Por Altamiro Borges
A credibilidade do ex-demo e da mídia
Desesperado com a sua provável cassação, o senador
Demóstenes Torres resolveu criticar quem sempre o defendeu e o projetou no
mundo político, numa troca de favores promíscua e criminosa. No documento de
defesa apresentado aos parlamentares, seus advogados afirmam que o ex-demo é
vítima da “tirania midiática”. O texto critica a cruel campanha de difamação promovida
pela imprensa, “para a qual nada mais interessa além do escândalo”. Sua última
cartada jurídica seria cômica se não fosse trágica!
Demóstenes Torres deve a sua carreira política aos tiranos da
mídia. Ele era a principal fonte da chamada grande imprensa, com sua postura
hipócrita de assassino de reputações, de paladino da ética e de expoente da
oposição de direita. Chegou a ser eleito um dos “mosqueteiros da ética” pela
revista Veja, a quem ajudou na confecção de várias capas sensacionalistas e difamatórias.
Como “despachante de luxo” do mafioso Carlinhos Cachoeira, o ex-demo manteve
uma relação promíscua com a mídia corporativa.
Quando surgiram as primeiras denúncias da Operação Monte Carlo
da Polícia Federal sobre as ligações do senador com o crime organizado, a imprensa
venal até tentou abafar o caso. Demóstenes não foi capa da Veja, nem motivo dos
comentários ácidos dos “calunistas” da TV Globo. Com o vazamento das centenas
de escutas telefônicas, a mídia não teve mais como evitar o tema. Ela até
tentou desviar o foco para aliviar a barra da sua fonte privilegiada. Ela não
teve mais como esconder o falso moralista criado!
Num tom dramático, o texto afirma que “cassar um mandato de
um político é mais do que decretar-lhe a pena de morte. A morte é até simples,
pois é o fim definitivo. A cassação é a morte com requinte de extrema
crueldade, mata não só a pessoa, mas rouba-lhe a dignidade. Junto com a
exclusão dos direitos políticos, tomba também a relação de respeito entre o
cidadão cassado e aqueles que acreditaram nele”.
Que bom seria que a sua cassação, que será votada hoje no Senado, também servisse para
questionar a credibilidade da mídia venal que o projetou na política e que
alimentou as suas relações com o crime organizado!
Quando o "quarto poder" sentiu-se ameaçado pela descoberta de sua fonte criminosa, resolveu descartá-la para se defender. "A fonte secou, quero dizer que entre nós tudo acabou..." O affair tornou-se perigoso. O divorcio se consumou. A parte que se sentiu prejudicada revelou sua mágoa. Se se tratasse apenas de "um caso", assim seria contada e publicada a história. Mas se trata de uma promiscuidade entre a mídia cínica, mentirosa, demagógica e corrupta, e seus pares criminosos, que prejudica a nação. Por isso, mais que nunca a Regulação da Mídia deve ser assumida pelo governo atual, e enfrentada com determinação titânica. Ainda dá tempo.
ResponderExcluirTanto Demóstenes como a Blogosfera criticam a "tirania midiática".
ResponderExcluirSerá que devemos acabar com a imprensa Miro? Parece que ela é o mal do Brasil. Os políticos e o povo brasileiro não tem culpa nenhuma do Brasil não estar indo mal.