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Os cortes previstos pelo governo português foram novamente motivo de protestos neste sábado (12/11) em todo o país. As manifestações foram encabeçadas por funcionários públicos e militares, que se manifestaram no centro de Lisboa contra os últimos reajustes salariais.
Milhares de pessoas, 10 mil só de militares, se concentraram entre as praças dos Restauradores e do Comércio para exibir cartazes contra as últimas reformas do governo português e seu principal incentivador, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, do PSD (Partido Social-Democrata, de direita).
Apesar dos protestos serem independentes e separados por alguns metros, ambos compartilharam boa parte das reivindicações, focadas no projeto orçamentário do governo português para 2012.
Os três sindicatos da Administração Pública se uniram neste sábado, o que não ocorria há anos, para convocar uma manifestação contra as medidas de ajustes dirigidas ao setor.
O congelamento salarial e um corte de 5% nos salários são algumas dessas medidas, que já haviam sido foram adotadas pelo governo anterior, comandado pelo PS (Partido Socialista, centro-esquerda). A supressão de pagamentos extras para quem receber mais de mil euros, medida adotada pelo atual Executivo, também gerou protestos.
Os organizadores da manifestação destacaram que os protestos deste sábado foram apenas um "ensaio" para uma reunião ainda mais importante, que será realizada no próximo dia 24 de novembro. Nesta ocasião, os trabalhadores deverão acordar uma greve geral em Portugal.
A manifestação deste sábado também contou com policiais, agentes da Guarda Nacional Republicana e funcionários dos presídios. Eles chegaram de diferentes cidades do país para protestar contra a precariedade nas condições de trabalho, além do cancelamento das promoções e a redução salarial sofrida nos últimos anos.
O objetivo desta concentração é "sensibilizar" o presidente Aníbal Cavaco Silva, que também é o comandante supremo do Exército, para que não promulgue o projeto orçamentário e o devolva à Câmara.
O próprio primeiro-ministro luso admitiu neste sábado "compreender" as queixas da população, ressaltando que está consciente de que está pedindo "um nível de sacrifício muito grande" aos portugueses.
O protesto dos militares também foi envolvido em outra polêmica, após algumas declarações do general Otelo Saraiva, um dos organizadores da Revolução dos Cravos, que pôs fim à ditadura de Salazar em Portugal em 1974. Saraiva defendeu um novo golpe militar para derrubar o atual governo.
O general, que disputou as eleições presidenciais em 1976 e 1980, já tinha declarado que, se soubesse que Portugal estaria na atual situação, não lideraria a Revolução.
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