Editorial do sítio Vermelho:
A reunião de cúpula do G20 acabou nesta sexta-feira (4) em Cannes, França, deixando no ar mais uma forte sensação de fracasso. O saldo final são declarações de boas intenções, como o estímulo ao mercado interno nos países superavitários, vendidas como um plano de ação para estimular o emprego, ameaças contra os paraísos fiscais e a promessa de injetar novos recursos no Fundo Monetário Internacional, o FMI, cuja principal ocupação no momento consiste em receitar e monitorar a aplicação de pacotes recessivos nos países endividados da Europa.
A crise prossegue, indiferente às deliberações dos chefes de Estado reunidos em Cannes, e na Zona do Euro, seu principal centro de irradiação ao lado dos EUA, terá por resposta a radicalização dos ajustes fiscais. A perspectiva da OCDE é de estagnação do velho continente no próximo ano, mas o futuro pode reservar novas surpresas negativas.
As divergências no interior do G20, destacadamente entre as velhas potências capitalistas e os chamados emergentes, são maiores e mais relevantes que as convergências e não é razoável esperar unidade em torno de questões consideradas centrais.
Os emergentes evitaram o compromisso de investir no fundo de resgate europeu, criado e recentemente ampliado para fazer frente à crise da dívida, o que consternou a senhora Angela Merkel, chanceler da Alemanha. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, obteve o apoio da Argentina e do Brasil para a criação de um imposto mundial sobre operações financeiras, mas o presidente dos EUA, Barack Obama, não gostou e vetou a ideia.
A China sofreu pressões generalizadas para adotar o câmbio flutuante, mas os dirigentes do país não pretendem abrir mão do controle sobre as cotações de sua moeda, o iuan, que tem valorizado ao longo dos últimos anos dentro de limites estabelecidos pelo Estado para proteger a produção industrial.
É preciso ressalvar que os chineses têm razão quando argumentam que estão se protegendo da instabilidade monetária internacional provocada pelos desequilíbrios dos EUA e a política monetária do Federal Reserve. O câmbio flutuante no Brasil é uma causa dos problemas da indústria nacional. A óbvia necessidade de uma nova moeda mundial, em substituição ao dólar, não chegou a ser abordada, embora defendida por Sarkozy.
As contradições que predominam no grupo impõem também seus limites. Cabe recordar que o G20 foi criado em 1999 durante reunião do G7, por iniciativa da União Europeia e de George W. Bush, então presidente dos Estados Unidos. Significou certamente um reconhecimento constrangido pelos ricos da época das mudanças que estavam em curso objetivamente na economia internacional, decorrentes do desenvolvimento desigual das nações. Mas é apenas uma tentativa um pouco mais ampla de coordenação e preservação de uma ordem internacional que já caducou.
O fortalecimento do FMI, instituição remanescente dos acordos de Bretton Woods que não parece sujeita a reforma, é um caminho errado eleito inclusive pelos emergentes como via de solução para a crise. Basta atentar para a tragédia grega e o drama europeu para ver que as receitas do fundo obedecem exclusivamente aos interesses do sistema financeiro e agravam a crise da economia real com a promessa de solucioná-la.
O mundo demanda uma nova ordem mundial, com um novo sistema monetário e novas instituições. O que não é mais racional, como sugeriu Hegel, não merece subsistir. A solução para a crise, que traduz também o esgotamento da ordem internacional hegemonizada pelos EUA, não virá da reunião de cúpula. Mas é provável que venha das ruas, da guerra de classes que hoje tem como um palco privilegiado as ruas da velha Europa, onde a classe trabalhadora resiste com energia e determinação ao retrocesso social e à ofensiva talvez sem paralelo dos governos capitalistas contra suas históricas conquistas e o chamado Estado de Bem Estar Social.
A reunião de cúpula do G20 acabou nesta sexta-feira (4) em Cannes, França, deixando no ar mais uma forte sensação de fracasso. O saldo final são declarações de boas intenções, como o estímulo ao mercado interno nos países superavitários, vendidas como um plano de ação para estimular o emprego, ameaças contra os paraísos fiscais e a promessa de injetar novos recursos no Fundo Monetário Internacional, o FMI, cuja principal ocupação no momento consiste em receitar e monitorar a aplicação de pacotes recessivos nos países endividados da Europa.
A crise prossegue, indiferente às deliberações dos chefes de Estado reunidos em Cannes, e na Zona do Euro, seu principal centro de irradiação ao lado dos EUA, terá por resposta a radicalização dos ajustes fiscais. A perspectiva da OCDE é de estagnação do velho continente no próximo ano, mas o futuro pode reservar novas surpresas negativas.
As divergências no interior do G20, destacadamente entre as velhas potências capitalistas e os chamados emergentes, são maiores e mais relevantes que as convergências e não é razoável esperar unidade em torno de questões consideradas centrais.
Os emergentes evitaram o compromisso de investir no fundo de resgate europeu, criado e recentemente ampliado para fazer frente à crise da dívida, o que consternou a senhora Angela Merkel, chanceler da Alemanha. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, obteve o apoio da Argentina e do Brasil para a criação de um imposto mundial sobre operações financeiras, mas o presidente dos EUA, Barack Obama, não gostou e vetou a ideia.
A China sofreu pressões generalizadas para adotar o câmbio flutuante, mas os dirigentes do país não pretendem abrir mão do controle sobre as cotações de sua moeda, o iuan, que tem valorizado ao longo dos últimos anos dentro de limites estabelecidos pelo Estado para proteger a produção industrial.
É preciso ressalvar que os chineses têm razão quando argumentam que estão se protegendo da instabilidade monetária internacional provocada pelos desequilíbrios dos EUA e a política monetária do Federal Reserve. O câmbio flutuante no Brasil é uma causa dos problemas da indústria nacional. A óbvia necessidade de uma nova moeda mundial, em substituição ao dólar, não chegou a ser abordada, embora defendida por Sarkozy.
As contradições que predominam no grupo impõem também seus limites. Cabe recordar que o G20 foi criado em 1999 durante reunião do G7, por iniciativa da União Europeia e de George W. Bush, então presidente dos Estados Unidos. Significou certamente um reconhecimento constrangido pelos ricos da época das mudanças que estavam em curso objetivamente na economia internacional, decorrentes do desenvolvimento desigual das nações. Mas é apenas uma tentativa um pouco mais ampla de coordenação e preservação de uma ordem internacional que já caducou.
O fortalecimento do FMI, instituição remanescente dos acordos de Bretton Woods que não parece sujeita a reforma, é um caminho errado eleito inclusive pelos emergentes como via de solução para a crise. Basta atentar para a tragédia grega e o drama europeu para ver que as receitas do fundo obedecem exclusivamente aos interesses do sistema financeiro e agravam a crise da economia real com a promessa de solucioná-la.
O mundo demanda uma nova ordem mundial, com um novo sistema monetário e novas instituições. O que não é mais racional, como sugeriu Hegel, não merece subsistir. A solução para a crise, que traduz também o esgotamento da ordem internacional hegemonizada pelos EUA, não virá da reunião de cúpula. Mas é provável que venha das ruas, da guerra de classes que hoje tem como um palco privilegiado as ruas da velha Europa, onde a classe trabalhadora resiste com energia e determinação ao retrocesso social e à ofensiva talvez sem paralelo dos governos capitalistas contra suas históricas conquistas e o chamado Estado de Bem Estar Social.
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