sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A oposição e suas mentiras econômicas

Por Renato Rabelo, em seu blog:

Diante da falta de discurso consequente, projeto e de capacidade política para ampliar seu leque de aliança sobra somente uma alternativa para a oposição: a da utilização da mentira como atributo político e, se com a força do oligopólio midiático a seu dispor e favor, transformar essa mentira em uma verdade se repetida mil vezes. E mais de mil vezes o governo Dilma fora acusado de leniência com relação à inflação. Todos os dias a guerra psicológica travada pela oposição tem como sempre o mesmo argumento do fantasma da inflação.
Os números comparativos que demonstram esta mentira são claros e foram divulgados pelo blog do UOL Achados Econômicos, assinado por Silvio Guedes Crespo: o ritmo de aumento de preços durante o governo Dilma é próximo ao do período Luiz Inácio Lula da Silva e inferior ao da gestão Fernando Henrique Cardoso. Silvio Guedes Crespo complementa, “A inflação foi de 6,5% em 2011, 5,84% em 2012 e 5,91% em 2013, o que dá uma média anual de 6,1%. Na era Lula (2003 a 2010), os preços subiram 5,8% ao ano. Já na gestão FHC (1995 a 2002), o aumento médio foi de 9,1%”.

Estamos falando de média de governos inteiros. O que não impede de expor que a média em 2002, um ano antes da posse de Lula, foi de 12,5%. Ou seja, mais que o dobro da média dos governos Lula e Dilma. O que impede que os comentaristas econômicos dos grandes jornais e telejornais exporem esses dados no seu conjunto? Simples, o jogo político capitaneado por eles não permitiria esse nível de comparação, nem tampouco demonstrar as formas com os governos Lula e Dilma enfrentaram grandes crises em comparação a FHC. Se Lula pagou a dívida externa e Dilma ampliou a transformação do Brasil em credor do FMI, FHC reduziu nosso país a um emirado deste mesmo FMI.

A comparação sobre o combate à inflação não deve se encerrar nos índices em si. O governo FHC usou e abusou da utilização da taxa de juros e de câmbio sob o pretexto do “combate à inflação”. Pois bem, o país foi literalmente saqueado pela via da transferência de patrimônio público (privatizações, privataria) e pela explosão dos juros para pagamento da dívida pública: a taxa SELIC, com FHC, chegou a 25%, enquanto que com Lula e Dilma esta taxa chegou a um dígito.

A inflação sempre foi um pretexto econômico do campo conservador para impor um golpe de Estado como o de 1964 e mesmo de fazer valer seus interesses em ampla escala. As duas coisas se combinam. De um lado a tentativa de desestabilização política é uma rotina desde 2003 e por outro a criação de um ambiente para elevação da taxa de juros – conforme temos percebido diuturnamente. Vale até a criação de uma escassez de tomate e de apagões imaginários para este fim. É muita mentira acumulada.

De nossa parte, a vigilância e a observação da realidade são essenciais. Não podemos nos autopremiar com um Olimpo imaginário. Nem tampouco acreditar na onda oposicionista para quem o Brasil está à beira do abismo. Combater o bom combate demanda denunciar estas manobras e mostrar as razões pelas quais a oposição não vem a público dizer que a culpa da inflação é da baixíssima taxa de desemprego e do aumento da capacidade do consumo popular. Por que eles não dizem que fariam tudo diferente, em matéria de política de aumento do salário mínimo, do que tem sido feito desde 2003?

Por que não dizem que a solução deles para a questão do aumento da produtividade passa pela completa abertura comercial (choque de abertura, no palavreado deles) e, consequentemente, pela declaração de morte definitiva de nossa indústria numa repetição piorada da política cambial do primeiro mandato de FHC? Combater a inflação para esta gente demanda que pelo menos um terço da população brasileira seja devidamente retirada do mercado de consumo numa antítese do que ocorreu com Lula sob continuidade de Dilma.

Enfim, política se faz com a combinação de força material, ideias e estratégia. Atributos que devemos perseguir por todos os dias desde especial ano de 2014.

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