quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Serra pode usar a máquina pública?

Por Altamiro Borges

Na semana passada, Lúcia Espagolla, diretora regional da Secretaria Estadual de Educação, utilizou uma circular oficial e o site do órgão para convocar servidores de escolas públicas de São Paulo a participar de uma reunião em apoio à campanha de José Serra. Alguns diretores denunciaram que, após disparar os convites, a tucaninha ainda ligou ameaçando os que não comparecessem com a perda do cargo. O encontro ocorreu num centro cultural na zona norte e teve a presença de Alexandre Schneider, o vice de Serra.

A grave denúncia foi publicada pela Folha, mas não mereceu destaque na capa ou qualquer repercussão no restante da mídia serrista. Nos dias seguintes, a coação com uso da máquina pública simplesmente caiu no esquecimento. O jornal apenas noticiou que a diretora foi afastada do cargo e abriu espaço para o PSDB apresentar sua desculpa esfarrapada. Será que a mídia tucana teria a mesma atitude complacente se “circular oficial” fosse usada pelo governo federal para convocar uma reunião com o petista Fernando Haddad?

Uma prática rotineira dos tucanos

Nas campanhas eleitorais em São Paulo, o uso da máquina pública já virou rotina. Há quase duas décadas no comando do estado, os tucanos são especialistas na matéria e usam vários estratagemas. Para vitaminar a sua campanha à prefeitura da capital, Serra tem usado a própria agenda de inaugurações do governo estadual. Na semana passada, ele visitou uma unidade de reabilitação de deficientes físicos e ganhou os holofotes do telejornal “SP-TV”, da TV Globo. Ele foi filmado ao lado de pacientes e posou para fotos.

No início de agosto, outra notinha na Folha, desta vez no Painel, informou que o governador Geraldo Alckmin “escalou os secretários de seu núcleo político para um mutirão em cem cidades paulistas. Julio Semeghini (Planejamento), Edson Aparecido (Desenvolvimento Metropolitano), Sílvio Torres (Habitação), Bruno Covas (Meio Ambiente), José Aníbal (Energia) e Sidney Beraldo (Casa Civil) turbinarão campanhas de aliados nas regiões do Estado onde mantêm eleitorado cativo”. A notinha só não explica como eles irão operar!

Diante do crescente uso da máquina pública, os candidatos de outros partidos prometem fazer barulho. Antonio Donato, coordenador da campanha de Fernando Haddad, afirmou que o PT acionará a Justiça. "Usar a máquina na eleição é indecente e criminoso", critica Gabriel Chalita (PMDB). Já Celso Russomanno (PRB) exigiu uma postura firme do Ministério Público e da Justiça Eleitoral. “É muito triste, uma forma antidemocrática de fazer campanha”, afirmou. Para a mídia serrista, porém, o assunto não merece destaque!

Apoios preocupantes

Ao mesmo tempo, os jornalões tem dado cobertura aos apoios obtidos pelo eterno candidato do PSDB – sem nenhuma leitura crítica. Nesta semana, eles noticiaram a adesão da igreja evangélica Renascer em Cristo, liderada pelo casal Estevam e Sônia Hernandes, que foi preso nos EUA em 2007. Dias antes, o tucano já havia recebido as “bênçãos” do sinistro Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus, e um “conte comigo” do midiático Marcelo Rossi. “Eu sou um admirador dele. Somos amigos”, afirmou o padre.

Este amplo leque de apoios religiosos indica que o tucano deverá manter a linha da campanha presidencial em 2010, quando explorou preconceituosamente temas como aborto e casamento homossexual. A mídia serrista, porém, não tem reparos a fazer sobre isto! 

2 comentários:

  1. Essa história da reunião com a presença do Schneider é verdade. Rolou um stress na minha escola, por que a maioria sacou que era uma jogada política e não queria participar... mas, no fim por livre e espontânea pressão todo mundo foi! obs: assinarei como anônima senão o vampiro me caça !

    ResponderExcluir
  2. Miro, não deixe de ver essa:
    http://contextolivre.blogspot.com.br/2012/08/denuncia-flagrante-da-social-democracia.html
    Abs!

    ResponderExcluir

Comente: