domingo, 16 de setembro de 2012

Tucanos de SP "investem" na mídia

Por José Dirceu, em seu blog:

As estreitas ligações entre o candidato à Prefeitura de São Paulo, ex-governador, ex-ministro de FHC e tucano José Serra, com os maiores veículos da mídia em São Paulo podem ser traduzidas em números. É o que fez a Folha deste sábado (15.9), ao publicar que, entre 2007 e 2011, o governo do Estado de São Paulo gastou R$ 608,9 milhões com publicidade.

O jornal também revela que a principal agência que atende o governo do Estado desde 2007, a Lua Propaganda, está registrada no nome do publicitário Rodrigo Gonzalez e três sócios. Ocorre que Rodrigo é filho de Luiz Gonzalez, marqueteiro responsável pelas campanhas eleitorais de Serra e Alckmin. Inclusive a sua campanha à Prefeitura deste ano.

Além da conta principal do governo, a Lua ainda responde pela publicidade da Dersa (empresa rodoviária do Estado) e do Nota Fiscal Paulista, programa vitrine do governo. A pergunta que não quer calar: pode a mesma agência que faz a publicidade para o governo, fazer as campanhas do tucanato e vice-versa?

Fazendo as contas

A verba destinada aos veículos pelo Governo do Estado corresponde a 30% do que gastou o governo federal no mesmo período e a seis vezes o investimento da Secretaria da Cultura em 2011. O blogueiro Saul Leblon (Blog das Frases) ainda faz outras comparações: “É como se o tucano transferisse 980 salários mínimos por dia (40 salários por hora), uma Mega-Sena por mês (a deste sábado é de R$ 17 milhões) aos veículos que o apoiam”.

O auge dos gastos ocorreram em 2009 e 2010, quando o então governador José Serra era candidato a presidente. Em 2009 foram R$ 173 milhões em anúncios, quase o triplo de 2007, início de sua gestão. Em 2010, o recorde dos cinco anos: R$ 17,6 milhões por mês.

No primeiro ano do atual mandato de Geraldo Alckmin (2011), o gasto anual caiu 55% em relação a 2010. Ainda assim, foi 17% maior que 2007.

Serra e a TV Globo: um amor sem fim

Dos R$ 608,9 milhões gastos em cinco anos, quase 70% pagou anúncios para TVs. Rádios de mais de 200 municípios levaram 17,1%. Em seguida aparecem os jornais (7,7%) e as revistas (2%). Outros tipos de mídia captaram 3,5%.

O verdadeiro amor de Serra à Globo aparece também nos números: as emissoras com sinal aberto da Globo (capital e afiliadas) receberam R$ 210 milhões, 49,5% de total aplicado em TV (34,5% da verba total). Pelo Ibope, porém, elas tiveram audiência sempre abaixo disso (foi declinante, de 41% em 2007 para 38% em 2011).

A própria Folha, que publica a reportagem, aparece como o segundo veículo entre os jornais diários em destinação de anúncios, com R$ 4,4 milhões. Atrás do Estadão, com R$ 4,7 milhões.

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