quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Bloomberg e os bilionários da Globo

Por Altamiro Borges

Na semana passada, o jornal Valor divulgou o chamado índice “Bloomberg Billionaires”, o ranking das 300 maiores fortunas do mundo. Em plena crise mundial da economia capitalista, ele confirmou que “as pessoas mais ricas do planeta ficaram ainda mais ricas em 2013 após aumentarem o seu patrimônio líquido coletivo em US$ 524 bilhões” e ainda indicou que “os ricos continuarão ficando mais ricos em 2014”, segundo declaração arrogante de um dos incluídos no ranking. A mídia nativa, porém, não deu maior destaque para os ricaços brasileiros – talvez porque na lista apareçam com destaque os três filhos de Roberto Marinho, donos das Organizações Globo, o maior império de comunicação da América do Sul.

Nesta semana, a edição brasileira do jornal espanhol El País abriu o jogo no artigo intitulado “Quem e quantos são os ricos na América Latina?”. Segundo a matéria, “na região há 111 multimilionários que superam 1 bilhão de dólares de patrimônio. O Brasil lidera ranking de ultrarricos”. Jorge Paulo Lemann, acionista da cervejaria Ambev, da rede da fast food Burger King e da fabricante de Ketchup Heinz, é o maior ricaço brasileiro e o 34º no mundo, com uma fortuna avaliada em US$ 22,3 bilhões. Na sequência surgem o banqueiro Joseph Safra, no posto 92, com US$ 12,4 bilhões; e os empresários Marcel Telles (posto 113, com US$ 10,4 bilhões) e Carlos da Veiga (posto 138, com US$ 8,9 bilhões), ambos sócios de Lemann.

Logo em seguida, no quinto, sexto e sétimo lugares dos mais ricos do Brasil, aparecem os filhos de Roberto Marinho, numa estranha contabilidade. “João Roberto Marinho (Organizações Globo), no número 165 do ranking mundial, com US$ 7,7 bilhões; José Roberto Marinho (Organizações Globo), no posto 166, com os mesmos dados que seu irmão; e Roberto Irineu Marinho (Organizações Globo), no número 177, com os mesmos dados de João e José Roberto”. Será que a estranha contabilidade tem alguma relação com a sonegação de impostos e desvio de grana para os paraísos fiscais, como foi denunciado recentemente pelo jornalista Miguel do Rosário, do blog O Cafezinho? De qualquer forma, somando as três fortunas, os três filhos do Marinho poderiam disputar o primeiro lugar no Brasil.

Como observa a matéria do El País, “desde a última crise de Wall Street, muitos cidadãos no mundo e, sobretudo nos EUA, protestaram contra este 1% da população global que domina a riqueza”. Fica a indagação: já que estão sendo planejados tantos protestos contra a Copa do Mundo no Brasil, inclusive com o discurso carbonário de vários “calunistas” da mídia golpista, não seria o caso de se organizar algumas manifestações contra os bilionários brasileiros, principalmente contra os donos das Organizações Globo? O motivo seria bem mais nobre e justo!

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