Em junho passado, a mídia mundial deu enorme destaque para os protestos contra as eleições no Irã, que garantiram 64% dos votos para Mahmoud Ahmadinejad. Mesmo criticando a “censura”, as redes de TV inundaram o planeta com cenas das “explosões espontâneas contrárias à ditadura islâmica”. A morte de uma jovem em Teerã teve overdose de exposição nas telinhas. O curioso é que o mesmo empenho na cobertura jornalística não se observa em Honduras, palco de um golpe militar que já causou dezenas de mortes. Dados oficiais da Cruz Vermelha contabilizam mais de 50 hondurenhos assassinados e cerca de mil lideranças oposicionistas presas e desaparecidas.
O repórter Laerte Braga, que mantém contatos com a resistência hondurenha, está indignado com o silêncio da mídia. Ele garante que já são mais de 150 executados no país. “Pessoas são mortas nas ruas de Tegucigalpa, muitas são conduzidas às prisões e os postos de saúde controlados pelos golpistas negam atendimento aos feridos”. Militares e esquadrões da morte invadem residências, saqueiam, estupram as mulheres e torturam. “Setores da resistência falam em banho de sangue, tamanha a selvageria dos militares. Porta-vozes da Cruz Vermelha se mostram horrorizados com a violência... Traficantes de drogas e quadrilhas com base em Miami estão em Honduras dando respaldo ao golpe e ocupam o Ministério da Justiça através de membros do esquadrão da morte”.
Mídia servil aos interesses do império
Para Laerte Braga, “há uma ação concentrada dos embaixadores dos EUA na região, em conluio com o governo paralelo dos EUA, para desestabilizar toda a área, provocar uma guerra e, assim, derrubar governos contrários aos interesses norte-americanos. Obama é um boneco, um objeto de decoração envolvido nas tramas golpistas... O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, acusou os golpistas de tentarem forçar uma situação de guerra para justificar uma intervenção militar norte-americana, mesmo que disfarçada com a presença de tropas de outros países, como já ocorre no Haiti”. O seu governo e o de El Salvador já reforçaram a presença de tropas nas fronteiras.
Com a mesma convicção, o jornalista Juan Gelman, do diário argentino Página 12, afirma que “a Casa Branca conhecia há meses o golpe que se preparava em Honduras, embora seus porta-vozes finjam agora sua inocência”. Ele lembra que o atual embaixador em Tegucigalpa, Hugo Llorens, privilegiou as relações com o general golpista Romero Vásquez desde a sua chegada ao país, em setembro passado. Cita ainda as declarações de Hillary Clinton contra o referendo convocado por Manuel Zelaya. “É difícil supor que os chefes militares de Honduras, armados pelo Pentágono e formados na Escola das Américas, tenham se movido sem a autorização de seus mentores”.
Golpistas corruptos e assassinos
Diante dos interesses imperiais dos EUA e do temor das elites locais com o avanço dos governos progressistas no continente, a mídia hegemônica evita mostrar as cenas de violência. Ela também ofusca os protestos diários e crescentes contra o golpe. As televisões privadas sequer denunciam que os “gorilas” são fascistas assumidos e corruptos processados. O general Romero Vásquez, autor do seqüestro do presidente Zelaya, foi preso em 1993, acusado de roubar 200 automóveis de luxo. Já o “ministro” Billy Joya foi chefe da divisão tática do Batalhão B3-16, o esquadrão da morte hondurenho que torturou e seqüestrou inúmeras pessoas nos anos 1980.
Nada disto aparece nas telinhas da televisão. O tratamento da mídia venal é totalmente diferente do exibido durante as “explosões espontâneas” no Irã. Manuel Zelaya era um obstáculo para os interesses do império na região. Ele rompeu o tratado de “livre comércio” com os EUA, firmou o acordo com a Alba (Alternativa Bolivariana das Américas) e aliou-se a Hugo Chávez, tão odiado e estigmatizado pela mídia imperial. Daí a cobertura tendenciosa. Sua linha editorial é evidente. Seguindo as ordens da Casa Branca, ela aposta na solução “negociada”, que inviabilize o retorno de Zelaya ao poder e legitime um “governo de conciliação nacional”. Tanto que vários veículos de comunicação já têm tratado o governo golpista como “interino”.
Meu caro Altamiro, precisamos de suas informações por meio do "twitter", excelente ferramenta de comunicação rápida e, certamente, terás muito seguidores.
ResponderExcluirCory Matos
Crato/Ce
Não imaginei que fosse ver isso, o mesmo filme de sempre, espero quer pare por aí, mas tem muita gente torcendo pelo contrário, principalmente aqui no Brasil...
ResponderExcluirToda solidariedade aos trabalhadores de Honduras!
CARO ALTAMIRO
ResponderExcluirA N.W.O CAMINHA COMO TIGRES COM SUAS GARRAS E DENTES SAINDO DETRÁS DO BAMBUZAL MIDIÁTICO QUE LHES PERTENCE E LHES SERVE, LÁ COMO AQUI.
AS MASSAS ESTÃO ALHEIAS E INDUZIDAS AO APOIO FORÇOSO PELO TERRORISMO MIDIÁTICO, LÁ COMO AQUI...
LEMBREMO-NOS QUE O "PATRIOTIC ACT" CONTINUA VIGORANDO LÁ, NÃO HÁ HABEAS CORPUS E OBAMA SEGUE O "SCRIPT" CONTINUANDO COM TODOS OS PODERES E INTENSÕES (EM NOVA EMBALAGEM) QUE TINHA (TEM) BUSH E SEUS PATRÕES E MENTORES. O GOLPE CONTRA A AMÉRICA LATINA ESTÁ EM CURSO E SEGUE O CRONOGRAMA POR ELES TRAÇADOS, NÃO PRECISAM DE JUSTIFICATIVAS, SE ACHAM OS DONOS DO MUNDO. A QUARTA FROTA JÁ ESTÁ AQUI E PRONTA PARA USO. A MÍDIA É O ARAUTO DO "APOCALIPSE" POR ELES ARQUITETADOS... QUE FAZER?
SINTO MUITO, SOU GRATO!
Altamiro,
ResponderExcluirnão consigo entender bem a posição de Zelaya. A delegação que o representava na Costa Rica declarou que aceitava todos os pontos da proposta Arias.
Agora, se os golpistas por algum motivo - EUA - recuarem de sua posição e aceitarem os mesmos pontos que Zelaya aceitou, o golpe terá atingido seu objetivo, porque um destes pontos prevê a obstaculização completa de uma futura Assembléia Nacional Constituinte. Além de praticamente tornar Zelaya um governante fantoche, um fraco, num governo de "ocnciliação".
Parece até que o cheque mate já foi dado. Só falta tombar o rei.
Um abraço.
leiam esse absurdo!!
ResponderExcluirhttp://www.deuslovult.org/2009/07/22/honduras-dois-curtas/