No livro “Caminhos para uma comunicação democrática”, editado pelo jornal Le Monde Diplomatique, o sociólogo espanhol Manuel Castells, renomado estudioso da área de comunicação, afirma: “A maior influência que a mídia exerce sobre a política não é proveniente do que é publicado, mas do que não o é, de tudo o que permanece oculto, que passa despercebido. A atividade midiática repousa sobre uma dicotomia: algo existe no pensamento do público se está presente na mídia. O seu poder fundamental reside, portanto, na sua capacidade de ocultar, de mascarar, de omitir”.
O raciocínio de Castells se encaixa perfeitamente à cobertura que a mídia deu ao Dia Nacional de Luta e Mobilizações em Defesa do Emprego e dos Direitos, nesta segunda-feira (30). Na fase dos preparativos, os jornalões e as emissoras de televisão simplesmente não deram qualquer destaque a esta iniciativa histórica, que uniu as oito centrais sindicais e os principais movimentos sociais – como UNE e MST. Nem sequer uma linha do manifesto unitário, que exigiu “emprego e salário, manutenção e ampliação dos direitos, redução dos juros e da jornada de trabalho sem redução salarial, reforma agrária e investimentos em políticas sociais”, foi divulgada à sociedade.
A inutilidade de Sardenberg
A omissão foi ainda mais criminosa no dia do protesto. Ocorreram manifestações em 20 capitais e em várias cidades de porte. Cálculo parcial aponta que mais de 80 mil pessoas participaram da jornada de lutas em todo o país. Na capital paulista, 20 mil pessoas andaram vários quilômetros, realizando paradas em frente à sede da Federação das Indústrias (Fiesp), do Banco Central e da Bolsa de Valores. Ocorreram também bloqueios de estradas promovidos pelo MST, paralisações de escolas organizadas pelas entidades estudantis, ocupações de prédios públicos. Nada disso foi motivo de maior destaque na mídia hegemônica, que preferiu “ocultar, mascarar e omitir”.
Nos jornalões, o ato teve poucas linhas e nenhuma manchete. Virou nota nas páginas internas. Já as emissoras de televisão, que são concessão pública, preferiram desqualificar o protesto. Quase em uníssono, todas criticaram a manifestação em São Paulo, que “congestionou o trânsito”. Seus comentaristas regiamente pagos – talvez de ressaca pela prisão relâmpago de Eliana Tranchesi, a dona da ilícita casa de luxo Daslu – fizeram silêncio ou atacaram os organizadores do ato. Carlos Sardenberg, recentemente promovido na TV Globo, ousou afirmar que “o protesto foi inútil”. Se o que sai na TV é o que realmente existiu, o contundente protesto de 30 de março não existiu.
A frase de Castells é válida, entretanto, em minha opinião um fenômeno mais deturpado ocorre. A mídia influencia politicamente a partir da omissão, sim. Contudo, atualmente ela estrutura-se como um partido político autônomo, mesmo sendo uma concessão pública. Quem analisa essa situação brilhantemente é Venício Lima. Defender posições dos anunciantes e por isso mascarar manifestações dos movimentos sociais é também uma forma de impor um pensamento hegemônico e agendar outros temas junto à opinião pública. Aqui encaixa-se um paradoxo. A mídia alardeia a crise aos quatro ventos, mas o faz da posição do donos do capital financeiro, mas não da posição do mercado consumidor. O que, no final das contas, acaba sendo um tiro no pé da própria economia.
ResponderExcluirA maior parte da humanidade está em transe hipnótico prisioneira diante dos aparelhos de TV, a mais poderosa arma de extermínio em massa. Zumbis ávidos de mentiras Hollywoodianas em forma de notícias. Energias negativas terroristas que alimentam a histeria coletiva programada pelo poder dominador dessa elite nazi/fascista auto denominada "nova ordem mundial" que assola o planeta. Lembremo-nos que o Brasil é um dos grandes alvos nesta paisagem. Isso não é novo. Mudam rótulos, mas o veneno é o mesmo, cada vez mais sofisticado em suas vistosas e atraentes embalagens. Estamos todos, ancestralmente atingidos por esses programas dolosos de permanente manipulação e doutrinação coletiva através de crenças em memórias repetentes em noticiosos. Basta ver o que foi reproduzido neste 31 de março de 2009 sobre as publicações em 1964. Conseguiram uma tal eficiência em lavagem de cérebros a ponto de tornar verdade uma mentira apenas porque saiu na TV durante e ou dia e noite. Se não está na TV não é verdadeiro. Massacram a população propositalmente com o que há de pior para mate-la no horror permanente e assim sob seu domínio. O famoso "atentado terrorista" de 11 de setembro, o 911, é a maior prova desta diabólica midiática arma terrorista.
ResponderExcluirPig, hehe
ResponderExcluirÉ interessante levantar estes pontos, mas impresindível mesmo é eliminar a idéia de que a grande mídia ira dar grande espaço aos movimentos sociais, já é perda de tempo ficar rodeando nestes pontos.
É como o velho lema punk "Faça voce mesmo".
Pig, hehe
ResponderExcluirÉ interessante levantar estes pontos, mas impresindível mesmo é eliminar a idéia de que a grande mídia ira dar grande espaço aos movimentos sociais, já é perda de tempo ficar rodeando nestes pontos.
É como o velho lema punk "Faça voce mesmo".
Miro, sempre muito lúcidas suas análises e opiniões. Mas acho que você escolheu uma fonte, digamos, pouco adequada pro nosso campo de lutas. O que o Castells disse nesse livro já foi dito, de forma mais sintética e não menos consistente por isso, pelo Perseu Abramo em 1988 (embora só publicado em 2003) no ensaio "Padrões de manipulação da grande imprensa", bem como por Pierre Bourdieu no "Sobre a televisão", em meados da década de 1990, época em que o Castells estava escrevendo sua "famosa" (inversamente proporcional na profundidade e validade da) trilogia "A sociedade em rede", cujos títulos aqui no Brasil foram prefaceados/apresentados pelo casal FHC/Ruth Cardoso... sem falar que esse sujeito conseguiu escrever um volume de quase 500 páginas tratando sobre MOVIMENTOS SOCIAIS na América Latina (!!!) e não citou, UMA ÚNICA VEZ SEQUER, o MST... (com medo de magoar seu amigo ociólogo, provavelmente).
ResponderExcluirAbraços,
Rogério Tomaz Jr.