domingo, 2 de janeiro de 2011

Tucanos se bicam: Alckmin isola Serra

Por Altamiro Borges

Na rápida solenidade de posse no Palácio dos Bandeirantes, Geraldo Alckmin, que governará São Paulo pela terceira vez, deve ter deixado encafifado José Serra, que ainda curte nas madrugadas a derrota na eleição presidencial. Em seu pronunciamento de 23 minutos, ele afirmou que “vamos ter com a presidente Dilma a melhor das relações”. Até a Folha de S. Paulo, palanque do demotucano na disputa eleitoral, registrou o incomodo:

“Geraldo Alckmin assumiu o governo de São Paulo personificando o novo discurso do PSDB. Ontem, em sua posse, defendeu o legado da sigla, mas pregou ‘inovação’, com ênfase em políticas sociais, além de parceria com Dilma Rousseff... A ênfase na cooperação entre governos e o foco em políticas sociais presentes no discurso de Alckmin coincidem com a teoria da refundação da sigla, do senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG)... Ontem, a promessa de colaboração com o governo federal foi feita diante do ex-governador José Serra (PSDB)”.




Sinais na montagem do secretariado

Há vários sinais de que o novo governador descarta o desleal concorrente do seu próprio partido. Na disputa pela prefeitura da capital paulista, em 2006, Serra rifou o PSDB, deixou Alckmin pendurado na brocha e bancou o demo Gilberto Kassab. A convivência, que já não era boa, azedou de vez. Na seqüência, ambos tentaram manter as aparências. Serra até convidou o “traído” para o seu secretariado. Mas os dois tucanos não se bicam – ou melhor, se bicam.

Na montagem do seu secretariado, Alckmin já demonstrou que quer distância dos serristas. Ela nomeou tucanos que ficaram com ele na disputa interna do partido. É o caso de Edson Aparecido, um aliado histórico, e de Andrea Matarazzo. Este é amigo de Serra, mas foi um dos poucos tucanos que não seguiu as ordens do chefão autoritário e apoiou Alckmin na eleição para prefeitura da capital paulista.

“Maior obstáculo” ao PSDB

Prova maior deste distanciamento, porém, foi a indicação de dois aliados de Gabriel Chalita, que rompeu com o PSDB e se elegeu deputado federal pelo PSB. Durante a campanha presidencial, o ex-tucano ajudou a comandar a campanha de Dilma e foi um dos mais ácidos críticos de Serra. Chalita é tido como um inimigo pelos serristas, mas influenciou a nomeação dos secretários da Educação (Herman Voowald) e do Desenvolvimento Social (Paulo Alexandre) do governo Alckmin.

Com esses lances, o novo governador de São Paulo sinaliza que deseja se projetar no PSDB e isolar o rival, que ainda insiste em ser candidato em 2014. Como observou o próprio Estadão, Serra é visto hoje por vários analistas políticos como o “maior obstáculo para a reorganização do PSDB”. O partido está sem discurso e sem norte. Elegeu oito governadores, que devem adotar uma postura pragmática diante do governo federal, e viu sua bancada federal ser reduzida de 65 para 53 deputados. Alckmin sabe que precisa virar essa página e não está disposto a alimentar cobras.

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2 comentários:

  1. Tadinho, faz isso com o serrarojasmilcaras naon, ele nao merece.KKKKKKKKKKK

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  2. É óbvio que Serra até entender que seu poder pode ir usando a situação permanecerá a mesma em seu partido. Também acho que vai ser para melhor um pouco pelo menos.

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