quarta-feira, 9 de julho de 2014

O nosso futebol exige ampla reforma

Do blog de Zé Dirceu:

A Copa praticamente acabou para o Brasil - nossa seleção ainda tem a partida para assegurar o 3º lugar - e apesar do travo e do amargor da situação, era esporte, era futebol e, agora, é começar as análises, tentá-las de forma desapaixonada (impossível, em se tratando de futebol no país…), com o máximo de contribuição que cada um tenha a dar para a dor e o vexame passarem ou se atenuarem o mais rapidamente possível. E para, também de forma rápida, conseguir se mudar esse quadro desanimador que ficou aí.

Nós da equipe do ex-ministro José Dirceu lemos o editorial da Folha de S.Paulo “Pátria sem chuteiras” – no título, uma inversão da célebre frase criada por Nelson Rodrigues para o Brasil “a Pátria de chuteiras”. Está interessante o editorial no que tem de sugestões, também, para a transição, a ultrapassagem do trauma e, principalmente, na forma como o Brasil deve encarar o esporte e particularmente o futebol daqui para a frente.

“Talvez se possa dizer, a partir de agora, que o Brasil é maior que seu futebol – e que tem desafios mais importantes, e maiores a vencer”, conclui a Folha neste seu editorial. Concordamos.

Aproveitar o momento e debater a forma de levar o esporte às periferias
Acreditamos que é isso, devemos aprender com a derrota e iniciar uma ampla reforma em nosso futebol, começando pela CBF – Confederação Brasileira de Futebol, mas mirando a própria FIFA, tão questionada e envolvida em polêmicas nos últimos tempos, tão necessitada, também ela, de passar por mudanças. De fundo.

É hora de mudar os próprios clubes, inclusive a forma como o futebol é financiado, não apenas com o direito de arena (estádios) e a publicidade em geral mas com o direito e a exclusividade para a transmissão dos jogos. Essa exclusividade tão absoluta precisa acabar. Não é segredo para ninguém, todos sabemos que há redes de TV com poder de mudar até os horários de realização de jogos para enquadrá-los de acordo com suas conveniências e interesses de grade de programação.

Esse direito e exclusividade absolutos quanto a transmissão precisam acabar. Precisam tornar-se um bem público, com acesso aberto a todos mediante pagamento igual. Então, hoje, na esteira e no calor da derrota, não basta discutir o futebol por mais importante que seja.

Temos que aproveitar para reavaliar, também, toda nossa política de esportes e lazer e ver como levá-la à juventude e às periferias. Ver como incentivar não apenas o esporte profissional que precisa de profissionalização, mas como massificar o esporte amador nas escolas e bairros. Vamos aproveitar e abrir um debate além dos erros técnicos e dos problemas da Copa que, em si, em termos de organização foi um sucesso e tanto no Brasil.

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