PSD venceu. Quem saiu perdendo?

Por Altamiro Borges

O Supremo Tribunal Federal (STF) deu ontem uma ótima notícia para o recém-criado PSD, do ex-demo Gilberto Kassab. O partido terá direito à propaganda de rádio e televisão e ao financiamento público proporcionais ao tamanho da sua bancada de deputados. A legenda, que “não é de esquerda, nem de direita e nem de centro”, já é a quarta maior da Câmara Federal, com 48 deputados.

A decisão do STF garante à nova sigla uma receita mensal de R$ 1,6 milhão do fundo partidário (antes ela dispunha de apenas R$ 43 mil), além de dois minutos e dois segundos em cada bloco de 30 minutos da propaganda eleitoral (antes ela tinha 54 segundos). Com isso, segundo o animado prefeito paulistano, a sigla criada em 2011 se consolida como “um partido bem estruturado” no cenário político brasileiro.

A derrota dos demos

Pelas regras em vigor, o partido teria que eleger deputados federais para ter garantido o direito à propaganda na rádio e tevê e ao fundo partidário. Mas, conforme o voto encaminhado pelo ministro Dias Toffoli, o PSD cumpriu os requisitos legais ao acolher os parlamentares de vários outros partidos. No entendimento do STF, os deputados carregaram consigo os votos obtidos em 2010.

Liderados pelo moribundo DEM, sete partidos ingressaram com ação no STF para inviabilizar o PSD. Mas, diante da derrota, eles já tentam se reagrupar para enfrentar as eleições de outubro próximo. De inimigos ferozes, eles voltam a se aliar para garantir a sobrevivência. Em São Paulo, por exemplo, os demos e os “traidores” do PSD estão juntos na campanha do tucano José Serra.  

Reflexos eleitorais e políticos

Do ponto de vista imediato, a decisão do STF não altera muito a disputa eleitoral em São Paulo. O PSD conquistou o seu tempo de rádio e tevê; em compensação, o DEM teve seu espaço bem reduzido. Para a campanha de José Serra, a mudança representará alguns segundos a mais para o candidato do PSDB. Já em Salvador, onde o demo ACM Neto não tem o apoio do PSD, a decisão do Supremo é um petardo. 

Já do ponto de vista político, a decisão pode resultar no enterro definitivo dos demos. O DEM, que agrega os velhos oligarcas da direita, foi o partido que mais encolheu com a criação do PSD. Perdeu 17 deputados federais, um governador, uma senadora e centenas de prefeitos e vereadores. Agora, o PSD ganha força e pode virar o destino de outros demos “traidores”. Tudo dependerá do resultado das urnas em outubro.

Morrendo de inveja

Os efeitos da decisão do STF são imediatos. Eles cacifaram o partido de Kassab para brigar pela vaga de vice na chapa de Serra. Ontem mesmo o prefeito, todo animadinho, já dizia que “é natural” um vice do PSD. “Confio no talento de Serra para a escolha”, afirmou Kassab, sempre tão subserviente ao ex-prefeito tucano que o projetou na política. O DEM deve estar morrendo de inveja!