Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Pobre jornalismo. Pobre público. Pobre Brasil.
Soubemos, pela Folha, que Aécio mandou construir um aeroporto num terreno que pertencia a seu tio, na cidade de Cláudio, em Minas.
Soubemos também que, embora pretensamente público, o aeroporto ficava fechado.
Segundo a Folha, a chave está, ou estava até a denúncia, nas mãos de um primo de Aécio, Tancredo Tolentino, o Quedo.
Se a mídia tivesse qualquer interesse em aprofundar essa história, um passo básico seria mostrar quem é esse primo. E ouvi-lo.
Em circunstâncias normais, isso seria mandatório no bom jornalismo.
Agora: quando o primo em questão tem a história que Tancredo tem, passa a ser um acinte não colocar holofotes nele.
Já que estamos falando de chave, Tancredo é o que popularmente se chama de chave de cadeia.
Dois anos atrás, ele foi um personagem central numa reportagem do Fantástico sobre a venda de sentenças judiciais que beneficiaram traficantes na região onde se localiza o aeroporto de Aécio.
Note: não havia nenhuma menção na reportagem ao fato de que Tancredo é primo de Aécio, como se isso não fosse notícia.
Notícia é realmente subjetivo, neste mundo em que vivemos. Imagine se Tancredo fosse primo de Lula. A cada parágrafo seríamos lembrados do parentesco.
No vídeo do Fantástico, Tancredo aparece fazendo a ponte entre o advogado dos traficantes presos e o desembargador que os soltou, Hélcio Valentim, amigo seu.
A Polícia Federal cedeu ao Fantástico um vídeo com a confissão, em detalhes, de Tancredo.
Ele cobrou 150 mil reais dos traficantes pela sentença. E repassou 40 mil, um detalhe que não foi explorado pelos repórteres do Fantástico.
Quedo ficou, portanto, com 110 mil reais. Ficaria com 105 mil, ao que parece. Separou 45 mil para entregar a Valentim, agrupados em maços de 5 mil.
Mas, na hora de dar o dinheiro, ele pegou um maço e guardou para si mesmo. Talvez tenha dito que aquela era sua comissão, e que os presos tinham topado pagar 45 mil.
A reportagem do Fantástico diz que Quedo acabou por ser preso, e depois solto. Estava respondendo ao processo em liberdade quando o programa foi ao ar.
Bizarrice entre as bizarrices, ele tentou, mesmo enroscado com a polícia e com a justiça, se candidatar a prefeito de Cláudio em 2012. Como se fosse um ambientalista, seu partido era o Verde. Foi impugnado com base na Lei da Ficha Limpa.
A venda de sentenças beneficiou três traficantes. Valentim concedeu a eles habeas corpus. Quando o Fantástico foi ao ar, em dezembro de 2013, todos eles estavam foragidos.
Quedo, fisicamente, não poderia ser mais diferente de seu primo. É obeso, careca e, como mostram suas imagens, evidentemente desleixado.
Um é claramente vaidoso, e o outro é sinônimo de desmazelo.
Ao lado de Aécio, ele poderia passar por seu jardineiro, ou motorista.
Mas, acima de tudo, Quedo é notícia.
Numa região marcada pelo tráfico, e com sua frouxidão moral aliada a uma ganância sem freios, que utilização Quedo poderia dar a um aeroporto controlado por ele?
Nas especulações que varrem a internet, o helicóptero dos Perrellas é intensamente citado.
Aécio é amigo dos Perrellas. E Quedo, também é? Ninguém na mídia pareceu interessado em verificar isso, e em eventualmente seguir adiante.
Quedo é um personagem fascinante. Mas a mídia – incluída a Folha, que trouxe o caso do aeroporto mas parece pouco empenhada em dar seguimento à história – finge que não é.
Pior: finge que ele não existe.
Soubemos, pela Folha, que Aécio mandou construir um aeroporto num terreno que pertencia a seu tio, na cidade de Cláudio, em Minas.
Soubemos também que, embora pretensamente público, o aeroporto ficava fechado.
Segundo a Folha, a chave está, ou estava até a denúncia, nas mãos de um primo de Aécio, Tancredo Tolentino, o Quedo.
Se a mídia tivesse qualquer interesse em aprofundar essa história, um passo básico seria mostrar quem é esse primo. E ouvi-lo.
Em circunstâncias normais, isso seria mandatório no bom jornalismo.
Agora: quando o primo em questão tem a história que Tancredo tem, passa a ser um acinte não colocar holofotes nele.
Já que estamos falando de chave, Tancredo é o que popularmente se chama de chave de cadeia.
Dois anos atrás, ele foi um personagem central numa reportagem do Fantástico sobre a venda de sentenças judiciais que beneficiaram traficantes na região onde se localiza o aeroporto de Aécio.
Note: não havia nenhuma menção na reportagem ao fato de que Tancredo é primo de Aécio, como se isso não fosse notícia.
Notícia é realmente subjetivo, neste mundo em que vivemos. Imagine se Tancredo fosse primo de Lula. A cada parágrafo seríamos lembrados do parentesco.
No vídeo do Fantástico, Tancredo aparece fazendo a ponte entre o advogado dos traficantes presos e o desembargador que os soltou, Hélcio Valentim, amigo seu.
A Polícia Federal cedeu ao Fantástico um vídeo com a confissão, em detalhes, de Tancredo.
Ele cobrou 150 mil reais dos traficantes pela sentença. E repassou 40 mil, um detalhe que não foi explorado pelos repórteres do Fantástico.
Quedo ficou, portanto, com 110 mil reais. Ficaria com 105 mil, ao que parece. Separou 45 mil para entregar a Valentim, agrupados em maços de 5 mil.
Mas, na hora de dar o dinheiro, ele pegou um maço e guardou para si mesmo. Talvez tenha dito que aquela era sua comissão, e que os presos tinham topado pagar 45 mil.
A reportagem do Fantástico diz que Quedo acabou por ser preso, e depois solto. Estava respondendo ao processo em liberdade quando o programa foi ao ar.
Bizarrice entre as bizarrices, ele tentou, mesmo enroscado com a polícia e com a justiça, se candidatar a prefeito de Cláudio em 2012. Como se fosse um ambientalista, seu partido era o Verde. Foi impugnado com base na Lei da Ficha Limpa.
A venda de sentenças beneficiou três traficantes. Valentim concedeu a eles habeas corpus. Quando o Fantástico foi ao ar, em dezembro de 2013, todos eles estavam foragidos.
Quedo, fisicamente, não poderia ser mais diferente de seu primo. É obeso, careca e, como mostram suas imagens, evidentemente desleixado.
Um é claramente vaidoso, e o outro é sinônimo de desmazelo.
Ao lado de Aécio, ele poderia passar por seu jardineiro, ou motorista.
Mas, acima de tudo, Quedo é notícia.
Numa região marcada pelo tráfico, e com sua frouxidão moral aliada a uma ganância sem freios, que utilização Quedo poderia dar a um aeroporto controlado por ele?
Nas especulações que varrem a internet, o helicóptero dos Perrellas é intensamente citado.
Aécio é amigo dos Perrellas. E Quedo, também é? Ninguém na mídia pareceu interessado em verificar isso, e em eventualmente seguir adiante.
Quedo é um personagem fascinante. Mas a mídia – incluída a Folha, que trouxe o caso do aeroporto mas parece pouco empenhada em dar seguimento à história – finge que não é.
Pior: finge que ele não existe.
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