segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Foro de São Paulo e unidade da esquerda

Editorial do site Vermelho:

A Bolívia de Evo Morales sedia nesta semana o 20º Encontro do Foro de São Paulo. O evento desenvolve-se a partir desta segunda-feira (25) até a sexta (29). Mobiliza as atenções do conjunto das forças progressistas não só latino-americanas, mas de todo o mundo.

O tema central do encontro este ano é “Derrotar a pobreza e a contraofensiva imperialista, conquistar o bem-viver, o desenvolvimento e a integração na Nossa América”.

A existência ininterrupta do Foro de São Paulo por quase um quarto de século é um fato político auspicioso, uma vitória das forças progressistas. Trata-se de uma original articulação de partidos políticos de esquerda, de distintos espectros ideológicos, que consegue forjar a sua unidade na diversidade, em torno da luta anti-imperialista, pelas transformações políticas e sociais, em oposição às políticas conservadoras, neoliberais e militaristas das classes dominantes retrógradas.

Criado em 1990, quando partidos da América Latina e Caribe se reuniram com o objetivo de debater a nova conjuntura internacional no quadro da contrarrevolução no Leste europeu, foi capaz, nestas duas décadas e meia transcorridas, de propor alternativas democráticas, populares e patrióticas quando se impôs a hegemonia neoliberal na região e no mundo.

O Foro de São Paulo firmou-se como uma força de caráter anti-imperialista, em luta pela democracia, os direitos dos povos, a soberania nacional, a integração regional, a paz mundial e pelo socialismo nas condições peculiares da época e resguardadas as situações nacionais específicas.

Na América Latina, o Foro de São Paulo foi uma força essencial para formar convicções na oposição aos governos neoliberais e conservadores que sucederam o ciclo das ditaduras militares. Desse modo, deu uma ponderável contribuição para a abertura do ciclo progressista que resultou das vitórias eleitorais das forças de esquerda e centro-esquerda a partir de finais dos anos 1990.

O Foro de São Paulo está plenamente alinhado com as tendências da época atual. O conteúdo fundamental da ação internacionalista das forças de esquerda hoje é o anti-imperialismo. O objetivo central é derrotar as estratégias das grandes potências, especialmente o imperialismo estadunidense, sua política de guerra, seu conservadorismo, seus dogmas neoliberais, a ofensiva brutal que move contra a paz, a soberania nacional, a democracia e os direitos dos povos.

Na América Latina, as contradições econômicas e políticas geraram um cenário de luta com peculiaridades históricas, cujo resultado foram vitórias políticas e eleitorais de forças progressistas, democráticas e populares, o que criou uma tendência para a obtenção de conquistas nos planos democrático, dos direitos sociais e da afirmação das aspirações patrióticas dos povos, como também da integração com soberania.

A América Latina está vivendo, desde 1998, com a eleição do presidente venezuelano Hugo Chávez, uma etapa inédita em sua história política desde a primeira independência há 200 anos. Hoje, boa parte dos países da região é dirigida por governos democráticos, populares e anti-imperialistas, que estão contribuindo para alterar a geopolítica mundial. O sentido mais geral dos fenômenos em curso na região é a formação de uma corrente transformadora e a acumulação de vitórias dos povos e países em termos de independência, soberania, democracia, mecanismos de participação popular, justiça, desenvolvimento e progresso social.

Estão em construção mecanismos de integração regional que permitem assumir posições vantajosas em um cenário mundial de crise econômica e acentuados conflitos, abrindo a possibilidade de edificar novas alternativas para o desenvolvimento e de constituir um polo geopolítico que produz novas correlações de forças. A maior expressão desse fenômeno é a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac).

No quadro do desenvolvimento atual da vida política latino-americana, um dos fatos de maior relevância é o diálogo de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo nacional. A paz na Colômbia é uma das principais reivindicações dos movimentos populares, democráticos, patrióticos e anti-imperialistas da América Latina, entre eles as próprias Farc. Se concretizada, será uma vitória destas forças e uma derrota dos militaristas, fascistas, paramilitares, narcotraficantes e demais agentes do imperialismo na Colômbia e na América Latina. Uma derrota também dos círculos que, desde os Estados Unidos, apostaram durante décadas em soluções militaristas, intervencionistas e no aniquilamento das forças insurgentes. A solidariedade e a contribuição ao êxito deste processo se destacam entre as tarefas que o Foro de São Paulo de propõe.

2 comentários:

Comente: