sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Mantega endurece com a GM. Será?

Por Altamiro Borges

Dois dias após afirmar que as 2 mil demissões anunciadas pela GM em São José dos Campos (SP) seriam "apenas um detalhe", o ministro Guido Mantega parece que mudou de opinião e resolveu endurecer com a poderosa multinacional estadunidense. Segundo a Agência Brasil, "o ministro da Fazenda disse nesta sexta-feira (3) que 'não vai tolerar o descumprimento do acordo de não demissão nos setores beneficiados pela redução do IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados]".

A bronca do ministro coincidiu com a combativa manifestação dos operários das oito fábricas da GM em São José dos Campos. Ontem, os 7.200 metalúrgicos da empresa cruzaram os braços contra a ameaça do facão. O sindicato da categoria também liderou uma passeata, que paralisou a Rodovia Dutra, em protesto contra a multinacional e a postura servil do governo. O clima de revolta entre os trabalhadores e a aparente mudança de postura do ministro da Fazenda podem alterar os rumos da negociação com a GM, prevista para ocorrer amanhã (4).

Renúncia fiscal e outras benesses

Isto não significa que a multinacional ianque sairá perdendo neste embate. Seguindo a velha tática patronal, a empresa pode ter utilizado a ameaça de demissões para conseguir mais algumas benesses do poder público. No início da semana, o governo havia anunciado que suspenderia a redução do IPI na produção de veículos e na linha branca (fogões, geladeiras, tanquinhos e máquinas de lavar). Agora, diante da ação terrorista das montadoras de automóveis, o Palácio do Planalto já cogita estender o prazo da renúncia fiscal.

Além disso, o governo paulista também anunciou que poderá conceder outros incentivos à General Motors para evitar demissões. Após reunião com a direção do Sindicato dos Metalúrgicos, o governador Geraldo Alckmin afirmou que "podemos ajudar com o nosso Programa Pró-Veículo, onde nós liberamos o crédito de ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] para investimento aqui em São Paulo”. O tucano disse que se aliaria ao governo federal e à GM "na busca de uma solução para o impasse".

Contrapartidas e rígidas punições

Estas concessões, sem normas rígidas de contrapartidas e punições, deixam os trabalhadores e os governos reféns das poderosas multinacionais do setor. Elas continuam obtendo lucros astronômicos no Brasil, boa parte deles remetidos sem qualquer controle para as suas matrizes no exterior. Somente com a redução do IPI, as vendas de veículos subiram 22,04% em julho na comparação com o mesmo mês de 2011. Nos mês passado foram emplacados 351.410 unidades - o maior número registrado desde 1957. Graças à renúncia fiscal, que penaliza toda a sociedade, a produção aumentou e o lucro das multinacionais bateu recordes.

Apesar disso, as multinacionais não vacilam em demitir e fazer chantagens terroristas. Estudo da subseção do Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Sócio-Econômicas (Diesse) do Sindicato dos Metalúrgicos de São José Campos mostra que a GM fechou, no período de um ano, 1.189 postos de trabalho no país - isto sem contar as 356 dispensas feitas por meio do Programa de Demissão Voluntária (PDV). A ameaça de demitir mais 2 mil metalúrgicos em São José dos Campos serviu com mais uma chantagem da ambiciosa multinacional. 

7 comentários:

  1. Barbaridade! Não é dando mais benefícios às maquiavélicas multinacionais que se vai garantir emprego aos trabalhadores! Os lucros delas são prá lá de exorbitantes! Um assalto ao Brasil! Tomara que o Ministro Mantega não arregle. Quem sabe o governo pode abrir mais postos de trabalho com projetos socias, ao invés de dar redução de IPI. E esse alckmin?! Porque não faz casa, creche, metrô?!! AH! vai se lascar!

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  2. Precisamos de uma montadora nacional, que equilibre tanto o mercado de veículos, quanto o mercado de trabalho do setor.
    Nessas horas, uma montadora nacional poderia fazer uma expansão e contratar estes trabalhadores, agregando mais experiência e conhecimento, ampliando o faturamento e desarmando as artimanhas das multinacionais.
    A nova burguesia, formada pelos governos Lula e Dilma, deve ter capacidade para esses investimentos. Entretanto, ainda dependemos dos burgueses antigos, que só sabem investir em privataria.

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  3. Miro,
    No mês passado estive em uma concessionária da GM para conhecer um de seus novos lançamentos. Eu tive acesso à um Fax (mostrado por um funcionário)enviado pela fábrica, suspendendo a venda de 6 modêlos pois a produção já estava comprometida até início de Outubro.
    Temos mais é que endurecer as negociações mesmo, acho até que seria prudente cancelar a isenção do imposto para quem descumpre o acordo, porque se a moda pega.....

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  4. Com ipi ou não, sabe quando vou conseguir ter um carro? Nunca.

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  5. Eterna colônia, tem que endurecer as negociações sim, ha se tivéssemos uma indústria automobilística nacional hein,até quando vamos sustentar as mamatas dessa turma.

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  6. E como vai ficar isso? Quais seriam
    as consequências caso o governo
    suspendesse a redução do imposto
    para quem não cumprisse o acordo?
    Poderiam acontecer mais demissões?
    E a médio prazo como ficaram essas
    montadoras? Será que a diminuição
    das vendas, por terem seus carros
    mais caros, seria tão grande?
    Como é esse jogo? Eu não entendo
    disso, e fico a cismar...

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  7. Olá , seu blog é muito bom, e desde já quero dar-lhe os parabéns, meu nome é: António Batalha, e quero deixar-lhe um convite, se quiser fazer parte de meus amigos virtuais no blog Peregrino E Servo ficarei muito radiante. Claro que irei retribuir seguindo também seu blog.Como sou um homem de Deus deixo-lhe a minha bênção. E que Seja feliz você e sua casa.

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