Por Luis Nassif, no Jornal GGN:
Vamos juntar algumas pecas de quebra-cabeça.
Peça 1 – a denúncia em si.
O Globo transforma em denúncia o uso de um computador da rede wi-fi do Planalto para alterar o perfil de dois jornalistas na Wikipedia.
A rede possui certamente mais de dois milhares de usuários internos do Palácio, incluindo a Sala de Imprensa. É um mero problema corporativo ao qual não está imune nenhuma grande corporação. É essa a razão de, em muitas empresas, o servidor bloquear acesso às redes sociais.
Trata-se, portanto, de uma questão funcional menor que, dentro do padrão atual do jornalismo brasileiro, é tratado como escândalo.
Até aí explica-se: coma falta de filtros jornalísticos até bocejo de padre vira escândalo.
Peça 2 – a divulgação do conteúdo apócrifo no perfil de Miriam Leitão.
Aí o quadro fica um pouco mais complicado.
Qual a razão do jornal dar o destaque que deu às acusações a Miriam – envolvendo, inclusive, episódios menores ocorridos por ocasião da Operação Satiagraha? Não tem lógica. Transformou uma caso restrito de trollagem na Wikipedia, que até então passara despercebido, em tema nacional, expondo sua própria colunista de uma maneira aparentemente incompreensível.
Incompreensível, talvez, para quem não acompanha profissionalmente os meandros do jornalismo.
Peça 3 – o papel de Miriam no sistema Globo.
Em temas econômicos, Miriam permanece representante do establishment financeiro.
Mas, nos últimos anos, cresceu jornalisticamente, e ganhou luz própria em temas muito além dos financeiros.
A dimensão pública que conquistou deu-lhe uma autonomia relativa de opinião em relação a parte da pauta, assim como para poucos outros jornalistas, como Jânio de Freitas.
Abraçou bandeiras legitimadoras indo clara e corajosamente na contramão dos que passaram a definir a linha editorial do grupo, como na questão das políticas de cotas para negros, na denúncia dos crimes da ditadura. Sua posição certamente pesou na mudança da linha editorial do jornal, especialmente em relação aos crimes da ditadura.
Teve inclusive a coragem de investir contra colunistas agressivos da nova direita.
Talvez por aí se entenda melhor a represália de que foi alvo.
Tempos atrás, a Folha abriu espaço em sua página de opinião para que um neocon agredisse dois repórteres que ousaram criticar o discurso anti-cotas de Demóstenes Torres no STF (Supremo Tribunal Federal). Na sequência, foi a vez de Jânio de Freitas sofrer ataques dentro do próprio jornal.
A briga interna de O Globo não chegou a esse ponto. Mas a divulgação desnecessária da trollagem mostra que, por lá, a vingança se come a frio. Não foi represália das Organizações Globo, mas de grupos internos.
Jogou Miriam aos leões da Internet que, por alguns dias, terão carne fresca para se refestelar.
PS - Pessoal, para que não prosperem teorias conspiratórias: o episódio, se ocorreu, foi motivado por disputas internas, não como política da empresa contra sua colunista.
Peça 1 – a denúncia em si.
O Globo transforma em denúncia o uso de um computador da rede wi-fi do Planalto para alterar o perfil de dois jornalistas na Wikipedia.
A rede possui certamente mais de dois milhares de usuários internos do Palácio, incluindo a Sala de Imprensa. É um mero problema corporativo ao qual não está imune nenhuma grande corporação. É essa a razão de, em muitas empresas, o servidor bloquear acesso às redes sociais.
Trata-se, portanto, de uma questão funcional menor que, dentro do padrão atual do jornalismo brasileiro, é tratado como escândalo.
Até aí explica-se: coma falta de filtros jornalísticos até bocejo de padre vira escândalo.
Peça 2 – a divulgação do conteúdo apócrifo no perfil de Miriam Leitão.
Aí o quadro fica um pouco mais complicado.
Qual a razão do jornal dar o destaque que deu às acusações a Miriam – envolvendo, inclusive, episódios menores ocorridos por ocasião da Operação Satiagraha? Não tem lógica. Transformou uma caso restrito de trollagem na Wikipedia, que até então passara despercebido, em tema nacional, expondo sua própria colunista de uma maneira aparentemente incompreensível.
Incompreensível, talvez, para quem não acompanha profissionalmente os meandros do jornalismo.
Peça 3 – o papel de Miriam no sistema Globo.
Em temas econômicos, Miriam permanece representante do establishment financeiro.
Mas, nos últimos anos, cresceu jornalisticamente, e ganhou luz própria em temas muito além dos financeiros.
A dimensão pública que conquistou deu-lhe uma autonomia relativa de opinião em relação a parte da pauta, assim como para poucos outros jornalistas, como Jânio de Freitas.
Abraçou bandeiras legitimadoras indo clara e corajosamente na contramão dos que passaram a definir a linha editorial do grupo, como na questão das políticas de cotas para negros, na denúncia dos crimes da ditadura. Sua posição certamente pesou na mudança da linha editorial do jornal, especialmente em relação aos crimes da ditadura.
Teve inclusive a coragem de investir contra colunistas agressivos da nova direita.
Talvez por aí se entenda melhor a represália de que foi alvo.
Tempos atrás, a Folha abriu espaço em sua página de opinião para que um neocon agredisse dois repórteres que ousaram criticar o discurso anti-cotas de Demóstenes Torres no STF (Supremo Tribunal Federal). Na sequência, foi a vez de Jânio de Freitas sofrer ataques dentro do próprio jornal.
A briga interna de O Globo não chegou a esse ponto. Mas a divulgação desnecessária da trollagem mostra que, por lá, a vingança se come a frio. Não foi represália das Organizações Globo, mas de grupos internos.
Jogou Miriam aos leões da Internet que, por alguns dias, terão carne fresca para se refestelar.
PS - Pessoal, para que não prosperem teorias conspiratórias: o episódio, se ocorreu, foi motivado por disputas internas, não como política da empresa contra sua colunista.
O texto foi tão cheio de metáforas, piadas de duplo sentido, pisando em ovos, malabarismos linguísticos.... que eu acabei não entedendo nada. Mas se é pra detonar a Maria Leitoa, já me deixa feliz!
ResponderExcluir1953
Eu entendi perfeitamente o texto. O episódio do Wikileaks contra a Miriam Leitão foi briga entre puxa-sacos dos Marinhos. Alguém por lá ficou melindrado.
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