Na semana passada, os jornalões decadentes e as emissoras privadas de televisão fizeram grande alarde para “comemorar” o aniversário do Plano Real. O desgastado FHC foi bajulado por vários articulistas e âncoras de TV, sendo apresentado como o “salvador da pátria”, que “estabilizou a economia e derrotou a inflação”. O ex-presidente Itamar Franco até saiu do limbo para criticar a excessiva exposição do seu ministro da Fazenda e para se assumir como o autêntico “pai do Real”. O tucano José Serra também ganhou os holofotes da mídia, numa nítida campanha pré-eleitoral.
No livro “Era FHC: a regressão do trabalho”, escrito em conjunto com Marcio Pochmann, atual presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), argumentamos que o Plano Real não foi toda essa maravilha pintada pela mídia. A estabilização conservadora da economia causou recorde de desemprego, brutal arrocho de salários, precarização do trabalho e o desmonte das leis trabalhistas. Ela foi imposta com base na privatização criminosa das empresas estatais, na abertura indiscriminada da economia, na desnacionalização das empresas e na mais descarada orgia financeira. O Brasil se transformou no paraíso dos rentistas, dos especuladores.
“Afora os marqueteiros oficiais, todos concordam que o resultado final desta política de FHC foi um grande desastre. Nestes oito anos, o Brasil regrediu brutalmente nas relações de trabalho. Os milhões de desempregados, de brasileiros que subsistem no mercado informal, de precarizados e dos que perderam seus parcos direitos sentiram na carne os efeitos desta política”, afirmava-se na apresentação do livro, publicado em agosto de 2002. Dois meses depois, o presidente FHC seria rechaçado pelas urnas, o que evidencia que o povo brasileiro, diferentemente na mídia venal, não esqueceu os efeitos destrutivos e regressivos do Real. A mídia omite, mas o povo não é bobo!
Perfeito, Miro!
ResponderExcluirA imprensa gorda há muito tempo segue seu plano de desinformar a população. Os donos e dirigentes da grandes empresas de comunicação precisam entender, sobretudo agora com o fortalecimento da blogosfera, que as pessoas não são quadros brancos.
Só há um problema nessa historia. Não vejo razões, nenhuma sequer, para defender o FHC. Mas, o Lula sofre muitas críticas exatamente por ter seguido a cartilha econômica de seu antecessor.
Não engrosso o coro da oposição ou burguesia burra. Tenho defendido muito o Lula. Porém, quanto à política econômica, pouco mudou. E é isso que torna árdua a tarefa de defender o presidente.
Abraço.
A nossa mídia é assim, mesmo, caro Altamiro Borges...O que eles dizem hoje, você não pode confiar, pois no futuro eles podem pregar algo totalmente diferente...
ResponderExcluirEm 2001, a revista Veja publicou os números do BNDES sobre o desmonte da indústria nacional, segundo os quais, o Brasil levaria uns dez para retornar a produzir aos níveis de 1985
http://veja.abril.com.br/280301/p_142.html
Hoje, a mesma "Veja" fica propagando as maravilhas do tal Plano Real.
Mas as contradições não páram por aí.
Em 1998, a "Veja" publicou uma matéria sobre a questão do dsemprego no Brasil. Em um Parágrafo a matéria dizia: "O país entrou em regime de privatização em 1991, com a venda da Usiminas. [...] Cerca de 50.000 pessoas perderam o emprego no processo de privatização das sete maiores estatais."
http://veja.abril.com.br/110298/p_068.html
Hoje, a Veja nega descaradamente que as privatizações geraram desemprego. Em 2008, em uma matéria discriminando a suposta doutrinação "comunista" nas escolas, tem uma passagem que a Veja diz, no quadrinho "EXEMPLOS DE FALHAS NA CARTILHA" que dizia: "As estatais privatizadas contrataram mais pessoas, aumentaram a qualificação e os salários dos empregados".
http://veja.abril.com.br/200808/p_076.shtml
Eu sei que a "Veja" doutrinaria os alunos a ser neoliberais, mas já ví que também os doutrinaria a ser contraditórios. rsrs
Parabéns, mais claro impossível.
ResponderExcluirAbraço
Caro Altamiro
ResponderExcluirLeio seu Blog pela primeira vez. Não concordo com algumas de suas idéias, mas as respeito, porque acredito no debate, e que todos tenham liberdade de expressão. Gostaria de deixar algumas opiniões: Apesar de todos os defeitos do governo Itamar e FHC, não há como negar os benefícios da estabilização da economia e acho que deveríamos comparar quantos empregos foram criados com os perdidos. Se houve demissões no processo de privatização, também houve criação de novas oportunidades e a busca pelo aperfeiçoamento e escolarização também aumentaram. Quanto ao Brasil se transformar num paraíso de rentistas, concordo em parte, pois os juros reais mais altos do mundo propiciaram ganhos seguros, mas o mercado financeiro brasileiro não é esse paraíso de especuladores, pois é mais regulamentado que em vários outros países, e isto foi o que permitiu passar ao largo da crise. Um abraço.