domingo, 4 de novembro de 2012

Sandy e os “esquecidos” pela mídia

Furacão Sandy, Haiti - Foto: EFE
Por Altamiro Borges

O furacão Sandy causou enorme devastação na América Central, no Caribe e também nos Estados Unidos. Mas a mídia nativa, sempre tão colonizada, só deu atenção para a tragédia no território estadunidense. A TV Globo, com as suas longas matérias, até parecia uma sucursal de alguma emissora ianque. Novamente, em mais este caso dramático, a mídia brasileira demonstrou que não tem qualquer identidade com os povos latino-americanos. Ela serve ao império, sente as suas dores e reproduz as suas versões dos fatos.

Balanço parcial indica que o furacão Sandy, que virou uma tempestade nos EUA, causou pelo menos 41 mortes em Nova Iorque e deixou milhares de pessoas desabrigadas. Governo e corporações empresariais também já fazem cálculos sobre os prejuízos econômicos, que devem superar os US$ 50 bilhões – mais de 101 bilhões de reais. Já na América Central e no Caribe, os danos são bem maiores, devido principalmente à frágil estrutura dos países da região – sempre saqueados e oprimidos pelo império do norte.

Sofrimento na América Central e Caribe

Segundo o sítio da Adital, o furacão deixou 54 mortos no Haiti, 11 em Cuba, dois nas Bahamas, dois na República Dominicana, um na Jamaica e um em Porto Rico. A situação mais dramática é a do Haiti. “O ciclone aprofundou a crise nesse país caribenho, que já contava com 400 mil pessoas sem habitação desde o devastador terremoto de janeiro de 2010. Ele agregou à lista mais 200 mil pessoas. Agora, o governo haitiano teme pelo aumento do número das vítimas de cólera; no último mês, foram registrados 86 novos casos”.

Na Jamaica, ele deixou dezenas de famílias sem-teto e causou prejuízos estimados em US$ 16,5 milhões, segundo informou a primeira-ministra do país, Portia Simpson Miller. E Cuba, a tormenta matou 11 pessoas em Santiago de Cuba e nas províncias de Guantánamo. Cerca de 5 mil edifícios foram parcialmente destruídos e 30 mil cubanos ficaram sem-teto. Na República Dominicana, mais de 18 mil pessoas tiveram que ser evacuadas e cerca de 3.500 casas foram destruídas.

EUA pautam a imprensa nativa

A mídia colonizada simplesmente “esqueceu” estas vítimas. Como aponta o jornalista João Paulo Charleaux, “enquanto o furacão Sandy matava 69 pessoas na América Central e no Caribe, pouco se via sobre ele nos jornais daqui. Bastou a ventania entrar nos radares americanos para entrar, também, na pauta da imprensa brasileira com força total. Agora, escoado o aguaceiro, resta, além das mortes, a ideia de que ainda falta ao jornalismo internacional brasileiro criar sua própria agenda, em vez de comprar a dos outros”.

Charleaux trabalhou durante oito anos na Cruz Vermelha Internacional e já cobriu catástrofes para vários veículos. Ele lembra que “nas redações, a piada mais comum é a de que um americano assustado equivale a uns 40 centro-americanos mortos ou uns 50 corpos africanos e por aí vai”. De fato, para a mídia colonizada pouco importa o sofrimento dos povos que sempre foram explorados e oprimidos pelo império e que hoje lutam por sua libertação. A mídia servil chora apenas pelas vítimas do império!

5 comentários:

  1. Benjamin Eurico Malucelli4 de novembro de 2012 às 21:52

    A imprensa brasileira, com algumas poucas exceções, é uma vergonha. Enviei uma carta para a Folha hoje para ser publicada no Painel do Leitor que posto aqui : "Manchetes e mais manchetes são dedicadas à passagem do furacão Sandy pelos Estados Unidos. Entretanto, pouco se escreve a respeito da passagem do mesmo sobre o Caribe, particularmente pelo Haiti onde a destruição foi grande e cerca de 60 pessoas morreram e mais de 20 estão desaparecidas. Dois países, duas medidas!"
    Duvido que publiquem

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  2. Vassala,preconceituosa, perversa e mentirosa
    a. Jornalistas lambe botas. Vergonhoso. Podre podre a mldia brasileira.

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  3. Lamentável.
    Essa imprensa colonizada não tá nem aqui nem aí pro Haiti, ou pra qualquer outro país que não dê quórum financeiro.

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  4. Lamentável. Ontem mesmo estava pensando sobre a indústria cinematográfica que nos impõe golea abaixo toda a cultura americana. A mídia exporta os fatos e de quebra o modo de vida dos americanos, que muitas vezes não nos interessa. Não gostamos de ovos com bacon no café da manhã nem queremos saber de doutrinar nossas crianças a beber refigerantes de cola. Chega de notícias no formato de enlatados, pré-formatadas e, descaradamente tendenciosas.

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  5. Eu vejo o Repórter Brasil, da TV Brasil.E nela tambpem é lamentável a atitude. Nossa tv pública, algumas vezes ela segue a globo. Nessa notícia fiquei observando e não consegui ver as notícias do Caribe. Uma frase curta, apenas.
    Penso que a TV Brasil precisa de um conselho mais progressista e pessoas atentas. Aq uestão religiosa chega a irritar. Há três programas religiosos que não saem da grade, uma vergonha numa tv pública de um país laico. E as notícias de festas católicas? Com espaço enorme e questionável.

    A Leda Nagle todos os dias faz alguma propaganda: ou é a Folha, que ela diz ser o melhor jornal; ou a globo/o globo. A veja também ela gosta de citar como leitura sua. Sem falar na avalanche de padres modelos-manequins que ela leva no programa. Uns cabeças vazias, que só falam abobrinhas, bem ao gosto dela.
    Agradeço
    Anna

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