Por Ricardo Musse, na revista Fórum:
Um ano e meio antes da eleição presidencial de 2014, as peças começam a se movimentar no tabuleiro da sucessão. Continuando na metáfora esportiva, nessa fase classificatória os pré-candidatos buscam garantir sua presença no grid de largada.
Marina Silva, por enquanto, é a única que certamente terá seu nome na cédula eleitoral. Depois da experiência de concorrer por um partido que não controlava, criou a Rede (um agrupamento que rejeita o nome, mas não a forma-partido), reunindo políticos e militantes dissidentes do PT e do PSDB. Os demais pré-candidatos, por sua vez, ainda procuram vencer disputas e resistências internas em seus partidos.
No momento, a candidatura de Dilma à reeleição parece quase consolidada. A avaliação surpreendentemente alta do modo como governa o país tende a arrefecer a ação de setores do PT preteridos pelas escolhas da presidenta e dos descontentes com sua postura diante do julgamento da Ação 470.
Aécio Neves procura se viabilizar como candidato da renovação do PSDB, premissa dos que supõem que cabe ao partido preparar um nome que amplie suas chances de retomada do poder em 2018. Contra ele, insurgem-se os que consideram que é possível derrotar o PT já em 2014 – enfraquecidos, no entanto, pelo fracasso que José Serra, o principal avalista dessa análise, teve nas últimas eleições. Aécio tampouco conta com o entusiasmo da seção paulista, a maior do país, pelo fato simples de que, nas últimas cinco eleições, as candidaturas presidenciais de políticos de São Paulo contribuíram decisivamente para que o PSDB vencesse as eleições para o governo estadual, gerando um ciclo inédito de 20 anos ininterruptos de poder local.
Eduardo Campos controla com certa facilidade o PSB, embora a tática do PT doravante seja a de inverter o pêndulo, fortalecendo a ala capitaneada por Ciro Gomes. O dilema de seu partido é quase existencial: consolidar-se como uma espécie de sucessor do PMDB, com heterogêneas alianças locais que lhe permitam participar do condomínio do poder, qualquer que seja o campo vitorioso, ou se apresentar como um dissidente/oponente do campo comandado pelo PT. A primeira opção requer neutralidade em 2014, o que só teria sentido se as chances da oposição fossem altas. Como o próprio PSDB avalia que só será competitivo se puder contar com a candidatura de Eduardo, sua escolha se restringe a decidir se o rompimento com o PT será em 2014 ou em 2018.
A rotina eleitoral tende a consolidar o sistema político, restringindo as oportunidades de candidatos outsiders. Joaquim Barbosa, apesar dos incentivos dos grandes conglomerados da mídia, não parece dispor de apoios que o convençam a renunciar a seu mandato, quase vitalício, no STF. Os políticos temem, sobretudo, seu descontrole emocional, patente nas intervenções intempestivas nas sessões do tribunal e manifestado recentemente na recomendação – “vá chafurdar no lixo” – feita em público a um jornalista de O Estado de S. Paulo.
As estratégias dos dois campos também já se mostram visíveis. Enquanto os governistas procuram ampliar a coligação no poder, agregando novos partidos, a oposição propõe o lançamento do maior número possível de candidatos, visando impedir a vitória do PT no primeiro turno.
Esse cenário abre espaços para a ação de partidos cujo lugar ainda não se encontra definido, como é o caso do PTB, PR, PDT e, particularmente, do PSD. O partido criado pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab pode tanto se coligar com o PT como com o PSB, ou ainda ser o veículo de uma nova candidatura presidencial de José Serra – não é difícil encontrar, entre seus quadros, defensores de cada uma dessas opções.
Embora o leque político ainda se apresente indefinido, todos os olhares estão voltados para o desempenho da economia. É quase consenso que, com a inflação controlada e o desemprego em baixa, serão mínimas as chances de uma rotatividade no poder em 2014.
Um ano e meio antes da eleição presidencial de 2014, as peças começam a se movimentar no tabuleiro da sucessão. Continuando na metáfora esportiva, nessa fase classificatória os pré-candidatos buscam garantir sua presença no grid de largada.
Marina Silva, por enquanto, é a única que certamente terá seu nome na cédula eleitoral. Depois da experiência de concorrer por um partido que não controlava, criou a Rede (um agrupamento que rejeita o nome, mas não a forma-partido), reunindo políticos e militantes dissidentes do PT e do PSDB. Os demais pré-candidatos, por sua vez, ainda procuram vencer disputas e resistências internas em seus partidos.
No momento, a candidatura de Dilma à reeleição parece quase consolidada. A avaliação surpreendentemente alta do modo como governa o país tende a arrefecer a ação de setores do PT preteridos pelas escolhas da presidenta e dos descontentes com sua postura diante do julgamento da Ação 470.
Aécio Neves procura se viabilizar como candidato da renovação do PSDB, premissa dos que supõem que cabe ao partido preparar um nome que amplie suas chances de retomada do poder em 2018. Contra ele, insurgem-se os que consideram que é possível derrotar o PT já em 2014 – enfraquecidos, no entanto, pelo fracasso que José Serra, o principal avalista dessa análise, teve nas últimas eleições. Aécio tampouco conta com o entusiasmo da seção paulista, a maior do país, pelo fato simples de que, nas últimas cinco eleições, as candidaturas presidenciais de políticos de São Paulo contribuíram decisivamente para que o PSDB vencesse as eleições para o governo estadual, gerando um ciclo inédito de 20 anos ininterruptos de poder local.
Eduardo Campos controla com certa facilidade o PSB, embora a tática do PT doravante seja a de inverter o pêndulo, fortalecendo a ala capitaneada por Ciro Gomes. O dilema de seu partido é quase existencial: consolidar-se como uma espécie de sucessor do PMDB, com heterogêneas alianças locais que lhe permitam participar do condomínio do poder, qualquer que seja o campo vitorioso, ou se apresentar como um dissidente/oponente do campo comandado pelo PT. A primeira opção requer neutralidade em 2014, o que só teria sentido se as chances da oposição fossem altas. Como o próprio PSDB avalia que só será competitivo se puder contar com a candidatura de Eduardo, sua escolha se restringe a decidir se o rompimento com o PT será em 2014 ou em 2018.
A rotina eleitoral tende a consolidar o sistema político, restringindo as oportunidades de candidatos outsiders. Joaquim Barbosa, apesar dos incentivos dos grandes conglomerados da mídia, não parece dispor de apoios que o convençam a renunciar a seu mandato, quase vitalício, no STF. Os políticos temem, sobretudo, seu descontrole emocional, patente nas intervenções intempestivas nas sessões do tribunal e manifestado recentemente na recomendação – “vá chafurdar no lixo” – feita em público a um jornalista de O Estado de S. Paulo.
As estratégias dos dois campos também já se mostram visíveis. Enquanto os governistas procuram ampliar a coligação no poder, agregando novos partidos, a oposição propõe o lançamento do maior número possível de candidatos, visando impedir a vitória do PT no primeiro turno.
Esse cenário abre espaços para a ação de partidos cujo lugar ainda não se encontra definido, como é o caso do PTB, PR, PDT e, particularmente, do PSD. O partido criado pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab pode tanto se coligar com o PT como com o PSB, ou ainda ser o veículo de uma nova candidatura presidencial de José Serra – não é difícil encontrar, entre seus quadros, defensores de cada uma dessas opções.
Embora o leque político ainda se apresente indefinido, todos os olhares estão voltados para o desempenho da economia. É quase consenso que, com a inflação controlada e o desemprego em baixa, serão mínimas as chances de uma rotatividade no poder em 2014.
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