segunda-feira, 28 de abril de 2014

O Brasil que não gosta mais da Globo

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

Olha só. O Cafezinho é veementemente contra qualquer violência contra jornalistas. Até mesmo verbal. Os protestos devem ser direcionados à corporação. Culpar um repórter pela linha editorial da empresa onde ele trabalha é como culpar o operário de uma fábrica pela poluição que ela lança na atmosfera.

Deixo isso bem claro porque após a morte daquele cinegrafista, teve colunista malandro que veio com papinho de que a culpa daquela violência também era de blogs que vem desqualificando “a imprensa independente”.

O Cafezinho sempre foi, radicalmente, contra qualquer tipo de violência. A solução para os problemas brasileiros está na política, na democracia, na paz. Sempre deixei minha opinião bastante claro em relação a isso. Paguei um preço alto por ser contra “manifestações” que descambavam em violência. Mas não me arrependo.

Entretanto, a “imprensa independente”, que é tão independente que independe até mesmo dos fatos, deve ser criticada, duramente, pela sociedade, até mesmo para não se repetir o que houve em 1964, quando esta mesma imprensa “independente” recebeu milhões de dólares dos americanos para produzir o clima político que nos levou a um golpe de Estado e a uma ditadura de 21 anos.

Participei, recentemente, de um debate com o diretor do filme O Dia que Durou 21 Anos, e ele confirmou que há documentos provando que houve transferência de recursos da Fiesp e IBAD para os grandes jornais da época, e essas instituições, por sua vez, recebiam recursos da CIA.

E mesmo se não tivessem recebido, a culpa pelo que fizeram é a mesma.

Dito isto, reproduzo abaixo dois vídeos que retratam o clima de hostilidade crescente contra as Organizações Globo, por conta de sua parcialidade eterna contra os interesses populares. O último caso foi a desocupação violenta da Favela da OI, uma ação que contou com reportagem feita semanas antes pela Globo, e depois com uma cobertura completamente acrítica em relação à absurda truculência do Estado contra cidadãos brasileiros. Também eram cidadãos “pagadores de impostos” e deveriam ser tratados com extremo cuidado pelo poder público.

O primeiro vídeo é de alguns dias atrás. Não concordo com a postura do casal, que xinga a repórter, que afinal está ali apenas exercendo a sua profissão. Publico porque é de interesse jornalístico, e para que todos vejam que se o clima está pesado na política, está pesado para a Globo também. As pessoas estão de saco cheio das manipulações dos platinados, e acho mais saudável que externem isso verbalmente, que xinguem, que digam o que pensam, do que esconder as emoções e depois ocorrer algum tipo pior de violência.



Esse outro vídeo é de nove meses, e traz a mesma repórter sendo hostilizada na Favela da Maré.



Diante desses atos, eu defendo, juntamente com o Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, que os jornalistas recebam um adicional de risco e de custo psicológico, porque é injusto que eles paguem sozinhos por uma culpa que não é deles.

O fato do diretor de jornalismo da Globo, Ali Kamel, tentar intimidar e asfixiar financeiramente a blogosfera, através de processos sucessivos contra qualquer crítica ao jornalismo da emissora, apenas reforça este sentimento de opressão vindo de uma empresa que apoiou e sustentou a ditadura, e que se consolidou financeiramente e matou seu concorrentes com ajuda dos militares.

Como a Globo pode melhorar sua imagem? Simples. Deixando de manipular. Tentando ser realmente neutra na disputa política.

A tentativa de detonar os blogueiros, naquela matéria sobre a entrevista do Lula, por exemplo, apenas expôs o jornal ao ridículo.

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