Por Altamiro Borges
A “fusão” dos bancos Itaú e Unibanco foi saudada por membros do governo, líderes da oposição de direita e também pela mídia hegemônica. Todos afirmam que a operação revela que o sistema financeiro nacional está sólido, imune à atual crise capitalista, e que o novo megabanco reforçará a posição do país no mercado mundial. “O negócio dá origem a uma instituição com mais escala e capacidade de competir no exterior”, festejou Roberto Troster, ex-economista da Federação Brasileira dos Bancos. Será? No mínimo, seria preciso maior cautela diante de uma fusão que concentra ainda mais os capitais, preocupa os clientes e apavora os bancários.
Na prática, não houve fusão, mas sim incorporação. O Itaú comprou o Unibanco. Os donos dos primeiro detêm 66% da empresa-holding que controlará o megabanco, que passa a ser o maior do hemisfério Sul, com ativos de R$ 575 bilhões, e um dos 20 maiores do planeta. A fusão confirma o acelerado processo de concentração neste setor. Em 1994, havia 14 grandes bancos privados no país; hoje são apenas quatro. Além disso, a bilionária operação envolve a participação do capital estrangeiro. Parte das ações do Itaú pertence ao Bank of America e o Unibanco mantém vínculos com o Morgan-Chase e o Citibank. Estes três foram duramente afetados pela crise nos EUA.
Maior poder dos monopólios
De concreto, a “fusão” resulta num maior poder monopolista. O país terá somente quatro grandes bancos privados (Itaú-Unibanco, Bradesco e dois estrangeiros, Santander e HSBC), além de dois públicos. Para Carlos Lopes, editor do jornal Hora do Povo, “o monopólio do dinheiro, o cartel dos bancos, que já era extremamente concentrado, ficou ainda mais concentrado”. Até analistas do deus-mercado sabem que quanto maior a concentração, menor a concorrência, e maiores os lucros dos banqueiros. As instituições públicas ficarão mais vulneráveis diante do poder privado.
Carlos Lopes também rejeita o mito de que a operação reforça a capacidade competitiva do país. “É uma dose extra de engodo propalar que fusões de bancos privados são o caminho para resistir aos bancos estrangeiros. O Morgan-Chase, hoje o maior banco dos EUA, tem ativos de US$ 1 trilhão e 378 bilhões; o Bank of America, US$ 1 trilhão e 327 bilhões; o Citibank, US$ 1 trilhão e 228 bilhões... Pensar em ‘concorrência’ privada com esses tiranossauros é coisa de tontos. A maior concentração de bancos privados no Brasil servirá somente para facilitar o trabalho deles de devorar o sistema financeiro nacional quando acharem apropriada a hora da refeição”.
Demissões e pior atendimento
A concentração bancária, como qualquer processo de monopolização no capitalismo, não visa beneficiar a sociedade. O objetivo é o lucro. O novo megabanco terá maior poder para especular no cassino financeiro e para dosar o crédito. Como alerta uma nota da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), “a fusão intensifica o processo de concentração e centralização dos capitais no sistema financeiro nacional, abrindo caminho para a redução da concorrência e a prevalência do monopólio privado no setor. Isto não é bom para a economia nacional, pois tornará mais difícil a redução dos juros na ponta, para pessoas físicas e jurídicas”.
O serviço também pode ser afetado, prejudicando os 15 milhões de clientes dos dois bancos, com o aumento de tarifas e taxas cobradas. Para o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, “não é justo que, com a fusão, o consumidor pague mais tarifas, tenha pior atendimento e que, no fim, os bancos registrem lucros exorbitantes”. Já os bancários ficarão sob forte tensão. Há boatos de que a “fusão” causará 10 mil demissões. “A CTB manifesta sua posição contra a fusão e exige a abertura de negociações para preservar o emprego e os interesses da categoria e dos clientes”.
A “fusão” dos bancos Itaú e Unibanco foi saudada por membros do governo, líderes da oposição de direita e também pela mídia hegemônica. Todos afirmam que a operação revela que o sistema financeiro nacional está sólido, imune à atual crise capitalista, e que o novo megabanco reforçará a posição do país no mercado mundial. “O negócio dá origem a uma instituição com mais escala e capacidade de competir no exterior”, festejou Roberto Troster, ex-economista da Federação Brasileira dos Bancos. Será? No mínimo, seria preciso maior cautela diante de uma fusão que concentra ainda mais os capitais, preocupa os clientes e apavora os bancários.
Na prática, não houve fusão, mas sim incorporação. O Itaú comprou o Unibanco. Os donos dos primeiro detêm 66% da empresa-holding que controlará o megabanco, que passa a ser o maior do hemisfério Sul, com ativos de R$ 575 bilhões, e um dos 20 maiores do planeta. A fusão confirma o acelerado processo de concentração neste setor. Em 1994, havia 14 grandes bancos privados no país; hoje são apenas quatro. Além disso, a bilionária operação envolve a participação do capital estrangeiro. Parte das ações do Itaú pertence ao Bank of America e o Unibanco mantém vínculos com o Morgan-Chase e o Citibank. Estes três foram duramente afetados pela crise nos EUA.
Maior poder dos monopólios
De concreto, a “fusão” resulta num maior poder monopolista. O país terá somente quatro grandes bancos privados (Itaú-Unibanco, Bradesco e dois estrangeiros, Santander e HSBC), além de dois públicos. Para Carlos Lopes, editor do jornal Hora do Povo, “o monopólio do dinheiro, o cartel dos bancos, que já era extremamente concentrado, ficou ainda mais concentrado”. Até analistas do deus-mercado sabem que quanto maior a concentração, menor a concorrência, e maiores os lucros dos banqueiros. As instituições públicas ficarão mais vulneráveis diante do poder privado.
Carlos Lopes também rejeita o mito de que a operação reforça a capacidade competitiva do país. “É uma dose extra de engodo propalar que fusões de bancos privados são o caminho para resistir aos bancos estrangeiros. O Morgan-Chase, hoje o maior banco dos EUA, tem ativos de US$ 1 trilhão e 378 bilhões; o Bank of America, US$ 1 trilhão e 327 bilhões; o Citibank, US$ 1 trilhão e 228 bilhões... Pensar em ‘concorrência’ privada com esses tiranossauros é coisa de tontos. A maior concentração de bancos privados no Brasil servirá somente para facilitar o trabalho deles de devorar o sistema financeiro nacional quando acharem apropriada a hora da refeição”.
Demissões e pior atendimento
A concentração bancária, como qualquer processo de monopolização no capitalismo, não visa beneficiar a sociedade. O objetivo é o lucro. O novo megabanco terá maior poder para especular no cassino financeiro e para dosar o crédito. Como alerta uma nota da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), “a fusão intensifica o processo de concentração e centralização dos capitais no sistema financeiro nacional, abrindo caminho para a redução da concorrência e a prevalência do monopólio privado no setor. Isto não é bom para a economia nacional, pois tornará mais difícil a redução dos juros na ponta, para pessoas físicas e jurídicas”.
O serviço também pode ser afetado, prejudicando os 15 milhões de clientes dos dois bancos, com o aumento de tarifas e taxas cobradas. Para o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, “não é justo que, com a fusão, o consumidor pague mais tarifas, tenha pior atendimento e que, no fim, os bancos registrem lucros exorbitantes”. Já os bancários ficarão sob forte tensão. Há boatos de que a “fusão” causará 10 mil demissões. “A CTB manifesta sua posição contra a fusão e exige a abertura de negociações para preservar o emprego e os interesses da categoria e dos clientes”.
Miro, o fato de o país ter apenas quatro grandes bancos privados é preocupante. Para a economia nacional, para os correntistas, para os funcionários. Vamos ver o posicionamento do CADE - Conselho Administrativo de Defesa Econômica - que tem por finalidade orientar, fiscalizar, PREVENIR E APURAR ABUSOS do poder econômico.
ResponderExcluirMas, só para especular: o nosso amigo Márcio Pochamnn tem afirmado (a semana passada eu ouvi de novo a mesma tese) que o mundo caminha para ter 500 empresas gigantes. Os chineses, diz ele, já se colocaram como desafio estratégico ter 150 das 500 mega-empresas. O Carlos Lessa defende um projeto nacional de desenvolvimento soberano alicerçado em grandes conglomerados (públicos e privados), para enfrentar a concorrência global. Mas no setor financeiro, é melhor a gente marchar com os BNDES, BBs e CEFs da vida, já que é muito poder deixar toda a grana para quatro grupos.
Nivaldo Santana (postar opinião é uma corrida de obstáculos...)