O empresário Nelson Tanure anunciou nesta semana que o “Jornal do Brasil” terá a sua última edição impressa em 1º de setembro. A partir desta data, o conteúdo jornalístico ficará disponível apenas na internet e será cobrada uma assinatura mensal de R$ 9,90. A morte anunciada do JB, fundado em abril de 1891, abalou os trabalhadores da categoria e reforçou a tese de que a mídia impressa vive a mais grave crise da sua história – para alguns, uma crise terminal.
Num país onde “jornalista chama patrão de companheiro”, como sempre ironiza Mino Carta, a abrupta decisão de Nelson Tanure representou baita tapa na cara. Nenhum dos 160 funcionários da empresa, incluindo 60 jornalistas, teve conhecimento prévio do fechamento. O presidente do jornal, Pedro Grossi Jr., ainda tentou reverter a decisão, mas sequer foi ouvido. Segundo um dos concorrentes, “a Folha apurou que a migração [para internet] vai provocar corte de pessoal”.
“Predador dos veículos de comunicação”
Nelson Tanure é uma daqueles “empresários predadores” que fez fortuna em outras atividades, ingressou recentemente no ramo da comunicação e nunca teve compromisso com o jornalismo. Ele “arrendou” a marca da família Nascimento Britto em 2001, quando o jornal já afundava em dívidas fiscais e trabalhistas. Na época, a tiragem diária era de 76 mil exemplares; em 2007, ela subiu para 100 mil. Mas foi pura bolha. Em março último, a tiragem era de 20.941 exemplares.
Na fase recente, Tanure demitiu e atrasou salários e as dívidas da empresa chegaram a quase R$ 100 milhões. “Está confirmado que ele é um predador dos veículos de comunicação”, protesta Sérgio Murillo, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). O JB apenas reforça o currículo do predador. Em 2002, Tanure comprou os direitos de publicação da revista "Forbes", mas o contrato foi rompido um ano depois. Em 2003, ele arrendou a "Gazeta Mercantil", mas o jornal deixou de funcionar em 2009. Os veículos faliram, mas Tanure nunca ficou mais pobre!
Queda da tiragem dos jornalões
Segundo a Folha, “o fim do JB impresso será também o fim da experiência de Nelson Tanure como empresário de mídia. Ele disse à Folha que não quer mais atuar nesse setor e que vai se concentrar em telecomunicações. Ele tem 5,15% da TIM Participações (subsidiária da Telecom Itália, que atua em telefonia celular, telefonia fixa local e de longa distância)”. Tanure também está presente em outras atividades econômicas e acumula enorme fortuna e muitos processos.
A morte do JB, porém, não é apenas uma prova de incompetência ou esperteza deste “predador”. Ela confirma as dificuldades reais da mídia impressa, no Brasil e no mundo. Com exceção dos jornais “populares” e gratuitos, que têm crescido, a circulação média dos jornalões tradicionais despencou nos últimos anos. A Folha, que já teve mais de 1 milhão de exemplares, hoje míngua com uma tiragem de 289.435, diante dos 251.446 do jornal O Globo e dos 228.596 do Estadão.
Futuro incerto da mídia impressa
Esta grave crise tem distintas causas. A principal seria a acelerada mudança tecnológica no setor – o que o velho Karl Marx chamaria de mudança nas forças produtivas –, com o crescimento da internet que “rouba” leitores dos jornalões. Há também uma sensível perda de credibilidade dos veículos tradicionais, como apontam vários estudos do jornalista Pascoal Serrano. Como afirma o sociólogo Emir Sader, a acentuada queda nas tiragens expressaria uma autêntica “crise moral” destes veículos manipuladores. Como se observa, o futuro da mídia impressa é bastante incerto!
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E se migrarem para internet eles terão que competir com um mundo de fontes de informação. Ou seja terão que conviver com a democracia. Como no brasil a mídia não está acostumada a isso, veremos cada vez mais as máscaras cairem e a velha mídia definhar.
ResponderExcluirAlém da questão tecnológica, da competição coma internet, há outros fatores que estão mais próximos ao quadro brasileiro: educação do povo (onde entra o hábito da leitura) e credibilidade.
ResponderExcluirO "El País" aumenta sua tiragem, porque, apesar de conservador, faz Jornalismo. A empresa tem outros negócios, alguns até no Brasil, mas o fato é que o jornal impresso vende mais porque seu público acredita nele.
Credibilidade é um bom investimento
e quem não a tem no impresso não a terá na internet. Eis o drama do PIG.
De fato, se eles perderam a credibilidade no Impresso não a terão na Internet que é muito, mas muito mais democratica. Mas, é aquela história: mentiram tanto e por tanto tempo que apareceu uma outra ferramenta (Internet) que os desbancou. E qualquer produto depois de ficar com a imagem manchada não há propaganda que a faça levantar.
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