Do sítio Vermelho:
A crise americana está longe de ser resolvida. Contudo, o Congresso dos Estados Unidos votará nesta segunda-feira (1º) um acordo preliminar entre republicanos e democratas que determina cortes nos gastos governamentais e a elevação do teto da dívida pública norte-americana, atualmente em US$ 14,3 trilhões. O governo está ameaçado de ter dificuldades para honrar parte da dívida.
O acordo, anunciado pelo presidente norte-americano, Barak Obama, neste domingo (31) à noite, pretende encerrar meses de disputas entre os dois principais partidos e tirar o país da rota do que poderia ser um calote sem precedentes. Segundo Obama, o acordo permitirá "evitar o default [suspensão de pagamentos] e encerrar a crise que Washington impôs ao resto dos Estados Unidos". O presidente afirmou que este acordo vai reduzir em cerca de US$ 1 trilhão os gastos nos próximos dez anos.
Os investidores impulsionavam as ações e vendiam ativos mais seguros nesta segunda-feira, apostando que o acordo de último minuto em Washington significará que a economia dos Estados Unidos evitará o calote. Existe a possibilidade, porém, de que agências de classificação de risco rebaixem os Treasuries (títulos da dívida americana), tirando-os da nota "AAA", medida que pode ter impacto sobre os valores de uma série de outros ativos.
Os mercados também digeriam dados que indicaram um crescimento estagnante na economia global, com a atividade industrial chinesa desacelerando e a produção manufatureira reduzida na zona do euro.
O pacote deve passar sem dificuldades pelo Senado, mas deve enfrentar resistências na Câmara de Representantes, pois os republicanos, que são oposição, disseram-se insatisfeitos com o que foi negociado ontem.
O acordo preliminar eleva o teto da dívida, atualmente em US$ 14,3 trilhões, em cerca de US$ 2 trilhões, permitindo que o governo tome novos empréstimos e continue financiando sua dívida até, pelo menos, 2013.
Uma das principais exigências dos democratas é que o novo prazo para revisão do teto não caia no ano eleitoral de 2012. A contrapartida exigida pelos republicanos prevê cortes no déficit público que podem chegar a US$ 2,4 trilhões ao longo da próxima década.
Segundo as negociações, esses cortes seriam feitos em duas etapas e poderiam exigir a criação de um comitê no Congresso que seria responsável por propor as áreas de onde sairiam os recursos. Em um primeiro momento, os cortes para os próximos dez anos ficariam em torno de US$ 900 bilhões. O volume adicional de cortes ainda precisa ser determinado.
O acordo afasta o risco de suspensão imediata de pagamentos da dívida, mas não descarta que a avaliação dos títulos da dívida pública americana seja revista para abaixo do atual patamar de nota máxima. O mercado aguarda que as três principais agências de risco se pronunciem sobre o conteúdo do que foi negociado.
Obama não entrou em detalhes sobre os números do plano, mas assegurou que os cortes de gastos colocarão as despesas domésticas no "nível mais baixo anual desde que Dwight Eisenhower era presidente" (1953-1961), mas "a um nível que nos permitirá fazer investimentos necessários para criar emprego, em setores como o educativo ou o de pesquisa".
Nos próximos meses, o presidente vai continuar comunicando aos legisladores seus argumentos em defesa de um "plano equilibrado", que acabe acrescentando retoques ao acordo atual para "finalizar o trabalho".
Situação crítica
No último dia 16 de maio, os Estados Unidos atingiram o limite legal de endividamento público – de US$ 14,3 trilhões (cerca de R$ 22,2 trilhões). Na ocasião, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, usou ajustes de contabilidade, assim como receitas fiscais mais altas que o previsto, para seguir operando normalmente, mas só pode continuar dessa forma até a meia-noite de terça-feira.
Segundo levantamentos do governo, o país não teria mais dinheiro disponível para honrar seus compromissos no próximo dia 2 de agosto. Líderes empresariais e financeiros advertiram que o não cumprimento dos pagamentos se traduziria em consequências catastróficas para a frágil economia americana, que ainda luta com um persistente desemprego de 9,2% na esteira da crise global de 2008.
Por duas vezes ao longo do último mês, autoridades da China, que é a maior credora dos EUA, pediram maior responsabilidade do império com os investidores externos. Os norte-americanos já impuseram aos estrangeiros uma redução unilateral no valor dos seus ativos em dólar (e do passivo estadunidense) através da política de desvalorização da sua moeda por meio da emissão de mais de US$ 2 trilhões.
Qualquer que seja a saída para o impasse, a situação da economia continuará crítica nos EUA, na Europa e, por extensão, no mundo. A tesoura sobre os gastos públicos num momento de alto desemprego e estagnação da produção nos dois lados do Atlântico vai alimentar a crise, impedir a recuperação e, quem sabe, jogar o mundo numa nova recessão. Sem a possibilidade de recorrer ao déficit fiscal para estimular a economia, é bem provável que o Federal Reserve retome a política de emissões, jogando mais lenha no fogo da guerra cambial e da inflação.
A crise surpreende muitos observadores, assume uma aparência surrealista e arranha a reputação dos títulos do Tesouro norte-americano, até ontem considerados como os mais seguros do mundo.
O tamanho dos débitos que assustam o mundo reflete o crescente parasitismo dos EUA, que será forçado a restringir o consumismo, e evidencia a irracionalidade da atual ordem econômica internacional, fundada na liderança estadunidense e no padrão dólar.
Seria muito bom para a humanidade se o déficit fosse reduzido com um corte profundo das despesas militares, o fim das guerras imperialistas no Oriente Médio e a retirada das bases (mais de 800) que o império mantém pelo mundo. Mas não é isto que está no horizonte sombrio da economia política internacional.
A crise americana está longe de ser resolvida. Contudo, o Congresso dos Estados Unidos votará nesta segunda-feira (1º) um acordo preliminar entre republicanos e democratas que determina cortes nos gastos governamentais e a elevação do teto da dívida pública norte-americana, atualmente em US$ 14,3 trilhões. O governo está ameaçado de ter dificuldades para honrar parte da dívida.
O acordo, anunciado pelo presidente norte-americano, Barak Obama, neste domingo (31) à noite, pretende encerrar meses de disputas entre os dois principais partidos e tirar o país da rota do que poderia ser um calote sem precedentes. Segundo Obama, o acordo permitirá "evitar o default [suspensão de pagamentos] e encerrar a crise que Washington impôs ao resto dos Estados Unidos". O presidente afirmou que este acordo vai reduzir em cerca de US$ 1 trilhão os gastos nos próximos dez anos.
Os investidores impulsionavam as ações e vendiam ativos mais seguros nesta segunda-feira, apostando que o acordo de último minuto em Washington significará que a economia dos Estados Unidos evitará o calote. Existe a possibilidade, porém, de que agências de classificação de risco rebaixem os Treasuries (títulos da dívida americana), tirando-os da nota "AAA", medida que pode ter impacto sobre os valores de uma série de outros ativos.
Os mercados também digeriam dados que indicaram um crescimento estagnante na economia global, com a atividade industrial chinesa desacelerando e a produção manufatureira reduzida na zona do euro.
O pacote deve passar sem dificuldades pelo Senado, mas deve enfrentar resistências na Câmara de Representantes, pois os republicanos, que são oposição, disseram-se insatisfeitos com o que foi negociado ontem.
O acordo preliminar eleva o teto da dívida, atualmente em US$ 14,3 trilhões, em cerca de US$ 2 trilhões, permitindo que o governo tome novos empréstimos e continue financiando sua dívida até, pelo menos, 2013.
Uma das principais exigências dos democratas é que o novo prazo para revisão do teto não caia no ano eleitoral de 2012. A contrapartida exigida pelos republicanos prevê cortes no déficit público que podem chegar a US$ 2,4 trilhões ao longo da próxima década.
Segundo as negociações, esses cortes seriam feitos em duas etapas e poderiam exigir a criação de um comitê no Congresso que seria responsável por propor as áreas de onde sairiam os recursos. Em um primeiro momento, os cortes para os próximos dez anos ficariam em torno de US$ 900 bilhões. O volume adicional de cortes ainda precisa ser determinado.
O acordo afasta o risco de suspensão imediata de pagamentos da dívida, mas não descarta que a avaliação dos títulos da dívida pública americana seja revista para abaixo do atual patamar de nota máxima. O mercado aguarda que as três principais agências de risco se pronunciem sobre o conteúdo do que foi negociado.
Obama não entrou em detalhes sobre os números do plano, mas assegurou que os cortes de gastos colocarão as despesas domésticas no "nível mais baixo anual desde que Dwight Eisenhower era presidente" (1953-1961), mas "a um nível que nos permitirá fazer investimentos necessários para criar emprego, em setores como o educativo ou o de pesquisa".
Nos próximos meses, o presidente vai continuar comunicando aos legisladores seus argumentos em defesa de um "plano equilibrado", que acabe acrescentando retoques ao acordo atual para "finalizar o trabalho".
Situação crítica
No último dia 16 de maio, os Estados Unidos atingiram o limite legal de endividamento público – de US$ 14,3 trilhões (cerca de R$ 22,2 trilhões). Na ocasião, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, usou ajustes de contabilidade, assim como receitas fiscais mais altas que o previsto, para seguir operando normalmente, mas só pode continuar dessa forma até a meia-noite de terça-feira.
Segundo levantamentos do governo, o país não teria mais dinheiro disponível para honrar seus compromissos no próximo dia 2 de agosto. Líderes empresariais e financeiros advertiram que o não cumprimento dos pagamentos se traduziria em consequências catastróficas para a frágil economia americana, que ainda luta com um persistente desemprego de 9,2% na esteira da crise global de 2008.
Por duas vezes ao longo do último mês, autoridades da China, que é a maior credora dos EUA, pediram maior responsabilidade do império com os investidores externos. Os norte-americanos já impuseram aos estrangeiros uma redução unilateral no valor dos seus ativos em dólar (e do passivo estadunidense) através da política de desvalorização da sua moeda por meio da emissão de mais de US$ 2 trilhões.
Qualquer que seja a saída para o impasse, a situação da economia continuará crítica nos EUA, na Europa e, por extensão, no mundo. A tesoura sobre os gastos públicos num momento de alto desemprego e estagnação da produção nos dois lados do Atlântico vai alimentar a crise, impedir a recuperação e, quem sabe, jogar o mundo numa nova recessão. Sem a possibilidade de recorrer ao déficit fiscal para estimular a economia, é bem provável que o Federal Reserve retome a política de emissões, jogando mais lenha no fogo da guerra cambial e da inflação.
A crise surpreende muitos observadores, assume uma aparência surrealista e arranha a reputação dos títulos do Tesouro norte-americano, até ontem considerados como os mais seguros do mundo.
O tamanho dos débitos que assustam o mundo reflete o crescente parasitismo dos EUA, que será forçado a restringir o consumismo, e evidencia a irracionalidade da atual ordem econômica internacional, fundada na liderança estadunidense e no padrão dólar.
Seria muito bom para a humanidade se o déficit fosse reduzido com um corte profundo das despesas militares, o fim das guerras imperialistas no Oriente Médio e a retirada das bases (mais de 800) que o império mantém pelo mundo. Mas não é isto que está no horizonte sombrio da economia política internacional.
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