domingo, 13 de julho de 2014

A derrota da seleção e a fracassomania

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

O debate sobre os destinos do futebol brasileiro pode até ser necessário, mas não vale exagerar na fracassomania.

Se a derrota por 7 a 1 para a Alemanha é uma lembrança trágica, merecida, o quarto lugar depois dos 3 a 0 contra a Holanda não pode ser visto como uma tradução daquilo que se viu em campo.

Se a Fifa tivesse indicado um juiz mais preparado para o jogo, com uma disposição real de seguir cada passo da partida, o resultado teria sido mais apertado. Mais: se futebol fosse uma partida resolvida na ponta do lápis - nós sabemos que não é - quem sabe o Brasil poderia teria saído vencedor.

Parece absurdo, conversa de fanático mas vamos ver: no primeiro gol, uma falta fora da área foi transformada em penalti. No lance do segundo, houve um impedimento que deveria ter parado a jogada.

Por duas vezes, o ataque brasileiro sofreu penaltis. Nenhum foi marcado.

Os erros do juiz não tornam o futebol brasileiro melhor. A Holanda foi melhor na partida, mas, levando em conta o que se passou nos primeiros dois gols, é preciso admitir que isso também deve ser pesado. Qual o moral de um time que sofre um penalti e depois, um gol roubado, ainda no primeiro tempo? Como reagir diante de penaltis não marcados?

Não acho que temos o melhor futebol do mundo. Certamente já tivemos seleções muito melhores.

Admito que os juízes da Copa erraram contra outras seleções e até contra o Brasil, em outras partidas.

Mas essa sequência de lances capazes de prejudicar uma equipe que chegou a disputar o terceiro lugar mostra que é preciso saber do que estamos falando.

Futebol não é e nunca foi uma atividade científica. É possível sustentar - como faz o New York Times numa belíssima reportagem recente - que é uma forma empolgante de jogo de azar, tamanha é a quantidade de fatores aleatórios que interferem numa partida.

Estamos em plena guerra psicológica. O 3 a 0 foi um resultado triste e lamentável. Mas ignorar falhas tão gritantes que poderiam ter levado a outro resultado é prestar um desserviço aos jogadores, a torcida e ao país.

Você sabe. Quando faltam dez semanas para uma eleição presidencial, não faltam vozes interessadas em esconder o que é bom e piorar o que já é ruim.

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