Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
A recepção que Roberto Azevêdo recebeu de tantos observadores e comentaristas brasileiros é uma advertência importante.
Com o primeiro brasileiro a ocupar um posto internacional tão relevante como a direção da Organização Mundial do Comércio, o governo nem teve tempo de levantar a taça para um brinde antes que fosse possível ouvir críticas, advertências e profecias negativas quanto a sua atuação.
Não faltou quem lembrasse que, apesar da mais importante vitória diplomática desde a independência, o Brasil ainda não conseguiu uma meta maior, que é garantir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. É verdade.
O Brasil luta por essa cadeira desde a criação da ONU, no pós-Guerra. Mas o debate sobre uma reforma da instituição saiu da pauta nos últimos anos e isso não depende apenas do Brasil.
Falar em assento permanente é como cobrar a conquista da Copa do Mundo - quando a Copa não está no calendário. E é uma forma, claro, de minimizar a importância do que ocorreu ontem.
Também se procura jogar nas costas sequer empossadas de Azevêdo um possível fracasso na próxima rodada ministerial de Doha, onde se tentará retomar negociações de comércio internacional, tão combalidas após o colapso de 2008, que abriu essa recessão mundial que não quer terminar. É ridículo - onde está a trégua de 100 dias devida aos recém-eleitos? -, mas não tem importância.
A baixa política, o esforço para desgastar de qualquer maneira não conhece tréguas.
Torcer contra é uma opção ideológica, que não descansa.
Há uma questão cultural e política neste caso concreto.
Muitos observadores se mantêm amarrados a dogmas coloniais. Conservam um comportamento subordinado aos países desenvolvidos, considerando um disparate demagógico todo esforço de qualquer governo fora do eixo Paris-Londres-Nova York para consolidar seu espaço e firmar uma liderança altiva.
Riram do esforço do Itamaraty de conquistar um assento no Conselho de Segurança quando o debate era real. Fizeram pouco caso do crescimento da candidatura de Azevêdo até que, aos 44 minutos do segundo tempo, perceberam que ela podia dar certo e correram para evitar um vexame maior.
Mesmo assim, quando a notícia já corria mundo, havia quem recomendasse cautela, torcendo até o último minuto por uma reviravolta. Triste, não?
A escolha de Azevedo é uma vitória dele próprio, do ministro Antonio Patriota e da presidente Dilma.
Mas, sem querer exagerar nem diminuir as coisas, é difícil explicar o que ocorreu sem levar em consideração as mudanças de nossa diplomacia na última década.
Falando com clareza: foi a partir do governo Lula que o Brasil parou de priorizar de modo absoluto as relações com os países desenvolvidos e começou a investir pesado em países abaixo do Equador. O chanceler Celso Amorim seguiu ridicularizado mesmo depois que seu prestígio internacional era reconhecido em toda parte.
Falava-se de nossa diplomacia cabocla, terceiro-mundista, anacrônica, pré-histórica e assim por diante. Não por acaso, quando EUA e Europa firmaram um protocolo comercial ainda em fase muito preliminar, nossos críticos voltaram sua zanga sempre alerta contra o Brasil e o Mercosul.
Como se mais uma vez a culpa fosse do Itamaraty, é claro.
Mas foram estes votos, de países que buscam uma nova relação de forças na cena internacional, com direitos menos desiguais, que permitiram a vitória brasileira.
Hoje, basta ler os jornais, mesmo aqueles “de direita”, como disse Joaquim Barbosa, para comprovar a importância da postura multilateral nessa decisão.
Talentos particulares à parte – e parece que Roberto Azevêdo tem muitos – a candidatura derrotada veio do México, o mais americano dos países latino-americanos, não é mesmo?
A recepção que Roberto Azevêdo recebeu de tantos observadores e comentaristas brasileiros é uma advertência importante.
Com o primeiro brasileiro a ocupar um posto internacional tão relevante como a direção da Organização Mundial do Comércio, o governo nem teve tempo de levantar a taça para um brinde antes que fosse possível ouvir críticas, advertências e profecias negativas quanto a sua atuação.
Não faltou quem lembrasse que, apesar da mais importante vitória diplomática desde a independência, o Brasil ainda não conseguiu uma meta maior, que é garantir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. É verdade.
O Brasil luta por essa cadeira desde a criação da ONU, no pós-Guerra. Mas o debate sobre uma reforma da instituição saiu da pauta nos últimos anos e isso não depende apenas do Brasil.
Falar em assento permanente é como cobrar a conquista da Copa do Mundo - quando a Copa não está no calendário. E é uma forma, claro, de minimizar a importância do que ocorreu ontem.
Também se procura jogar nas costas sequer empossadas de Azevêdo um possível fracasso na próxima rodada ministerial de Doha, onde se tentará retomar negociações de comércio internacional, tão combalidas após o colapso de 2008, que abriu essa recessão mundial que não quer terminar. É ridículo - onde está a trégua de 100 dias devida aos recém-eleitos? -, mas não tem importância.
A baixa política, o esforço para desgastar de qualquer maneira não conhece tréguas.
Torcer contra é uma opção ideológica, que não descansa.
Há uma questão cultural e política neste caso concreto.
Muitos observadores se mantêm amarrados a dogmas coloniais. Conservam um comportamento subordinado aos países desenvolvidos, considerando um disparate demagógico todo esforço de qualquer governo fora do eixo Paris-Londres-Nova York para consolidar seu espaço e firmar uma liderança altiva.
Riram do esforço do Itamaraty de conquistar um assento no Conselho de Segurança quando o debate era real. Fizeram pouco caso do crescimento da candidatura de Azevêdo até que, aos 44 minutos do segundo tempo, perceberam que ela podia dar certo e correram para evitar um vexame maior.
Mesmo assim, quando a notícia já corria mundo, havia quem recomendasse cautela, torcendo até o último minuto por uma reviravolta. Triste, não?
A escolha de Azevedo é uma vitória dele próprio, do ministro Antonio Patriota e da presidente Dilma.
Mas, sem querer exagerar nem diminuir as coisas, é difícil explicar o que ocorreu sem levar em consideração as mudanças de nossa diplomacia na última década.
Falando com clareza: foi a partir do governo Lula que o Brasil parou de priorizar de modo absoluto as relações com os países desenvolvidos e começou a investir pesado em países abaixo do Equador. O chanceler Celso Amorim seguiu ridicularizado mesmo depois que seu prestígio internacional era reconhecido em toda parte.
Falava-se de nossa diplomacia cabocla, terceiro-mundista, anacrônica, pré-histórica e assim por diante. Não por acaso, quando EUA e Europa firmaram um protocolo comercial ainda em fase muito preliminar, nossos críticos voltaram sua zanga sempre alerta contra o Brasil e o Mercosul.
Como se mais uma vez a culpa fosse do Itamaraty, é claro.
Mas foram estes votos, de países que buscam uma nova relação de forças na cena internacional, com direitos menos desiguais, que permitiram a vitória brasileira.
Hoje, basta ler os jornais, mesmo aqueles “de direita”, como disse Joaquim Barbosa, para comprovar a importância da postura multilateral nessa decisão.
Talentos particulares à parte – e parece que Roberto Azevêdo tem muitos – a candidatura derrotada veio do México, o mais americano dos países latino-americanos, não é mesmo?
Os jornalistas brasileiros parecem súditos de Yoane Sanches. Aquela blogueira que sai pelo mundo vociferando contra o próprio país. Um bando de 'yohaninhos', um bando de 'sanchinhos'. No entanto, Cuba é reconhecida por suas pesquisas na área da medicina. Se o país não se moderniza é porque os 'senhores estadunidenses' são juízes do mundo e decidem que país pode se desenvolver ou não. O Brasil quebrou rompeu esse esquema. Seu protagonismo no mundo, suas Políticas Sociais e o crescimento com inclusão são estampados, reconhecidos e seguidos em muitos países. Esses súditos de Yohani Sanches servem aos interesses estadunidenses. São súditos...
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