Por Altamiro Borges
Na entrevista à Agência Estado, Paulo
Bernardo deu uma de esperto ao juntar as críticas partidárias à ausência do
projeto de novo marco regulatório com as referentes às recentes isenções
fiscais das poderosas teles: “É incompreensível que um
partido que está há dez anos no governo seja contra a desoneração e critique o
nosso esforço para baixar impostos... Alguns militantes nossos misturam
regulação da mídia com investimentos em telecomunicações. Isso não pode
acontecer. São assuntos separados”.
"O PT deveria pedir a cabeça de Paulo Bernardo”
As declarações do ministro das Comunicações, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo” no dia 19/3, constituem afronta à disciplina partidária. Sempre ausente nos debates organizados pelo PT e os movimentos sociais sobre o marco regulatório de sua área, Paulo Bernardo decidiu recorrer a um jornal adversário de seu partido para atacar publicamente resolução do diretório nacional da agremiação, em um tom de quase escárnio.
Se o PT deixar tal comportamento sem resposta à altura, estará abrindo perigoso precedente para sua autoridade. Um governo de coalizão, afinal, é produto da aliança entre partidos, mesmo no sistema presidencialista. Não é um acordo entre o chefe de Estado e indivíduos que agem a seu bel prazer. Claro que a presidente pode nomear o assessor que bem quiser, como manda a Constituição, mas os partidos têm que deixar claro quem fala ou não em seu nome, para o bem da democracia.
Um fato recente, aliás, ilustrou essa regra do jogo. O PDT, agrupamento mais frágil e inorgânico que o PT, exigiu que o ministro do Trabalho, Brizola Neto, fosse substituído por um nome que melhor representasse a posição partidária. Sem qualquer juízo de valor sobre a troca, a atitude dos pedetistas foi pertinente. A presidente logo o compreendeu e negociou a substituição reivindicada.
O caso de Paulo Bernardo é muito mais grave. Diferentemente do caso citado, o ministro paranaense optou por um discurso de ruptura contra a orientação que o PT defende para o setor. Assumiu o papel de porta-voz dos interesses das grandes corporações de comunicação e telefonia. A presidente Dilma Rousseff pode até concordar com seu auxiliar e mantê-lo no posto, pois faz parte de seu livre-arbítrio presidencial. Mas se o PT não afirmar claramente que Bernardo quebrou laços de confiança, sairá diminuído do episódio.
A senadora Heloísa Helena e outros parlamentares, no início do governo Lula, foram corretamente punidos porque votaram contra a orientação petista na reforma da Previdência. Não importa o mérito. Representantes públicos de um partido devem se submeter ao coletivo e suas instâncias. Se não o fazem, devem ser excluídos de suas funções. Não há outro caminho, na democracia, para o fortalecimento das instituições, a não ser que se aceite que carreiras pessoais sejam o epicentro da vida política.
No parlamentarismo, ao PT caberia votar moção de censura e derrubar o ministro, além de submetê-lo às regras estatutárias. Inexistindo esse instituto em nosso atual ordenamento, uma nota de condenação seria o mínimo razoável. Deixando claro à sociedade e à presidente que Paulo Bernardo não tem mais seu apoio para continuar no governo.
O ministro das Comunicações, o petista histórico Paulo
Bernardo, parece que resolveu entrar em confronto com o seu partido. Num jornal
que é declaradamente de oposição ao governo Dilma, o Estadão, ele criticou a nota
aprovada pela direção nacional do PT, em reunião realizada em Fortaleza (CE) no
início de março. Para ele, o documento que prega a urgência de uma regulação
democrática da mídia é “incompreensível”. A reação à entrevista foi imediata,
com muitos internautas condenando a “traíragem” do ministro.
A nota do PT não juntou os dois temas, mas tratou de ambos
os assuntos. Criticou a decisão do governo Dilma de não discutir o
estratégico tema da democratização da comunicação, conclamando a militância
petista a se engajar na coleta de assinaturas para o projeto de iniciativa
popular do FNDC pela regulação da mídia; e criticou, também, os constantes
privilégios concedidos às empresas de telecomunicações. A legenda tem apoiado o
“esforço para baixar impostos” do governo, mas discorda dos subsídios às teles.
As marotas declarações do ministro foram saudadas pelo
Estadão, que adora apostar na cisão das esquerdas. O jornalão ressaltou que, “para
Bernardo, há ‘muita confusão’ sobre o que é marco regulatório. ‘A Constituição
veda a censura e, portanto, o marco regulatório não pode ser confundido com
controle da imprensa nem com nenhum tipo de controle de nada’, insistiu o
ministro”. A confusão, neste caso, é do ministro e do Estadão, já que o FNDC nunca
propôs qualquer medida de censura e nem o PT defende o “controle da mídia”.
“Todos os países têm algum tipo de regulação sobre os meios
eletrônicos e não é cerceamento, ao contrário, procuram corresponder ao fato de
que o direito à informação, à liberdade de expressão, é também um direito
individual... É preciso que o Estado, em nome da sociedade, fixe parâmetros e
regras que não implicam a restrição de conteúdo, mas normas de funcionamento
para esses meios, que são cada vez mais poderosos, formam opiniões e difundem
interesses”, explicou Rui Falcão, presidente do PT, ao sítio do FNDC.
Paulo Bernardo preferiu esquecer a posição histórica do seu
partido e usou o palanque do Estadão para desqualificá-la. Pior para ele. A
reação foi imediata. Uma das correntes internas do PT, a Articulação de
Esquerda, já emitiu nota retrucando o ministro. Vários textos também foram postados
na internet criticando-o. Um dos mais incisivos e consistentes foi escrito pelo
jornalista Breno Altman, diretor do Opera Mundi e da revista Samuel, em artigo
publicado hoje no sítio Brasil-274. Reproduzo-o abaixo na íntegra:
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As declarações do ministro das Comunicações, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo” no dia 19/3, constituem afronta à disciplina partidária. Sempre ausente nos debates organizados pelo PT e os movimentos sociais sobre o marco regulatório de sua área, Paulo Bernardo decidiu recorrer a um jornal adversário de seu partido para atacar publicamente resolução do diretório nacional da agremiação, em um tom de quase escárnio.
Se o PT deixar tal comportamento sem resposta à altura, estará abrindo perigoso precedente para sua autoridade. Um governo de coalizão, afinal, é produto da aliança entre partidos, mesmo no sistema presidencialista. Não é um acordo entre o chefe de Estado e indivíduos que agem a seu bel prazer. Claro que a presidente pode nomear o assessor que bem quiser, como manda a Constituição, mas os partidos têm que deixar claro quem fala ou não em seu nome, para o bem da democracia.
Um fato recente, aliás, ilustrou essa regra do jogo. O PDT, agrupamento mais frágil e inorgânico que o PT, exigiu que o ministro do Trabalho, Brizola Neto, fosse substituído por um nome que melhor representasse a posição partidária. Sem qualquer juízo de valor sobre a troca, a atitude dos pedetistas foi pertinente. A presidente logo o compreendeu e negociou a substituição reivindicada.
O caso de Paulo Bernardo é muito mais grave. Diferentemente do caso citado, o ministro paranaense optou por um discurso de ruptura contra a orientação que o PT defende para o setor. Assumiu o papel de porta-voz dos interesses das grandes corporações de comunicação e telefonia. A presidente Dilma Rousseff pode até concordar com seu auxiliar e mantê-lo no posto, pois faz parte de seu livre-arbítrio presidencial. Mas se o PT não afirmar claramente que Bernardo quebrou laços de confiança, sairá diminuído do episódio.
A senadora Heloísa Helena e outros parlamentares, no início do governo Lula, foram corretamente punidos porque votaram contra a orientação petista na reforma da Previdência. Não importa o mérito. Representantes públicos de um partido devem se submeter ao coletivo e suas instâncias. Se não o fazem, devem ser excluídos de suas funções. Não há outro caminho, na democracia, para o fortalecimento das instituições, a não ser que se aceite que carreiras pessoais sejam o epicentro da vida política.
No parlamentarismo, ao PT caberia votar moção de censura e derrubar o ministro, além de submetê-lo às regras estatutárias. Inexistindo esse instituto em nosso atual ordenamento, uma nota de condenação seria o mínimo razoável. Deixando claro à sociedade e à presidente que Paulo Bernardo não tem mais seu apoio para continuar no governo.
Esse Paulo Bernardo é uma afronta a nação, ele é vendidaço das grandes oligarquias das comunicações, esqueçe que a telebras é recriação do PT, colocando a empresa pra escanteio e apoiando as teles, sem falar que a anatel virou casa também das teles, se o Paulo Bernardo continuar no MC o PT não terá o meu voto.
ResponderExcluirHaja pasciência para aguentar esse ministro que está de mãos dadas com as teles.Esse é um inimigo do povo brasileiro, faz o papel de coveiro do projeto do grande ministro Franklin Martins, nacionalista de primeira hora. Acorde Dilma!
ResponderExcluirDas duas uma ou o gajo ministro esquece suas origens ou é curtinho de idéias mesmo; èésabido e notório que a ascenção ao poder sobe à cabeça de petistas no alto escalão que passam a acreditar que fazem parte da casa grande. Ledo engano!
ResponderExcluirMas e o logotipo da Record do Paulo H. Tamborim? Esqueceu de colocar ou o cumpanheiro não gosta? Ai ai ai...
ResponderExcluirNão se iludam com as pequisas Ibope e DataFolha sobre as intenções de voto para presidente.
ResponderExcluirO pig praticamente encurta o mandato de Dilma ao jogar a campanha nas ruas faltando quase dois anos para o término do mandato e ainda por cima põe a culpa em Lula que, como se sabe, não lançou candidatura de Dilma, apenas afirmou que ela seria sua candidata, desde quando isso é lancar campanha. Incrível o poder do pig nesse pais, além de mandarem no STF, fazem as vezes, também, de Tribunal Eleitoral, não se espantem se daqui uns dias o pig proibir Dilma de fazer pronunciamento à nação, como inaugurar obras, sob alegação de que estamos em campanha eleitoral. Essas pesquisas extemporâneas fazem parte dessa lógica.