Reproduzo artigo de Michel Chossudovsky, publicado no sítio português Resistir:
Os EUA e a NATO estão a apoiar uma insurreição armada na Líbia Oriental, tendo em vista justificar uma "intervenção humanitária".
Isto não é um movimento de protesto não violento como no Egipto e na Tunísia. As condições na Líbia são fundamentalmente diferentes. A insurreição armada na Líbia Oriental é apoiada directamente por potências estrangeiras. A insurreição em Benghazi imediatamente arvorou a bandeira vermelha, negra e verde com o crescente e a estrela: a bandeira da monarquia do rei Idris, a qual simbolizava o domínio das antigas potências coloniais. (Ver Manlio Dinucci, Libya-When historical memory is erased , Global Research, Febraury 28, 2011)
Conselheiros militares e forças especiais dos EUA e NATO já estão no terreno. A operação foi planejada para coincidir com o movimento de protesto em países árabes vizinhos. A opinião pública foi levada a acreditar que o movimento de protesto havia se espalhado espontaneamente da Tunísia e do Egipto para a Líbia.
A administração Obama em consulta com os seus aliados está a ajudar uma rebelião armada, nomeadamente uma tentativa de golpe de Estado.
"A administração Obama está pronta a oferecer "qualquer tipo de assistência" a líbios que procurem derrubar Moammar Kadafi", disse secretária de Estado Hillary Clinton [27 Fevereiro]. "Temos estado a estender a mão a muito diferentes líbios que estão a tentar organizar-se no Leste e para que a revolução mova-se também em direcção Oeste", disse Clinton. "Penso que é demasiado cedo para dizer como isto vai terminar, mas temos de estar prontos e preparados para oferecer qualquer espécie de assistência que alguém pretenda ter dos Estados Unidos". Há esforços encaminhados para formar um governo provisório na parte Leste do país onde a rebelião começou em meados do mês.
Os EUA, disse Clinton, estão a ameaçar mais medidas contra o governo de Kadafi, mas não disse o que eram ou quando poderiam ser anunciadas. Os EUA deveriam "reconhecer algum governo provisório que eles estejam a tentar por de pé..." [McCain].
Lieberman falou em termos semelhantes, urgindo "apoio tangível, uma zona de interdição de voo, reconhecimento do governo revolucionário, o governo de cidadãos e apoiá-los com assistência humanitária e eu lhes forneceria armas" ( Clinton: US ready to aid to Libyan opposition - Associated, Press, February 27, 2011, sublinhados do autor).
A invasão planejada
Uma intervenção militar é agora contemplada pelas forças dos EUA e NATO sob um "mandato humanitário".
"Os Estados Unidos estão a mover forças navais e aéreas na região" para "preparar o conjunto completo de opções" na confrontação com a Líbia: o porta-voz do Pentágono, Cor. Dave Lapan, dos Fuzileiros Navais, fez este anúncio [1 Março]. Ele disse que "foi o presidente Obama que pediu aos militares para prepararem-se para estas opções", porque a situação na Líbia está a ficar pior". (Manlio Dinucci, Preparing for "Operation Libya": The Pentagon is "Repositioning" its Naval and Air Forces... , Global Research, March 3, 2011, sublinhado do autor)
O objectivo real da "Operação Líbia" não é estabelecer democracia mas sim tomar posse das reservas de petróleo líbias, desestabilizar a National Oil Corporation (NOC) e finalmente privatizar a indústria petrolífera do país, nomeadamente transferir o controle e a propriedade da riqueza petrolífera da Líbia para mãos estrangeiras. A National Oil Corporation (NOC) está classificada entre as 100 principais companhias de petróleo (A Energy Intelligence classifica a NOC no 25º lugar entre as 100 principais companhias do mundo – Libyaonline.com).
A Líbia está entre as maiores economias petrolíferas do mundo com aproximadamente 3,5% das reservas de petróleo globais, mais do que o dobro daquelas dos EUA.
A planejada invasão da Líbia, que já está em curso, faz parte do conjunto mais vasto da "Batalha pelo petróleo". Cerca de 80 por cento das reservas petrolíferas da Líbia estão localizadas na bacia do Golfo de Sirte da Líbia Oriental.
As concepções estratégicas por trás da "Operação Líbia" recordam empreendimentos militares anteriores dos EUA-NATO na Iugoslávia e no Iraque.
Na Iugoslávia, forças dos EUA-NATO desencadearam uma guerra civil. O objectivo era criar divisões políticas e étnicas, as quais finalmente levaram à fragmentação de todo um país. Este objectivo foi alcançado através do financiamento encoberto e do treino de forças paramilitares armadas, primeiro na Bósnia (Bosnian Muslim Army, 1991-95) e a seguir no Kosovo (Kosovo Liberation Army (KLA), 1998-1999).
Tanto no Kosovo como na Bósnia, a desinformação da mídia (incluindo mentiras rematadas e falsificações) foram utilizadas para apoiar afirmações dos EUA-UE de que o governo de Belgrado havia cometido atrocidades, justificando dessa forma uma intervenção militar com razões humanitárias.
Ironicamente, a "Operação Iugoslávia" agora está nos lábios dos feitores da política externa estadunidense: o senador Lieberman "comparou a situação na Líbia aos acontecimentos nos Balcãs na década de 1990 quando, disse ele, os EUA "intervieram para travar um genocídio contra os bósnios. E a primeira coisa que fizemos foi proporcionar-lhes as armas para defenderem-se. Isso é o que penso que podemos fazer na Líbia". ( Clinton: US ready to aid to Libyan opposition - Associated , Press, February 27, 2011, emphasis added).
O cenário estratégico seria pressionar rumo à formação e reconhecimento de um governo interino da província secessionista, tendo em vista finalmente fragmentar o país. Esta opção já está a caminho. A invasão da Líbia já começou.
"Centenas de conselheiros militares estadnidenses, britânicos e franceses chegaram à Cirenáica, a província separatista do Leste... Os conselheiros, incluindo oficiais de inteligência, foram lançados de navios de guerra e navios de mísseis nas cidades costeiras de Benghazi e Tobruk" ( Debkafile, US military advisers in Cyrenaica, February 25, 2011).
Forças especiais dos EUA e aliados estão no terreno na Líbia Oriental, proporcionando apoio encoberto aos rebeldes. Isto foi reconhecido quando comandos britânicos das Forças Especiais (SAS) foram presos na região de Benghazi. Estavam a atuar como conselheiros militares para forças de oposição:
"Oito comandos de forças especiais britânicas, numa missão secreta para colocar diplomatas britânicas em contacto com oponentes destacados do Cro. Muammar Kadafi na Líbia, acabaram humilhados depois de terem apoiado forças rebeldes na Líbia Oriental", informa o Sunday Times de hoje.
Os homens, armados mas à paisana, afirmaram que foram verificar as necessidades da oposição e oferecer ajuda" (Top UK commandos captured by rebel forces in Libya: Report, Indian Express , March 6, 2011, sublinhado do autor).
As forças SAS foram presas quando escoltavam uma "missão diplomática" britânica a qual entrou ilegalmente no país (sem dúvida de um navio de guerra britânico) para discussões com líderes da rebelião. O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico reconheceu que "uma pequena equipe diplomática britânica foi enviada à Líbia Oriental para iniciar contactos com a oposição rebelde" (U.K. diplomatic team leaves Libya - World - CBC News, March 6, 2011).
Ironicamente, as reportagens não só confirmam a intervenção militar ocidental (incluindo várias centenas de forças especiais), como também reconhecem que a rebelião se opunha firmemente à presença ilegal de tropas estrangeiras sobre o solo líbio:
"A intervenção da SAS enraiveceu figuras líbias da oposição as quais ordenram que os soldados fossem trancados numa base militar. Oponentes de Kadafi temem que ele possa utilizar qualquer evidência de interferência militar ocidental para congregar apoio patriótico para seu regime" (Reuters, March 6, 2011).
O "diplomata" britânico capturado com soldados das forças especiais era membro da inteligência britânica, um agente do MI6 numa "missão secreta" (The Sun, March 7, 2011).
Declarações dos EUA e NATO confiram que estão a ser fornecidas armas às forças de oposição. Há indicações, embora não prova clara até agora, de que foram entregues armas aos insurgentes antes do desencadeamento da rebelião. Com toda probabilidade, conselheiros militares e de inteligência dos EUA e NATO também estavam no terreno antes da insurreição. Este foi o padrão aplicado no Kosovo: forças especiais apoiando e treinando o Kosovo Liberation Army (KLA) nos meses que antecederam a campanha de bombardeamento de 1999 e a invasão da Iugoslávia.
Tal como os acontecimentos se desdobram, contudo, forças do governo líbio recuperaram controle sobre posições rebeldes:
"A grande ofensiva das forças pró-Kadafi lançadas [4 Março] para arrebatar das mãos dos rebeldes o controle das cidades e centros petrolíferos mais importantes da Líbia resultou [5 Março] na recaptura da cidade chave de Zawiya e da maior parte das cidades petrolíferas em torno do Golfo de Sirte. Em Washington e Londres, a conversa da intervenção militar ao lado da oposição líbia foi emudecida pela percepção de que a inteligência de campo de ambos os lados do conflito líbio era demasiado incompleta para servir de base à tomada de decisões" (Debkafile, Qaddafi pushes rebels back. Obama names Libya intel panel , March 5, 2011, sublinhado do autor).
O movimento da oposição está fortemente dividido quanto à questão da intervenção estrangeira. A divisão é entre o movimento das bases por um lado e os "líderes" apoiados pelos EUA da insurreição armada que são a favor da intervenção militar estrangeira por "razões humanitárias".
A maioria da população líbia, tanto os apoiantes como os oponentes do regime, é fortemente oposta a qualquer forma de intervenção externa.
Desinformação da mídia
Os vastos objetivos estratégicos subjacentes à invasão proposta não são mencionados pela mídia. A seguir a uma campanha enganosa da mídia, em que notícias eram literalmente falsificadas sem relação com o que realmente estava a acontecer no terreno, um amplo setor da opinião pública internacional concedeu o seu firme apoio à intervenção estrangeira, por razões humanitárias.
A invasão está na prancheta do Pentágono. Está destinada a ser executada independentemente dos desejos do povo da Líbia, incluindo o dos oponentes do regime, os quais têm exprimido a sua aversão à intervenção militar estrangeira em desrespeito da soberania da nação.
Posicionamento da força naval e aérea
Caso esta intervenção militar fosse executada resultaria numa guerra geral, uma blitzkrieg, implicando o bombardeamento tanto de alvos militares como civis. A este respeito, o general James Mattis, comandante do U.S. Central Command (USCENTCOM), declarou que o estabelicimento de uma "zona de interdição de voo" envolveria de fato uma campanha de bombardeamento geral, que alvejasse entre outras coisas o sistema de defesa aérea da Líbia.
"Seria uma operação militar – não seria suficiente dizer às pessoas para não voarem com aviões. Teria de ser removida a capacidade de defesa aérea a fim de estabelecer uma zona de interdição de voo, que não haja ilusões quanto a isto" ( U.S. general warns no-fly zone could lead to all-out war in Libya , Mail Online, March 5, 2011, sublinhado do autor).
Uma força naval dos EUA e de aliados foi posicionada ao longo da costa líbia. O Pentágono está a mover seus vasos de guerra para o Mediterrâneo. O porta-aviões USS Enterprise transitou através do Canal de Suez poucos dias após a insurreição ( http://www.enterprise.navy.mil). Os navios anfíbios dos EUA, USS Ponce e USS Kearsarge, também foram posicionados no Mediterrâneo.
Foram despachados 400 fuzileiros navais dos EUA para a ilha grega de Creta "antes do seu posicionamento em navios de guerra ao largo da Líbia" (Operation Libya": US Marines on Crete for Libyan deployment , Times of Malta, March 3, 2011).
Enquanto isso, a Alemanha, França, Grã-Bretanha, Canadá e Itália estão no processo de posicionar vasos de guerra ao longo da costa líbia.
A Alemanha posicionou três navios de guerra utilizando o pretexto da assistência na evacuação de refugiados sobre a fronteira Líbia-Tunísia. "A França decidiu enviar o Mistral, o seu porta-helicópteros, os quais, segundo o Ministério da Defesa, contribuirão para a evacuação de milhares de egípcios" ( Towards the Coasts of Libya: US, French and British Warships Enter the Mediterranean , Agenzia Giornalistica Italia, March 3, 2011). O Canadá despachou (2 Março) a fragata HMCS Charlettetown.
Entretanto, a US 17th Air Force, chamada US Air Force Africa, baseada na Ramstein Air Force Base, na Alemanha, está a assistir na evacuação de refugiados. As instalações da força aérea EUA-NATO na Grã-Bretanha, Itália, França e Médio Oriente estão em prontidão.
Os EUA e a NATO estão a apoiar uma insurreição armada na Líbia Oriental, tendo em vista justificar uma "intervenção humanitária".
Isto não é um movimento de protesto não violento como no Egipto e na Tunísia. As condições na Líbia são fundamentalmente diferentes. A insurreição armada na Líbia Oriental é apoiada directamente por potências estrangeiras. A insurreição em Benghazi imediatamente arvorou a bandeira vermelha, negra e verde com o crescente e a estrela: a bandeira da monarquia do rei Idris, a qual simbolizava o domínio das antigas potências coloniais. (Ver Manlio Dinucci, Libya-When historical memory is erased , Global Research, Febraury 28, 2011)
Conselheiros militares e forças especiais dos EUA e NATO já estão no terreno. A operação foi planejada para coincidir com o movimento de protesto em países árabes vizinhos. A opinião pública foi levada a acreditar que o movimento de protesto havia se espalhado espontaneamente da Tunísia e do Egipto para a Líbia.
A administração Obama em consulta com os seus aliados está a ajudar uma rebelião armada, nomeadamente uma tentativa de golpe de Estado.
"A administração Obama está pronta a oferecer "qualquer tipo de assistência" a líbios que procurem derrubar Moammar Kadafi", disse secretária de Estado Hillary Clinton [27 Fevereiro]. "Temos estado a estender a mão a muito diferentes líbios que estão a tentar organizar-se no Leste e para que a revolução mova-se também em direcção Oeste", disse Clinton. "Penso que é demasiado cedo para dizer como isto vai terminar, mas temos de estar prontos e preparados para oferecer qualquer espécie de assistência que alguém pretenda ter dos Estados Unidos". Há esforços encaminhados para formar um governo provisório na parte Leste do país onde a rebelião começou em meados do mês.
Os EUA, disse Clinton, estão a ameaçar mais medidas contra o governo de Kadafi, mas não disse o que eram ou quando poderiam ser anunciadas. Os EUA deveriam "reconhecer algum governo provisório que eles estejam a tentar por de pé..." [McCain].
Lieberman falou em termos semelhantes, urgindo "apoio tangível, uma zona de interdição de voo, reconhecimento do governo revolucionário, o governo de cidadãos e apoiá-los com assistência humanitária e eu lhes forneceria armas" ( Clinton: US ready to aid to Libyan opposition - Associated, Press, February 27, 2011, sublinhados do autor).
A invasão planejada
Uma intervenção militar é agora contemplada pelas forças dos EUA e NATO sob um "mandato humanitário".
"Os Estados Unidos estão a mover forças navais e aéreas na região" para "preparar o conjunto completo de opções" na confrontação com a Líbia: o porta-voz do Pentágono, Cor. Dave Lapan, dos Fuzileiros Navais, fez este anúncio [1 Março]. Ele disse que "foi o presidente Obama que pediu aos militares para prepararem-se para estas opções", porque a situação na Líbia está a ficar pior". (Manlio Dinucci, Preparing for "Operation Libya": The Pentagon is "Repositioning" its Naval and Air Forces... , Global Research, March 3, 2011, sublinhado do autor)
O objectivo real da "Operação Líbia" não é estabelecer democracia mas sim tomar posse das reservas de petróleo líbias, desestabilizar a National Oil Corporation (NOC) e finalmente privatizar a indústria petrolífera do país, nomeadamente transferir o controle e a propriedade da riqueza petrolífera da Líbia para mãos estrangeiras. A National Oil Corporation (NOC) está classificada entre as 100 principais companhias de petróleo (A Energy Intelligence classifica a NOC no 25º lugar entre as 100 principais companhias do mundo – Libyaonline.com).
A Líbia está entre as maiores economias petrolíferas do mundo com aproximadamente 3,5% das reservas de petróleo globais, mais do que o dobro daquelas dos EUA.
A planejada invasão da Líbia, que já está em curso, faz parte do conjunto mais vasto da "Batalha pelo petróleo". Cerca de 80 por cento das reservas petrolíferas da Líbia estão localizadas na bacia do Golfo de Sirte da Líbia Oriental.
As concepções estratégicas por trás da "Operação Líbia" recordam empreendimentos militares anteriores dos EUA-NATO na Iugoslávia e no Iraque.
Na Iugoslávia, forças dos EUA-NATO desencadearam uma guerra civil. O objectivo era criar divisões políticas e étnicas, as quais finalmente levaram à fragmentação de todo um país. Este objectivo foi alcançado através do financiamento encoberto e do treino de forças paramilitares armadas, primeiro na Bósnia (Bosnian Muslim Army, 1991-95) e a seguir no Kosovo (Kosovo Liberation Army (KLA), 1998-1999).
Tanto no Kosovo como na Bósnia, a desinformação da mídia (incluindo mentiras rematadas e falsificações) foram utilizadas para apoiar afirmações dos EUA-UE de que o governo de Belgrado havia cometido atrocidades, justificando dessa forma uma intervenção militar com razões humanitárias.
Ironicamente, a "Operação Iugoslávia" agora está nos lábios dos feitores da política externa estadunidense: o senador Lieberman "comparou a situação na Líbia aos acontecimentos nos Balcãs na década de 1990 quando, disse ele, os EUA "intervieram para travar um genocídio contra os bósnios. E a primeira coisa que fizemos foi proporcionar-lhes as armas para defenderem-se. Isso é o que penso que podemos fazer na Líbia". ( Clinton: US ready to aid to Libyan opposition - Associated , Press, February 27, 2011, emphasis added).
O cenário estratégico seria pressionar rumo à formação e reconhecimento de um governo interino da província secessionista, tendo em vista finalmente fragmentar o país. Esta opção já está a caminho. A invasão da Líbia já começou.
"Centenas de conselheiros militares estadnidenses, britânicos e franceses chegaram à Cirenáica, a província separatista do Leste... Os conselheiros, incluindo oficiais de inteligência, foram lançados de navios de guerra e navios de mísseis nas cidades costeiras de Benghazi e Tobruk" ( Debkafile, US military advisers in Cyrenaica, February 25, 2011).
Forças especiais dos EUA e aliados estão no terreno na Líbia Oriental, proporcionando apoio encoberto aos rebeldes. Isto foi reconhecido quando comandos britânicos das Forças Especiais (SAS) foram presos na região de Benghazi. Estavam a atuar como conselheiros militares para forças de oposição:
"Oito comandos de forças especiais britânicas, numa missão secreta para colocar diplomatas britânicas em contacto com oponentes destacados do Cro. Muammar Kadafi na Líbia, acabaram humilhados depois de terem apoiado forças rebeldes na Líbia Oriental", informa o Sunday Times de hoje.
Os homens, armados mas à paisana, afirmaram que foram verificar as necessidades da oposição e oferecer ajuda" (Top UK commandos captured by rebel forces in Libya: Report, Indian Express , March 6, 2011, sublinhado do autor).
As forças SAS foram presas quando escoltavam uma "missão diplomática" britânica a qual entrou ilegalmente no país (sem dúvida de um navio de guerra britânico) para discussões com líderes da rebelião. O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico reconheceu que "uma pequena equipe diplomática britânica foi enviada à Líbia Oriental para iniciar contactos com a oposição rebelde" (U.K. diplomatic team leaves Libya - World - CBC News, March 6, 2011).
Ironicamente, as reportagens não só confirmam a intervenção militar ocidental (incluindo várias centenas de forças especiais), como também reconhecem que a rebelião se opunha firmemente à presença ilegal de tropas estrangeiras sobre o solo líbio:
"A intervenção da SAS enraiveceu figuras líbias da oposição as quais ordenram que os soldados fossem trancados numa base militar. Oponentes de Kadafi temem que ele possa utilizar qualquer evidência de interferência militar ocidental para congregar apoio patriótico para seu regime" (Reuters, March 6, 2011).
O "diplomata" britânico capturado com soldados das forças especiais era membro da inteligência britânica, um agente do MI6 numa "missão secreta" (The Sun, March 7, 2011).
Declarações dos EUA e NATO confiram que estão a ser fornecidas armas às forças de oposição. Há indicações, embora não prova clara até agora, de que foram entregues armas aos insurgentes antes do desencadeamento da rebelião. Com toda probabilidade, conselheiros militares e de inteligência dos EUA e NATO também estavam no terreno antes da insurreição. Este foi o padrão aplicado no Kosovo: forças especiais apoiando e treinando o Kosovo Liberation Army (KLA) nos meses que antecederam a campanha de bombardeamento de 1999 e a invasão da Iugoslávia.
Tal como os acontecimentos se desdobram, contudo, forças do governo líbio recuperaram controle sobre posições rebeldes:
"A grande ofensiva das forças pró-Kadafi lançadas [4 Março] para arrebatar das mãos dos rebeldes o controle das cidades e centros petrolíferos mais importantes da Líbia resultou [5 Março] na recaptura da cidade chave de Zawiya e da maior parte das cidades petrolíferas em torno do Golfo de Sirte. Em Washington e Londres, a conversa da intervenção militar ao lado da oposição líbia foi emudecida pela percepção de que a inteligência de campo de ambos os lados do conflito líbio era demasiado incompleta para servir de base à tomada de decisões" (Debkafile, Qaddafi pushes rebels back. Obama names Libya intel panel , March 5, 2011, sublinhado do autor).
O movimento da oposição está fortemente dividido quanto à questão da intervenção estrangeira. A divisão é entre o movimento das bases por um lado e os "líderes" apoiados pelos EUA da insurreição armada que são a favor da intervenção militar estrangeira por "razões humanitárias".
A maioria da população líbia, tanto os apoiantes como os oponentes do regime, é fortemente oposta a qualquer forma de intervenção externa.
Desinformação da mídia
Os vastos objetivos estratégicos subjacentes à invasão proposta não são mencionados pela mídia. A seguir a uma campanha enganosa da mídia, em que notícias eram literalmente falsificadas sem relação com o que realmente estava a acontecer no terreno, um amplo setor da opinião pública internacional concedeu o seu firme apoio à intervenção estrangeira, por razões humanitárias.
A invasão está na prancheta do Pentágono. Está destinada a ser executada independentemente dos desejos do povo da Líbia, incluindo o dos oponentes do regime, os quais têm exprimido a sua aversão à intervenção militar estrangeira em desrespeito da soberania da nação.
Posicionamento da força naval e aérea
Caso esta intervenção militar fosse executada resultaria numa guerra geral, uma blitzkrieg, implicando o bombardeamento tanto de alvos militares como civis. A este respeito, o general James Mattis, comandante do U.S. Central Command (USCENTCOM), declarou que o estabelicimento de uma "zona de interdição de voo" envolveria de fato uma campanha de bombardeamento geral, que alvejasse entre outras coisas o sistema de defesa aérea da Líbia.
"Seria uma operação militar – não seria suficiente dizer às pessoas para não voarem com aviões. Teria de ser removida a capacidade de defesa aérea a fim de estabelecer uma zona de interdição de voo, que não haja ilusões quanto a isto" ( U.S. general warns no-fly zone could lead to all-out war in Libya , Mail Online, March 5, 2011, sublinhado do autor).
Uma força naval dos EUA e de aliados foi posicionada ao longo da costa líbia. O Pentágono está a mover seus vasos de guerra para o Mediterrâneo. O porta-aviões USS Enterprise transitou através do Canal de Suez poucos dias após a insurreição ( http://www.enterprise.navy.mil). Os navios anfíbios dos EUA, USS Ponce e USS Kearsarge, também foram posicionados no Mediterrâneo.
Foram despachados 400 fuzileiros navais dos EUA para a ilha grega de Creta "antes do seu posicionamento em navios de guerra ao largo da Líbia" (Operation Libya": US Marines on Crete for Libyan deployment , Times of Malta, March 3, 2011).
Enquanto isso, a Alemanha, França, Grã-Bretanha, Canadá e Itália estão no processo de posicionar vasos de guerra ao longo da costa líbia.
A Alemanha posicionou três navios de guerra utilizando o pretexto da assistência na evacuação de refugiados sobre a fronteira Líbia-Tunísia. "A França decidiu enviar o Mistral, o seu porta-helicópteros, os quais, segundo o Ministério da Defesa, contribuirão para a evacuação de milhares de egípcios" ( Towards the Coasts of Libya: US, French and British Warships Enter the Mediterranean , Agenzia Giornalistica Italia, March 3, 2011). O Canadá despachou (2 Março) a fragata HMCS Charlettetown.
Entretanto, a US 17th Air Force, chamada US Air Force Africa, baseada na Ramstein Air Force Base, na Alemanha, está a assistir na evacuação de refugiados. As instalações da força aérea EUA-NATO na Grã-Bretanha, Itália, França e Médio Oriente estão em prontidão.
Acho tudo isso muito plausivel a tal da tentativa de provocar uma revolta, contudo essa revolta ainda é espontânea e genuinamente popular. Não existe a menor chance de uma invasão estrangeira nos moldes do passado. A Brasil, India e África do Sul já se manifestaram contrarios a qualquer decisão que não passe pelo aval da ONU, a China e Russia tem inclinações pacificas logo vai engrossar o veto de invasão armada.
ResponderExcluirEsses Líbios são muito espertos, essa historia de prender os ingleses foi uma sacada. As bestas inglesas, tão inteligentes, tão astutos devem está se perguntando onde erramos. ADOREI, mexeram com os brios dos Líbios agora vão ter que aguentar. Kadafi vai cair mas pelas mãos do povo, do contrário todo mundo se uni contra a OTAN e a coitada que já anda muito ruim das pernas vai sair com o rabinho entre as mesmas.
Não gosto da Grã-Bretanha e todas as suas armações desde a II grande Guerra, a filha da @#$%&% , a @#$%&*, e a #$@#$$$, quando a França foi invadida fez uma festa, pois sabia que EUA entrariam no conflito.
A Grã-Bretanha só brigou com a Alemanha por conta de espolio de guerra, afinal a Alemanha tinha deixado de pagar a divida junto aos vencedores da I grande Guerra pois estava na ruina e não tinha mais de onde tirar dinheiro, e nada alem disso. Muitos dizem que foi por que a Alemanha invadiu seus vizinhos e a generosa Inglaterra se compadeceu com as vitimas entrando no conflito, isso é a maior mentira já contada.
Não gosto do jeito da Grã-Bretanha fazer politica, não gosto, não gosto e não gosto. Ainda bem que a primeira mascara já caiu. Sempre tive a certeza que a mão grande da Grã-Bretanha estava metida nisso, agora isso está claríssimo afinal foram só ingleses presos, até agora nenhum estadunidense está na lista de detidos.
Minha intuição diz que o Obama não quer invadir a Libia e todos os fatos até agora demonstram isso. Colocar navios proximo a Libia é uma coisa agora dar o primeiro tiro tenho duvidas, apesar de saber que a Grã-Bretanha e França vão fazer de tudo para que isso aconteça. Essa França do Nicolai eu não gosto não. Espero que a esquerda francesa ganhe a proxima eleição.
Discordo da visão de que a inssurgência seja tão apenas espontânea e popular, muito embora negar esses dois elementos no processo seria estupidez! Não devemos esquecer que houve 400 mortos (oficialmente) nos protestos que derrubaram Mubarak, sem que se levantasse a proposta de intervenção estrangeira, humanitária, ao passo que na Líbia desde o princípio o imperialismo rufou os tambores. Quero dizer: a vendetta ianque contra Kadaffi é clara e cobiça suas imensas reservas energéticas, além de sufocar toda e qualquer pretensão avançada de um movimento que ainda permanece aceso na Tunísia, Rgito, Bahrein, etc
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