segunda-feira, 18 de abril de 2011

Movimentos sociais cobram queda dos juros

Reproduzo artigo de Leonardo Severo, publicado no jornal Hora do Povo:

Lideranças da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) defenderam em reunião com o secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, a necessidade de mudanças na política econômica, com a redução dos juros e do superávit primário e o inadiável enfrentamento à guerra cambial.



No encontro, realizado no Palácio do Planalto, a secretária nacional de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti, apresentou os 10 pontos centrais da pauta dos movimentos sociais, colocando ênfase na redução dos juros e na necessidade da participação dos movimentos sociais no Conselho Monetário Nacional, “para promover o desenvolvimento com distribuição de renda e valorização do trabalho”.

“Mudanças na política econômica, reforma agrária, urbana, política, da educação e da comunicação, defesa do pré-sal, redução da jornada sem redução de salário, garantia de trabalho decente contra o trabalho escravo, defesa da saúde pública e contra o fator previdenciário. Esta é a síntese da nossa pauta, que expressa o projeto de país que queremos ver implementado por esse governo”, declarou Rosane.

Para consolidar estes avanços, destacou a dirigente, “temos claro o papel da unidade das entidades populares que se aglutinam em torno da CMS e que têm demonstrado seu compromisso no enfrentamento com a direita reacionária e sua mídia, organizando e mobilizando as suas bases, no campo e na cidade”.

De acordo com Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira), vice-presidente da CGTB, um ponto chave a ser enfrentado neste momento é a guerra cambial desatada pelo governo dos EUA, que está arrebentando a economia nacional. “O juro alto atrai capital especulativo e deixa o real sobrevalorizado. Assim, as mercadorias de fora são colocadas dentro do país, destruindo a capacidade de produção da indústria nacional, comprometendo o salário e o emprego”, acrescentou.

Conforme o documento entregue pelas entidades, o projeto de desenvolvimento deve ter como foco “o fortalecimento da indústria e da produção nacional”, em especial nos “setores estratégicos”, “que agreguem valor e intensidade tecnológica à produção industrial”.

O presidente da União Nacional dos Estudantes, Augusto Chagas, reiterou que o primeiro ponto preocupante é a política econômica, apontada como “a tampa que impede que várias conquistas sociais possam se desenvolver de uma forma mais plena”. Por esta razão, frisou, o grande desafio da conjuntura é a mobilização popular para dar enfrentamento ao conservadorismo que impede o pleno desenvolvimento do Brasil.

Representando o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, João Paulo Rodrigues reiterou a relevância da CMS: “Nenhum fórum reúne esta amplitude de forças, se afirmando como espaço privilegiado de articulação e pressão por mudanças na política econômica”.

Diretora da Confederação das Mulheres do Brasil (CMB), Gláucia Morelli elogiou a “postura ousada” da presidenta Dilma de colocar como prioridade do governo a erradicação da miséria, mas lembrou que para que isso aconteça, “será necessário baixar os juros, enfrentar a remessa de lucros e a guerra cambial”. “O dinheiro que vamos ter é o dinheiro que não vai sair. Por isso a mudança na política é o primeiro ponto da nossa plataforma”, explicou.

Em nome da União Brasileira de Mulheres (UBM), Lúcia Stumpf defendeu o enfrentamento à alta dos juros e à política rentista como o “cerne” das propostas para que o país seja capaz de implementar reformas democráticas. “Estas transformações não serão passageiras, serão um conjunto que democratizará a estrutura de poder no país. Por isso, nos próximos meses, vamos às ruas para apoiar mudanças e garantir políticas mais ousadas”, destacou.

O secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, disse estar satisfeito em se reunir com “os principais movimentos do país e debatendo uma pauta estratégica, que dialoga com questões de fundo”, que “encontram-se em disputa, como a política econômica”. O ministro disse que, da parte do governo, há “abertura total para o diálogo” com as entidades populares e se comprometeu a encaminhar as demandas apresentadas pela CMS aos respectivos ministérios, que deverão se reunir com os representantes da Coordenação já no início de maio.

Conforme o secretário-geral da Presidência, será mantido um canal de negociação permanente com os movimentos sociais. “Governo é datado, tem dia para acabar e atua no limite da correlação de forças. Nosso papel é fazer a realidade no limite do possível”, declarou o ministro, lembrando que “sem mobilização, as coisas não ocorrem”.

Também participaram do encontro lideranças da CTB, da Marcha Mundial de Mulheres e de entidades negras, como a Conen e a Unegro.

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