segunda-feira, 12 de março de 2012

Cúpula das Américas. Cuba ausente

Ilustração: www.actualidade.rt.com
Por Álvaro Cuadra, no sítio da Adital:

A Cúpula das Américas será realizada nos próximos dias 14 e 15 de abril de 2012, em Cartagena de Indias, Colômbia. O presidente Santos anunciou em Havana que, desafortunadamente, não conseguiu o "consenso" necessário para que o governo cubano seja convidado formalmente para esse encontro. O mencionado "consenso" refere-se à oposição do governo dos Estados Unidos à participação cubana na Cúpula, argumentando que não é um regime democrático. Os países da Alba manifestaram seu protesto ante o veto norte-americano à presença cubana. O presidente equatoriano, Rafael Correa, chegou a propor que os países da Alba deveriam não participar do encontro.

É lamentável que o governo de Obama persista em manter uma política tão extemporânea quanto discriminatória para com Cuba, que remonta ao cenário –mais do que superado- da Guerra Fria. Não é admissível em pleno Século XXI e a exclusão somente aumentam o desprestígio da Casa Branca em nossa região, colocando em evidência a ingerência de Washington em nossos assuntos políticos. Nenhum latino-americano pode alegrar-se com a ausência de Cuba.

Após meio século, o governo dos Estados Unidos nega-se a reconhecer em Cuba uma nação latino-americana soberana que, como outros povos, constrói sua história, salpicada de luzes e sombras. A pretensão de ditar receitas democráticas já não se sustenta no mundo de hoje. Tampouco parece sensato converter a OEA na voz de Washington na América Latina. Resulta evidente que nossa região reclama uma nova institucionalidade política e econômica que afirme nossa real integração, nossa soberania regional e nossa dignidade em um mundo global.

A ausência de Cuba na próxima Cúpula das Américas é mais do que um impasse diplomático previsível; é uma ferida em nosso continente que não sara nunca. No presente, como nunca, está surgindo um forte sentimento nas novas gerações de latino-americanos. Um sentimento que já enunciaram nossos próceres e que cantaram nossos poetas. Nossa América começa a balbuciar o que escrevera Martí... "Nossa pátria é uma; começa no Rio Grande e vai parar nos montes fangosos da Patagônia”.

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