Por Cinthia Ribas, no sítio da CTB:
Conjuntura internacional e nacional foi o tema que mobilizou os delegados e delegadas após a abertura 1º Conselho Nacional da CTB. Na mesa, coordenada por Sandra Maria, presidente da Fetagri MS, o jornalista Altamiro Borges (Miro), representante da Fundação Maurício Grabóis; Sérgio Miranda, do Forúm Sindical dos Trabalhadores; e José Carlos Sabóia, diretor da Fundação João Mangabeira e professor da UFERJ, fizeram uma retrospectiva das sucessivas crises econômicas que assolaram o mundo nas últimas décadas.
Os palestrantes foram unânimes ao elevar as críticas ao governo Dilma e à política monetária adotada, que prioriza os juros altos em detrimento de investimentos no setor social. E ao reforçar que a unidade construída dentro do movimento sindical será fundamental para elevar o protagonismo da classe trabalhadora dentro deste cenário que se desenha.
O governo tímido
Altamiro Borges, o Miro, que introduziu o tema, fez uma análise das últimas crises desencadeadas pelo capitalismo, presenciadas pelos trabalhadores, que sempre arcam com os prejuízos. Miro lembrou que a crise de 2008 foi uma das mais violentas e até hoje traz prejuízos, principalmente para os EUA e os países da Europa. “Os EUA ainda sentem os efeitos dessa crise. Eles estão a um passo de decretar calote na dívida externa. Já estouraram o limite 4 vezes”, afirmou.
Nesse sentido, o jornalista destacou que o presidente Barack Obama tem sido uma decepção para os trabalhadores. “Obama mexeu nos setores sociais, para não mexer nos impostos”.
O debatedor ressaltou que na Europa a situação não é diferente. “Na Espanha o desemprego tem índices altíssimos, principalmente, entre a juventude. Fato que revela as incertezas no mundo”, analisou ao completar que na América Latina a situação, apesar de melhor, inspira cuidados. Para Miro, apesar da América Latina se mostrar mais forte com a guinada da esquerda que levou ao poder governantes progressistas, é necessária precaução. “Temos que tomar cuidado com essas experiências, podem retroceder, pois não estão consolidadas. São muito frágeis devido ao grande papel exercido pelo capitalismo neste mundo globalizado”.
Miro destacou ainda que nesse sentido a construção da integração latino-americana tornou esses países muito mais fortes. Fato presenciado também no Brasil com a eleição do governo de Dilma Rousseff. “O resultado das últimas eleições mostrou que essa onda progressista continua em marcha no Brasil”, salientou. E que a surra eleitoral, onde um candidato muito conhecido da direita conservadora perdeu para uma candidata quase desconhecida, mostrando que o povo quis dar continuidade ao governo Lula, de caráter progressista.
Para o jornalista o governo Dilma ainda tem muito que avançar, pois se mostra tímido no que diz respeito à mudanças. “Esse governo tem se mostrado sem personalidade, pouco ousado, em todos os terrenos”. No terreno da política externa brasileira, ele é tímido, frágil.
Outro destaque feito por ele foi na questão da política monetária. “Na política macroeconômica, já cortaram parte do orçamento, em torno de 53 bilhões. E já estão falando num novo corte de orçamento”, indignou-se ao lembrar que o desafio agora está nas mãos do movimento sindical que terá que fortalecer a unidade construída para conseguir avançar na pauta dos trabalhadores.
“Dentro desse cenário, esse empenho da CTB em manter a unidade tem sido fundamental. A CTB está de parabéns. Só lamento que algumas centrais prefiram discutir os pontos que as dividem do que parte que unifiquem”, finalizou Altamiro Borges.
CTB no chão da fábrica
Opinião compartilhada em parte pelo representante do Fórum Sindical dos Trabalhadores, Sérgio Miranda. “Estamos vivendo um cenário de grandes transformações, com o enfraquecimento da hegemonia dos EUA”. Sérgio, no entanto, alertou que no Brasil a direita conservadora vem mostrando sua cara com a onda de violência homofóbica, xenofobia e discriminação.
“Estamos vivendo uma situação complexa. Após a eleição, a grande mídia, que funciona no Brasil como partido político, age para impor o programa derrotado nas eleições. E para piorar a situação não há no discurso do governo nenhum comentário sobre essa crise. É uma campanha despolitizada”.
Miranda afirma que os sindicalistas terão vários desafios. O primeiro é debater impasses como a política monetária, a altíssima taxa de juros de 6%, uma das mais altas do mundo.
O sindicalista destacou ainda outros impasses como o problema da desnacionalização, do envio de remessas ao exterior; o injusto sistema tributário, que prejudica os mais pobres; o incentivo do governo ao monopólio. Para ele, com a adoção dessa política, o governo deixa de fazer as discussões e políticas necessárias para o desenvolvimento do país, como a reforma agrária, o combate à miséria por meio do trabalho decente. “O combate à miséria é uma questão política e não administrativa. Como pode haver combate à miséria sem reforma agrária?”, indagou Miranda advertindo que essas questões são eixos de debates que o movimento sindical tem a obrigação de promover.
“Estamos vivendo o início de um auge no movimento sindical. Além das bandeiras gerais, temos que pegar as bandeiras concretas que atingem os trabalhadores. Como a questão do salário e da saúde, do trabalho descente. Se a central conseguir impulsionar a luta concentrada no salário e na questão do trabalho, podemos fortalecer e dar continuação a essa onde de revoltas que explodem pelo pais”, afirmou Miranda completando: “A partir dessa unidade construída vamos conseguir enfrentar a grande pressão patronal que não vai querer conceder os reajustes dos 13 e 14% no próximo ano e a pressão do mundo do trabalho que quer salário mais justo para viver. Nesse sentido, a força da CTB e seu caráter unitário, será fundamental para o mundo do trabalho e para a luta dos trabalhadores em geral”, concluiu.
Fazer política é disputar poder
“Temos que cumprir nosso papel, temos que exigir”, essa foi a crítica feita pelo professor José Carlos Sabóia, representante da Fundação João Mangabeira. Para ele, os trabalhadores têm que estar atentos, pois a atual situação do país é preocupante. “Estamos aqui não apenas para reivindicar salários – o que é muito bom obviamente - mas sim para disputar poder, para fazer política, articular projeto para o país”.
Assim como os demais participantes da mesa, Sabóia criticou a atuação do atual governo e a condução política. Na opinião do professor os trabalhadores devem tomar o poder nas mãos por meio dos debates, da política. “Fazer política é disputar poder. Os trabalhadores não podem ficar a mercê do governo, dar ou não pequenos reajustes”.
Sabóia fez questão de mostrar que os trabalhadores devem se conscientizar que são os sujeitos históricos do Brasil, para fazer muito mais do que garantir condições de trabalho para si e para os demais.
O professor ressaltou ainda que durante o governo Lula os embates foram menores, pois foi aberto o caminho para o movimento sindical. “Quando Lula viu que a situação esta perigando chamou as centrais. A Dilma não sabe fazer isso. Por isso, hoje acontece esse confronto. Temos que analisar como que ver como faremos isso”, analisou.
Outra questão preocupante, segundo ele, é a atual crise desencadeada no Ministério dos Transportes e que essa situação deve ser fiscalizada de perto pelas centrais sindicais. “Precisamos combater isso, tomar medidas, fazer auditoria, fiscalizar. Temos que sacudir o governo Dilma”.
“Precisamos transformar todo esse cenário nacional de política equivocada e injusta. As centrais devem ser protagonista desta mutação. Fazendo política e mobilizando os setores da sociedade para a consciência de classe. Só assim conseguiremos avançar e caminhar rumo à efetivação de um novo Projeto de Desenvolvimento Nacional, implantando as mudanças que o povo brasileiro precisa”, finalizou Sabóia.
Após as intervenções, a palavra foi passada aos delegados e delegadas oriundos de diversas regiões do país, que esclareceram suas dúvidas, contribuíram com opiniões e propostas.
Conjuntura internacional e nacional foi o tema que mobilizou os delegados e delegadas após a abertura 1º Conselho Nacional da CTB. Na mesa, coordenada por Sandra Maria, presidente da Fetagri MS, o jornalista Altamiro Borges (Miro), representante da Fundação Maurício Grabóis; Sérgio Miranda, do Forúm Sindical dos Trabalhadores; e José Carlos Sabóia, diretor da Fundação João Mangabeira e professor da UFERJ, fizeram uma retrospectiva das sucessivas crises econômicas que assolaram o mundo nas últimas décadas.
Os palestrantes foram unânimes ao elevar as críticas ao governo Dilma e à política monetária adotada, que prioriza os juros altos em detrimento de investimentos no setor social. E ao reforçar que a unidade construída dentro do movimento sindical será fundamental para elevar o protagonismo da classe trabalhadora dentro deste cenário que se desenha.
O governo tímido
Altamiro Borges, o Miro, que introduziu o tema, fez uma análise das últimas crises desencadeadas pelo capitalismo, presenciadas pelos trabalhadores, que sempre arcam com os prejuízos. Miro lembrou que a crise de 2008 foi uma das mais violentas e até hoje traz prejuízos, principalmente para os EUA e os países da Europa. “Os EUA ainda sentem os efeitos dessa crise. Eles estão a um passo de decretar calote na dívida externa. Já estouraram o limite 4 vezes”, afirmou.
Nesse sentido, o jornalista destacou que o presidente Barack Obama tem sido uma decepção para os trabalhadores. “Obama mexeu nos setores sociais, para não mexer nos impostos”.
O debatedor ressaltou que na Europa a situação não é diferente. “Na Espanha o desemprego tem índices altíssimos, principalmente, entre a juventude. Fato que revela as incertezas no mundo”, analisou ao completar que na América Latina a situação, apesar de melhor, inspira cuidados. Para Miro, apesar da América Latina se mostrar mais forte com a guinada da esquerda que levou ao poder governantes progressistas, é necessária precaução. “Temos que tomar cuidado com essas experiências, podem retroceder, pois não estão consolidadas. São muito frágeis devido ao grande papel exercido pelo capitalismo neste mundo globalizado”.
Miro destacou ainda que nesse sentido a construção da integração latino-americana tornou esses países muito mais fortes. Fato presenciado também no Brasil com a eleição do governo de Dilma Rousseff. “O resultado das últimas eleições mostrou que essa onda progressista continua em marcha no Brasil”, salientou. E que a surra eleitoral, onde um candidato muito conhecido da direita conservadora perdeu para uma candidata quase desconhecida, mostrando que o povo quis dar continuidade ao governo Lula, de caráter progressista.
Para o jornalista o governo Dilma ainda tem muito que avançar, pois se mostra tímido no que diz respeito à mudanças. “Esse governo tem se mostrado sem personalidade, pouco ousado, em todos os terrenos”. No terreno da política externa brasileira, ele é tímido, frágil.
Outro destaque feito por ele foi na questão da política monetária. “Na política macroeconômica, já cortaram parte do orçamento, em torno de 53 bilhões. E já estão falando num novo corte de orçamento”, indignou-se ao lembrar que o desafio agora está nas mãos do movimento sindical que terá que fortalecer a unidade construída para conseguir avançar na pauta dos trabalhadores.
“Dentro desse cenário, esse empenho da CTB em manter a unidade tem sido fundamental. A CTB está de parabéns. Só lamento que algumas centrais prefiram discutir os pontos que as dividem do que parte que unifiquem”, finalizou Altamiro Borges.
CTB no chão da fábrica
Opinião compartilhada em parte pelo representante do Fórum Sindical dos Trabalhadores, Sérgio Miranda. “Estamos vivendo um cenário de grandes transformações, com o enfraquecimento da hegemonia dos EUA”. Sérgio, no entanto, alertou que no Brasil a direita conservadora vem mostrando sua cara com a onda de violência homofóbica, xenofobia e discriminação.
“Estamos vivendo uma situação complexa. Após a eleição, a grande mídia, que funciona no Brasil como partido político, age para impor o programa derrotado nas eleições. E para piorar a situação não há no discurso do governo nenhum comentário sobre essa crise. É uma campanha despolitizada”.
Miranda afirma que os sindicalistas terão vários desafios. O primeiro é debater impasses como a política monetária, a altíssima taxa de juros de 6%, uma das mais altas do mundo.
O sindicalista destacou ainda outros impasses como o problema da desnacionalização, do envio de remessas ao exterior; o injusto sistema tributário, que prejudica os mais pobres; o incentivo do governo ao monopólio. Para ele, com a adoção dessa política, o governo deixa de fazer as discussões e políticas necessárias para o desenvolvimento do país, como a reforma agrária, o combate à miséria por meio do trabalho decente. “O combate à miséria é uma questão política e não administrativa. Como pode haver combate à miséria sem reforma agrária?”, indagou Miranda advertindo que essas questões são eixos de debates que o movimento sindical tem a obrigação de promover.
“Estamos vivendo o início de um auge no movimento sindical. Além das bandeiras gerais, temos que pegar as bandeiras concretas que atingem os trabalhadores. Como a questão do salário e da saúde, do trabalho descente. Se a central conseguir impulsionar a luta concentrada no salário e na questão do trabalho, podemos fortalecer e dar continuação a essa onde de revoltas que explodem pelo pais”, afirmou Miranda completando: “A partir dessa unidade construída vamos conseguir enfrentar a grande pressão patronal que não vai querer conceder os reajustes dos 13 e 14% no próximo ano e a pressão do mundo do trabalho que quer salário mais justo para viver. Nesse sentido, a força da CTB e seu caráter unitário, será fundamental para o mundo do trabalho e para a luta dos trabalhadores em geral”, concluiu.
Fazer política é disputar poder
“Temos que cumprir nosso papel, temos que exigir”, essa foi a crítica feita pelo professor José Carlos Sabóia, representante da Fundação João Mangabeira. Para ele, os trabalhadores têm que estar atentos, pois a atual situação do país é preocupante. “Estamos aqui não apenas para reivindicar salários – o que é muito bom obviamente - mas sim para disputar poder, para fazer política, articular projeto para o país”.
Assim como os demais participantes da mesa, Sabóia criticou a atuação do atual governo e a condução política. Na opinião do professor os trabalhadores devem tomar o poder nas mãos por meio dos debates, da política. “Fazer política é disputar poder. Os trabalhadores não podem ficar a mercê do governo, dar ou não pequenos reajustes”.
Sabóia fez questão de mostrar que os trabalhadores devem se conscientizar que são os sujeitos históricos do Brasil, para fazer muito mais do que garantir condições de trabalho para si e para os demais.
O professor ressaltou ainda que durante o governo Lula os embates foram menores, pois foi aberto o caminho para o movimento sindical. “Quando Lula viu que a situação esta perigando chamou as centrais. A Dilma não sabe fazer isso. Por isso, hoje acontece esse confronto. Temos que analisar como que ver como faremos isso”, analisou.
Outra questão preocupante, segundo ele, é a atual crise desencadeada no Ministério dos Transportes e que essa situação deve ser fiscalizada de perto pelas centrais sindicais. “Precisamos combater isso, tomar medidas, fazer auditoria, fiscalizar. Temos que sacudir o governo Dilma”.
“Precisamos transformar todo esse cenário nacional de política equivocada e injusta. As centrais devem ser protagonista desta mutação. Fazendo política e mobilizando os setores da sociedade para a consciência de classe. Só assim conseguiremos avançar e caminhar rumo à efetivação de um novo Projeto de Desenvolvimento Nacional, implantando as mudanças que o povo brasileiro precisa”, finalizou Sabóia.
Após as intervenções, a palavra foi passada aos delegados e delegadas oriundos de diversas regiões do país, que esclareceram suas dúvidas, contribuíram com opiniões e propostas.
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