Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Tal como na pesquisa sobre a aprovação de seu Governo, também a pesquisa de intenção de voto que a Folha publicará amanhã e cujos números, antecipados nesta tarde, revelam uma queda abrupta da Presidenta Dilma Rousseff ainda estão longe de representar um quadro irreversível, mas certamente já entraram, há muito, na condição de preocupantes.
Até porque, independente da exatidão dos dados – e a gente sabe o quando há de manipulação em pesquisas – só um cego poderia negar que o desgaste existe e é grave.
Mesmo sem tratar das origens dos problemas que levaram a essa crise, não é possível deixar de ver que vai se formando, no país uma impressão de abulia e incapacidade decisória no Governo Federal.
Sabemos, pela história de Dilma – e também a de Lula – que haverá o enfrentamento, mas o erro de timming é de uma evidência solar.
Estava vendo agora o show em memória de Renato Russo, em Brasília, e lembrei-me de seus versos: Todos os dias quando acordo/Não tenho mais/O tempo que passou.
Cada metro de espaço político exige, para ser recuperado, o dobro de esforço que é necessário para ser defendido. Ainda mais que estamos falando de um juízo sólido, continuado, que acompanha a Presidenta desde o início de seu Governo, há dois anos e meio.
Há uma evidente preocupação em não mostrar a Presidenta, às vésperas do momento de propor o plebiscito para as mudanças – que ou serão profundas e claras ou não serão mudanças e representarão apenas novas derrotas – como alguém paciente e praticante de uma “democrática” leniência com os fatos.
É claro que aqui não se tem a arrogância de dizer que vemos mais do que ninguém, muito menos do que aqueles que estão na privilegiada posição de poder, que podem ter informações que a nós não estão disponíveis.
Sempre convém recordar que, ao dedicar seu O príncipe a Lorenzo de Médici, disse que alguém que deseje pintar uma planície deve estar sobre uma montanha e, ao revés, para observar a planície é preciso estar nas alturas.
Só que este distanciamento implica em uma paralisia que não apenas erode gravemente a autoridade presidencial como uma confusa desmobilização de suas forças de apoio.
O povo não tem como compreender isso, mas tem como sentir uma imensa ausência de seus governantes e líderes.
Não chego a duvidar que algum marqueteiro esteja sugerindo que a presidente espere o final da Copa das Confederações para que suas propostas não “dividam espaço” com o interesse pelo futebol.
Segunda-feira, quando surgirem à luz essas propostas, elas vão dividir, nos noticiários de televisão, o espaço com políticos de oposição e “analistas” idem, a menos que a Presidente, enfim, escolha o caminho de falar e mobilizar a população.
O fará, porém, de uma posição mais frágil do que faria semana passada ou há dez dias.
O tempo que se perde pode ser também a luta que se perde.
Torçamos para que apenas a tenha tornado mais difícil.
Tal como na pesquisa sobre a aprovação de seu Governo, também a pesquisa de intenção de voto que a Folha publicará amanhã e cujos números, antecipados nesta tarde, revelam uma queda abrupta da Presidenta Dilma Rousseff ainda estão longe de representar um quadro irreversível, mas certamente já entraram, há muito, na condição de preocupantes.
Até porque, independente da exatidão dos dados – e a gente sabe o quando há de manipulação em pesquisas – só um cego poderia negar que o desgaste existe e é grave.
Mesmo sem tratar das origens dos problemas que levaram a essa crise, não é possível deixar de ver que vai se formando, no país uma impressão de abulia e incapacidade decisória no Governo Federal.
Sabemos, pela história de Dilma – e também a de Lula – que haverá o enfrentamento, mas o erro de timming é de uma evidência solar.
Estava vendo agora o show em memória de Renato Russo, em Brasília, e lembrei-me de seus versos: Todos os dias quando acordo/Não tenho mais/O tempo que passou.
Cada metro de espaço político exige, para ser recuperado, o dobro de esforço que é necessário para ser defendido. Ainda mais que estamos falando de um juízo sólido, continuado, que acompanha a Presidenta desde o início de seu Governo, há dois anos e meio.
Há uma evidente preocupação em não mostrar a Presidenta, às vésperas do momento de propor o plebiscito para as mudanças – que ou serão profundas e claras ou não serão mudanças e representarão apenas novas derrotas – como alguém paciente e praticante de uma “democrática” leniência com os fatos.
É claro que aqui não se tem a arrogância de dizer que vemos mais do que ninguém, muito menos do que aqueles que estão na privilegiada posição de poder, que podem ter informações que a nós não estão disponíveis.
Sempre convém recordar que, ao dedicar seu O príncipe a Lorenzo de Médici, disse que alguém que deseje pintar uma planície deve estar sobre uma montanha e, ao revés, para observar a planície é preciso estar nas alturas.
Só que este distanciamento implica em uma paralisia que não apenas erode gravemente a autoridade presidencial como uma confusa desmobilização de suas forças de apoio.
O povo não tem como compreender isso, mas tem como sentir uma imensa ausência de seus governantes e líderes.
Não chego a duvidar que algum marqueteiro esteja sugerindo que a presidente espere o final da Copa das Confederações para que suas propostas não “dividam espaço” com o interesse pelo futebol.
Segunda-feira, quando surgirem à luz essas propostas, elas vão dividir, nos noticiários de televisão, o espaço com políticos de oposição e “analistas” idem, a menos que a Presidente, enfim, escolha o caminho de falar e mobilizar a população.
O fará, porém, de uma posição mais frágil do que faria semana passada ou há dez dias.
O tempo que se perde pode ser também a luta que se perde.
Torçamos para que apenas a tenha tornado mais difícil.
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