quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Greve dos jornalistas... na Espanha

Por Altamiro Borges

A redação do El País, da Espanha, está vazia e o diário impresso, tão paparicado pela mídia nativa, pode não circular nesta quarta-feira. Desde ontem, os jornalistas entraram em greve contra o plano de demissões imposto pela direção do Grupo Prisa, que edita o jornal. Fotos postadas no twitter confirmam a força da paralisação. Segundo a entidade dos trabalhadores, 95% dos profissionais aderiram à greve. A direção da empresa admitiu adesão de 79% e anunciou que a edição impressa poderá não circular ou terá menos páginas.

A paralisação, prevista para durar três dias, foi decretada após o fiasco das negociações com a direção da empresa, que é comandada pelo carrasco Juan Cebrián, uma das estrelas da máfia midiática no convescote da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), realizado em São Paulo no mês passado. O Grupo Prisa aceitou reduzir o número de demitidos de 149 para 139 e diminuir o percentual de corte dos salários de 15% para 13%. Diante desta provocação, os 460 jornalistas do El País decidiram entrar em greve.

Já no Brasil...

Enquanto a coisa esquenta na Espanha, no Brasil ocorre nestes dias, em Rio Branco (AC), o 35º Congresso Nacional dos Jornalistas. O evento, organizada pela Fenaj, terá como tema “os desafios do jornalismo e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável”. Ele também deverá se debruçar sobre os perigos que rondam a categoria no país. Na semana passada, dois veículos tradicionais, o Jornal da Tarde e o Diário do Povo, foram extintos; também ocorreram demissões massivas na Rede Record.

Além disso, os impérios midiáticos nativos conquistaram no Supremo Tribunal Federal o fim do diploma obrigatório para o exercício do jornalismo, com o único intento de precarizar a atividade profissional. Tramita agora no Senado Proposta de Emenda Constitucional que visa restabelecer a obrigatoriedade deste documento. Ou seja: os jornalistas brasileiros – pelo menos os que se recusam a chamar o patrão de “companheiro” – têm muitos desafios pela frente. A greve no El País deveria servir de inspiração!

3 comentários:


  1. Pode-se supor que os pitbuls esteja latindo - também - para sobreviver.

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  2. TAÍ, ADOREI ESTAS REPORCAGENS!!! Como assim? Enviei para um monte de amigos do meu blog Jenipaponews e nenhum desles (blogueiros) sabiam da existência desta porcaria (PIG)...IMAGINA, MILHÕES DE TRABALHADORES DESFRUTANDO DE MILHÕES DE EMPREGOS EXISTENTES HOJE NO BRASIL? A internet já supera a audiência das TVs, imagina da mídia de esgoto do papel?

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  3. Bruno Albuquerque, Jornalista de Feira de Santana28 de dezembro de 2012 às 03:39

    Concordo plenamente, caro Miro.
    O que não me entra na cabeça é o fato da nossa classe ainda permitir que isso aconteça.
    Cobrimos muitas greves, mas fazemos pouquíssimas, se compararmos a outras categorias, como a dos professores, servidores públicos e até mesmo policiais.
    Uma classe que é formadora de opinião, logo nós jornalistas tão donos das verdades... Nos sujeitarmos?
    Isso é o que me entra na cabeça.
    Parabéns, sua oportuna explanação é mais que pertinente.

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