quinta-feira, 11 de outubro de 2012

SIP condenará censura à Folha Bancária?

Arte: Marcio Baraldi
Por Altamiro Borges

A partir de amanhã (12), cerca de 600 donos e executivos da mídia do continente estarão em São Paulo, no Hotel Renaissance, para participar da 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). A entidade regional, um biombo da famigerada CIA, aprovará resoluções raivosas contra governos da América Latina que promovem mudanças democratizantes no setor da comunicação e fará discursos acalorados em defesa da liberdade de expressão e "contra a censura". Balela pura!

Já que está tão preocupada com a perseguição aos veículos da comunicação, a SIP poderia aprovar uma nota de repúdio ao PSDB, que acionou a Justiça e a PM para invadir a sede do Sindicato dos Bancários de São Paulo e censurar seu órgão oficial, a Folha Bancária. A ação truculenta foi desfechada na sexta-feira, na véspera do primeiro turno da eleição para a prefeitura paulistana. Visou criar um factoide político favorável à candidatura do tucano José Serra, conhecido por agredir e pedir a cabeça de jornalistas aos patrões.

Hoje, o juiz eleitoral Marco Antonio Martin Vargas reforçou a perseguição à entidade sindical, fixando multa de R$ 5 mil pela edição da Folha Bancária sobre as eleições. Um verdadeiro absurdo! No Brasil, os sindicatos de trabalhadores são proibidos de participar das eleições. Já as entidades patronais doam grana, que ainda é debitada do Imposto de Renda. Em vários países, inclusive nos EUA, a legislação permite a participação do sindicalismo nas disputas eleitorais, inclusive fixando cotas de contribuição financeira.

Para não cair no total descrédito – se é que ainda possui algum –, a SIP deveria condenar a truculência do PSDB contra a Folha Bancária. Também poderia aproveitar o convescote para manifestar solidariedade aos blogueiros brasileiros vítimas de perseguição, violência e da judicialização da censura. Ela até poderia dar uma bronca num de seus afiliados, a famiglia Frias, que censurou o sítio irreverente Falha de S.Paulo. Evidente que ela não fará nada disto. A SIP representa os barões da mídia. O discurso sobre liberdade de expressão é pura falsidade. Ela defende, de fato, a liberdade dos monopólios e a ditadura midiática.

2 comentários:

  1. A reunião do SIP ocorre no Brasil justamente no momento do julgamento do mensalão e dos trabalhos da CPI do Cachoeira, onde a mídia está enterrada até a alma.
    Será mera coincidência ?
    Creio sentir um mal cheiro.

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  2. A atualidade do que Chomsky falou num programa da Cultura, o Roda Viva, já faz um tempo:"Começava aí, um caminho sem volta contra qualquer modelo de poder, do comunismo ao liberalismo totalitário norte-americano. Outro alvo de ataque é a mídia de massa. Chomsky trata as grandes redes de comunicação como veículos manipuladores a serviço de quem ele considera os verdadeiros donos de governos e nações, os grandes conglomerados multinacionais. Decifrar a história por trás da mídia é um dos passatempos favoritos desse anarquista confesso. Em Repensando Camelot, um de seus mais de 50 livros, o filósofo estarrece os leitores com uma interpretação reveladora, arranca a máscara pacifista do ex-presidente John Kennedy e apresenta JFK como um dos mentores da invasão de Cuba e articulador da guerra contra o Vietnã e dos golpes no Chile e no Brasil."

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