Por Gabriel Brito, no sítio Correio da Cidadania:
Apesar das denúncias que estudiosos e a chamada mídia alternativa sempre registram contra os abusos dos grandes veículos de imprensa, insistir em assinalar suas ‘escorregadas’ segue sendo uma tarefa necessária, haja vista a importância dos jornais, sites, televisões e rádios na formação do pensamento nacional, mais objetivamente, na “batalha das idéias”.
Dessa forma, vale repassar alguns fatos recentes e as respectivas abordagens conferidas pelos veículos de comunicação mais tradicionais, cada vez mais patronais e mercadistas em sua orientação ideológica, ainda que os tempos de crise causada pelo receituário político-econômico que defenderam exaustivamente recomendassem algum arejamento e reflexão.
São Paulo: um desastre de ‘culpados’ anônimos
Em sua militância partidária, a mídia paulista, especialmente a Folha de S. Paulo, segue empenhada em ofuscar o descalabro que os governos tucanos promoveram em São Paulo nos últimos 20 anos.
Principalmente quando se trata de saúde e educação, provavelmente os dois temas mais caros a todos, pratica-se um jornalismo persecutório a educadores, médicos, trabalhadores comuns de repartições públicas, geralmente acompanhado de informações dando conta de que houve investimento do poder público no local visitado pela reportagem.
Isso ocorreu clara e freqüentemente ao longo deste ano, o primeiro da nova gestão Alckmin. Quando da greve das escolas técnicas, houve pesada propaganda da excelência desses centros que formam milhares de novos profissionais preparados. Ao depararmos com a realidade, entretanto, verifica-se somente abandono e muito voluntarismo de professores, pais e profissionais de “baixa patente” do âmbito escolar.
Deseducando o debate e os leitores
Já nas discussões de alteração da carga disciplinar, a reação foi histérica e imediata. Argumentando tortuosamente a imperiosidade de se ensinar o mais necessário à vida real das pessoas e sociedades, desqualificou-se, sem analisar a fundo, todo um projeto que NÃO visa oferecer menos estudo. O objetivo, muito evidente, seria reformular e tornar mais abrangentes nossas grades curriculares, indo, quem sabe, em direção à emancipação e desenvolvimento de habilidades e sensibilidades que a escola atual claramente não propicia mais, especialmente aquela a que os pobres têm acesso.
No entanto, quando um jornal que não critica há décadas os governos responsáveis pela educação pública criminaliza e desqualifica as lutas dos professores e defende políticas produtivistas que só precarizam essa nobre profissão, é obrigatório desconfiar de tamanho interesse pelo futuro de uma educação hoje tão desvalida - que muito obviamente precisa mesmo de reformas e trava intensa luta nacional pelo aumento do percentual mínimo do PIB investido na área.
Tal como mostrado pela revista Caros Amigos em primorosa edição especial sobre Educação, em junho deste ano, o que a mídia corporativa defende nada mais é do que a cartilha empresarial do setor, um ensino que seja voltado exclusivamente às necessidades do mercado. Trata-se da linha política e ideológica – apesar de negarem exatamente esse caráter – delineada pelo FMI e Banco Mundial quando voltaram olhares ao campo da educação, cada vez mais percebida como outro belo nicho econômico. E reproduzida por entidades nacionais como a Todos Pela Educação, composta por empresários do setor, em geral muito mais próximos e influentes no governo do que profissionais e militantes da educação dos chamados setores progressistas da sociedade.
Propagandeia-se, assim, a atual estrutura de nossas escolas, que oferecem uma formação básica com prioridade máxima a duas matérias, sugerindo que disciplinas mais ‘complexas’ fiquem para depois, na dita formação complementar, através de cursos superiores e paralelos, em geral pagos. Em resumo, para as massas, a mesma educação limitadora e acrítica. Quanto ao campo das idéias, abstrações, inovações, criações, o mesmo retrato histórico: branco e burguês; se possível, crente de deus e do mercado. O encerramento do editorial do dia 30 de setembro da Folha de S. Paulo é de corar aqueles que um dia quiseram a cabeça de Galileu: “Menos filosofia e sociologia; mais matemática e português”.
Caos na saúde? Culpa dos funcionários
Na saúde, o mesmo. Com greves e protestos de servidores ao longo do ano, fora as intermináveis denúncias de caos e desespero da população, passa-se a fazer um jornalismo de “busca pelas causas” da barbárie em nossos hospitais, clínicas e afins. Claro que não se trata de emparedar o Secretário de Saúde ou o governador, mas de incriminar trabalhadores comuns, anônimos e muito evidentemente precarizados – detalhe que, por sinal, ignoram completamente. Enquanto as Organizações Sociais corroem os cofres e a saúde paulista, a mídia volta seu foco a subalternos inexpressivos.
Em 13 de outubro, a Folha deu exemplo inequívoco do expediente, utilizado também pela Rede Bandeirantes em tempos não muito distantes. Uma dupla de repórteres foi escalada para uma rara visita midiática a bairro marginalizado de nosso progresso econômico, Paraisópolis, e relatou história de médica que realiza atendimentos relâmpagos, isto é, fictícios. Não há espaço algum para a defesa da profissional, muito menos o questionamento aos superiores da administração pública sobre eventuais dificuldades dos médicos em cumprirem escalas de trabalho, que não raramente se dão em diferentes e desconexos postos de saúde municipais.
Capital > trabalho
Em outros assuntos, segue-se praticando um jornalismo unilateral, que permite somente uma interpretação dos fatos do mundo. Outra novidade da Folha é a de inserir as reportagens a respeito de movimentos grevistas no caderno Mercado, decisão editorial provavelmente sem paralelo no mundo. Como nas recentes greves dos Correios e dos bancários, sublinha-se basicamente os prejuízos causados à sociedade, os transtornos gerados pela diminuição e inviabilização dos serviços, a perda econômica...
Até na greve dos miseráveis funerários o jornal fez uma abordagem negativa, destacando azares pessoais pela falta do serviço e ignorando a condição de trabalho insalubre dos coveiros, que certamente não encontraria amparo nos estudos de órgãos especializados e trabalhistas, como a OMC, o Ministério e a Justiça do Trabalho. Mas direitos trabalhistas são um inimigo a ser fervorosamente combatido por essa mídia, sempre entusiasta das flexibilizações, cortes e repressão, jurídica ou policial, a greves.
Contravenção e mentiras
Já a Veja continua superando todos os limites do anti-jornalismo e contaminando o quanto pode os debates nacionais. Dois fatos recentes reforçam a pecha de ‘jornalismo de pistolagem’ dos escribas de don Civita. Primeiro, uma (quase) espetacular ação de espionagem do repórter Gustavo Ribeiro para destrinchar a vida política atual de José Dirceu e amainar um pouco a tara de seus patrões pelo PT. Instalou câmeras em corredor de hotel, tentou invadir o quarto, cooptar uma camareira para a empreitada e agora responderá criminalmente. Resta saber se a revista, mandante da ação, pagará também, o que de toda forma serve para reacender o debate da regulamentação social da mídia.
Além disso, o semanário voltou a mostrar sua falta de compromisso com o público ao colocar na capa de sua edição de 7 de setembro, sob o título “Parece milagre”, o Victoza, uma suposta novidade da medicina que ajudaria a perder peso e atingir as formas sonhadas. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) veio a público desmentir tais informações, avisando que o remédio só pode ser indicado para diabetes tipo 2 e não possui qualquer eficácia reconhecida no que se refere a emagrecimento ou combate à obesidade. Mas apesar das contra-indicações inclusive dentro da ‘reportagem’, insiste-se descaradamente em vender o produto e exaltar seus ‘milagres’. Por fim, negou o espaço pedido pela ANVISA para esclarecer as irresponsáveis informações disseminadas.
Primeiro o mercado, depois a mulher
Já no caso do polêmico comercial televisivo em que Gisele Bundchen apresenta a mulher como objeto consumista e consumível, causando enorme repúdio de diversos setores da sociedade e da Secretaria de Direitos Humanos, o ex-editorialista Fernando Barros e Silva não teve dúvidas: desancou a peça publicitária, sob os mais iluministas dos argumentos. Mas duplicou a dose sobre a ministra Maria do Rosário, a quem logo acusou de censora e outras monstruosidades. Como entender tanta esquizofrenia? Ora, o mercado pode ser bárbaro, mas precisa continuar livre, assim, a propaganda, por abominável que seja, deve ser tolerada, ainda mais num setor que tem seu próprio órgão auto-regulador, outro fetiche que sempre comoveu a mídia conservadora. Portanto, primeiro o Conar e o mercado publicitário; depois, o respeito à mulher e à Secretaria de Direitos Humanos da República.
Em nome do pai
Para completar esse exaustivo giro midiático, um vexame que mais faz rir que qualquer coisa, mas reafirma, novamente, o caráter de partido político conservador mencionado no início. Em suas glorificadas turnês mundiais, Lula tem recebido uma série de títulos Honoris Causa em prestigiosas universidades. Ver o ex-presidente e ex-operário receber tal galardão em Paris, na famosa Escola de Ciência Política, no país da Sorbonne, mexeu com os brios globais. Inconformada, a repórter Deborah Berlinck inquiriu o mediador da gala: “Por que não FHC?”.
Além da exposição desnecessária do fanatismo deste setor midiático por seus ídolos neoliberais, foi uma postura que qualquer manual de etiqueta bem lido teria evitado. Porém, somada a todo o conjunto de práticas de jornalismo brasileiro em 2011, mostra-nos como segue urgente a construção de novos e populares canais de comunicação.
Que fazer?
Para isso, o governo pode, se de fato pretende honrar o rótulo “democrático e popular”, dar o seu impulso de diversas formas, não somente através da regulação social da comunicação, como também pela promoção de novos debates entre seus atores, como ocorreu na Conferência Nacional da Comunicação em 2009, a (re)distribuição de verbas publicitárias (que ainda privilegia em muito a velha mídia) e a regulação de dispositivos desamparados após a revogação de nossa lei de imprensa, como o sagrado direito de resposta e o próprio exercício da precarizada profissão de jornalista.
Aos movimentos e comunicadores populares, fica a outra parte, de cada vez mais articular, promover e reforçar canais alternativos de informação, que façam frente aos veículos tradicionais em qualidade e apresentação da realidade. Com ou sem regulação, estes manterão seu perfil conservador. Lutar por migalhas de espaços em suas páginas ou viver desmentindo suas falácias jamais será suficiente para democratizar o direito à comunicação.
Apesar das denúncias que estudiosos e a chamada mídia alternativa sempre registram contra os abusos dos grandes veículos de imprensa, insistir em assinalar suas ‘escorregadas’ segue sendo uma tarefa necessária, haja vista a importância dos jornais, sites, televisões e rádios na formação do pensamento nacional, mais objetivamente, na “batalha das idéias”.
Dessa forma, vale repassar alguns fatos recentes e as respectivas abordagens conferidas pelos veículos de comunicação mais tradicionais, cada vez mais patronais e mercadistas em sua orientação ideológica, ainda que os tempos de crise causada pelo receituário político-econômico que defenderam exaustivamente recomendassem algum arejamento e reflexão.
São Paulo: um desastre de ‘culpados’ anônimos
Em sua militância partidária, a mídia paulista, especialmente a Folha de S. Paulo, segue empenhada em ofuscar o descalabro que os governos tucanos promoveram em São Paulo nos últimos 20 anos.
Principalmente quando se trata de saúde e educação, provavelmente os dois temas mais caros a todos, pratica-se um jornalismo persecutório a educadores, médicos, trabalhadores comuns de repartições públicas, geralmente acompanhado de informações dando conta de que houve investimento do poder público no local visitado pela reportagem.
Isso ocorreu clara e freqüentemente ao longo deste ano, o primeiro da nova gestão Alckmin. Quando da greve das escolas técnicas, houve pesada propaganda da excelência desses centros que formam milhares de novos profissionais preparados. Ao depararmos com a realidade, entretanto, verifica-se somente abandono e muito voluntarismo de professores, pais e profissionais de “baixa patente” do âmbito escolar.
Deseducando o debate e os leitores
Já nas discussões de alteração da carga disciplinar, a reação foi histérica e imediata. Argumentando tortuosamente a imperiosidade de se ensinar o mais necessário à vida real das pessoas e sociedades, desqualificou-se, sem analisar a fundo, todo um projeto que NÃO visa oferecer menos estudo. O objetivo, muito evidente, seria reformular e tornar mais abrangentes nossas grades curriculares, indo, quem sabe, em direção à emancipação e desenvolvimento de habilidades e sensibilidades que a escola atual claramente não propicia mais, especialmente aquela a que os pobres têm acesso.
No entanto, quando um jornal que não critica há décadas os governos responsáveis pela educação pública criminaliza e desqualifica as lutas dos professores e defende políticas produtivistas que só precarizam essa nobre profissão, é obrigatório desconfiar de tamanho interesse pelo futuro de uma educação hoje tão desvalida - que muito obviamente precisa mesmo de reformas e trava intensa luta nacional pelo aumento do percentual mínimo do PIB investido na área.
Tal como mostrado pela revista Caros Amigos em primorosa edição especial sobre Educação, em junho deste ano, o que a mídia corporativa defende nada mais é do que a cartilha empresarial do setor, um ensino que seja voltado exclusivamente às necessidades do mercado. Trata-se da linha política e ideológica – apesar de negarem exatamente esse caráter – delineada pelo FMI e Banco Mundial quando voltaram olhares ao campo da educação, cada vez mais percebida como outro belo nicho econômico. E reproduzida por entidades nacionais como a Todos Pela Educação, composta por empresários do setor, em geral muito mais próximos e influentes no governo do que profissionais e militantes da educação dos chamados setores progressistas da sociedade.
Propagandeia-se, assim, a atual estrutura de nossas escolas, que oferecem uma formação básica com prioridade máxima a duas matérias, sugerindo que disciplinas mais ‘complexas’ fiquem para depois, na dita formação complementar, através de cursos superiores e paralelos, em geral pagos. Em resumo, para as massas, a mesma educação limitadora e acrítica. Quanto ao campo das idéias, abstrações, inovações, criações, o mesmo retrato histórico: branco e burguês; se possível, crente de deus e do mercado. O encerramento do editorial do dia 30 de setembro da Folha de S. Paulo é de corar aqueles que um dia quiseram a cabeça de Galileu: “Menos filosofia e sociologia; mais matemática e português”.
Caos na saúde? Culpa dos funcionários
Na saúde, o mesmo. Com greves e protestos de servidores ao longo do ano, fora as intermináveis denúncias de caos e desespero da população, passa-se a fazer um jornalismo de “busca pelas causas” da barbárie em nossos hospitais, clínicas e afins. Claro que não se trata de emparedar o Secretário de Saúde ou o governador, mas de incriminar trabalhadores comuns, anônimos e muito evidentemente precarizados – detalhe que, por sinal, ignoram completamente. Enquanto as Organizações Sociais corroem os cofres e a saúde paulista, a mídia volta seu foco a subalternos inexpressivos.
Em 13 de outubro, a Folha deu exemplo inequívoco do expediente, utilizado também pela Rede Bandeirantes em tempos não muito distantes. Uma dupla de repórteres foi escalada para uma rara visita midiática a bairro marginalizado de nosso progresso econômico, Paraisópolis, e relatou história de médica que realiza atendimentos relâmpagos, isto é, fictícios. Não há espaço algum para a defesa da profissional, muito menos o questionamento aos superiores da administração pública sobre eventuais dificuldades dos médicos em cumprirem escalas de trabalho, que não raramente se dão em diferentes e desconexos postos de saúde municipais.
Capital > trabalho
Em outros assuntos, segue-se praticando um jornalismo unilateral, que permite somente uma interpretação dos fatos do mundo. Outra novidade da Folha é a de inserir as reportagens a respeito de movimentos grevistas no caderno Mercado, decisão editorial provavelmente sem paralelo no mundo. Como nas recentes greves dos Correios e dos bancários, sublinha-se basicamente os prejuízos causados à sociedade, os transtornos gerados pela diminuição e inviabilização dos serviços, a perda econômica...
Até na greve dos miseráveis funerários o jornal fez uma abordagem negativa, destacando azares pessoais pela falta do serviço e ignorando a condição de trabalho insalubre dos coveiros, que certamente não encontraria amparo nos estudos de órgãos especializados e trabalhistas, como a OMC, o Ministério e a Justiça do Trabalho. Mas direitos trabalhistas são um inimigo a ser fervorosamente combatido por essa mídia, sempre entusiasta das flexibilizações, cortes e repressão, jurídica ou policial, a greves.
Contravenção e mentiras
Já a Veja continua superando todos os limites do anti-jornalismo e contaminando o quanto pode os debates nacionais. Dois fatos recentes reforçam a pecha de ‘jornalismo de pistolagem’ dos escribas de don Civita. Primeiro, uma (quase) espetacular ação de espionagem do repórter Gustavo Ribeiro para destrinchar a vida política atual de José Dirceu e amainar um pouco a tara de seus patrões pelo PT. Instalou câmeras em corredor de hotel, tentou invadir o quarto, cooptar uma camareira para a empreitada e agora responderá criminalmente. Resta saber se a revista, mandante da ação, pagará também, o que de toda forma serve para reacender o debate da regulamentação social da mídia.
Além disso, o semanário voltou a mostrar sua falta de compromisso com o público ao colocar na capa de sua edição de 7 de setembro, sob o título “Parece milagre”, o Victoza, uma suposta novidade da medicina que ajudaria a perder peso e atingir as formas sonhadas. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) veio a público desmentir tais informações, avisando que o remédio só pode ser indicado para diabetes tipo 2 e não possui qualquer eficácia reconhecida no que se refere a emagrecimento ou combate à obesidade. Mas apesar das contra-indicações inclusive dentro da ‘reportagem’, insiste-se descaradamente em vender o produto e exaltar seus ‘milagres’. Por fim, negou o espaço pedido pela ANVISA para esclarecer as irresponsáveis informações disseminadas.
Primeiro o mercado, depois a mulher
Já no caso do polêmico comercial televisivo em que Gisele Bundchen apresenta a mulher como objeto consumista e consumível, causando enorme repúdio de diversos setores da sociedade e da Secretaria de Direitos Humanos, o ex-editorialista Fernando Barros e Silva não teve dúvidas: desancou a peça publicitária, sob os mais iluministas dos argumentos. Mas duplicou a dose sobre a ministra Maria do Rosário, a quem logo acusou de censora e outras monstruosidades. Como entender tanta esquizofrenia? Ora, o mercado pode ser bárbaro, mas precisa continuar livre, assim, a propaganda, por abominável que seja, deve ser tolerada, ainda mais num setor que tem seu próprio órgão auto-regulador, outro fetiche que sempre comoveu a mídia conservadora. Portanto, primeiro o Conar e o mercado publicitário; depois, o respeito à mulher e à Secretaria de Direitos Humanos da República.
Em nome do pai
Para completar esse exaustivo giro midiático, um vexame que mais faz rir que qualquer coisa, mas reafirma, novamente, o caráter de partido político conservador mencionado no início. Em suas glorificadas turnês mundiais, Lula tem recebido uma série de títulos Honoris Causa em prestigiosas universidades. Ver o ex-presidente e ex-operário receber tal galardão em Paris, na famosa Escola de Ciência Política, no país da Sorbonne, mexeu com os brios globais. Inconformada, a repórter Deborah Berlinck inquiriu o mediador da gala: “Por que não FHC?”.
Além da exposição desnecessária do fanatismo deste setor midiático por seus ídolos neoliberais, foi uma postura que qualquer manual de etiqueta bem lido teria evitado. Porém, somada a todo o conjunto de práticas de jornalismo brasileiro em 2011, mostra-nos como segue urgente a construção de novos e populares canais de comunicação.
Que fazer?
Para isso, o governo pode, se de fato pretende honrar o rótulo “democrático e popular”, dar o seu impulso de diversas formas, não somente através da regulação social da comunicação, como também pela promoção de novos debates entre seus atores, como ocorreu na Conferência Nacional da Comunicação em 2009, a (re)distribuição de verbas publicitárias (que ainda privilegia em muito a velha mídia) e a regulação de dispositivos desamparados após a revogação de nossa lei de imprensa, como o sagrado direito de resposta e o próprio exercício da precarizada profissão de jornalista.
Aos movimentos e comunicadores populares, fica a outra parte, de cada vez mais articular, promover e reforçar canais alternativos de informação, que façam frente aos veículos tradicionais em qualidade e apresentação da realidade. Com ou sem regulação, estes manterão seu perfil conservador. Lutar por migalhas de espaços em suas páginas ou viver desmentindo suas falácias jamais será suficiente para democratizar o direito à comunicação.
Excelente matéria. A última parte: Que fazer? é uma que precisa ser compreendida e colocada cada vez mais em prática.
ResponderExcluirOlá, gostaria de saber se tens interesse em receber anúncios em seu blog. Tens alguma tabela de preço com tamanho e localização dos anúncios? Fico no aguardo.
ResponderExcluirGrato, Guilherme.