quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A desidratação dos votos de Marina

Do blog de Zé Dirceu:

Há riscos reais de uma desidratação da votação da candidata do PSB ao Planalto, ex-senadora Marina Silva. Improvável diriam alguns. Mas não impossível. É muita inconsistência em sua campanha, um vai e volta contínuo em temas sensíveis para setores que a apoiavam e agora descobrem que suas posições não são mais aquelas que os levaram a optar por ela.

Dois exemplos: alianças com a direita, com os bancos, com políticos tradicionais, com a “velha política” – e nossas aspas vão por conta da ênfase com que ela se apresenta como a representante da “nova política” – e o abandono de posições políticas a troco do voto evangélico ou do apoio dos grandes grupos econômicos. Ou, ainda, sua neutralidade cúmplice em tantas situações, como no caso do agronegócio.

No caso do aborto, casamento gay e homofobia, a mudança foi transparente e a razão também…votos.

Razões para uma candidata volúvel: busca do voto de qualquer jeito

Da mesma forma, suas razões e motivações para mudanças bruscas, surpreendentes nesse vai e volta, ao assumir o programa econômico tucano e neoliberal; pregar uma reforma política elitista com a instituição do distritão no sistema de voto; o fim do voto proporcional e voto facultativo; o financiamento privado de campanhas eleitorais; e a eliminação das minorias.

Pior é que essa sua proposta de reforma política, com distritão e consequente fim do voto proporcional ao propor que os candidatos mais votados sejam os eleitos independente do partido (mais o financiamento privado), é a entrega total das eleições ao poder econômico. Nessa prevalência do poder econômico, o que conta é o dinheiro e a máquina eleitoral de cada candidato. Haja dinheiro! Será uma derrama.

Por aí, Marina se afasta dos movimentos organizados da mesma forma que se afastou do movimento LGBT e de grande parte da juventude das grandes cidades, de intelectuais e artistas e dos formadores de opinião pública. Corre, assim, o sério risco de perder os votos dos setores cuja decisão de votar nela não é consistente e definitiva.

O que amplia o risco de desidratação

O risco de desidratação é ampliado, ainda, pelo crescente debate político e a intensificação da disputa nas redes e na sociedade com a proximidade do dia 5 de outubro, quando o cidadão eleitor avaliará em quem votar e porque. E quando pesará mais detidamente quem tem as condições de fazer as mudanças que ele aspira e espera para o país.

É tudo isso que desencadeia essa reação violenta e raivosa do entorno de Marina Silva, acusando os críticos de golpistas e procurando estigmatizar a crítica política à candidata. Daí o esforço para esconder quem realmente ela é, suas propostas e com quem governará – esconder a Marina real e não a virtual, a da mídia!

Tudo isso e mais a apresentação de seu programa – ou do PSB-REDE e aliados, que a candidata não leu e sobre o qual determinou recuos. Fora a descoberta da origem de seus rendimentos durante esses últimos anos – palestras proferidas em caráter confidencial!!! - o que contradiz todo seu discurso de transparência.

Sem contar o uso do avião fantasma de campanha…Tudo, enfim, contribui para que o cidadão eleitor agora procure se informar melhor e saber se realmente Marina é a mudança que ele quer, ou mais uma vez na nossa história recente uma miragem. Ou pior, um embuste.

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