mulheres_dilma e @participabr e fique por dentro de tudo o que acontece na nossa campanha em todo o Brasil.
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www.dilma13.com.br
www.dilmanarede.com.br
www.galeradadilma.com.br
www.mulherescomdilma.com.br
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Car@ militante,
Após intensa campanha, finalmente chegou a hora de elegermos Dilma Rousseff a primeira presidenta do Brasil. Nas últimas semanas, muita coisa boa aconteceu, mas gostaríamos de destacar duas: a capacidade de nossa candidata de representar o projeto político que mudou e vai seguir mudando o país e a mobilização aguerrida da militância.
As conquistas do governo do presidente Lula e os claros compromissos de Dilma reacenderam a vontade de todos de ir às ruas em defesa de mais avanços. Mas não apenas isso: milhões de pessoas se conectaram às redes sociais para opinar e compartilhar informações.
Sobretudo pela efetiva participação dos internautas, tivemos, talvez pela primeira vez na história, uma cobertura eleitoral democrática e plural. Por isso, queremos agradecer a cada um e a cada uma que dedicou seu tempo para agitar a internet e escrever esta vitória!
Mas a luta continua. Neste domingo, vamos fazer ainda melhor! Fotografe seu bairro, seu local de votação, sua família, seus amigos e amigas, e publique a foto e comente nas redes sociais. Seja nosso repórter por mais um dia e não esqueça de usar as hashtags #DiaD e #Dilma13.
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