Roberto Stuckert Filho/PR |
As pesquisas Ibope e Datafolha divulgadas na semana
passada conflagraram ainda mais o ninho tucano, bagunçaram os cálculos de
setores governistas que já ameaçavam promover dissidências e encheram de otimismo
os mais chegados ao Palácio do Planalto. Não é para menos. Elas dão folgada
vantagem para Dilma Rousseff. Alguns até já falam que ela poderá ser reeleita
no primeiro turno em outubro de 2014. Mas é bom ficar esperto. A campanha nem
começou e muita água ainda vai rolar embaixo da ponte.
Potencial de votos dos candidatos
Com relação à pesquisa anterior do Datafolha, de dezembro
passado, Dilma cresceu quatro pontos; os demais candidatos oscilaram na margem
de erro. Para a mídia tucana, que nos últimos dias deu forte projeção ao
governador de Pernambuco com o intento de rachar a base governista, a pesquisa
trouxe outras frustrações. No Nordeste, a
sua principal base eleitoral, Eduardo Campos atinge apenas 11% das intenções de
voto, enquanto a atual presidenta dispara com 64% das preferências.
Já segundo o Ibope, que usou uma metodologia diferente na
sondagem, o cenário é ainda mais complicado para a oposição. Somando os
eleitores que votarão em Dilma com certeza mais os que podem votar nela, o seu
potencial de votos atinge 76%, contra 20% que não votariam nela de jeito nenhum.
Marina Silva fica praticamente zerada, com potencial de 40%, os mesmos 40% que
não votariam nela de jeito nenhum. Já Aécio e Campos aparecem com
saldo negativo entre o potencial de votos e a forte rejeição.
Razões da elevada popularidade
A pesquisa, porém, é apenas uma fotografia do momento, como
gostam de afirmar os mais cautelosos. O próprio Datafolha indica que a elevada
popularidade da presidenta decorre da sensação de bem-estar da sociedade com os
rumos da economia, em especial com a queda do desemprego e o aumento da renda e
do consumo. O fraco desempenho do PIB em 2012 não afetou sua imagem. As
recentes medidas de cortes dos juros, redução das contas de luz e
desoneração da cesta básica ajudaram a manter sua alta intenção de votos.
Ocorre que a situação econômica do Brasil não é tranquila. Até
agora, o país conteve os impactos mais destrutivos da crise capitalista
mundial, mas ele não está imune aos seus efeitos prolongados. Por enquanto, 51%
dos entrevistados acham que o país vai melhorar. Mas 31% já afirmam
temer pelo aumento do desemprego. Qualquer solavanco maior na economia pode
abalar os ânimos. A sensação de bem-estar, principalmente em função do consumismo,
não garante maior nível de consciência política da sociedade.
A influência do aparato midiático
Além disso, não dá para menosprezar a capacidade das elites
de criar factoides. A direita partidária hoje está em frangalhos, mas ela conta
com um poderoso aparato midiático – que cumpre o papel de principal partido da
oposição. Alguns, mais otimistas, afirmam que a mídia hoje já não exerce influência
sobre a população. É bom lembrar que ela conseguiu forçar o segundo turno nas eleições
de Lula e Dilma – neste sentido, vale a pena ler o livro recém-lançado “A
ditadura continuada”, de Jakson Ferreira Alencar.
A embriaguez com as recentes pesquisas não ajuda em nada.
Ela desarma as forças de esquerda para a estratégica batalha de 2014 e reforça
as posições comodistas de setores do governo – que não adotam medidas mais
ousadas no enfrentamento à crise do capitalismo e no combate aos
monopólios midiáticos. De bajuladores, Brasília já está lotada. É preciso alertar a sociedade para os riscos do futuro.
Na hora que o Cerra entrar, aí é que tem que abrir o olho, e ele vai entrar de surpresa, aguarde.
ResponderExcluirE aí vai soltar sijeira no ventilador.
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