Por Altamiro Borges
Na semana passada, a Folha apresentou a poderosa rede Zara como vítima do chamado “Custo Brasil”. A reportagem parece ter sido feita por encomenda para garantir mais alguns anúncios publicitários. O jornal critica os “elevados” tributos e os gargalos na logística que “derrubam o modelo global da Zara” no país. A multinacional espanhola, que recentemente foi denunciada por explorar trabalho análogo à escravidão, é usada como exemplo para fustigar o governo Dilma. Só faltou a Folha pedir o retorno da escravidão no Brasil.
A matéria destaca a choradeira do diretor de logística da Zara no país, Mauro Friedrich, feita durante reunião com cerca de 30 investidores num banco em São Paulo, no início de junho. “Admirada e citada no mundo todo como um modelo de eficiência na gestão de estoques e na logística, nem a Zara escapou do ‘custo Brasil’”, afirma a jornalista Raquel Landim. “Dentre os 86 países em que o grupo espanhol Inditex - maior varejista têxtil do mundo - atua com a bandeira Zara, o Brasil é considerado o mais difícil”, segundo o desabafo do representante da multinacional.
“Na reunião, o executivo apontou como dificuldades a burocracia, logística, tributação e mão de obra pouco qualificada... A Zara desembarcou no Brasil em 1999 e vem crescendo mais devagar do que esperava. Em 14 anos, somou 41 lojas. Friedrich contou aos investidores que o plano era ‘50 lojas em três anos’”, relata a indignada Folha. Conforme o próprio jornal aponta, “a Zara se tornou uma marca voltada para a classe A [no Brasil], o que reduz o número de clientes e de lojas. É o contrário do que acontece na Europa, onde atinge até as classes mais baixas”.
Pelo raciocínio embutido na reportagem, o governo brasileiro deveria reduzir ainda mais os impostos e bancar toda a infraestrutura para garantir a elevação dos lucros da “pobre” multinacional. A matéria cita apenas num curto parágrafo “um dos maiores escândalos de imagem” da Zara, que em 2011 teve uma fornecedora “acusada de manter trabalhadores sul-americanos em condições análogas à escravidão”. O resto da matéria é pura bajulação da “competência” e da “eficiência” da poderosa empresa. Uma coisa deprimente, venal!
Em editorial nesta sexta-feira (27), intitulado “Brasil fora da moda”, a Folha voltou à carga contra "a burocracia excessiva, as deficiências de infraestrutura e os impostos elevados que impedem que o país se integre às cadeias globais de produção”. Após citar novamente “o caso Zara”, o diário adorador do “deus-mercado” afirma que “é notório que as empresas globais, ao se instalarem por aqui, encontram nessas dificuldades um obstáculo ao desenvolvimento de seus negócios”. Como se observa, tanto a Zara como a Folha é que estão “fora da moda” - no século XIX!
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Na semana passada, a Folha apresentou a poderosa rede Zara como vítima do chamado “Custo Brasil”. A reportagem parece ter sido feita por encomenda para garantir mais alguns anúncios publicitários. O jornal critica os “elevados” tributos e os gargalos na logística que “derrubam o modelo global da Zara” no país. A multinacional espanhola, que recentemente foi denunciada por explorar trabalho análogo à escravidão, é usada como exemplo para fustigar o governo Dilma. Só faltou a Folha pedir o retorno da escravidão no Brasil.
A matéria destaca a choradeira do diretor de logística da Zara no país, Mauro Friedrich, feita durante reunião com cerca de 30 investidores num banco em São Paulo, no início de junho. “Admirada e citada no mundo todo como um modelo de eficiência na gestão de estoques e na logística, nem a Zara escapou do ‘custo Brasil’”, afirma a jornalista Raquel Landim. “Dentre os 86 países em que o grupo espanhol Inditex - maior varejista têxtil do mundo - atua com a bandeira Zara, o Brasil é considerado o mais difícil”, segundo o desabafo do representante da multinacional.
“Na reunião, o executivo apontou como dificuldades a burocracia, logística, tributação e mão de obra pouco qualificada... A Zara desembarcou no Brasil em 1999 e vem crescendo mais devagar do que esperava. Em 14 anos, somou 41 lojas. Friedrich contou aos investidores que o plano era ‘50 lojas em três anos’”, relata a indignada Folha. Conforme o próprio jornal aponta, “a Zara se tornou uma marca voltada para a classe A [no Brasil], o que reduz o número de clientes e de lojas. É o contrário do que acontece na Europa, onde atinge até as classes mais baixas”.
Pelo raciocínio embutido na reportagem, o governo brasileiro deveria reduzir ainda mais os impostos e bancar toda a infraestrutura para garantir a elevação dos lucros da “pobre” multinacional. A matéria cita apenas num curto parágrafo “um dos maiores escândalos de imagem” da Zara, que em 2011 teve uma fornecedora “acusada de manter trabalhadores sul-americanos em condições análogas à escravidão”. O resto da matéria é pura bajulação da “competência” e da “eficiência” da poderosa empresa. Uma coisa deprimente, venal!
Em editorial nesta sexta-feira (27), intitulado “Brasil fora da moda”, a Folha voltou à carga contra "a burocracia excessiva, as deficiências de infraestrutura e os impostos elevados que impedem que o país se integre às cadeias globais de produção”. Após citar novamente “o caso Zara”, o diário adorador do “deus-mercado” afirma que “é notório que as empresas globais, ao se instalarem por aqui, encontram nessas dificuldades um obstáculo ao desenvolvimento de seus negócios”. Como se observa, tanto a Zara como a Folha é que estão “fora da moda” - no século XIX!
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A direita midiática usa sua amoralidade como bússola para mergulhar nas profundezas abissais do infernal deus mercado. Lança-se de corpo e alma na arquitetura de um golpe contra a democracia. Quer porque quer o povo agalinhado, acorrentado como farrapo humano aos garfos insaciáveis dos rentistas. O quarto poder quer alimentar sua sanha às custas da cidadania conquistada pelo povo brasileiro.
ResponderExcluirNão compro.
ResponderExcluirNão me preocupo com a Zara, leia-se Inditex, porque segundo o jornal espanhol El Pais, foi a empresa espanhola que mais lucrou em 2012...
ResponderExcluirimagino que pode ser um pouco menos lucrativa no Brasil.Faz pouco tempo que ruiu um prédio em Bangladesh onde trabalhavam e morreram muitas pessoas, que trabalhavam, entre outras para a Zara.
Muito se associa a Zara com o trabalho escravo, mas tem muita rede de magazine que tem trabalho escravo e não é tão divulgado. Penso que alguns posicionamentos devem ser revistos. A China tá massacrando as confecções no Brasil, as roupas entram a preço de banana e não se vê a mesma indignação nem bloqueio de importação. Tem caroço nesse angu...
ResponderExcluirhttp://www.valor.com.br/empresas/3214698/acoes-da-restoque-caem-quase-3-apos-denuncia-de-trabalho-escravo