Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Minha avozinha diria que “o mundo está de cabeça para baixo”. Era o que dizia, em seus últimos anos, enquanto via seu mundo mudar – nem sempre para melhor. Certamente é o que diria vendo Fernando Henrique Cardoso defendendo que seu partido apóie o governo Dilma e manifestando preocupação com a queda contínua de seus ministros.
A aproximação de políticos como Dilma, FHC e Geraldo Alckmin no âmbito de algum tipo de mutirão suprapartidário contra a pobreza e a miséria, porém, é ruim para dois políticos que têm muito pouco em comum: Lula e José Serra, que vêm mantendo o tom beligerante contra seus adversários.
Tanto o ex-presidente quanto o ex-governador de São Paulo continuam batendo nos adversários – o petista bate na mídia e na oposição e o tucano na herança lulista e na “corrupção e falta de rumo deste governo”. E parecem pouco dispostos a contemporizar.
Nos respectivos partidos de Lula e Serra, a situação é parecida. PT e PSDB abrigam setores inconformados com a aproximação entre petistas e tucanos, mesmo que tal aproximação venha se resumindo ao “namoro” entre Dilma, FHC e, agora, Alckmin.
É difícil dizer, ainda, quais facções são majoritárias dentro desses partidos. No PSDB, parece haver um interesse maior pela aproximação. Talvez até por falta de opções – Serra estaria isolado dentro de seu partido devido à sua pregação a favor da beligerância contra o governo Dilma e a herança de Lula. Já no PT, ainda não está claro qual é a corrente majoritária.
Quem conhece algum petista de relevância sabe quanta preocupação há devido à “faxina ética” de Dilma – que, nos últimos dias, ela passou a negar – e ao discurso tucano-midiático sobre “herança maldita” – que vem recebendo, da presidente, um silêncio ensurdecedor. Esse setor do PT julga que tanto a “faxina” quanto a “herança maldita” depõem contra a liderança maior do partido.
São justas as preocupações desses setores do PT. Durante seu período na Presidência e mesmo antes dele, Lula foi sempre maior do que o partido. Elegeu milhares de petistas e aliados pelo Brasil afora e, sem seu apoio, todos teriam sucumbido durante a artilharia midiática da década passada contra o governo do país, seu partido e aqueles aliados.
Dilma passou a negar a “faxina” e a contrapor feitos do governo anterior à tal “herança maldita”, mas a mídia insiste. Setores restritos do PT reclamam da falta de empenho de quem tem a caneta presidencial em combater teses da oposição midiática que se teme que afetem a imagem daquele que é o maior ativo eleitoral petista.
Enquanto Dilma e FHC não saem da mídia com as palavras melosas que vêm dedicando um ao outro em encontros freqüentes, Serra passou a ser ignorado e Lula, metralhado.
Por outro lado, é prematuro dizer que a mídia aderiu a FHC e isolou Serra. Não se pode esquecer de que o ministro demissionário Wagner Rossi atribuiu ao ex-governador a autoria das acusações que culminaram a com a sua saída do governo. Seria verdadeiro, assim, esse “isolamento” de Serra? Como pode estar isolado quem continua puxando os cordões da mídia?
Sem dúvida, a política sofisticou-se no Brasil. As estratégias são muito menos evidentes, chegando ao ponto de fazerem crer, a muitos, que não são estratégias. Há quem acredite, por exemplo, que PT e PSDB se uniriam contra a miséria. Estariam superando as divergências por causa nobilíssima, acreditam.
A divisão de lucros e prejuízos, por incrível que possa parecer, tem sido pior para os petistas e aliados apesar de terem começado o ano por cima da carne seca. O governo Dilma aparece prejudicado nas pesquisas e a mídia – sempre um braço da direita – ganha credibilidade com a concordância desse governo às suas denúncias.
De qualquer forma, a prevalência de Dilma e FHC sobre Lula e Serra é clara ao menos no noticiário. Só não se sabe se os líderes petistas e tucanos não engendraram uma estratégia do tipo “tira bom, tira mau”, imortalizada por Hollywood em filmes em que um policial bonzinho e outro malvado interrogam um preso.
Vale a pena deixar a imagem de Lula se deteriorar para obter um pacto de convivência com a mídia? O que será do PT sem um Lula forte e influente, capaz de transferir a outros a popularidade que transferiu a Dilma no ano passado? E para o PSDB, vale condescender com um governo contra o qual fez tantas acusações?
Por enquanto, só quem vem ganhando com o novo quadro político, é a mídia. Como tem lado, no entanto, os tucanos acabarão sendo beneficiados. Ano que vem, durante as eleições municipais, a tal “corrupção” herdada de Lula pode diminuir o poder dele de transferir votos. E a mídia ganhou credibilidade para indicar os “melhores” candidatos.
Minha avozinha diria que “o mundo está de cabeça para baixo”. Era o que dizia, em seus últimos anos, enquanto via seu mundo mudar – nem sempre para melhor. Certamente é o que diria vendo Fernando Henrique Cardoso defendendo que seu partido apóie o governo Dilma e manifestando preocupação com a queda contínua de seus ministros.
A aproximação de políticos como Dilma, FHC e Geraldo Alckmin no âmbito de algum tipo de mutirão suprapartidário contra a pobreza e a miséria, porém, é ruim para dois políticos que têm muito pouco em comum: Lula e José Serra, que vêm mantendo o tom beligerante contra seus adversários.
Tanto o ex-presidente quanto o ex-governador de São Paulo continuam batendo nos adversários – o petista bate na mídia e na oposição e o tucano na herança lulista e na “corrupção e falta de rumo deste governo”. E parecem pouco dispostos a contemporizar.
Nos respectivos partidos de Lula e Serra, a situação é parecida. PT e PSDB abrigam setores inconformados com a aproximação entre petistas e tucanos, mesmo que tal aproximação venha se resumindo ao “namoro” entre Dilma, FHC e, agora, Alckmin.
É difícil dizer, ainda, quais facções são majoritárias dentro desses partidos. No PSDB, parece haver um interesse maior pela aproximação. Talvez até por falta de opções – Serra estaria isolado dentro de seu partido devido à sua pregação a favor da beligerância contra o governo Dilma e a herança de Lula. Já no PT, ainda não está claro qual é a corrente majoritária.
Quem conhece algum petista de relevância sabe quanta preocupação há devido à “faxina ética” de Dilma – que, nos últimos dias, ela passou a negar – e ao discurso tucano-midiático sobre “herança maldita” – que vem recebendo, da presidente, um silêncio ensurdecedor. Esse setor do PT julga que tanto a “faxina” quanto a “herança maldita” depõem contra a liderança maior do partido.
São justas as preocupações desses setores do PT. Durante seu período na Presidência e mesmo antes dele, Lula foi sempre maior do que o partido. Elegeu milhares de petistas e aliados pelo Brasil afora e, sem seu apoio, todos teriam sucumbido durante a artilharia midiática da década passada contra o governo do país, seu partido e aqueles aliados.
Dilma passou a negar a “faxina” e a contrapor feitos do governo anterior à tal “herança maldita”, mas a mídia insiste. Setores restritos do PT reclamam da falta de empenho de quem tem a caneta presidencial em combater teses da oposição midiática que se teme que afetem a imagem daquele que é o maior ativo eleitoral petista.
Enquanto Dilma e FHC não saem da mídia com as palavras melosas que vêm dedicando um ao outro em encontros freqüentes, Serra passou a ser ignorado e Lula, metralhado.
Por outro lado, é prematuro dizer que a mídia aderiu a FHC e isolou Serra. Não se pode esquecer de que o ministro demissionário Wagner Rossi atribuiu ao ex-governador a autoria das acusações que culminaram a com a sua saída do governo. Seria verdadeiro, assim, esse “isolamento” de Serra? Como pode estar isolado quem continua puxando os cordões da mídia?
Sem dúvida, a política sofisticou-se no Brasil. As estratégias são muito menos evidentes, chegando ao ponto de fazerem crer, a muitos, que não são estratégias. Há quem acredite, por exemplo, que PT e PSDB se uniriam contra a miséria. Estariam superando as divergências por causa nobilíssima, acreditam.
A divisão de lucros e prejuízos, por incrível que possa parecer, tem sido pior para os petistas e aliados apesar de terem começado o ano por cima da carne seca. O governo Dilma aparece prejudicado nas pesquisas e a mídia – sempre um braço da direita – ganha credibilidade com a concordância desse governo às suas denúncias.
De qualquer forma, a prevalência de Dilma e FHC sobre Lula e Serra é clara ao menos no noticiário. Só não se sabe se os líderes petistas e tucanos não engendraram uma estratégia do tipo “tira bom, tira mau”, imortalizada por Hollywood em filmes em que um policial bonzinho e outro malvado interrogam um preso.
Vale a pena deixar a imagem de Lula se deteriorar para obter um pacto de convivência com a mídia? O que será do PT sem um Lula forte e influente, capaz de transferir a outros a popularidade que transferiu a Dilma no ano passado? E para o PSDB, vale condescender com um governo contra o qual fez tantas acusações?
Por enquanto, só quem vem ganhando com o novo quadro político, é a mídia. Como tem lado, no entanto, os tucanos acabarão sendo beneficiados. Ano que vem, durante as eleições municipais, a tal “corrupção” herdada de Lula pode diminuir o poder dele de transferir votos. E a mídia ganhou credibilidade para indicar os “melhores” candidatos.
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