sábado, 16 de março de 2013

Vale-Cultura não é da TV Globo

Por Altamiro Borges

A pressão social muitas vezes consegue reverter péssimas ideias dos governantes. Nesta terça-feira, a ministra Marta Suplicy anunciou que desistiu de incluir a TV por assinatura no programa Vale-Cultura. “Foram fundamentais os encontros que tive nos fóruns de cultura em Porto Alegre e Belo Horizonte, com mais de 500 pessoas. Sou uma pessoa que escuta. Coloquei argumentos a favor e ouvi também os contra. Fui pesando e decidi, então, que vamos focar no teatro, na música e no livro”, afirmou durante um evento em São Paulo.

O programa do governo federal, que concederá R$ 50 mensais para gastos em atividades culturais ao trabalhador que recebe até R$ 3.110, entrará em circulação em junho e estima-se que beneficiará cerca de um milhão de usuários até o final do ano. A previsão é que ele injetará R$ 11,3 milhões no mundo da cultura nos próximos anos. Num primeiro momento, a mídia privada bombardeou o programa, taxando-o de “populista”. Curiosamente, quando a ministra pensou em incluir a TV a cabo, os ataques diminuíram.

Agora, Marta Suplicy desiste da ideia e é elogiada por lideranças culturais e políticas. Segundo Mônica Bergamo, da Folha, ela deu a notícia em primeira mão à deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que preside a Comissão de Cultura da Câmara. “Foi a melhor novidade na área nos últimos dias. Isso demonstra a capacidade dela de ouvir a sociedade”, festejou. Para a atriz Fernanda Montenegro, a proposta não tinha cabimento. “Que força estranha levou à conclusão de que deveríamos dar Vale-Cultura para incentivar o brasileiro a ficar em casa vendo TV em vez de ir ao teatro, ao cinema e às livrarias? É uma incoerência total”.

Quem, de fato, não deve ter gostado da mudança de posição da ministra da Cultura é a poderosa Rede Globo, que controla a maior parte da distribuição da tevê por assinatura no Brasil. Esta “força estranha” talvez agora volte a bombardear o programa do governo.

Um comentário:

  1. Miro, por favor apenas corrija, a previsão é que o vale-cultura injete 11,3 BILHÕES de reais POR ANO, nos próximos anos. Neste ano, a previsão é menor, talvez 1 BILHÃO apenas.

    Faltou dizer também que é preciso colocar uma ressalva de que este é um benefício somente para as produções de países signatários da CONVENÇÃO PARA A PROMOÇÃO E PROTEÇÃO DA DIVERSIDADE CULTURAL DA UNESCO, que os EUA não assinaram, mas dominam nosso mercado na proporção de 9 filme americanos para um brasileiro (e geralmente da Globo). Se nada for feito, o governo BRASILEIRO estará injetanto mais de 1,5 BILHÃO por ano nos cofres de HOLLYWOOD (dividindo os 11,3 bilhões pelas 7 artes, estimativamente).

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