Por Renata Mielli, no blog Janela sobre a palavra:
No modelo de democracia representativa que vivemos no Brasil é assim: a cada dois anos, durante aproximadamente 90 dias, a campanha eleitoral ocupa uma parcela considerável do debate na sociedade.
Mas o que se discute mesmo? Toda generalização é o que é, uma generalização, portanto, há exceções. Mas, no geral e infelizmente não se discute nada de produtivo. E a cobertura que a grande mídia faz das eleições é a grande responsável pela despolitização e esvaziamento do que deveria ser o foco principal do debate: propostas e projetos para o país.
A ênfase da cobertura é majoritariamente a dos bastidores dos candidatos, reforçando ainda mais a cultura da política pessoalizada. A espetacularização da notícia não é atributo apenas da cobertura policial. A notícia espetáculo, na cobertura política, também é trunfo do pseudo-jornalismo praticado por uma mídia que se comporta como partido, que tem interesses econômicos e políticos que precisam ser preservados e, portanto, devem estar acomodados nos corredores palacianos Brasil afora.
Sob a cortina de fumaça de estar cumprindo a “missão” do jornalismo de ser um fiscal do povo, essa mídia hegemônica atua como 4º poder produzindo manchetes-denúncia. Sob o pretexto de informar, vasculham a vida privada das pessoas, publicam manchetes explosivas, sejam elas comprovadas ou não. Dizem eles em seu favor: Quem se importa? Afinal, estamos cumprindo nosso papel. Os que se sentirem lesados que se defendam depois e provem o contrário. Muito conveniente.
A prática inverteu a lógica do Direito que diz que todos são inocentes até que se prove o contrário. A nossa mídia inaugurou uma nova regra, válida para qualquer um: “todos são culpados até que se prove o contrário”.
Essa tônica da cobertura aumenta muito em dimensão durante o período eleitoral. Primeiro e principalmente porque não há interesse da mídia de discutir projetos e propostas, segundo porque não sobra espaço – literalmente porque este é limitado na comunicação, exceto na internet – para outro tipo de abordagem na cobertura.
Ah, claro, há os debates com os candidatos, as sabatinas nos jornais, entrevistas. Tá certo. Mas eles representam que porcentagem da cobertura?? A audiência dos debates é cada vez menor, até porque eles também se adaptaram a lógica do ataque e da defesa, da denúncia, e pouco ou quase nada de proposta é de fato discutido nestes espaços.
Mostrar com isenção o que avançou no Brasil, fazer comparativos e contextualizar as políticas adotadas, oferecendo à sociedade informação para que cada um possa construir uma visão crítica de país e, a partir da realidade olhar as propostas de cada candidato e avaliar quais as adequadas para se avançar mais, é algo que lamentavelmente não se pode esperar da grande mídia. O que torna ainda mais relevante uma discussão ampla sobre a comunicação que temos e a que gostaríamos e poderíamos ter para avançar na democracia brasileira.
Mas isso, que deveria ser um tema estratégico, praticamente não consta da proposta de nenhum candidato, então, nem há o que noticiar, já que a comunicação continua sendo um não tema, uma não notícia.
Mas o que se discute mesmo? Toda generalização é o que é, uma generalização, portanto, há exceções. Mas, no geral e infelizmente não se discute nada de produtivo. E a cobertura que a grande mídia faz das eleições é a grande responsável pela despolitização e esvaziamento do que deveria ser o foco principal do debate: propostas e projetos para o país.
A ênfase da cobertura é majoritariamente a dos bastidores dos candidatos, reforçando ainda mais a cultura da política pessoalizada. A espetacularização da notícia não é atributo apenas da cobertura policial. A notícia espetáculo, na cobertura política, também é trunfo do pseudo-jornalismo praticado por uma mídia que se comporta como partido, que tem interesses econômicos e políticos que precisam ser preservados e, portanto, devem estar acomodados nos corredores palacianos Brasil afora.
Sob a cortina de fumaça de estar cumprindo a “missão” do jornalismo de ser um fiscal do povo, essa mídia hegemônica atua como 4º poder produzindo manchetes-denúncia. Sob o pretexto de informar, vasculham a vida privada das pessoas, publicam manchetes explosivas, sejam elas comprovadas ou não. Dizem eles em seu favor: Quem se importa? Afinal, estamos cumprindo nosso papel. Os que se sentirem lesados que se defendam depois e provem o contrário. Muito conveniente.
A prática inverteu a lógica do Direito que diz que todos são inocentes até que se prove o contrário. A nossa mídia inaugurou uma nova regra, válida para qualquer um: “todos são culpados até que se prove o contrário”.
Essa tônica da cobertura aumenta muito em dimensão durante o período eleitoral. Primeiro e principalmente porque não há interesse da mídia de discutir projetos e propostas, segundo porque não sobra espaço – literalmente porque este é limitado na comunicação, exceto na internet – para outro tipo de abordagem na cobertura.
Ah, claro, há os debates com os candidatos, as sabatinas nos jornais, entrevistas. Tá certo. Mas eles representam que porcentagem da cobertura?? A audiência dos debates é cada vez menor, até porque eles também se adaptaram a lógica do ataque e da defesa, da denúncia, e pouco ou quase nada de proposta é de fato discutido nestes espaços.
Mostrar com isenção o que avançou no Brasil, fazer comparativos e contextualizar as políticas adotadas, oferecendo à sociedade informação para que cada um possa construir uma visão crítica de país e, a partir da realidade olhar as propostas de cada candidato e avaliar quais as adequadas para se avançar mais, é algo que lamentavelmente não se pode esperar da grande mídia. O que torna ainda mais relevante uma discussão ampla sobre a comunicação que temos e a que gostaríamos e poderíamos ter para avançar na democracia brasileira.
Mas isso, que deveria ser um tema estratégico, praticamente não consta da proposta de nenhum candidato, então, nem há o que noticiar, já que a comunicação continua sendo um não tema, uma não notícia.
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