Foto: AFP/Aizar Raldes |
A ministra das Comunicações da Bolívia, Amanda Dávila,
alertou hoje (24) que está em curso uma nova tentativa de golpe no país. Setores da
direita estariam tentando se aproveitar de uma paralisação na polícia para
criar um clima de pânico na sociedade e para exigir a deposição do presidente Evo
Morales. Armas foram retiradas de unidades policiais e usadas em manifestações
de rua numa nítida provocação.
Estímulo à radicalização
“Sabemos com absoluta certeza que uma atitude deste tipo pode
provocar enfrentamentos”, denuncia a ministra. Lideranças de direita e setores
da mídia têm estimulado a radicalização da greve para desestabilizar o país. O governo
tem evitado confrontos, para não dar pretexto para a direita, e procurado negociar. Ele já anunciou um reajuste salarial e a
modificação de uma lei disciplinar considerada excessivamente repressiva.
O sindicato da categoria aceitou o acordo, mas foi atropelado
pela assembleia deste domingo. Logo após, cerca de 300 pessoas se dirigiram ao palácio
presidencial aos gritos de “motim policial, motim policial”, mas não houve confrontos. A mídia
golpista, que sempre se opôs às lutas dos trabalhadores, tem dado apoio aos grevistas
contra o “presidente esquerdista” Evo Morales - como ele é tratado pelos principais veículos.
Movimento conspirativo e desestabilizador
Ainda hoje, o ministro Carlos Romero divulgou o conteúdo de gravações
entre policiais amotinados que pregam “limpiar” (matar) autoridades
governamentais. Numa das gravações, uma liderança do motim ordena “preparar
bombas molotovs para atacar” integrantes das Forças Armadas alojados no
palácio presidencial. Para ele, a greve dos policiais é legítima, mas está
sendo usada por setores de direita “para intentar se converter num movimento
político, conspirativo, desestabilizador”.
Diante do risco de um golpe, a exemplo do que ocorreu na
sexta-feira passada no Paraguai, o movimento camponês convocou uma vigília em
defesa da democracia. Roberto Coraite, dirigente da Confederação Sindical Única
dos Trabalhadores Camponeses da Bolívia (Csutcb), garantiu que a sociedade não
vai se deixar enganar pelas manobras da direita oligárquica.
“Não vamos baixar a guarda. Estamos em vigília porque
sabemos da ação golpista de alguns grupos políticos, inclusive da Polícia
Nacional. Não vamos permitir golpes de Estado. Se eles continuam com esta
conspiração, instigados por partidos infiltrados na greve, como o Movimento Sem
Medo e Unidade Nacional, nós vamos nos mobilizar para garantir a democracia”, garantiu
Roberto Coraite.
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