Por Paulo Cezar Pastor Monteiro, na revista Fórum:
Toda criança gosta de brincar, de ganhar brinquedos. O próprio Estatuto da Criança e do Adolescente assegura o direito de se aproveitar plenamente a sua infância. Mas como pensar em brinquedos quando sua família acabou de perder a casa onde mora?
Algumas pessoas em São José dos Campos, interior de São Paulo, tentam responder essa pergunta e garantir o direito “básico” que toda criança tem de brincar. Nesse último domingo (12/02), esses voluntários organizaram o “Pinheirinho Existe”, um dia de shows que teve como objetivo a arrecadação de brinquedos e material escolar para o (agora) ex-bairro do Pinheirinho.
Exatamente há três semanas, a Polícia Militar do Estado de São Paulo cumpriu a ordem de reintegração de posse de um terreno de 1 milhão de m² que, desde de 2004, após uma ocupação realizada por sem-tetos, se transformou no bairro conhecido como Pinheirinho. Os dados mais recentes, de acordo com os moradores, apontavam que viviam no local cerca de 2 mil famílias, totalizando quase 10 mil pessoas.
O “Pinheirinho Existe” contou com diversos shows de rap e hardCore, grafitagem, diversas gincanas e jogos para as crianças que viviam na ocupação e também para as que moravam nos bairros vizinhos. As apresentações ocorreram na escola Edgar de Mello, de onde é possível enxergar o pouco que sobrou do bairro.
Fernando Santos - o “Fhero” – um dos organizadores do evento, explica que a ideia surgiu da conversa entre amigos e pessoas sensibilizadas com a situação dos moradores, os quais, após a desocupação, foram levados para abrigos improvisados.
“Fomos vendo o que cada um podia fazer, como dava para ajudar. Foi assim que surgiu a mistura de rap, hardcore e grafitagem. Tudo o que foi feito aqui, hoje, saiu do esforço e da disponibilidade de quem se propôs a ajudar”, conta Fhero.
“Tio, vai ter mais rock?”
Logo após a “Sistema Sangria” terminar o seu último acorde na guitarra, uma das crianças que acompanhava o show correu até um dos organizadores e perguntou animada: “Tio, vai ter mais rock, tio?”
No palco intercalaram-se os rappers e as bandas de hardcore, ao todo foram mais de dez apresentações de artistas que serviram como um dos principais atrativos para o público que pagava a entrada com brinquedos e material escolar.
Outra organizadora, a estudante de Direito Ana Sanchez, comemora a participação “que foi maior do que a esperada” e a quantidade de brinquedos doados, mas, mesmo assim, deixa transparecer um certo descontentamento com a situação dos ex-moradores
“A gente queria trazer mais crianças que eram do Pinheirinho, mas os alojamentos ficam longe, boa parte das famílias não tem como vir para cá. O legal é que vamos poder alegrar um pouco essas pessoas”, comenta Ana.
Incertezas
Desde a operação, que contou com um efetivo de 2 mil políciais, os antigos moradores passaram a morar nos abrigos criados pela prefeituras ( em escolas e ginásios) ou nas casas de familiares e amigos.
A prefeitura, em parceria com o governo do estado, se comprometeu a pagar um auxílio-aluguel no valor de R$ 500. No entanto, há reclamações quanto à falta de estrutura nos alojamentos e de que o auxílio não é suficiente para pagar alugueis na região, que seriam em torno de R$ 700.
Advogados e ativistas de movimentos sociais têm buscado alternativas como a criação de programas de habitacionais voltados à população do Pinheirinho, além de realizarem campanhas para arrecadar alimentos e roupas.
Próximos eventos
Ana e Fhero explicam que eles e os outros organizadores planejam continuar buscando alternativas para oferecer algum tipo de ajuda para os moradores. A estudante diz lamentar a situação dos abrigos que não oferecem o mínimo conforto para as famílias. “Os moradores do Pinheirinho continuam precisando de auxílio, eles perderam tudo”, sustenta.
Fhero lembra que o planejamento do “Pinheirinho Existe” foi pensado desde o dia da desocupação da área. “Moro em São José, mas estava no Rio de Janeiro no dia, desde então eu e o pessoal que está aqui tem pensando em uma forma de organizar isso. Deu trabalho, mas vamos fazer um esforço para continuar nessa luta”, afirma.
Toda criança gosta de brincar, de ganhar brinquedos. O próprio Estatuto da Criança e do Adolescente assegura o direito de se aproveitar plenamente a sua infância. Mas como pensar em brinquedos quando sua família acabou de perder a casa onde mora?
Algumas pessoas em São José dos Campos, interior de São Paulo, tentam responder essa pergunta e garantir o direito “básico” que toda criança tem de brincar. Nesse último domingo (12/02), esses voluntários organizaram o “Pinheirinho Existe”, um dia de shows que teve como objetivo a arrecadação de brinquedos e material escolar para o (agora) ex-bairro do Pinheirinho.
Exatamente há três semanas, a Polícia Militar do Estado de São Paulo cumpriu a ordem de reintegração de posse de um terreno de 1 milhão de m² que, desde de 2004, após uma ocupação realizada por sem-tetos, se transformou no bairro conhecido como Pinheirinho. Os dados mais recentes, de acordo com os moradores, apontavam que viviam no local cerca de 2 mil famílias, totalizando quase 10 mil pessoas.
O “Pinheirinho Existe” contou com diversos shows de rap e hardCore, grafitagem, diversas gincanas e jogos para as crianças que viviam na ocupação e também para as que moravam nos bairros vizinhos. As apresentações ocorreram na escola Edgar de Mello, de onde é possível enxergar o pouco que sobrou do bairro.
Fernando Santos - o “Fhero” – um dos organizadores do evento, explica que a ideia surgiu da conversa entre amigos e pessoas sensibilizadas com a situação dos moradores, os quais, após a desocupação, foram levados para abrigos improvisados.
“Fomos vendo o que cada um podia fazer, como dava para ajudar. Foi assim que surgiu a mistura de rap, hardcore e grafitagem. Tudo o que foi feito aqui, hoje, saiu do esforço e da disponibilidade de quem se propôs a ajudar”, conta Fhero.
“Tio, vai ter mais rock?”
Logo após a “Sistema Sangria” terminar o seu último acorde na guitarra, uma das crianças que acompanhava o show correu até um dos organizadores e perguntou animada: “Tio, vai ter mais rock, tio?”
No palco intercalaram-se os rappers e as bandas de hardcore, ao todo foram mais de dez apresentações de artistas que serviram como um dos principais atrativos para o público que pagava a entrada com brinquedos e material escolar.
Outra organizadora, a estudante de Direito Ana Sanchez, comemora a participação “que foi maior do que a esperada” e a quantidade de brinquedos doados, mas, mesmo assim, deixa transparecer um certo descontentamento com a situação dos ex-moradores
“A gente queria trazer mais crianças que eram do Pinheirinho, mas os alojamentos ficam longe, boa parte das famílias não tem como vir para cá. O legal é que vamos poder alegrar um pouco essas pessoas”, comenta Ana.
Incertezas
Desde a operação, que contou com um efetivo de 2 mil políciais, os antigos moradores passaram a morar nos abrigos criados pela prefeituras ( em escolas e ginásios) ou nas casas de familiares e amigos.
A prefeitura, em parceria com o governo do estado, se comprometeu a pagar um auxílio-aluguel no valor de R$ 500. No entanto, há reclamações quanto à falta de estrutura nos alojamentos e de que o auxílio não é suficiente para pagar alugueis na região, que seriam em torno de R$ 700.
Advogados e ativistas de movimentos sociais têm buscado alternativas como a criação de programas de habitacionais voltados à população do Pinheirinho, além de realizarem campanhas para arrecadar alimentos e roupas.
Próximos eventos
Ana e Fhero explicam que eles e os outros organizadores planejam continuar buscando alternativas para oferecer algum tipo de ajuda para os moradores. A estudante diz lamentar a situação dos abrigos que não oferecem o mínimo conforto para as famílias. “Os moradores do Pinheirinho continuam precisando de auxílio, eles perderam tudo”, sustenta.
Fhero lembra que o planejamento do “Pinheirinho Existe” foi pensado desde o dia da desocupação da área. “Moro em São José, mas estava no Rio de Janeiro no dia, desde então eu e o pessoal que está aqui tem pensando em uma forma de organizar isso. Deu trabalho, mas vamos fazer um esforço para continuar nessa luta”, afirma.
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