Por Altamiro Borges
O programa do governo federal, que concederá R$ 50 mensais
para gastos em atividades culturais ao trabalhador que recebe até R$ 3.110, entrará
em circulação em junho e estima-se que beneficiará cerca de um milhão de
usuários até o final do ano. A previsão é que ele injetará R$ 11,3 milhões no
mundo da cultura nos próximos anos. Num primeiro momento, a mídia privada
bombardeou o programa, taxando-o de “populista”. Curiosamente, quando a
ministra pensou em incluir a TV a cabo, os ataques diminuíram.
A pressão social muitas vezes consegue reverter péssimas
ideias dos governantes. Nesta terça-feira, a ministra Marta Suplicy anunciou
que desistiu de incluir a TV por assinatura no programa Vale-Cultura. “Foram
fundamentais os encontros que tive nos fóruns de cultura em Porto Alegre e Belo
Horizonte, com mais de 500 pessoas. Sou uma pessoa que escuta. Coloquei
argumentos a favor e ouvi também os contra. Fui pesando e decidi, então, que vamos
focar no teatro, na música e no livro”, afirmou durante um evento em São Paulo.
Agora, Marta Suplicy desiste da ideia e é
elogiada por lideranças culturais e políticas. Segundo Mônica Bergamo, da Folha,
ela deu a notícia em primeira mão à deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que
preside a Comissão de Cultura da Câmara. “Foi a melhor novidade na
área nos últimos dias. Isso demonstra a capacidade dela de ouvir a sociedade”,
festejou. Para a atriz Fernanda Montenegro, a proposta não tinha cabimento.
“Que força estranha levou à conclusão de que deveríamos dar Vale-Cultura para
incentivar o brasileiro a ficar em casa vendo TV em vez de ir ao teatro, ao
cinema e às livrarias? É uma incoerência total”.
Quem, de fato, não deve ter gostado da mudança de posição da
ministra da Cultura é a poderosa Rede Globo, que controla a maior parte da distribuição
da tevê por assinatura no Brasil. Esta “força estranha” talvez agora volte a
bombardear o programa do governo.
Miro, por favor apenas corrija, a previsão é que o vale-cultura injete 11,3 BILHÕES de reais POR ANO, nos próximos anos. Neste ano, a previsão é menor, talvez 1 BILHÃO apenas.
ResponderExcluirFaltou dizer também que é preciso colocar uma ressalva de que este é um benefício somente para as produções de países signatários da CONVENÇÃO PARA A PROMOÇÃO E PROTEÇÃO DA DIVERSIDADE CULTURAL DA UNESCO, que os EUA não assinaram, mas dominam nosso mercado na proporção de 9 filme americanos para um brasileiro (e geralmente da Globo). Se nada for feito, o governo BRASILEIRO estará injetanto mais de 1,5 BILHÃO por ano nos cofres de HOLLYWOOD (dividindo os 11,3 bilhões pelas 7 artes, estimativamente).