Por Altamiro Borges
Golpistas e mídia sentem o baque
O golpe relâmpago no Paraguai já produziu os seus primeiros
efeitos no bloco de integração regional da América do Sul. A reunião do
Mercosul em Mendoza, na Argentina, encerrada hoje à tarde, decidiu suspender o
Paraguai até as novas eleições presidenciais no país e, ao mesmo tempo, aprovou
a incorporação da Venezuela como “membro de pleno direito” a partir de 31 de
julho.
As decisões foram anunciadas pela presidenta Cristina
Kirchner, anfitriã da cúpula. “O Mercosul suspende temporariamente o Paraguai
até que se leve a cabo o processo democrático que novamente instale a soberania
popular no país”. Ela também confirmou a incorporação da Venezuela, há muito
solicitada, mas que era barrada pelo mesmo Senado golpista do Paraguai.
Medida branda contra os golpistas
O golpe no Paraguai foi o principal ponto de pauta da
reunião em Mendoza. Já na abertura da cúpula, a presidenta argentina foi dura na
condenação aos golpistas. “Houve uma ruptura da ordem democrática na República
do Paraguai... Parece uma paródia de julgamento o que aconteceu contra Lugo,
porque não há no mundo um julgamento político sem a possibilidade de defesa”.
Havia expectativa de que o Mercosul fosse além da simples
suspensão política do governo golpista. Alguns chanceleres defendiam a
aplicação de sanções econômicas, como o bloqueio comercial e o cancelamento de
empréstimos. No final, vingou a tese de que tais medidas penalizariam o povo
paraguaio e representariam uma ingerência indevida nos assuntos internos do
país vizinho.
Lugo rejeitou as sanções econômicas
O próprio presidente deposto, Fernando Lugo, declarou-se
contrário à proposta de sanções econômicas. Ele lembrou que o país tem alta
dependência econômica do bloco. Brasil, Argentina e Uruguai absorvem 55% das exportações
do Paraguai. Para ele, qualquer medida econômica, como a suspensão dos vários
acordos de cooperação e financiamento, atingiria duramente o sofrido povo paraguaio.
Essa é a primeira vez desde a formação do Mercosul, em 1991,
que um dos países membros é proibido de participar da reunião e é suspenso do
bloco. A medida é baseada num protocolo assinado no final dos anos 1990. Na
época, a cláusula democrática do chamado documento de Ushuaia foi feita a
pedido do próprio Paraguai após o país viver uma grave crise institucional.
O governo golpista de Federico Franco já sentiu o baque. O Ministério
de Relações Exteriores do Paraguai divulgou nota criticando a suspensão. No
maior cinismo, alegou que o país não teve direito de defesa e que a decisão foi
sumária – os mesmos argumentos usados pelos que condenam os métodos fascistóides
dos golpistas. A mídia colonizada também chiou contra a tímida medida.
Em editorial, o jornal Estadão esbravejou que “o Mercosul
será um bloco muito menos comprometido com a democracia se os presidentes do
Brasil, da Argentina e do Uruguai decidirem afastar o Paraguai, temporária ou
definitivamente, e abrirem caminho para o ingresso da Venezuela, país comandado
pelo mais autoritário dos governantes sul-americanos, o presidente Hugo Chávez”.
Na avaliação deste jornal tão servil ao império, afastado o
Paraguai, “o Mercosul será governado pelo eixo Buenos Aires-Caracas. Quaisquer
compromissos com a democracia serão abandonados e as esperanças de uma
gestão racional do bloco serão enterradas”. Os golpistas do Paraguai e a mídia
colonizada não toleram o Mercosul, nem com sua branda resolução de Mendoza. Eles
preferiam que a região fosse anexada de vez aos EUA, através da neocolonial
Área de Livre Comércio das Américas (Alca).
Correta posição dos países ! Não se pode condenar o povo paraguaio com sanções! A saída do Mercosul foi um castigo e tanto.Os empresários brasileiros vão gostar da Venezuela no Mercosul !!! Eles ganham muito com Hugo no poder, e o Brasil não precisa ficar atrelado às resoluções argentinas, às vezes contraditórias
ResponderExcluirBlog de petralha. Uma vergonha. Nao ha uma palavra honesta.
ResponderExcluirJá não foi sem tempo a decisão.
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